sexta-feira, 26 de abril de 2024

J. Rentes de Carvalho escreve sobre os malandros da pátria.

 A uma semana de completar noventa e quatro anos, J. Rentes de Carvalho, o nosso romeiro sem romaria (é esse o seu ex-libris) apresenta Cravos e Ferraduras, um retrato dos últimos anos da vida portuguesa (d)escrito através de personagens escolhidas a dedo. É sobre os portugueses de província, os manhosos e malandros da pátria, que o escritor se deixa espraiar em contos e crónicas com figuras que não merecem a nossa piedade e que tantas vezes nos enternecem.

3.º Encontro de Escolas de Natação 🏊‍♀️ - Mogadouro

✈️ Já lhe dissemos que para ajudar basta voar?

 TODOS OS DOMINGOS, das 14h00 às 20h00, estamos à sua espera no Aeródromo Municipal de Bragança.
Para além da experiência fantástica, o custo do seu voo reverte diretamente para uma causa social. Este ano, com a sua ajuda, vamos tornar possível a criação de uma creche na Casa de Trabalho.

A Região Norte e Bragança no 25 de Abril de 1974!

 O plano de operações da «Viragem Histórica», destinado a derrubar o regime do Estado Novo, estipulou a divisão do território nacional em duas zonas: Norte e Sul do Douro. Contabilizadas as unidades amigas e identificadas as inimigas e potencialmente hostis, a ideia de manobra preconizava a convergência das forças do MFA para Lisboa, o mesmo acontecendo a Norte relativamente ao Porto. O setor de Lisboa constituía o teatro principal e a zona Norte/Porto o secundário, mas independente daquele, ambos acionados pela «bitola» das duas senhas radiofónicas.
O domínio militar do «grande Porto» funcionaria como uma espécie de reserva operacional para, em caso de necessidade, atuar em proveito da manobra a nível nacional ou, no limite, servir como zona de refúgio se houvesse confrontos e o país se «partisse em dois». De acordo com a organização militar de 1972, na zona Norte/Região Militar do Porto existiam as seguintes unidades: Porto [RI 6, RCav 6, Regimento de Transmissões e Centro de Instrução de Condutores Auto 1]; Gaia [RArt Pesada 2]; Póvoa de Varzim [1.º Grupo de Companhias de Administração militar]; Penafiel [RArt Ligeira 5]; Lamego [Centro de Instrução de Operações Especiais]; Braga [RI 8]; Viana do Castelo [BCç 9]; Vila Real [RI 13]; Chaves [BCç 10]; Bragança [BCç 3]. O Norte era zona de conforto do MFA, onde as únicas unidades marcadas como hostis eram as de Penafiel e de Chaves, a que se acrescentavam a GNR, PSP e Legião Portuguesa, enquanto as de Vila Real e de Braga eram uma incógnita.
A responsabilidade de comando das operações recaiu no major Eurico Corvacho, que prestava serviço no QG do Porto. Os objetivos a ocupar ou neutralizar no Porto eram o próprio QG da região Militar, o quartel da Legião Portuguesa e sede da PIDE/DGS, aeroporto de Pedras Rubras e postos televisivo, radiofónicos e de telecomunicações. Através da ação do BCç 9 de Viana do Castelo, reforçado por CICA 1 e tropas de Lamego, o QG foi tomado cerca das 03:30h, sendo detidos os oficiais superiores não-alinhados. O general Martins Soares, comandante da Região Militar, ainda desenvolveu esforços junto de Cavalaria 4 da GNR, RI 8 e RI 13, de Braga e Vila Real respectivamente. Sem efeito, nas unidades do Exército a ação de comando foi travado pelos oficiais afetos ao MFA. O aeroporto foi ocupado ao início da manhã por contingentes aquartelados em Viana do Castelo. O posto emissor do RCP, em Miramar, foi controlado pela unidade de Gaia. Quanto à Legião Portuguesa e à DGS, só no dia seguinte foram manietadas, através do RI 6 de Porto, no primeiro caso, e de parte destes efetivos e do CIOE de Lamego, no segundo. Não obstante a PSP intentar «varrer as ruas», o estertor do regime a Norte, como no resto do país, estava consumado.
Com tradição em Bragança desde a 2.ª metade do século XIX, o Batalhão de Caçadores N.º 3 (BCç 3) foi reativado em 1943, em plena 2.ª Guerra Mundial, e aquartelado na cidadela, sendo extinto em 1958. Em 1966, no contexto da Guerra de África, foi de novo operacionalizado, nas instalações do antigo forte de São João de Deus, como Centro de Instrução Especial de Sapadores de Infantaria. Os batalhões de caçadores eram unidades de reforço, particularmente treinadas e aptas para a guerra de contraguerrilha, constituindo-se mais aligeiradas em matéria de efetivos (com menos companhias) e de armamento (ausência de armas pesadas), prevalecendo a flexibilidade e adaptabilidade atuantes. Como missões sobressaíam as de quadrícula, ou de responsabilidade específica por determinada área, assim como a ocupação de aquartelamentos fixos. Como o BCç 3 formava sapadores de Infantaria, era com essa especialização que tinha a responsabilidade primária de «alimentar» a guerra, contingentes importantes no apoio de operações fosse em ações em minagem e desminagem, facilidades de progressão tática nas picadas ou defesa/proteção de instalações. Realce-se que as minas foram as mais temidas das armas enfrentadas pelas Forças Armadas Portuguesas na Guerra de África, fossem colocadas isoladamente em itinerários ou conjugadas com emboscadas.
À época do 25 de abril, o BCç 3 tinha os órgãos de comando e de apoio administrativo, Companhia de Comando e Serviços, duas Companhias de Instrução/Atiradores e um Pelotão de Sapadores. Era comandado pelo Major Fernando Augusto Gomes, secundado pelos Capitães José Domingos Carneiro e Fernando Garcia Freixo, registando-se os alferes Manuel Gouveia e Francisco Morais. Foi assumido como «unida amiga» pela Comissão Coordenadora do MFA, constando no Plano de Operações, graças envolvimento ativo dos já referidos capitães Domingos Carneiro e Garcia Freixo, os seus lídimos representantes – agraciados recentemente com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República. A única unidade no contexto transmontano, tendo em conta as dúvidas existentes face ao RI 13 de Vila Real e o BCç 10 de Chaves ser listado como «potencialmente hostil».
Nos meses precedentes houve encontros com delegados do MFA em locais anódinos, de modo a definir objetivos aquando do desenvolvimento da operação militar. Na madrugada do dia 25, efetivos do Batalhão foram disseminados por uma área que ia de Bragança a Vilarandelo, destinados, por um lado, a vigiar/controlar incidências na região e, pelo outro, exercer pressão de contenção sobre Chaves, se eventualmente o regime reorientasse esforços de controlo na província. Também o controlo da fronteira (Portelo e Quintanilha) estava previsto no mapa das operações. À semelhança do listado na fronteira de Vilar Formoso para Infantaria 12 da Guarda, Seguro para Caçadores 6 de Castelo Branco, no Caia para Cavalaria 3 de Estremoz ou em Vila Verde do Ficalho para Infantaria 3 de Beja.
Como é sabido, manietado pelos membros do MFA, o regimento de Vila Real não se movimentou para o Porto em apoio da resposta do regime por parte do comando do Região Militar, e Chaves, prensada entre Vila Real e Bragança, aquietou-se. O BCç 3, do lado das forças vencedoras, ao longo da tarde/noite do dia 25, quando o sucesso do MFA era uma realidade a nível nacional, tutelou a estabilidade no Nordeste.
Terra conservadora e pouco atreita a súbitas mudanças do status quo político, como aconteceu com a implantação da República, a 5 de outubro de 1910, ou no próprio 28 de maio de 1926, que depôs essa mesma República e instaurou a Ditadura Militar, as notícias da revolta militar do MFA e da deposição do regime de Marcello Caetano, ao fim da tarde de 25 de abril, a par das movimentações militares do BCç 3, foram acolhidas em Bragança com «expectativa e cautela». Na Praça da Sé verificou-se um pontual ajuntamento de pessoas, «comentando, de forma tímida e discreta, os acontecimentos que então se desenrolavam». A GNR aconselhou à dispersão pois «as forças conservadoras iriam repor em breve a anterior situação». O que não se verificou! Foi só a 27 de abril, com a inequívoca «Viragem Histórica», que se efetuou a primeira grande manifestação popular de homenagem ao MFA e de apoio à Junta de Salvação Nacional, na pessoa do General António de Spínola, também na praça da Sé. A manifestação dirigiu-se exultante para a escadaria do BCç 3, onde foi recebida pelo comandante, Major Fernando Gomes, e o Tenente-Coronel José António Furtado Montanha, antigo comandante e então responsável pela Guarnição Militar de Bragança, figura tutelar das forças militares e de segurança do distrito. A segunda manifestação aconteceu no 1.º maio, com a presença de entidades militares, municipais, religiosas e corporativas, engalanados por milhares de pessoas, onde os discursos marcaram o tom e os aplausos o ritmo. De igual modo, a manifestação apresentou «saudações e cumprimentos ao comandante do B. C. 3».
Nos meses seguintes seguiu-se o processo revolucionário e a anarquia foi-se instalando, sendo o BCç 3 a instituição de referência e a única com real poder, fiel guardiã da boa ordem e da Democracia. Se logo a 27 de abril, o governador civil, o jurista Abílio Machado Leonardo, foi substituído interinamente pelo secretário Dr. Narciso Augusto Pires, em setembro o Major Fernando Gomes assumiu as funções de representatividade governamental no distrito. O comando da unidade foi entregue ao Major Joaquim Abrantes Pereira de Albuquerque, regressado dias antes do 25 abril de 1974 de uma comissão na Guiné. Nessa altura, já o Bcç 3 era pronto-socorro e o ponto de resolução de todos os problemas na região, tendo sob sua alçada praticamente todas as instituições militares, políticas e sociais! Que se tornaria no baluarte contrarrevolucionário da deriva de extrema-esquerda disseminada pelo país. Não por acaso, em 1975 o Conselho da Revolução decretou a sua extinção (DL 181/77, de 4 de Maio), transformado em destacamento do Regimento de Infantaria de Vila Real.

Abílio Lousada

Mirandelense mantém viva tradição secular da tecelagem

 O som cadente do tear faz parte do dia-a-dia de Fátima Gomes. Desde tenra idade que sentiu o apelo da criação, auxiliada pela mãe que já era tecedeira e lhe incutiu a paixão pela tecelagem. “Isto já vem desde que nasci. A minha mãe estava grávida de mim e saiu do tear para eu nascer. Depois fui aprendendo a fazer uma coisa de cada vez e ainda cá ando”, diz Fátima.


É na sua casa, na aldeia de Lamas de Orelhão, no concelho de Mirandela, que a única tecedei-ra de lã natural que ainda vai resistindo na região da Terra Quente Transmontana, todos os dias se senta em frente a um dos três teares tradicionais que ainda tem para trabalhar. Com 18 anos emigrou para França de onde regressou pouco depois dos 30 anos e até hoje, agora com 68 anos. “Nunca mais parei. Fiz muitas feiras de Norte a Sul de Portugal”, conta.

O trabalho do tear não a desmotiva, e repete meticulosamente os movimentos que darão vida às suas obras. Realiza o fio de uma só cor ou com matrizes, misturando lã de várias tonalidades, conseguindo tons extraordinários com as suas cores naturais. Primeiro eram mais cobertores, mas agora também são carpetes e tapetes, muitos tapetes. Um deles estava a ser acabado. “Estou a fazer com as cores todas que há nos rebanhos, nas ovelhas. O branco, o mesclado que é meio cinzento, o castanho e temos esta cor que é a cor das cordeiras quando se tosquiam que é das badanas”, explica.

Mas antes da lã de ovelha chegar ao tear, há ainda muito trabalho a fazer. “Tem de ser lavada, cardada, fiada e antes de ser utilizada ainda a passo pela máquina de lavar para acabar de tirar os cheiros e depois o fio que a gente faz do tecido”. Depois disso, é trabalhado no tear até à obra final. “Mete-se o fio, o tear abre, o pé está a abrir os liços e mudo o pé e os liços também se mudam, o que faz o cruzamento dos fios”, revela.

Para lá da sabedoria e do carinho colocado em cada peça, Fátima confessa que também é necessário alguma destreza física para manusear o tear. “O braço e a perna que abre o tear estão sempre a ser usados”, conta.

Esta tecedeira não consegue passar um único dia sem uma visita ao seu atelier. “Nem que seja só uma pequena coisa tenho de vir, porque isto é a minha paixão. É a minha família, as minhas filhas e o meu marido, e os meus teares”, admite.

Se hoje em dia ter um tear é um verdadeiro achado, antigamente era frequente ser até prenda casamento. “Muita gente acabou por queimar os teares. Antigamente, contava a minha mãe e a minha avó, que só aqui nas Lamas chegou a haver 25 tecedeiras. Depois as filhas casavam, e o dote de casamento era um tear, mas depois veio a emigração e acabou-se, agora só resto eu”, diz.

E não há duas peças iguais, todas elas são originais e trazem reconhecimento além-fronteiras, com encomendas para vários países como a França, a Bélgica a Suíça ou o Japão.

Fernando Pires

“Os sons da natureza” um alerta de Ramiro Guerra para os prejuízos que causamos na natureza

 Escutar e com muita atenção ‘Os sons da natureza’ é o que propõe o livro da autoria de Ramiro Guerra, professor e escritor com raízes em Torre de Moncorvo, para descobrir como a nossa forma de viver, repleta de consumismo, sem tempo para pensar que as nossas ações diárias, têm um efeito no planeta, causando uma violência e um impacto de tal modo negativos na Terra, que todos os dias se extinguem plantas e animais.

“Com ilustrações da arquiteta A. Rita Câncio, o livro conta uma história que tem a ver com a preservação da natureza e uma chamada de atenção para os efeitos que provocamos sobre ela. Podemos ir ensinando às crianças a forma de lidar com a natureza e a ter o gosto de a preservar e não estragar. Para não matarem os bichos, não destruírem as plantas. Brincam pouco na terra, até parece que os pais têm medo que se sujem”, contou Ramiro Guerra ao Mensageiro.

O autor sugere no seu texto que se reaprenda a ouvir, a ver e a sentir a natureza.

O livro está envolto num episódio marcante na vida de Ramiro, que o escreveu antes de sofrer um enfarte do miocárdio grave, em setembro de 2023. Fruto desse episódio de falta de saúde ficou doente durante meses, sofrendo, inclusivamente, de amnésia. “Eu esqueci-me que o tinha escrito. Foi a minha companheira, Fátima que me recordou e sugeriu que devia avançar para publicação”, recordou.

Apesar de ser um texto mais direcionado para a infância, Ramiro acredita que pode se trabalhado com vários públicos, nomeadamente os idosos e pessoas adultas com patologias de demência. “É pequenino, mas a mensagem é grande. Pode ser facilmente entendida por toda a gente. Pode ser teatralizado. Dei-o à minha mãe, que tem Alzheimer, em estado avançado, ela não leu o livro, mas não o largou. Ia vendo as figuras e as cores. Os desenhos, com passarinhos, vulcões e outros, atraem o olhar”, destacou o autor que ficou satisfeito com o resultado, uma vez que texto e ilustrações combinam muito bem. “A Rita Câncio, que é minha prima, parece que me leu os pensamentos e apanhou exatamente o que eu queria, com as ilustrações”, observou.

Com chancela da Flamingo Edições, Ramiro quer apresentar o livro em Torre de Moncorvo, de onde é oriunda a família paterna, e onde passa muitas temporadas desde criança, “sempre em contacto com a natureza”, frisou.

Glória Lopes

Escritores consagrados na Feira do Livro

 São vários os escritores consagrados presentes na primeira edição da Feira do Livro da freguesia de Macedo de Cavaleiros, que se realiza de 03 a 05 de maio.


A. M. Pires Cabral, Fernando Mascarenhas, Manuel Cardoso, Jorge Olímpio Bento, Miguel Pires Cabral e Catarina Broco, são alguns dos autores convidados que participam nesta primeira edição da feira.

De acordo com a Junta de Freguesia, “a iniciativa pretende, além de incentivar o gosto pelo livro e a prática pela leitura, ser um espaço livre de aproximação entre autores e leitores”. “Estimular a leitura e formação do público leitor jovem, estimular a participação do público nas discussões literárias, facilitar o acesso aos livros com preços mais acessíveis para quem não tem condições de adquiri-los, promover discussões com interesses culturais e permitir que os escritores ‘locais’ exponham os seus talentos artísticos” são outros dos objetivos.

O certame contará com várias editoras, livrarias e livreiros, e dará lugar a várias conversas com autores, promoção de livros, atividades infantis e uma tertúlia com os autores locais Hália Seixas, Adelaide Garcia, Álvaro Mendonça, António Baptista e António Palhau. Na tarde do dia 5, até às 18h, terá lugar uma Atividade no âmbito do Dia da Mãe - Mural d’Poesia.

AGR

Antigos alunos do IPB criam jogo de enigma sobre as máscaras transmontanas

 Quatro jovens, ex-alunos do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), decidiram apostar na criação de um Escape Room, um jogo de caça ao tesouro e enigma intitulado ‘O roubo da máscara’, um verdadeiro teste às capacidades dos jogadores.


O grupo investiu cerca de três mil euros para transformar uma loja do antigo shopping do Loreto, em Bragança, numa sala enigma que propõe vários desafios. “A ideia surgiu enquanto vagueávamos pela cidade e vimos que há aqui muito espaço desaproveitado. Até foi o Carlos Vasconcelos que se lembrou que seria interessante aproveitar um espaço desaproveitado e trazer algo novo e dinâmico para a cidade, porque há muita queixa pois há pouco para fazer ao nível do entretenimento. As coisas começaram nesse rumo” explicou Cristiano Mateus, aluno de doutoramento no Centro de Investigação da Montanha/IPB.

Desde o dia 1 de abril que o Escape Room está em funcionamento. “Parte do roubo da máscara. Temos tido muita procura de gente que nunca fez e outras que já fizeram e querem experimentar este jogo”, referiu Andreia Genro, engenheira informática.

O conceito já existia, mas em Bragança é uma novidade.

Glória Lopes

Passeio da Liberdade e Centro de Convívio de Alimonde inaugurados nas comemorações do 25 de Abril em Bragança

 Os 50 anos do 25 de Abril celebraram-se, ontem, em Bragança, com um dia repleto de iniciativas e actividades, bem como com a inauguração do Passeio da Liberdade


Fica junto à estação rodoviária e custou um milhão e quatrocentos mil euros. Aquele passeio foi, noutros tempos, a ponte do comboio.

Uma obra erguida num sítio bastante simbólico, sendo que o presidente da câmara, Paulo Xavier, espera que a ferrovia regresse a Bragança e que ligue a cidade a Espanha. “Esta obra tem duas grandes linhas simbólicas, a primeira é a vontade, a determinação, a resiliência, que une os brigantinos em prol de um futuro mais próspero e mais desenvolvido, a segunda linha é que foi aqui que passava a linha do comboio, que nos foi retirada e, para se cumprir Abril, Bragança tem que ter a alta velocidade”, vincou.

Além da inauguração do Passeio da Liberdade foi também inaugurado o Centro de Convívio de Alimonde. A reabilitação e ampliação da antiga escola primária custou cerca de 200 mil euros.

 É uma obra que muita falta faz à aldeia e às localidades vizinhas, assumiu o presidente da União de Freguesias de Castrelos e Carrazedo, Luís Gonçalves. “Qualquer cidadão da união das freguesias que necessite deste espaço nós temos disponibilidade para o ceder. Acho que é um espaço bom para reunir a população para os convívios que fazem”, referiu.

As celebrações começaram bem cedo, na Praça da Sé, com a recriação do percurso realizado, há 50 anos, na primeira manifestação popular de apoio ao MFA, que iniciou e terminou na Praça da Sé e que teve o seu ponto alto na escadaria do antigo BC3, que actualmente é a entrada dos Órgãos da Autarquia.

Júlio Carvalho, que naquela altura tinha 33 anos, foi um dos organizadores desta manifestação e recorda que a revolução era muito ansiada pelo povo. “Como aconteceu foi quase espontâneo, embora nós tivéssemos já organizados e apelámos a todas as forças de Bragança para que participassem nesta manifestação de apoio condicional ao movimento militar que se tinha verificado no dia 25 de Abril. A adesão foi muito grande. Nós reuníamos com alguma clandestinidade e já participávamos na revolução, ouvíamos a rádio Argel, que nos punha a par da situação do país, liamos os livros proibidos pelo Governo”, contou.

Além da recriação do percurso realizado, há 50 anos, na primeira manifestação popular de apoio ao MFA, da inauguração do Passeio da Liberdade e do centro de convívio em Alimonde, houve ainda a habitual sessão evocativa, bem como uma tarde de música na Praça da Sé, com artistas e cantores locais.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

Manuel Alves - Como aprendeu a tocar Gaita de fole - Março 15, 2015 - Gravado em Nunes (União de Freguesias de Nunes e Ousilhão), Vinhais, Bragança, Trás-os-Montes.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Flor de esteva




Passeio da Liberdade..., versão original.

 

AS TRÊS CANTARINHAS

Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."

Tenho, na gavetinha das recordações, três lindas cantarinhas; cada qual a mais graciosa.

Três bonitas cantarinhas, autografadas.
Recebi-as numa tarde soalheira de maio, cheias de sol e amor.
Uma, deu-ma rapazinho, que partiu para não voltar. E se voltar, será transubstanciado em: luz e amor.
As outras duas, recebi-as de lindas e virtuosas meninas, com carinho e amizade.
Naquela tépida e longínqua manhã de Maio, deambulava, distraído, entre milhentos cestinhos, repletos de cantarinhas.
Eram todas em miniatura; todas pequeninas; todas de barro bem vermelhinho. Pintadas com amor e carinho.
Raparigas travessas, banhadas de sol, e saias garridas, soltavam gaias gargalhadas, e, mirando-me de soslaio, perpassavam por mim.
Mocinhas sisudas, de saias compridas, e olhos baixos, reclinavam, recatadas, os rostos trigueiros, sorrindo…; mas nenhuma oferecia-me cantarinhas…
Tinham namorado; e as que não tinham, buscavam-no. Não eu; pobre solitário, que em dia de sol, de vento fresco e acariciador, passeava entre fogosa meninada, que comprava dúzias de cantarinhas.
Porém, ao pôr-do-sol, ao recolher da tarde, duas lindas meninas, brindaram-me com duas amorosas cantarinhas; pintadas a cores festivas, e gravadas a letra manuscrita.
Uma, é “alta”, esguia, e elegante, tem um: “T”, bem lançado; a outra, é baixa e graciosa, tem no “ largo” bojo, um: “G”, tremidinho.
Quase cinco décadas passaram. Passaram, também, ilusões e risonhos sonhos da juventude; mas, na gavetinha das recordações, há, bem aconchegadas, três cantarinhas, pequeninas, que três jovens, em tépido dia de Maio, ofereceram-me com carinho e amor.
Como é bom recordar! … Como é bom ver as cantarinhas! …Todas três embrulhadinhas. Todas três juntinhas, como estão as meninas, que mas deram, ainda, no meu coração…

A Feira das Cantarinhas, realiza-se no primeiro fim-de-semana de maio, em Bragança,


Humberto Pinho da Silva, nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA.Foi redactor do jornal: “Notícias de Gaia"” e actualmente é o responsável pelo blogue luso-brasileiro: " PAZ".

INÊS SERAMOTA, a Padeira que distribuiu o Símbolo da Liberdade

Em Aguieiras os idosos estão mais ativos com o novo ginásio gratuito

REPORTAGEM: 25 Abril: Memórias da “França sem Paris” onde ficavam emigrantes enganados

 Inês Pinheiro Ramos, de 89 anos, é uma das últimas habitantes de França, aldeia no concelho de Bragança, que guarda memórias do tempo do Estado Novo quando havia quem tentasse chegar na clandestinidade ao país França e acabava ali, enganado pelos “passadores”.


Os “passadores”, assim chamados, a troco de dinheiro guiavam na raia quem procurava abandonar o Portugal da ditadura, contornando as fronteiras guardadas. Um dos 11 irmãos de Inês, Rui, três anos mais novo e entretanto já falecido, era um dos passadores da aldeia, a “França sem Paris”, como a descreveu Inês, que fica a seis quilómetros de Espanha e a 16 de Bragança.

“Constava-se que perto da fronteira havia gente que ‘passava’ e as pessoas vinham à procura. Os ‘passadores’, quando sabiam que andava por aí alguém à procura, aproximavam-se. E a alguns enganavam-nos”, recordou Inês, reportando-se aos anos 60 do século XX.

Inês recordou que a pobreza e o medo de ser obrigado a embarcar para a guerra colonial precipitava a gente para uma viagem incerta. Não raras vezes, eram os pais que financiavam a travessia. Eram 10 contos por cabeça, equivalente hoje a 50 euros, uma quantia elevada na época.

Para muitos, apresentava-se assim a primeira viagem que iam fazer na vida. Na aldeia de França, isso facilitava a vida aos “passadores”, que tiravam proveito dos mais inocentes.

Havia uma referência que circulava de boca em boca, uma ponte que haviam de encontrar ao chegar ao país França. Ora, na aldeia de França passa o rio Sabor e há uma ponte. E aí há ainda hoje uma placa em pedra onde se lê “França”. 

“E os ‘passadores’ aproveitavam-se dessa situação. As pessoas acreditavam que já estavam em França (país). Tudo parecia bater certo. (…) Ficavam sem o dinheiro e em Portugal”, partilhou a narradora. 

Inês explicou que a ponte “verdadeira” era entre Irún, Espanha, e Hendaye, França, onde terminava a viagem “a salto”, clandestina.

Chegava-se à aldeia de madrugada e deixavam-nos junto à placa. Depois iam embora. Os “passadores” deixavam como última indicação que “seguissem quando pudessem” a ponte que, afinal, só os levava ao outro lado da aldeia.

Quando nascia o sol e o movimento voltava às ruas, perguntavam aos transeuntes onde estavam. E apercebiam-se do embuste. Assim foi, fez contas Inês, durante pelo menos dois anos. Alguns dos burlados regressavam a casa, outros voltavam a tentar mais tarde e acabavam por conseguir.

Mas alguns nem chegavam à “França sem Paris”. Inês recordou o caso de quatro rapazes que vieram de Fátima, distrito de Santarém: “O meu irmão estava em Espanha, com outros. Fui ter com eles a Bragança, de táxi, para lhes dizer que o meu irmão chegava no dia seguinte. Nesse dia seguinte, foram presos”.

Os quatro jovens estavam hospedados numa pensão em Bragança. Foram denunciados sobre a intenção de sair do país, mostrou convicção Inês, expressando, mesmo volvidos mais de 50 anos, indignação: “Eles estavam em Portugal, não tinham nada que os prender”. 

Os detidos viram-se obrigados a entregar o “passador”, Rui, irmão de Inês. Foi preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado, a PIDE. Rui foi levado para o Porto, onde ficou “dois ou três meses”. Destino semelhante teve outro “passador” da aldeia de França. 

A PIDE queria saber quanto já tinham “passado”, quem e de onde. Inês acha que alguns “passadores” foram torturados. Outros, não. Acabaram, os dois da aldeia de França, libertados porque “não tiravam nada deles”. Igual aconteceu aos rapazes de Fátima. Foram soltos, mas não se livraram de responder em tribunal em Bragança, soube Inês.

Inês foi também clandestinamente para França, o país, em 1968. Não precisou de “passadores”, por conhecer tão bem a zona quanto eles. Seguiu com o marido, os filhos, um rapaz de 16 anos, uma rapariga de 14, e uma sobrinha. Para farnel, levaram fumeiro que tinham feito em casa. De estudos, Inês levava a terceira classe, porque “diziam na aldeia que as meninas não precisavam da quarta”.

Foram, evitando a guarda, até Calabor, Espanha, a cerca de oito quilómetros, onde havia um único taxista que fazia o transporte até ao comboio, e isso sentia-se no preço.

Foi nesse comboio que conheceram outro português. “Veio da Madeira, por baixo de um avião, nas rodas, e aterrou em Lisboa. Disse que se meteu num comboio em Lisboa. Não pagou porque assim que via o revisor metia-se no quarto de banho. Sem dinheiro, sem nada, conseguiu chegar a França”.

Inês e a família foram trabalhar para uma fábrica de plásticos, em Amiens, perto do Canal da Mancha, onde ficou por 13 anos.

Para tantos outros, foi mais difícil. Mas Inês, quando questionada sobre se valia a pena, respondeu sem hesitar:”Valia sempre a pena. Valia, valia”.

TYR // MSP
Lusa/Fim

Gostava de tirar o curso de Paraquedista Civil?

 Dia 12 de Maio também pode ver paraquedistas no céu do Aerodromo de Bragança.
Uma Organização da Associação de Paraquedistas do Nordeste, com apoio do Aero Clube de Bragança.

UM HINO À LIBERDADE...

Por: Maria da Conceição Marques
(colaboradora do "Memórias...e outras coisas...")

(foto minha, tirada faz hoje exatamente 50 anos)

Fascismo…
Miséria…
Fome e opressão
O rosto escondido…
A saliva cuspida
Os ratos no vão
Fascismo!
A palavra oprimida
A sílaba homicida 
Podridão.
A falta de liberdade
A ausência de expressão 
Na esquina da noite…
Na emboscada da luta
Ficavam os homens…
Os mais corajosos…
Enjaulados na prisão.
Sonhadores subjugados… 
Perseguidos, julgados
Torturados em vão
Por sonhos ousados.
Metidos em celas
Sem culpa ou perdão.
Com a brisa de Abril…
Abriram cancelas
Floriram janelas
Serraram-se grades
E as privações!
A PIDE acabava
Pisada e calcada
Nas pedras da rua…
Jazia a tortura.
O regime morria
Abril, campa fria.
Morria a agonia
Enterravam-se agruras.
Sem sangue ou torturas.
Nas metralhadoras,
floresceu a esperança
Em cravos vermelhos
Em mãos de criança!
Em gritos de amor.
E a mocidade,
matava a saudade
De cravos em riste 
o sonho crescia 
A liberdade nascia
A história mudou
A ditadura morria
No peito cresceu
A vontade venceu.

Maria da Conceição Marques
, natural e residente em Bragança.
Desde cedo comecei a escrever, mas o lugar de esposa e mãe ocupou a minha vida.
Os meus manuscritos ao longo de muitos anos, foram-se perdendo no tempo, entre várias circunstâncias da vida e algumas mudanças de habitação.
Participei nas coletâneas: Poema-me; Poetas de Hoje; Sons de Poetas; A Lagoa e a Poesia; A Lagoa o Mar e Eu; Palavras de Veludo; Apenas Saudade; Um Grito à Pobreza; Contas-me uma História; Retrato de Mim; Eclética I; Eclética II; 5 Sentidos.
Reunir Escritas é Possível: Projeto da Academia de Letras- Infanto-Juvenil de São Bento do Sul, Estado de Santa Catarina.
Livros Editados: O Roseiral dos Sentidos – Suspiros Lunares – Delírios de uma Paixão – Entre Céu e o Mar – Uma Eterna Margarida - Contornos Poéticos - Palavras Cruzadas.

Entrevista a Otelo

 Meu caro Henrique,

Entre as incontáveis entrevistas que fiz, esta, a Otelo Saraiva de Carvalho, estratego da Revolução que nos deu a liberdade, publicada no semanário "Tempo", foi aquela que mais marcou a minha vida profissional.

Abraço.

Carlos

Agenda de Maio, Junho e Julho de 2024 do Teatro Municipal de Bragança.

 



Grândola, Vila Morena

quarta-feira, 24 de abril de 2024

1974 - Paulo de Carvalho - "E Depois Do Adeus"

10 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

3 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança


3 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

3 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

3 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

31 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

31 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

17 de ABRIL de 1974 - Mensageiro de Bragança

24 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

3 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

10 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

31 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

24 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

𝗖𝗼𝗺𝗲𝗺𝗼𝗿𝗮𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗱𝗼𝘀 𝟱𝟬 𝗮𝗻𝗼𝘀 𝗱𝗼 𝟮𝟱 𝗱𝗲 𝗮𝗯𝗿𝗶𝗹 - BRAGANÇA

NOVO ACIDENTE COM TRATOR AGRÍCOLA NO CONCELHO DE MIRANDELA PROVOCA MAIS UM FERIDO

 Aumentou para cinco o número de acidentes com tratores agrícolas, só na última semana, no distrito de Bragança, que provocaram dois mortos e três feridos, dois deles com gravidade.

Dois acidentes aconteceram, esta manhã, no concelho de Mirandela. Por volta das 07,30 horas, um homem de 54 anos fraturou uma perna, depois de o veículo agrícola que manobrava ter capotado, por razões ainda por apurar, em Pai Torto (Suçães), no concelho de Mirandela, quando estaria a realizar trabalhos agrícolas, adianta fonte hospitalar.

A vítima foi transportada ao hospital de Mirandela, por um familiar, e veio a ser transferida para o hospital de Bragança.

Também esta manhã, em Alvites, igualmente no concelho de Mirandela, um homem de 68 anos ficou ferido com gravidade, depois de ter sido atropelado pelo trator agrícola, que terá deixado destravado. 

A vítima apresentava um traumatismo torácico e um traumatismo craniano e foi helitransportada para o hospital de Vila Real.

Ontem, um outro acidente, em Freixiel, no concelho de Vila Flor, provocou ferimentos graves a um homem de 83 anos. 

Já na terça-feira da semana passada e no domingo, outros dois acidentes, em Nabo (Vila Flor) e Faílde (Bragança), provocaram duas vítimas mortais, uma com 70 anos e outra com 80.

Artigo escrito por Fernando Pires (jornalista)