terça-feira, 31 de maio de 2022

Festival Terra Transmontana está de regresso a Mogadouro

 O Festival Terra Transmontana está de regresso a Mogadouro de 22 a 24 de julho, para assinalar os 750 anos da Carta de Foral desta vila, depois de dois anos de interregno devido à covid-19, foi hoje divulgado.


“Após a paragem devido à pandemia, o que se pretende nesta edição do Festival Terra Transmontana [FTT] é criar um fio condutor, mais homogéneo e estruturante, que fique para os anos seguintes, sobretudo, no que respeita à etnografia do concelho”, explicou à lusa a vereadora da cultura no município de Mogadouro, Márcia Barros.

Com uma forte componente lúdica, proporciona o contacto com a natureza, com as ritualidades, a música folk, a gastronomia, as artes e ofícios e as demais expressividades poético-culturais que caracterizam esta região do Planalto Mirandês, recuando também até contextos medievais, como é o caso da Carta de Foral atribuída a esta vila, em 27 de dezembro de 1272, pelo rei D. Afonso III.

“Os ofícios, as tradições, a gastronomia, as sonoridades da região, são, portanto, um conjunto de atividades que pretendem valorizar tudo o que é história e o que levou a Mogadouro, a ser aquilo que é hoje”, concretizou a autarca.

O FTT tem uma particularidade única, já que se realiza no centro histórico da vila, junto ao velho castelo Templário da localidade, largo da Misericórdia e do emblemático bairro do Penedo e largo Conde de Ferreira, onde os visitantes marcam encontro com a história e as tradições seculares deste território fronteiriço.

Com esta iniciativa pretende-se também proporcionar oportunidades de mostra e comercialização de produtos locais, com diversas tendas e bancas de expositores, numa zona da vila que vai perdendo habitantes.

Durante o FTT os moradores da zona histórica da vila de Mogadouro abrem as portas das suas casas transformando-as em "verdadeiros" espaços gastronómicos.

Este ano o festival está organizado em quatro espaços como praça Folk e tabernas, feira de tradições, mercado de velharias e dos produtos hortícolas e casas particulares transformadas em espaços gastronómicos na zona histórica.

“Este festival acaba por mexer com a economia da vila, principalmente, da zona histórica de Mogadouro”, vincou Márcia Barros.

A música dos Trasga e Ratimbar abrem o festival no dia 22 . Já no dia 23 sobem ao palco Músicas da Raia (da parte da tarde), Pé na Terra e Galandum Galundaina (à noite).

Já o dia 24 de julho, o último dia do FTT, ficará reservado para o desfile etnográfico, que este ano pretende envolver várias instituições do concelho e às quais o município atribuiu um valor monetário de 200 euros para fazer face a “algumas despesas”.

Pelo meio haverá animação de rua com gaiteiros, jogos tradicionais, teatro de rua, exposições, palestras e colóquios.

Foto: Anibal Gonçalves

𝐏𝐨𝐫𝐭𝐮𝐠𝐚𝐥 𝐚 𝐃𝐚𝐧𝐜̧𝐚𝐫 𝟐𝟎𝟐𝟐 - 𝐖𝐨𝐫𝐤𝐬𝐡𝐨𝐩 𝐝𝐞 𝐂𝐡𝐚 𝐂𝐡𝐚 𝐂𝐡𝐚

 O bailarino João Costa vai dar um workshop de Cha cha cha dia 18 de Junho às 16h45 em Miranda do Douro.

Estes workshops são totalmente 𝐆𝐑𝐀𝐓𝐔𝐈𝐓𝐎𝐒 e abertos a toda a comunidade (com ou sem experiência em dança).

𝐈𝐧𝐬𝐜𝐫𝐞𝐯𝐞-𝐭𝐞 AQUI.

A 𝐌𝐚𝐫𝐚𝐭𝐨𝐧𝐚 𝐝𝐞 𝐅𝐮𝐭𝐬𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐁𝐫𝐚𝐠𝐚𝐧𝐜̧𝐚 está de regresso. A competição está marcada para os dias 18 e 19 de junho e vai contar com 16 equipas.

Caminhada: À descoberta dos Lagos do Sabor

 O trilho começa na aldeia dos Cerejais, que faz parte do Santuário Mariano, local de culto de inúmeros visitantes e peregrinos de todo o país, considerado uma presença de Fátima no Nordeste Transmontano. Entre montes faz-se a descida até aos Lagos do Sabor, neste trilho, que nos dá a conhecer este magnífico espelho de água que resulta da construção da albufeira do Baixo Sabor.


. Abertura do Secretariado: 08:30h, Cerejais, Alfândega da Fé
. Início do Percurso: 09:00h.
. Fim do percurso: 11h30.
. Distância: 9 km
. Dificuldade: Média.
. Duração: 2:30h.
Valor da inscrição: 10 €/Pessoa
(Crianças até 12 anos: Gratuito)
Data limite de inscrição: 23h do dia 10 de junho de 2022
Limite de inscrições.
Inclui:
. Viatura de apoio;
. Água, doce regional (calço) e cálice vinho porto;
. Seguro de Responsabilidade Civil e Acidentes Pessoais;
. Guias especializados.
Levar água, protetor solar, roupa e calçado confortável.
Inscrição aqui.
Organização: Cibo Trás-os-Montes
Contactos: 919855570 ou cibotrasosmontes@gmail.com
Os valores apresentados incluem IVA à taxa em vigor.
Política de cancelamento da atividade de acordo com as “Termos e condições” em www.cibo.pt .
RNAAT n.º 760/201

BRAGANÇA: A IMPERDÍVEL E HISTÓRICA CAPITAL DE DISTRITO

 No âmbito do "Concelho em Destaque", lançado este ano no Jornal Nordeste, o mês de Maio é dedicado a conhecer Bragança. De clima temperado, com um verão tipicamente quente e seco e um inverno longo, frio e húmido, Bragança alcançou em Fevereiro de 1983 uma das temperaturas mais baixas registadas em Portugal: -17,5. O concelho é conhecido, entre tantas coisas, pelo frio, mas o calor, sobretudo das gentes, é evidente.


Um legado chamado "nunca deixes de guardar o castelo onde nasceste"

O Castelo de Bragança, construído no século XII, é um dos maiores símbolos da cidade e do concelho. Sendo um dos mais bem preservados castelos portugueses, do alto dos seus muros a vista contempla paisagens únicas: as serras de Montesinho, Sanabria, Rebordãos e a da Nogueira.

Este ícone brigantino, do qual fazem parte a elegante Torre de Menagem e variadíssimas histórias de encantar, está localizado na cidadela e é protegido por muralhas que têm um inconfundível formato de coração. Além do castelo, imponentes são ali também a Igreja de Santa Maria, o Pelourinho e, claro, a Domus Municipalis, considerada Monumento Nacional, desde 1910, que funcionou como cisterna, cujo nome deriva do facto de ter sido, também, usada como Paços do Concelho, pela Administração Municipal de Bragança.

O património arquitectónico e histórico não tem preço, mas também não há nada que pague os que aquilo foram construindo, guardando e vivendo, as pessoas.

Adelaide Morais é uma das "guardiãs" da cidadela e uma das testemunhas da agitação que, noutros tempos, aquela "vila" foi. Com 70 anos, nasceu ali, num dos lugares mais charmosos de Bragança.

Nascida e meia criada em casa da avó, Adelaide Morais mudou-se, ainda em miúda, com 12 anos, para casa da madrinha, também na cidadela, onde agora, a meio tempo, vive. "Na altura das férias grandes, num verão, vim aprender costura, com a minha madrinha, e nunca mais daqui saí. Quase todas as raparigas, naquela altura, aprendiam costura, para saberem fazer algumas coisas úteis", contou, lembrando que, na tenra idade, de vida e de aprendizagem, só se faziam os recados.

Tendo começado com a madrinha, que era "uma das maiores modistas", naquela época, e para ela trabalhado alguns tempos, Adelaide Morais, que casou com 18 anos, guardou a profissão para toda a vida.

Foi na cidadela que, além de aprender o ofício, conheceu também quem lhe "roubou" o coração e a levou para outras paragens, mas nunca definitivamente dali para fora, não fosse ela uma verdadeira brigantina. "Ele veio trabalhar para Bragança e não tinha quem lhe lavasse a roupa. Perguntou a um dos funcionários se sabia de alguém que o fizesse. Então, trouxe-o ao castelo e apresentou-o a uma senhora que era minha vizinha... depois ele vinha vindo por cá a trazer a roupa e ela acabou por o desafiar a vir até à vila, uma noite, já que tocava viola. E ele veio. Juntaram-se várias raparigas e eu, que estava por aqui a trabalhar, a fazer serão, juntei-me à festa, já que eu gostava de cantarolar... e bem, comecei então a cantar e ele achou piada... e pronto, cá estamos, casados", referiu.

Àquela época, depois de casarem, Adelaide Morais e o seu Eduardo, natural do Porto, ainda ficaram três anos por Bragança, antes de rumarem à Invicta, onde fizeram vida. É entre uma cidade e outra que agora, reformados, vão dividindo vida, tempo e amizades. E a casa, a de Bragança, não podia ser mais especial. "Eu era a única pessoa que a minha madrinha tinha e um dia ela disse-me que, sabendo também que nós erámos os únicos que íamos tomar conta dela, ia deixar-me a casa. Mais tarde acabou por ficar numa cama, porque estava doente, estando já com a mobilidade muitíssimo reduzida. Assim, foi necessário colocar-se aqui uma pessoa para a cuidar, já que nós estávamos no Porto e ela não aceitava mais nada que não fosse viver na própria casa. O dinheiro começou a não lhe chegar e decidiu pôr a casa à venda. Arranjou umas pessoas que lhe a queriam comprar, sendo que podia usufruir dela até à morte, mas nós não deixámos. Era muito importante para mim ficar com isto, por tudo, e então decidi ser eu a comprar-lhe a casa. Na altura, demos-lhe 500 contos e, infelizmente, para pouquíssimo lhe serviu o dinheiro, já que morreu um mês depois", lembrou Adelaide Morais.

A casa, que respira lembranças, leva a brigantina, frequentemente, a memórias de outros tempos, quando a cidadela respirava gente, gente e mais gente. "Quando eu era mais nova havia aqui muitas pessoas porque todos os casais tinham cerca de dez ou mais filhos. Além disso, o liceu era na Praça da Sé e a Escola Industrial era na Rua Direita. Ou seja, quase toda a gente que vinha estudar para Bragança ficava por aqui, porque era perto e porque muitas pessoas, como a minha madrinha, arrendavam quartos", contou Adelaide Morais.

Por ali, onde cada calejo ou viela chegou a ter mais de trinta miúdos, a gente era tanta que na altura da Páscoa e do São João chegavam a ser dois os bailes, em simultâneo, para animar a malta.

A cidadela também foi, naqueles tempos, Adelaide lembra-os bem, a "casa" de quem muito dinamizou e ajudou a dar vida à cidade. "Antigamente, em Bragança, havia três quartéis, sendo que um deles, o principal, era aqui, no castelo. O que dá movimento à cidade, hoje em dia, são os estudantes, mas antigamente eram os militares, que davam muito dinheiro a ganhar às pessoas, às que lhes lavavam a roupa, aos comerciantes e aos proprietários das tabernas", terminou a brigantina.

Bragança é o concelho com mais rituais e festas de inverno preservados

O concelho é também fortemente conhecido por toda a dinâmica de esoterismo, que tem sobrevivido aos passar dos anos. As festas dos Rapazes, as de Santo Estêvão e as dos Reis celebram-se e animam várias aldeias e localidades do concelho, nomeadamente Varge, Aveleda, Parada de Infanções, Rio de Onor, Baçal, Salsas, Rebordãos, Pinela, Grijó de Parada e Rebordaínhos.

Estas festas, que se conservam bem vivas na cultura do povo, dependendo da aldeia onde se celebram, integram diversos rituais, de profundo simbolismo, com origens remotas, provavelmente de um tempo muito anterior à cristianização da Península Ibérica.

Natural de Grijó de Parada, André Seca, de 57 anos, é um dos responsáveis por naquela aldeia ainda se manter viva a tradição.

Lembrando-se desde garoto do ritual e tendo sempre brincado com os caretos, "apesar de serem figuras diabólicas, que metem medo", integra uma associação, que se formou em 2015, com meia dúzia de pessoas, com vista a revitalizar a festa, que "estava um pouco morta". E é mesmo isso que se tem feito nos últimos anos, dar vida ao ritual, não deixar que acabe por se perder, por um dia ser só uma lembrança. "Já chegámos a ser mais de 15 membros, mas na festa há mesmo muita gente a vestir-se de careto, até porque os emigrantes costumam vir de férias à aldeia e não deixam de se mascarar, porque muitos têm antepassados que foram ligados ao ritual", esclareceu.

Em Grijó de Parada, o ritual é celebrado na Festa de Santo Estêvão, dias 26 e 27 de Dezembro. Ali, os caretos, antigamente, "eram sempre homens mais velhos e eram só dois ou três". O ritual estava associado a uma determinada revolta. "As pessoas apoderavam-se da imagem do careto para resolver algumas situações que durante o ano não conseguiriam tratar, digamos. Era uma espécie de justiça que ali se fazia", contou, salientando que, "hoje em dia o ritual não é bem assim". Ainda que o careto continue a ter uma "grande liberdade", entrando em casa das pessoas sem pedir licença, fazendo traquinices, arrastando móveis, saltando pelas janelas e roubando fumeiro, "hoje quase se pede licença aos habitantes da aldeia para se fazer este tipo de coisas", estando guardado o "máximo respeito".

A tradição preservou-se, com distinção, e, hoje em dia, até as mulheres dela participam. "Cada vez somos menos, por isso, é bom que assim seja", explicou André Seca.

Além de ser um dos mentores da festa de Grijó de Parada, o careto também é responsável pela construção de máscaras. Quando se criou a associação, fatos havia e até havia quem os fizesse, mas máscaras não, nem por isso... então, André Seca arregaçou as mangas e tratou do assunto. Depois, como se costuma acontecer, a necessidade aprimorou a arte. "Queríamos manter as máscaras antigas e eu, com um bocado de jeito e paciência, comecei a fazê-las. Depois o bichinho foi-se desenvolvendo e tenho construído várias máscaras, com muitos materiais e inspirações", contou o artesão, herdeiro de gente que já sabia trabalhar o ferro e a lata, o pai.

No que às festas e rituais diz respeito, o que Bragança mais espera, um dia, são boas notícias da UNESCO, sendo que, em 2004, surgiu a ideia de uma candidatura ibérica dos mascarados a Património Imaterial da Humanidade, reconhecendo as tradições da zona de fronteira.

Esta ideia não teve desenvolvimentos até que, em 2017, foi recuperada pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial – Zasnet, entidade que junta municípios dos dois lados da fronteira.

Segundo as últimas informações, em finais de 2021, a Direcção Geral do Património Cultural já estaria a avaliar a candidatura, que diz respeito a mais de 30 rituais com máscaras de Trás-os-Montes, Salamanca e Zamora.

O barro de Pinela ainda se trabalha

A cerca de 30 quilómetros de Bragança, na aldeia de Pinela, ainda se dá vida a uma das maiores identidades do concelho, as cantarinhas.

Noutros tempos, a olaria foi uma grande fonte de rendimento, para alguns habitantes daquela aldeia, sendo que, hoje em dia, o barro já não tem a dinâmica que teve. Ainda assim, a importância da arte não se perdeu e, pelas mãos de Julieta Alves, dali natural e residente, ainda nos vão chegando algumas peças, como as pequenas cantarinhas, que deram fama à feira do começo de Maio, que decorre, anualmente, na cidade de Bragança.

Era das mãos das mulheres de Pinela que antigamente saiam peças de barro, não só as cantarinhas, como tudo que era utilitário, nomeadamente cântaros, alguidares, púcaros, tachos para a comida e, até mesmo, para o fumeiro.

Com 68 anos, Julieta Alves emigrou aos 17, para França, mas acabou por voltar a Portugal, primeiro a Bragança e depois à aldeia onde nasceu. Sem actividade profissional, necessitando de ter um entretém, decidiu aprender a arte de trabalhar o barro, até porque, quando regressou, já só havia uma mulher a fazê-lo em Pinela.

Em contacto com o barro desde pequena, sob pena da tradição se perder, Julieta Alves procurou uma formação para aprender, coisa que veio a acontecer em 1997, dois anos após ter vindo de França. Com a aprendizagem e o aperfeiçoar da técnica, agora trata a arte por tu. "Faço isto 100% genuíno. Vou buscar o barro à mina, seco-o e peneiro-o. O barro não tem plasticidade por isso têm que se amassar uns terrões, que se vão buscar aos lados de Izeda, onde sempre se foi", explicou a artesã sobre este "barro único, porque tem estanho, o que lhe confere brilho", sendo ele provindo das minas que ali há.

Julieta Alves continua a "fazer cantarinhas como antigamente", não as pintando. Só há duas diferenças: já não são cozidas no forno a lenha e também não são produzidas na roda de outros tempos, agora é mecanizada.

Além das cantarinhas, pedidas para baptizados, comunhões, casamentos e encontros, "pedem-nas para tudo, basicamente", a artesã também faz louça e figurado. Tendo começado a fazer caretos, Julieta Alves faz tudo que sirva para divulgar a região. Quanto ao barro da terra, hoje em dia só serve mesmo para fazer este tipo de artesanato, já que "é muito poroso", não sendo como o de antes, porque "quando as minas estavam a funcionar retirava-se de zonas mais profundas e tinha mais potência".

Neste momento, para infelicidade da artesã, "não há ninguém que queira aprender a arte". "Já tentei ensinar as meninas da aldeia mas não querem porque é um trabalho duro, pesado e sujo", vincou Julieta Alves, que diz que "com imaginação, era um trabalho que podia render muito porque as pessoas valorizam aquilo que é feito à mão".

Para já, este trabalho, que dá corpo às cantarinhas e que o deu a muitos outros objectos, não está comprometido. Quanto ao futuro, esse, como diz o povo, a Deus pertence.

Parque Natural de Montesinho: a joia da coroa

No concelho de Bragança situa-se o Parque Natural de Montesinho. Foi reconhecido como área protegida em 1979 e tem uma dimensão de cerca de 75 mil hectares, abrangendo parte não só de Bragança como de Vinhais.

O parque, sendo que "nenhuma outra área protegida expressa tão bem o contraste das estações do ano como Montesinho", segundo afirmou a National Geographic, em Dezembro 2004, é composto por 92 aldeias e por duas importantes serras, a de Montesinho, que lhe dá nome, e a da Coroa.

Dionísio Gonçalves foi o primeiro director do parque. O actual Presidente do Conselho Geral do IPB afirma que "foram estas condições agroecológicas e naturais" que deram origem à área protegida. "A área tem uma riqueza ecológica muito grande e considerou-se assim muito importante criar aqui um parque porque as populações conseguiram manter o equilíbrio entre as suas actividades e um ecossistema muito valioso".

Criando um instrumento que impulsionasse o homem a continuar a construir esta paisagem, não abandonando a região, Dionísio Gonçalves admite que, ainda que haja algum afastamento de algumas pessoas em relação ao parque, "continuamos a ter uma paisagem muito equilibrada" e, "graças a Deus, não há grandes atentados". Referindo que "há algumas melhorias", bastando ver houve expansão dos soutos de castanheiros, Dionísio Gonçalves disse entender que "desde que deixou de haver a figura de director do parque parece que alguns problemas se têm evidenciado". Ou seja, "o facto de não haver director do parque não foi positivo para a gestão fina, para resolução de problemas com bom senso, e pode ter contribuído para haver um afastamento gradual das populações em relação à equipa do parque".

O primeiro director do parque, que considera, ainda assim, que "o Homem continua a manter o puzzle tão querido e procurado", admite que "não há que temer que as pessoas degradem aquilo de que dependem".

Refira-se que esta área protegida, que, de facto, perdeu a figura de director do parque, tem agora um novo modelo de gestão, que prevê incentivar o estabelecimento de parcerias com as entidades presentes no território. A abordagem é de uma gestão participativa e colaborativa, em que diferentes entidades do território colocam ao serviço da área protegida o que de melhor têm para oferecer.

"Bragança sempre foi muito forte na área do comércio"

O concelho de Bragança tem "um comércio vasto", segundo o caracterizou a presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Bragança (ACISB), com "muitas empresas de pronto-a-vestir, sapatarias, floristas, lojas de malas, carteiras e de bijuteria, e, na área dos serviços, muitos cafés e restaurantes". Conforme Maria João Rodrigues, Bragança "sempre foi muito forte na área do comércio porque também nunca o foi na área da indústria". A responsável pela entidade admite ainda que esta aposta no comércio, por parte dos empresários, muito se deve também à "proximidade" com a vizinha Espanha. "Os espanhóis procuram muito o nosso comércio, gastronomia e serviços", esclareceu.

O comércio vive agora tempos mais conturbados, por causa da pandemia, mas já se avista uma luz ao fundo do túnel. Antes de 2020, as empresas estavam "estáveis", mas, depois, "a pandemia veio tirar o tapete à maior parte".

Durante os últimos dois anos, várias empresas fecharam. As que aguentaram "tinham fundo de maneio e liquidez", porque "muitas são familiares" e, por isso, "conseguiram sobreviver". Ainda assim, há algumas empresas com "muitas dificuldades". "O arranque de 2021 foi complicado, porque as ajudas do Estado deixaram de chegar às empresas e elas, se no ano de 2020 ainda tinham dinheiro para sobreviver, viram tudo complicar-se", esclareceu Maria João Rodrigues, que avança que, agora, com a guerra e a subida de preços, "está a ser um bocadinho mais difícil do que o que se previa".

Armando Rebelo é um dos comerciantes que não sucumbiu e cá está, a aguentar os "desastres" que se vêm somado no mundo. Tem uma loja aberta, desde 1968, na Rua Almirante Reis.

Com 54 anos de história, a loja, onde se vendem roupas, tecidos, meias e tudo aquilo que se pode encontrar numa retrosaria, mantêm-se de pé mas "a pandemia baralhou muito as coisas". "Cá estamos, os teimosos", esclareceu o comerciante, que diz que "o negócio ainda vai dando para aguentar o barco".

A trabalhar desde muito novo, sempre nesta área, Armando Rebelo admite ainda que "o negócio, antigamente, não se percebe bem se era melhor ou pior, mas agora está muito mau".

Apesar de tudo, segundo Maria João Rodrigues, a cidade "está a recuperar", prova disso foi a Feira das Cantarinhas, que aconteceu há um mês e movimento "muito dinheiro".

IPB destaca-se por atrair gente à terra

Um dos maiores motores de desenvolvimento de Bragança é o instituto politécnico. A instituição foi criada em 1983 e tem, neste momento, no total, 9500 alunos. Cerca de um terço são estrangeiros, um outro terço são alunos de outras partes do país, e, por fim, os restantes são da região e do distrito de Vila Real. "Há este efeito, trazer gente a Bragança, sendo que a este número acrescem os nossos professores e funcionários, uma comunidade que ronda as 800 pessoas", assinalou o presidente do IPB.

Orlando Rodrigues considera ainda que um segundo impacto passa pela qualificação de gente e pelo contributo na inovação das empresas. "Hoje, Bragança está a diferenciar-se com um sector empresarial assente em pessoas muito qualificadas", referiu, dizendo que, como "a qualificação das pessoas é um dos grandes impactos", agora a preocupação passa também por qualificar os activos, aqueles que já trabalham.

O presidente do IPB diz que, neste momento, a ampliação e requalificação de algumas estruturas é a maior "limitação" do politécnico. "Temos crescido muito, em termos de pessoas e de investigadores, e estamos, neste momento, com problemas de infraestruturas, porque elas estão superlotadas, já que, nos últimos tempos, não tem sido possível encontrar investimento para financiamento de obras", assumiu o presidente, que admite que o IPB está numa "situação próxima da ruptura em alguns aspectos". Por exemplo, a Escola Superior de Saúde "não tem instalações compatíveis com a sua dimensão". Esta, em termos de empreitada, é a maior necessidade, sendo que Orlando Rodrigues garante que já está a trabalhar no sentido de algo se fazer.

Respirar cultura

Bragança tem uma oferta cultural muito diversificada e tem vários edifícios ligados à arte e à preservação da memória.

O Museu Militar de Bragança, no castelo, pede visita caso queira conhecer um acervo de grande valor histórico, que inclui peças de armamento ligeiro do século XII até à Primeira Guerra Mundial.

Ainda dentro da cidadela, pode visitar-se também o Museu Ibérico da Máscara e do Traje, que honra as festividades de inverno.

O Museu do Abade de Baçal, na conhecida rua dos museus, fundado em 1915, conserva objectos de uso tradicional, bem como importantes colecções de arqueologia, ourivesaria e arte sacra.

A poucos metros está o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, numa homenagem à pintora de Vila Flor com o mesmo nome. O centro recebe obras e instalações de artistas de renome, nacionais e estrangeiros, além dos trabalhos que refletem as vivências da pintora.

No Centro de Fotografia Georges Dussaud, também na mesma rua que os últimos dois espaços, é um espaço dedicado à obra do fotógrafo francês que lhe dá nome e à fotografia em geral.

Mais recente é o Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano, que preserva as vivências das comunidades judaicas que habitaram na região transmontana, complementado pelo Memorial e Centro de Documentação Bragança Sefardita.

Jornalista: Carina Alves

𝐑𝐨𝐧𝐝𝐚 𝐝𝐚𝐬 𝐀𝐝𝐞𝐠𝐚𝐬 𝟐𝟎𝟐𝟐

 Nos dias 17, 18 e 19 de junho, todos os caminhos vão dar a Atenor, para mais uma edição da Ronda das Adegas.
São três dias de tradições, música, baile, petiscos, vinhos, licores e outros sabores. Uma oportunidade de conhecer de perto o trabalho de artesãos e outros artistas que encontram a sua inspiração nas tierras de Miranda.

Novo trilho de Carrazeda de Ansiães

Banda Sinfónica Transmontana: um caso sério de qualidade artística

 A “Sinfonia Lendária”, uma belíssima obra contemporânea original do jovem compositor português Nelson Jesus que dialoga com textos de A. M. Pires Cabral e o cancioneiro transmontano, foi magnificamente interpretada pela formação conduzida por Valter Palma.


A Banda Sinfónica Transmontana mostrou ontem de novo que é um projecto artístico a ter em conta no panorama nacional. A “Sinfonia Lendária”, uma belíssima obra contemporânea original do jovem compositor português Nelson Jesus que dialoga com textos de A. M. Pires Cabral e o cancioneiro transmontano, foi magnificamente interpretada pela formação conduzida por Valter Palma.

“Sinfonia Lendária” é também um projecto que junta os talentos de outros criativos locais e de uma vasta equipa de técnicos e produtores, constituindo-se, por isso, um exemplo da capacidade de produção que hoje existe em Vila Real. A Banda Sinfónica Transmontana é um dos projectos artísticos que o Teatro Municipal de Vila Real impulsionou desde a primeira hora e que no seu conjunto constituem um movimento transformador e mobilizador do tecido artístico da região.

A partir de um texto de A. M. Pires Cabral
Música: Nélson Jesus
Narração: Angel Frágua e Mara Correia
Animação e ilustração: Paulo Araújo
Fotografias: Carlos Santos
Desenho de luz: Pedro Pires Cabral
Direcção musical: Valter Palma
Direcção criativa: Luís Santos
Direcção executiva: Diogo Taveira
Comunicação: Inquieta

Uma criação original da Banda Sinfónica Transmontana
Em co-produção com Teatro de Vila Real
Com o apoio da Direcção-Geral das Artes

A Despedida

Por: Manuel Amaro Mendonça
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

O dia estava límpido e temperado. Daqueles dias claros, depois da chuva, em que se conseguem divisar quilómetros, nas poucas áreas das cidades em que se consegue discernir o horizonte.
O local, o campo do repouso final, com os retângulos de mármore ou granito cuidadosamente alinhados em grande extensão para um lado e para o outro.
Uma tumba específica, recente, de granito comum, sem grandes ornamentos, mas completamente nova. Na cabeceira, apenas a fotografia de um homem na casa dos quarenta, moreno de cabelo curto e barba aparada. Como epitáfio apenas o nome e as datas de nascimento e morte, sem saudades, dores ou sofrimentos. Apenas assinalado o local onde depositaram a concha vazia que havia sido aquele homem.
A mulher aproximou-se. Era morena, cabelo castanho forte, pelos ombros e de estatura pequena, de aspeto nervoso. Envergava uma t-shirt branca sem estampagens e umas calças de ganga clara que terminavam em sapatilhas brancas, salpicadas de lama. A roupa folgada pouco conseguia disfarçar os peitos fartos e as ancas bem torneadas, mas pela ausência de maquilhagem e de cuidado em salientar as formas, via-se que não tentava causar impacto nos demais… ou já não se preocupava.
Ela ajoelhou-se sobre a pedra tumular e limpou com os dedos as gotas de água e pó que estavam sobre o esmalte colorido que exibia o rosto sorridente.
— Não podia deixar de vir despedir-me. — Começou ela sem rodeios e esboçando um sorriso triste. — Se calhar não volto aqui. De certeza que não, tão cedo.
Brincou com os dedos sujos de limpar a fotografia, espalhando o pó cinzento e molhado pelos restantes.
— Não vou dizer que não terei saudades. — Recomeçou. — Que não vou sentir falta de ouvir a tua voz logo pela manhã, ou sentir o calor do teu abraço antes do pequeno-almoço. Acho que até sentirei falta das sonoras palmadas com que agraciavas as minhas nádegas que tanto dizias gostar.
Sentada e de olhos fechados, empurrou as mãos entre as pernas numa memória voluptuosa que lhe causou um arrepio.
— Eras tão carinhoso no início. — Observou, perscrutando cada pormenor do rosto na minúscula fotografia. — Nem consigo precisar quando foi que as coisas começaram a mudar. Quando foi a primeira sapatada com força excessiva, o primeiro beliscão a deixar marca ou mesmo o primeiro torção dos mamilos a fazer-me gritar de dor. Acho que foi uma coisa gradual, a que eu fui correspondendo com gritos mais ou menos excitados e joelhadas e dentadas que te pareciam excitar ainda mais.
Ela apertou ainda mais as pernas e soltou um suspiro profundo.
— Sim o sexo era ótimo. — Ela sorriu com a recordação, enquanto deixava correr uma lágrima pelos olhos semicerrados. — Não só quando passávamos horas abraçados a devorarmo-nos mutuamente, mas também depois, quando as coisas começaram a ficar mais brutas e depois violentas. Quando acabávamos os dois esgotados, transpirados, maçados e pisados. — Limpou as lágrimas. — Não percebi quando as coisas passaram de sexo excitado e apaixonado para espancamentos e quase violações. Quando deixei de ter força para te combater e as nossas lutas desiguais acabavam comigo subjugada e forçada onde quisesses, o tempo que precisasses.
Tirou um pacote de lenços de papel do bolso e limpou as lágrimas, assoando-se em seguida.
— Mas não foi isso que me quebrou. — Ela continuou a calma retrospetiva. — Nem mesmo quando a violência começou a extravasar a cama e a visitar-me quando chegavas a casa meio embriagado. Quando te excitavas em dar-me dolorosos socos nos braços ou nas costas, como represália do pontapé nas canelas com que eu respondia ao puxão de cabelos e ferradela canina nos ombros com que me cumprimentavas.
Emitiu um suspiro entrecortado e coçou o cabelo com força, quase como se o tentasse arrancar.
— O que me doeu — Continuou ela. — foi saber que tudo aquilo que agora havia entre nós, que eu achava ser amor descontrolado, não passava de sexo bruto e sem respeito. Fiquei devastada quando soube daquela cabra com quem te consolavas antes de vir para casa… encher-me de porradas.
Limpou a foto da campa com o lenço de papel.
— Eras um cabrão bonito. — Concedeu a mulher. — E sabias fazer bom sexo, mas a partir daquela altura, tudo aquilo que para mim era amor e que suportava por isso, transformou-se em violência sem respeito e numa humilhação. Isso tinha de acabar.
Ela exibiu um sorriso e olhou a fotografia com amor.
— Se pudesse ressuscitar-te, fá-lo-ia. Faria amor contigo novamente e enlouquecer-nos-íamos com pancadas e dentadas. Na cama, no chão, no balcão da cozinha... como antes, não importavam as nódoas negras nem as dolorosas marcas de dentes… seria tudo como antes…, mas… antes que voltasses para a aquela cabra, envenenava-te outra vez.
Ergueu-se, sorriu com bonomia e colocou um beijo nos dedos que depositou demoradamente no rosto do homem que amava. Em seguida voltou costas à campa e aproximou-se do casal de polícias que a aguardavam pacientemente a alguns metros de distância. Estendeu os braços e deixou que a algemassem.
Manuel Amaro Mendonça
nasceu em Janeiro de 1965, na cidade de São Mamede de Infesta, concelho de Matosinhos, a "Terra de Horizonte e Mar".
É autor dos livros "Terras de Xisto e Outras Histórias" (Agosto 2015), "Lágrimas no Rio" (Abril 2016), "Daqueles Além Marão" (Abril 2017) e "Entre o Preto e o Branco" (2020), todos editados pela CreateSpace e distribuídos pela Amazon.
Foi reconhecido em quatro concursos de escrita e os seus textos já foram selecionados para duas dezenas de antologias de contos, de diversas editoras.
Outros trabalhos estão em projeto e sairão em breve. Siga as últimas novidades AQUI.

IP anuncia melhoria da estrada que liga sul do distrito de Bragança a Mirandela

 A Infraestruturas de Portugal (IP) anunciou hoje que vai investir 3,1 milhões de euros na melhoria da estrada regional ER315, utilizada por quem viaja do sul do distrito de Bragança para Mirandela.


Mirandela tem o hospital de referência para doentes de alguns concelhos da região e é por esta estrada que seguem, nomeadamente ambulâncias de emergência, num percurso sinuoso que atravessa várias localidades.

A Infraestruturas de Portugal informou hoje que “assinou o contrato para a empreitada de reabilitação” desta estrada, com “um investimento de cerca de 3,1 milhões de euros na melhoria dos níveis de conforto, mobilidade e segurança da rede rodoviária no distrito de Bragança”.

Trata-se de um troço com 19,4 quilómetros, entre a zona industrial de Mirandela e o cruzamento com a estrada nacional EN102, na zona de Bornes, no concelho de Macedo de Cavaleiros e “a intervenção a realizar consiste na beneficiação integral” deste troço, segundo a IP.

A empresa pública explica, em comunicado, que “no âmbito da empreitada será feita a reabilitação total do pavimento, a reparação, adequação e reforço da sinalização e dos equipamentos de segurança da via”.

Sem referência a alterações ao atual traçado, a IP acrescenta que “a intervenção prevê ainda a melhoria da geometria das interseções, mantendo-se a largura da plataforma atual, pavimentando as bermas em betuminoso nos locais onde tal é possível”.

Segundo a empresa, “nas zonas de travessia urbanas, a pavimentação das bermas será em cubos de granito, complementando o existente”.

A empreitada contempla também o sistema de drenagem da via, onde “serão realizados trabalhos de limpeza, desobstrução e reconstrução dos órgãos já instalados, e construídas novas valetas órgãos complementares”.

A Infraestruturas de Portugal ainda vai remeter o contrato para o Tribunal de Contas a fim de obter o necessário visto prévio por parte desta entidade.

De acordo com a IP, “somente após a concessão do referido visto, poderá a empreitada ser consignada e ter início no terreno, o que se estima possa ocorrer no decorrer do segundo semestre deste ano”.

Habitantes de Tuizelo têm cuidados de saúde à porta de casa uma vez por mês

 Viver em aldeias isoladas do interior transmontano parece cada vez mais sinónimo de estar longe de tudo, até do acesso aos cuidados de saúde


Em Tuizelo, no concelho de Vinhais, esta tendência é contrariada. Com o "Médico na Freguesia" as pessoas da aldeia têm à porta de casa consultas, receitas, conselhos e seguimento médico.

Em Tuizelo os sábados são outra vez de louvar porque o médico está de regresso. Há oito anos que nesta localidade um profissional de saúde visita e consulta aqueles vinhaenses.

O "Médico na Freguesia" foi interrompido em Setembro de 2021, mas voltou agora em força a Tuizelo e, claro, quem precisou não perdeu a vez.

“Venho aqui buscar uma receita dos medicamentos que me faltam, da tensão, do colesterol, do estômago e mais alguns”, referiu uma utente.

A freguesia de Tuizelo é composta ainda por Peleias, Quadra, Salgueiros, Nuzedo de Cima, Cruz, Cabeça de Igreja e Revelhe. Os que precisam de receitas e de seguimento passam por ali porque nem sempre é assim tão simples ir à sede de concelho.

“Agora com a covid quase não se pode ir a Vinhais. É uma mais-valia para nós. Venho aqui por causa das receitas. Se fosse ao hospital não ma dão logo e depois tenho que lá voltar outro dia e a gasolina não está barata”, disse outra utente.

A visita do clínico não é só aplaudida pelos vinhaenses. A própria médica, Dília Silva, que começou a visitar Tuizelo no mês passado, também se sente satisfeita por estar a ajudar.

“Aderi logo porque vem beneficiar muito algumas carências destas populações, portanto é sempre uma ajuda. Acho que as pessoas gostam e eu também fico muito contente de estar aqui e poder ajudar. As pessoas vêm sobretudo porque precisam de receitas, outras vêm também porque gostam de conversar um bocadinho e sente-se muito que as pessoas estão muito sozinhas”, contou.

José Gonçalves Afonso é o presidente da Junta de Freguesia de Tuizelo. Está no segundo mandato mas já pertencia à junta quando o projecto foi implementado.

“Surgiu por pensarmos que o desenvolvimento de terras e povos não se mede só por cimento e alcatrão. Há outros indicadores que medem o desenvolvimento de uma terra, como o acesso à cultura e à saúde e é aqui que entra este projecto. Há muitas pessoas na aldeia que não têm meio de transporte próprio, os transportes públicos não são compatíveis e por isso é sempre uma mais-valia”, explicou o autarca.

As consultas decorrem uma vez por mês, na sede da junta de freguesia.

O projecto retomou no mês passado, sendo que começou há já oito anos.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

Quinta porta de entrada para o Parque Natural Regional do Vale do Tua abriu em Vila Flor

 Mirandela, Carrazeda de Ansiães, Murça e Alijó já têm as suas a funcionar


As portas de entrada permitem conhecer melhor o vale do Tua.

“Fechamos mais este projecto que é absolutamente fundamental para as pessoas conhecerem o que o parque tem para oferecer e cada um dos municípios. As diferentes portas de entrada estão articuladas entre si e o objectivo é que o turista quando visita uma porta tenha a curiosidade de ir visitar também as restantes de forma a permanecer o maior número de dias no território”, disse o director do Parque, Artur Cascarejo.

Por outro lado, cada porta permite conhecer melhor o concelho onde está instalada.

Cada uma das portas de entrada no Parque Natural Regional do Vale do Tua custou 100 mil euros.

No mesmo dia, domingo à tarde, foi ainda inaugurado um espaço de co-working, lugar onde a porta se situa. Este espaço pretende acolher aqueles que queiram trabalhar em Vila Flor e não tenham um lugar específico para o fazer.

“É um espaço que pretende acolher também aqueles que queiram também trabalhar em Vila Flor e que não tenham um lugar específico para o fazer. Na minha opinião todos nós aprendemos que a pandemia, de todo o mal que trouxe, trouxe-nos uma oportunidade, ou seja, podemos viver em qualquer lugar do mundo, trabalhar a partir de casa e que a casa seja Vila Flor”, salientou o presidente da câmara, Pedro Lima.

Cada Câmara disponibilizou um edifício e o Parque adaptou-o ao objectivo pretendido.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Bragança é MAIS...

História, Cultura, Tradição, Gastronomia...
É, sobretudo, MAIS alegria de viver na intensidade de uma terra que nos arrebata pela sua autenticidade, de um povo que se orgulha de ser genuíno, de um lugar que se sente e se ama, onde se quer, SEMPRE, estar.
A ACISB orgulha-se de ser MAIS Bragança!

𝐁𝐚𝐦𝐨𝐬 𝐚 𝐌𝐢𝐫𝐚𝐧𝐝𝐚 𝐛𝐞𝐫 𝐥𝐬 𝐏𝐚𝐮𝐥𝐢𝐭𝐞𝐢𝐫𝐨𝐬

 Os Pauliteiros de Miranda são o símbolo local incontornável de Património Cultural imaterial de Miranda do Douro.
Enquanto grupo de danças tradicionais representam uma das principais atrações do nosso concelho, sendo que o trabalho desenvolvido pelos grupos e Associações têm contribuído de forma exemplar para a divulgação do património, etnografia e cultura mirandesa, bem como o artesanato que lhe está associado.

A preservação desta nossa identidade cultural é uma base sólida para um futuro mais rico, que passa pela contínua divulgação e valorização do que nos pertence.

Neste sentido e para que efetivamente os nossos visitantes possam ber ls Pauliteiros o Município de Miranda do Douro promove a iniciativa "Bamos a Miranda ber ls Pauliteiros".

Assim, de 1 de junho a 30 de setembro, aos sábados, serão dançados “Lhaços” pelas ruas da cidade, para que desta forma todos aqueles que nos visitam possam desfrutar de um acolhimento salutar bem próprio do povo mirandês.

𝑉𝑖𝑠𝑖𝑡𝑒-𝑛𝑜𝑠…

𝗔𝗩𝗜𝗦𝗢 | 𝗣𝗢𝗦𝗦𝗜́𝗩𝗘𝗜𝗦 𝗖𝗢𝗡𝗦𝗧𝗥𝗔𝗡𝗚𝗜𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢𝗦 𝗡𝗢 𝗙𝗢𝗥𝗡𝗘𝗖𝗜𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢 𝗗𝗘 𝗔́𝗚𝗨𝗔

 Assunto: Estudo sobre a Eficiência Hídrica da Rede de Distribuição de Bragança


𝟬𝟭 > 𝟭𝟰  𝗱𝗲 𝗷𝘂𝗻𝗵𝗼 : 𝗖𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲 𝗱𝗲 𝗕𝗿𝗮𝗴𝗮𝗻𝗰̧𝗮

Informamos de que, entre os dias 01 e 14 de junho, o Município de Bragança irá promover um estudo sobre a eficiência hídrica da rede de distribuição de água da cidade, por forma a verificar o seu atual funcionamento através de medições de pressão e de caudal em alguns pontos estratégicos da rede.

Os testes serão realizados em 49 hidrantes da cidade e, eventualmente, poderão ter um impacto temporário sobre as pressões na rede.

Agradecemos a compreensão de todos e pedimos desculpa por qualquer eventual constrangimento.

Datas e os locais dos testes:

𝐂𝐮𝐥𝐭𝐮𝐫𝐚 | 𝐄𝐧𝐬𝐚𝐢𝐨𝐬 𝐝𝐞𝐬𝐥𝐨𝐜𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚𝐝𝐨𝐬

 Durante os meses de maio, junho e julho o Município de Miranda do Douro, através da Casa de la Música Mirandesa, promove ensaios junto dos mirandeses, com o Coro da Universidade Sénior e o Coro Infantil de Miranda a deslocarem-se às várias localidades do concelho e abrindo os ensaios à população.
O primeiro ensaio irá decorrer já na terça feira, dia 31 de maio, com o Coro da Universidade Sénior, na Póvoa.

Venha passar um início de noite com música e convívio.

Um mar de espigas

População junta-se em Macedo para ajudar a Liga Portuguesa Contra o Cancro

 Várias pessoas juntaram-se em Macedo de Cavaleiros para caminhar por uma causa.


As verbas angariadas com as inscrições reverteram integralmente para ajudar a Liga Portuguesa Contra o Cancro.

E quem participou diz tê-lo feito para ajudar.

A terceira edição da Corrida é uma iniciativa que junta as localidades do Norte do país numa mesma ação solidária com o objetivo de angariar verbas para benefício dos doentes oncológicos, especialmente os mais carenciados.

Em Macedo de Cavaleiros teve o apoio do município, que quer continuar a associar-se a iniciativas do género, revela a vereadora Sónia Salomé:

“Infelizmente é uma doença cada vez mais atual e isso eleva a importância da iniciativa. No nosso município esta é a segunda iniciativa, a primeira aconteceu juntando quatro freguesias. Juntámo-nos promovendo e sensibilizando a população para estas iniciativas. Sónia Salomé refere que devemos ajudar quem precisa, pois um dia também podemos ser nós a precisar.”

Uma caminhada solidária que contou com um percurso de quatro quilómetros em Macedo de Cavaleiros.

Escrito por ONDA LIVRE

Jovem desaparecida em Bragança desde sexta-feira

 Uma rapariga, de 21 anos, desapareceu, na sexta-feira, em Bragança. A mãe deixou-a na escola, na Ensibriga, ao começo da tarde. A falta da rapariga foi sentida quando a mãe percebeu que a filha não tinha aparecido no ginásio onde tinham combinado encontrar-se ao fim da tarde, nem sequer na escola.
A mãe diz que já a tentou contactar várias vezes, mas que o telefone está constantemente desligado, e que a filha conversava com pessoas desconhecidas na internet, acreditando que esta poderá ter-se encontrado com um desconhecido.

As autoridades, segundo avançou, já foram alertadas.

Foto: Facebook Margarida Alves (Mãe da jovem desaparecida)

12 de junho - 5ª Meia Maratona da Cereja de Alfândega da Fé

Amizades e pessoas conhecidas

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Às vezes, quando o quotidiano nos desvia um quase nada da rotina egoísta do nosso viver, damos um pouco mais de importância ao saldo acumulado, que não sendo negativo, nos faz sentir mais humanos. 
Quotidianamente cruzo-me com pessoas das quais guardo as recordações mais díspares, não deixando essa disparidade de ser agradável nas suas gradações que são afinal o que é mais importante no acto decorrente de viver.
Ao sair de casa pela manhã, os pensamentos são quase sempre recobertos de uma neblina que lentamente vai clareando e nos deixa aperceber do tom de voz daqueles que nos saúdam, da indiferença que nos dispensam os mais circunspectos e na alegria de uma saudação de amigos que se calhar estão como nós confusos nesta Babel em que a vida nos prendeu.
Lembramo-nos de vários episódios em que a manifestação de amizade surge espontânea dos lábios de interlocutores que também não pensávamos ser possível, dado o afastamento físico que durante anos nos separou. É o descobrir de sentimentos que não são claros mas que têm que ver com lembranças comuns, retirados das vivências passadas que formam como que uma ligação aos outros que só em momentos especiais relembramos como sendo a génese de amizade e admiração por quem como nós seguiu o modo comedido de estar e fazer, cumprindo o dever social de viver em sociedade. É o facto de pisarmos as pedras que pisámos num tempo já longínquo que nos leva à referência que adoptamos para participar no teatro da vida, quem tem sempre semelhança com a Tragédia grega, num patamar não tido em conta mas que atravessa as nossas vidas numa constante de pertença e solidariedade.
De todas as circunstâncias que dão forma ao que metaforicamente pode ser considerado como acto social seria bom retermos um pouco mais de atenção aos denunciadores de diálogo com o outro que passa na rua em que nós passamos e nos, cumprimenta com jovialidade e dos que passam indiferentes, absortos nos seus cuidados que o tempo ajudará a tornar inofensivos quanto ao motivo e ao desfecho.
Viver em sociedade é sempre um acto de fruição em que o nosso cérebro se preocupa em procurar meios alternativos de se afastar de questões de litígio e procura encontrar algo já conhecido e mais fácil de lidar por parte do nosso carácter que se moldará melhor para apreciarmos as coisas belas do mundo que os homens pretendem ter para si. A capacidade de conviver com os outros é um acto que podemos desenvolver para sermos mais sociáveis e comunicativos e termos frieza de raciocínio para escolhermos as companhias mais agradáveis. Faz que nos sintamos mais bem recebidos pois é sempre agradável o diálogo com alguém sereno de vocabulário em que a asneira não se vislumbra e o bom senso se sobrepõe um todas as circunstâncias.
Vive-se hoje um clima de incertezas e o medo de um retrocesso civilizacional que resultará de sonhos de grandeza de alguns homens que não possuem coração e pretendem acabar com a civilização que ao longo dos séculos foi ensinando aos homens que o outro homem é igual a ele, tão só porque Deus o fez seu irmão.
A falta de paz fará a humanidade regredir, o que nos leva a crer que o que acontece harmoniosamente hoje quando de manhã saímos e a vida flui, poderá transformar-se numa visão apocalíptica.
Que se cumpra o tempo de sermos de novo Senhores do nosso destino e que possamos ter dentro de nós a chama que os faz contentes consigo mesmos e com os outros homens.



Bragança, domingo, 29 de Maio de 2022
A. O. dos Santos
(Bombadas)

GNR apreendeu punhais e uma catana

 Um homem de 57 anos foi identificado pela GNR, no dia 25 de maio, pela posse três armas proibidas, que foram apreendidas no concelho de Vimioso.


Quando realizavam uma ação de fiscalização rodoviária, os militares da Guarda abordaram uma viatura, tendo constatado que o suspeito transportava consigo dois punhais e uma catana, que apreenderam.

Os factos foram comunicados ao Tribunal Judicial de Bragança.

A GNR relembra que, de acordo com o Regime Jurídico das Armas e Munições, quem, sem se encontrar autorizado, detiver, transportar, guardar, comprar ou adquirir qualquer arma elencada no n.º 1 do Artigo 86.º do mesmo diploma, encontra-se a incorrer no crime de posse de arma proibida.

Glória Lopes

DIVAGAÇÕES

Por: Maria da Conceição Marques
(colaboradora do "Memórias...e outras coisas...")

Guardo no coração, o eco das primeiras palavras e na alma, o esboço dos primeiros passos trémulos e inseguros.
Gestos pequenos e frágeis, que enchiam de vida o mundo que me abraçava e os sonhos que me pairavam sobre a cabeça.
Era tempo de paz, os dias eram mágicos e as rosas enchiam de perfume o jardim do meu imaginário.
Nesta humildade imensa, nesta tempestade cósmica, permanece intacto o amor incondicional que nos uniu.
Hoje, na minha alucinada loucura, vejo a face pálida da lua, olhar-me com clemência, e derramar em mim, uma lágrima que desliza e cai no meu rosto, para lavar a sujidade onde o tempo me jogou.
Os anos passaram, o tempo passou, ficou um amor eterno, platónico e incondicional. O resto tudo o vento levou.

Maria da Conceição Marques
, natural e residente em Bragança.
Desde cedo comecei a escrever, mas o lugar de esposa e mãe ocupou a minha vida.
Os meus manuscritos ao longo de muitos anos, foram-se perdendo no tempo, entre várias circunstâncias da vida e algumas mudanças de habitação.

domingo, 29 de maio de 2022

25ª edição da FEIRA DA MAÇÃ, DO VINHO E DO AZEITE

 Após 2 anos de interrupção, em 2022 volta a nossa FEIRA!
Renovada e com um cartaz GRANDE, não perca a 25ª edição da FEIRA DA MAÇÃ, DO VINHO E DO AZEITE, de 26 a 28 de Agosto, em Carrazeda de Ansiães.

Notícias da aldeia

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Cumpriu-se o ciclo. E não peço muito à vida. Só quero, em cada ano, ver de novo a minha cerejeira vaidosa de cerejas e as roseiras surgirem do silêncio invernal num cântico de rosas. E isso me basta… Por isso, o ciclo cumpriu-se de novo no milagre de uma infinidade de cerejas e no esplendor de milhares de rosas. Isso me basta…
Depois na minha aldeia ninguém tem grandes certezas e como eu espreitam os astros…rezam aos santos…vão à bruxa…encomendam as almas…fazem penitência e transcendem-se na folia da festa...e desconfio que são felizes…pois, como eu, somente, esperam que os ciclos se cumpram no milagre da batata nova, do morango escarlate, da pera discreta, do figo temporão, do poema em linguagem de trigo e centeio…no ouro feito azeite…no beijo da fonte de águas cristalinas…e desconfio que são felizes!
Por isso, todos os dias regresso ao paraíso…o cão dorme tranquilo à espera do dono e sorri como a gente…os vizinhos falam das dores do corpo e da alma…mas sem azedume como quem respeita as leis da natureza…e eu, como quem entende a sabedoria milenar, de novo ganho um nome de gente…para além da crueza dos títulos profissionais…
Ma minha aldeia somos todos iguais…e acho que ninguém tem grandes certezas…e quando alguém…em tempo de promessas e de sonhos promete mais do que aquilo que pode…nós sorrimos e somente pensamos alto como o Tio Vila Real que era o pobre mais pobre das redondezas: - Quando a esmola é muita desconfia o pobre!
…por isso vou à horta espreitar o renovo…apanho dois cogumelos no sossego do monte…pergunto ao vizinho se será boa lua para engarrafar o vinho…e depois de comer vou-me deitar…como se todo o mundo fosse uma coisa muito bonita…e certinha…à medida da minha aldeia…
…por favor, deixem-me sonhar!

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

O COMPLEXO DE INFERIORIDADE DO PORTUGUÊS

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Na nossa terra, neste bonito jardinzinho plantado junto ao Atlântico, varanda florida sobre o mar azul, o povo é hospitaleiro e subserviente, acocorando-se diante de quem vem de fora, mormente de carteira recheada.
Quando faleceu Rebelo da Silva, Ramalho, referindo-se ao seu Portugal, escreveu:
" (...) " Sabes agora ò pátria qual é a diferença característica que te distingue de todos os países do mundo, e que vivamente te retrata na tua inépcia? É que se um homem que deixasse em Madrid, em Paris, em Londres, em Florença, em Berlim ou em Bruxelas, lá vinte mil homens a pé, levando no coração o luto nacional, o teriam acompanhado à derradeira morada. Tu mandaste um coche da Casa Real!" – " As Farpas”
Era assim como a nação respeitava os ilustres. E agora? 
Em 2 de Abril de 2003, "O Público", publicou longa entrevista a António José Saraiva, onde este analisou o âmago do sentimento nacional:
"Os portugueses são acomodativos. Perdem facilmente o sentimento...Por exemplo, os filhos de portugueses, em Paris, quase todos decidem ser franceses. Uma coisa que a me entristece.... Um português acha sempre que o estrangeiro é melhor. Tem razão para achar, quando olha para um pais desenvolvido. Mas a gente vê um país, como o basco, a lutar pela sua personalidade e percebe o que é nacionalismo, o que é o patriotismo."
Na mesma entrevista acrescenta:
" Um castelhano só fala castelhano em qualquer parte do mundo. A gente ouve, mesmo em Paris, e apercebe logo que ele é castelhano. Não fala francês direito. O português, coitadinho, adapta-se, fala português pretendendo falar francês, e quando chega, vem cheio de "pirres", " à gouche"..."
Assim continua na década vinte, no nosso século, a mentalidade de muitos. Nos últimos anos, inesperadamente surgiu onda saudosista dos descendentes de portugueses, que mal conhecem a língua de Camões, desconhecem a História e muitos, os usos e costumes, garantindo, todavia, a sua verdadeira nacionalidade... obtendo assim as regalias – não os deveres, – dos cidadãos europeus...
Afortunadamente o atual Presidente da República, tudo tem feito para inverter o complexo que tantos: políticos, desportistas, artistas e figuras públicas, sofrem, considerando que é seu dever exprimirem-se no idioma do país que visitam.
Estando na Foz de Iguaçu, visitei a Argentina, num grupo de brasileiros. Todos ou quase todos, falavam castelhano apalhaçado. Apenas eu falei português. Fui compreendido perfeitamente e até louvado!
Dizia Eça que no seu tempo os casquilhos falavam francês, agora fala-se inglês. É bonito, é chique, e dá status.
E os bacocos nacionais, escancaram a boca de espanto, e pensam estupefactos: Como é culto!... Como é inteligente!...

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".