domingo, 28 de abril de 2024

3 figuras icónicas numa imagem da Feira das Cantarinhas.

Falta o Subiote de Lata que fazia a "delícia" dos estudantes para garantir que não havia lugar ao silêncio.

Estão quase a chegar a Bragança. Quantos de nós não terão episódios para contar onde esta imagem fará o melhor dos cenários...

Festa em Honra do Divino Senhor de Cabeça Boa

31 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

O ÚLTIMO ENFORCADO EM BRAGANÇA

JORGE (José), como é mais conhecido, ou José Jorge de Figueiredo, como se vê numa carta que adiante se reproduz – Natural de Maçainhas, concelho de Belmonte, distrito de Castelo Branco; filho de Manuel Jorge de Figueiredo.
Fez parte da Divisão Auxiliar à Espanha e depois ficou pertencendo ao batalhão de caçadores n.° 3 em Bragança. Desertando por uma falta leve do serviço militar, viveu no Alentejo do produto do seu trabalho de campo.
Ultimamente, estando a servir em casa de José Rebelo em Vila Boim, próximo de Elvas, este, desconfiando que Jorge mantinha relações ilícitas com uma pessoa de sua família, levou-o enganado a casa do administrador ou regedor da vila, mandando, entretanto, a um seu amigo que juntasse gente e o prendesse. Jorge, vendo a atitude do povo e receando que o quisessem prender como desertor, deitou a fugir, ao mesmo tempo que Rebelo gritava sobre ele: «Agarra esse homem, que é o José da Gama», indivíduo a quem aquele povo imputava vários crimes como guerrilheiro.
Foi preso e testemunhas falsas, angariadas pelo Rebelo, acusaram-no de grandes crimes, como a fuga dos presos da cadeia de Almeida e outros, pelo que foi condenado à morte na forca e executado no campo de Santo António de Bragança, vulgarmente chamado Toural, a 3 de Abril de 1843. Talvez devesse ser executado na terra da sua naturalidade ou onde se dizia cometera os crimes, mas para que o facto tivesse menos eco, a pretexto de que fora soldado do batalhão de Bragança, aqui veio ser justiçado.
O povo de Bragança e arredores até bem longínquos tem este justiçado como vítima inocente da malvadez humana e venera-o como santo e mártir, depositando na sua sepultura cera, azeite, dinheiro e outras dádivas, em cumprimento de votos e petições cujo bom despacho atribui à intercessão deste padecente. Com o produto destas esmolas já se lhe erigiu no cemitério público uma capelazinha sobre o local que se julga ser a sua sepultura, fazendo-se-lhe muitos sufrágios no aniversário da sua morte.
Nesta capela arde permanentemente uma lâmpada e, além de muitas esmolas, há viçosas flores carinhosamente renovadas. A autoridade eclesiástica ainda não se pronunciou sobre este facto, pelo que nada podemos dizer sobre ele; no entanto informaremos que gente muito ilustrada, além da do povo, sente unanimemente sobre a santidade do malogrado José Jorge.
Esta crença geral, que poderia ter sua razão de ser como protesto contra as prepotências dos grandes e natural sentimentalismo pelos oprimidos logo em seguida ao facto, mal se explica hoje, passados oitenta e seis anos, espaço longo de mais para um povo impressionável como o nosso, mas que esquece facilmente essas impressões, persistir no mesmo pensar, a não haver um quid venerável que o justifique. Demais, a 19 de Setembro de 1845 foi enforcado em Chaves José Maria, por alcunha o Calças, natural de Faiões, junto a essa vila; pois a memória deste homem, o último justiçado civil no norte de Portugal, desapareceu com as suas cinzas, bem como a de Francisco Mendes, de Carção, de quem falamos adiante. Este facto, dada a proximidade de Chaves e Bragança e afinidade étnica entre um e outro povo, depõe grandemente sobre os méritos de José Jorge.
No «Livro dos óbitos da freguesia de Santa Maria da cidade de Bragança» há os seguintes trechos que lhe dizem respeito:
«José Jorge de Figueiredo, filho de Manuel Jorge de Figueiredo, natural de Maçainhas de Belmonte do concelho da Guarda, soldado que foi de caçadores n.° 3.Morreu na forca no campo de Santo Antonio desta cidade depois de ter recebido todos os sacramentos espirituaes no dia 3 de abril de 1843, tendo feito hua carta que escreveu Luís Teixeira capellão do dito corpo na qual pede a seu pae e mais vezinhos perdão das offensas e lhe roga que elle deixa tudo a seus sobrinhos, no caso de elle ser morto assim como lhe digão por sua alma seis Missas, e que repartam hua moeda pellos pobres mais necessitados do lugar.
Em ultimo lugar e já no cimo do Pativolo depois de ter feito hua exhortação moral a seus camaradas e a todo o povo a quem declarou a sua innocencia, entregou o papel ao capellão de São Bento, o Reverendo Manuel Annes, que contem o seguinte conforme se acha escrito no Periodico dos Pobres do Porto d’este anno n.° 94: “José Jorge de Figueiredo padecente que estou para ser enforcado em onra do meu porte melitar e cevil, tenho a declarar o seguinte: Digo não sei a razão porque fui exauturado das honras melitares tendo eu sido soldado fiel desde que assentei praça; andei no Exercito de Espanha athé que tive hua simples desserção que pratiquei por temer o castigo de certa cousa leve que me impotarão, e tendo depois como dessertor procurado viver por casa de patrões no Alemtejo, sustentando-me do meu jornal de travalhador de campo fui exautorado das ditas honras tendo outros cometido varias deserções rouvos e asacinos, morrem como melitares e não como paisanos, como aconteceo á pouco em Chaves.
Em onra do meu porte cevil e religioso, confesso que sempre fui temente a Deus e ás Justiças d’este mundo, e que a morte que me impõem só ma podiam empor por eu andar a servir quando desertor em Villaboim ó pé de Elvas, em casa de José Rebelo, que tendo este desconfianças de que eu tinha amizade illicita com familia de sua casa me levou enganado a casa do Regedor da dita Villa ou Administrador e nontanto mandou outro seu amigo a convidar gente para me prenderem e eu que vi tal gente, desconfiando que quizessem prender-me por desertor cuidei em fugir e logo então o dito Rebello gritou: agarrem esse que é o José da Gama homem a quemaquelle povo impotava varios crimes como guerrilheiro e assim fui eu prezo dizendo que era o tal Gama e logo tratou o dito Rebello de me imputar grandes crimes: como a fuga dos presos d’Almeida etc. etc. mas infelizmente só pode arranjar testemunhas falsas que me impuzessem a morte porque vou padecer innocentemente, mas o meu sangue um dia pedirá justiça no devino tribunal visto que pelos homens sou tão barbaramente condemnado e por isso perdoo a todos os que esta me tramarão para que Deus me perdoe a mim e agradeço a todo o povo de Bragança a parte do sentimento que toma na minha morte, que só Deus lh’o gratifica; e espero das auctoridades que esta minha confissão a façam publica. Campo de Santo Antonio 3 d’Abril de 1843. José Jorge”.
E não continha mais. E para constar me assigno dia, mez era ut supra.
O Prior, Innocencio Antonio de Miranda»
Segue a cópia da carta que José Jorge dirigiu ao pai e que foi escrita pelo então capelão do batalhão de caçadores n.° 3, reverendo Luís Teixeira (está no mesmo «Livro dos óbitos» da citada igreja de Santa Maria de Bragança):
«Meu querido Pai. Saude e venturas é o que lhe desejo i a toda a nossa familia a quem muito me recommendo.
Meu Pai. No fim de todos os meus trabalhos estou reduzido á ultima mizeria, em summa chigou a confirmação da minha sentença dia tres deste, vou padecer e espiar a culpa dos meus crimes a unica coiza que lhe peso he que logo que esta receba se lembre da minha alma.
A saber no caso de meu Pai ser morto deixo tudo o que me pertence a meus sobrinhos para que encommendem a minha alma a Deus e hua moeda de ouro para ser repartida aos pobres mais necessitados do logar i seis missas por minha alma i peço-lhe que me perdoem pello amor de Deus i a meus yrmãos da mesma sorte i adeus até o dia de juizo digo mais a todos os meus parentes amigos i conhecidos peso perdão que reprehendão os seus filhos para que não cheguem á minha desgraça i a todos peso me encomendem a Deus.
Bragança 1 de abril de 1843. Deste seu filho obediente – José Jorge Figueiredo».
«Entrou na Cadeia Civil desta cidade por ordem do Snr. Juiz ordinário deste julgado o prezo José Jorge solteiro natural de Maçainhas julgado de Belmonte da Beira Alta filho de Manuel Jorge do dito lugar tera o mesmo de altura cecenta e tres polgadas rosto redondo cor clara com hum risco na face esquerda barba cerrada olhos castanhos escuros, cavello da mesma cor vestido Jaqueta e calça de caragoça sem collete, disse ter de idade vinte oito annos ocupação que tinha sido soldado de caçadores numero tres athe ao dia nove do corrente mez que pello seu commandante do dito corpo foi mandado entregar á authoridade civil deste julgado para delle tomar conta por assim ser julgado no Supremo Tribunal do concelho de Guerra pelo crime de omecidio em que tinha sido acusado no concelho de guerra a que tinha ja respondido eu que este mandei fazer e subscrevi aos nove de março de mil oitocentos e quarenta e tres. O Carcereiro Agustinho José».
(De letra diversa segue a seguinte nota:) «Declaro que este Reo foi no ditho Supremo Tribunal condemnado a pena ultima». (À margem há mais estoutra nota:) «Foi inforcado no campo de Santo Antonio em dia 3 de abril de 1843. Bragança 19 de agosto de 1845.
Depois de 1834 foram justiçados no norte de Portugal (na área da Relação do Porto) catorze indivíduos, sendo quatro no Porto e dez em diferentes pontos, o último dos quais foi o Calças, em Chaves, em 1845, de quem se encontra o processo com todas as horripilantes circunstâncias do enforcamento no Museu Regional de Bragança.
Nos Contos de Afonso Botelho, Lisboa, Livraria de António Maria Pereira, 1894, desde págs. 63 a 83, deixou-nos este escritor (irmão do doutor António Botelho Sarmento, que vivia, casado, em Alvites, concelho de Mirandela), um interessante conto, que diz em nota ser «fundado n’uma tradição popular de Bragança».
Segundo se depreende do referido conto, José Jorge (dá-lhe simplesmente este nome) mantinha amores com uma tal Miquelina, do Pinheiro Velho, concelho de Vinhais. Foi visitá-la em três dias de licença na festa do dia de Natal, e um indivíduo, em companhia de quem fez parte da viagem (ao qual, numa expansão de amante feliz, contara a sua vida), aproveitou- se da escuridão da madrugada em que José Jorge dela se despediu para se lhe introduzir no quarto e fazer-lhe as suas exigências torpes, às quais a moça não acedeu, e, como gritasse por socorro, matou-a e ao pai e mãe que vinham em seu auxílio, evadindo-se depois sem que ninguém suspeitasse do crime, imputando-se as responsabilidades a José Jorge, donde resultou ser preso e julgado, mas absolvido por falta de provas.
Voltou ao serviço militar para caçadores n.° 3 em Bragança, de onde depois desertou, indo para o Alentejo como trabalhador de campo para casa de uma mulher casada que mantinha relações ilícitas com um primo.
Como tivesse conhecimento dessas relações despediu-se, suspeitando a adúltera que Jorge descobrira a sua maldade; não deu, porém, mostras disso e muito afável deu-lhe até um farnel com merenda para o caminho, escondendo juntamente com ela algumas pratas da casa; auxiliado pelo amante, o marido imputa as culpas a José Jorge, após de quem fez correr gente, conseguindo prendê-lo, fazê-lo julgar e condenar. Termina Botelho por dizer que mais tarde se vieram a descobrir os verdadeiros autores tanto deste crime do Alentejo como do de Pinheiro Velho.
Nunca ouvimos as espécies referentes ao caso do Pinheiro Velho, não obstando, porém, isso nada relativamente à sua veracidade; contudo achamos inverosímil – ainda mesmo atenta a circunstância de conto – que sendo José Jorge admitido à convivência da família de Miquelina, a ponto de cear com ela intimamente na clássica noite da consoada, como um membro que brevemente seria legítimo, se despedir assim em latim, como amante criminoso que tem todo o cuidado em ocultar as suas vistas. Além disso, pelos documentos que deixamos reproduzidos vemos como as coisas se passaram.

«Despezas que se fizerão para a construção da forca em que sofreu a pena capital José Jorge soldado que foi do Batalham n.° 3 de Caçadores:

21 taboas de choupo de J.° Ferz. carpinteiro a 160 cada uma. . . . 3:360
6 páos de castanho de Fran.co Glz. de Formil a 200 cada um . . . .1:200
Outro dito de cast.o de Magdalena de Formil . . . . . . . . . . . . ...... . . . 200
Outro d.o de Rosa Afonso de Formil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... 200
3 centos de pregos que se comprarão a Fran.co Joaq.m . . . . . . . . . 660
Duas barrumas ao m.mo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..60
Duas d.as mais pequenas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 40
Quatro cavilhotes que fez Estevão Serralheiro. . . . . . . . . . . . . . . .... 190
Hûa corda que se comprou a Manuel Antonio Pizarro . . . . . . . ........ 810
4 geiras de carpinteiro a M.el Gama e M.el Parada a 240 cada uma.960
Hum páo grande a J.e Villa Nova. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 2:000
Outro d.o de M.el Melides Per.a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2:000
Soma total ......................................................................................11:680 rs.»

(FONTE: Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal.)

Passos tem a mais nova e inovadora ETAR do Concelho de Mirandela

𝗢𝗦 𝗠𝗔𝗝𝗢𝗥𝗘𝗦 𝗗𝗘 𝗠𝗔𝗜𝗢 𝗘 𝗢𝗨𝗧𝗥𝗢𝗦 𝗖𝗢𝗡𝗧𝗢𝗦 𝗗𝗘 𝗔𝗕𝗥𝗜𝗟 (𝗙𝗜𝗖𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦 𝗗𝗘 𝗧𝗥𝗘̂𝗦 𝗚𝗘𝗥𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦)

 Para assinalar os 𝟱𝟬 𝗮𝗻𝗼𝘀 𝗱𝗼 𝟮𝟱 𝗱𝗲 𝗮𝗯𝗿𝗶𝗹 terá lugar no dia 𝟰 𝗱𝗲 𝗺𝗮𝗶𝗼 (sábado), às 𝟭𝟱𝗵𝟬𝟬, a apresentação do livro 𝗢𝗦 𝗠𝗔𝗝𝗢𝗥𝗘𝗦 𝗗𝗘 𝗠𝗔𝗜𝗢 𝗘 𝗢𝗨𝗧𝗥𝗢𝗦 𝗖𝗢𝗡𝗧𝗢𝗦 𝗗𝗘 𝗔𝗕𝗥𝗜𝗟 (𝗙𝗜𝗖𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦 𝗗𝗘 𝗧𝗥𝗘̂𝗦 𝗚𝗘𝗥𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦), do coletivo 𝗠𝗼𝗻𝘁𝗲𝗶𝗿𝗼 & 𝗠𝗼𝗻𝘁𝗲𝗶𝗿𝗼𝘀, 𝗟𝗱𝗮, da Editora “Lápis de Memórias”.


Estamos perante duas dezenas de contos sobre e à volta do 25 de abril, apresentados em sequência cronológica –dos prelúdios da revolução à atualidade, passando por vários momentos marcantes dos animados e decisivos “dias de abril”.

São contos de três gerações (de autores): avô, filhos e neto(a)s – um nascido quase 3 décadas antes do 25 de abril, dois nascidos pouco antes, um nascido pouco depois e cinco nascidos muito depois.

Trata-se de ficções que partem de factos reais, contos cozinhados a partir de uma massa de realidade, a que se adicionou o fermento da fantasia. Neles, o real e a ficção (que tantas vezes se confundem) andam alegremente de mãos dadas.

Meio século volvido sobre a Revolução dos Cravos, esta é – para o bem e para o mal – uma obra literária que subverte e “brinca” abertamente com os factos (mais ou menos mitificados e mais ou menos controvertidos) do 25 de abril, que celebra ludicamente esses decisivos eventos “fundacionais”, que são, felizmente, parte integrante do nosso património coletivo

Apresentação pela Dr.ª 𝗔𝗻𝗮𝗯𝗲𝗹𝗮 𝗠𝗮𝗿𝘁𝗶𝗻𝘀, Pró-Presidente do IPB.

Participação do 𝗚𝗿𝘂𝗽𝗼 𝗠𝘂𝘀𝗶𝗰𝗮𝗹 𝗱𝗼𝘀 𝗔𝗿𝘁𝗶𝘀𝘁𝗮𝘀 𝗱𝗮 𝗔𝗦𝗠𝗔𝗕 e da 𝗧𝗼̂ 𝗻𝗮 𝗧𝘂𝗻𝗮.

NOITE DE FADO - Vila Flor

 O Fado, classificado pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade, é mais do que uma canção. O Fado é a nossa alma, a nossa essência, a nossa história.
E é ao som da guitarra portuguesa e viola de fado que no dia 4 de Maio, pelas 21 horas,  quatro fadistas subirão ao palco do Auditório Adelina Campos do Centro Cultural de Vila Flor para cantar e homenagear este estilo musical que é único no mundo.

Estão todos convidados!

FESTA DA CEREJA&CO 🍒🍒🍒 ALFÂNDEGA DA FÉ | 7, 8 e 9 de junho

II Passeio - Cantarinhas Sobre Rodas - Feira das Cantarinhas

sábado, 27 de abril de 2024

Dia Internacional da Cultura Megalítica

 Visite a Anta de Zedes e a Anta de Vilarinho da Castanheira, no concelho de Carrazeda de Ansiães.
O Dia Internacional da Cultura Megalítica celebra-se no último domingo de abril de cada ano, em 2024 em torno do tema o Megalitismo e Marcas na Paisagem.

Este dia é promovido pela ERMC – European Route of Megalithic Culture, associação criada em 2004 e reconhecida pelo Conselho da Europa em 2013, integra atualmente 39 associados de diversos países, entre os quais a Associação de Estudos do Alto Tejo (AEAT).

Apresentação do livro da autoria do Vilaflorense Fernando Silva “Sublime olhar de Mãe”

 O Dia das Mães celebra a maternidade, enfatiza a família e realça a importância das mulheres como figuras maternas. Na véspera desta comemoração, o Centro Cultural recebe a apresentação do livro da autoria do Vilaflorense Fernando Silva “Sublime olhar de Mãe”. 

Entrada livre!

FERIADO MUNICIPAL de ALFÂNDEGA DA FÉ - 8 de maio

 Venha desfrutar do feriado municipal com atividades para toda a família. Prepare o seu piquenique e celebre com a sua família e amigos.
Inscrições para os passeios de barco nos Lagos do Sabor a partir do dia 30 de abril.

7 de JUNHO de 1974 - Mensageiro de Bragança

O que procurar na Primavera: a esteva

 Numa semana em que se celebram tantos dias relacionados com a natureza – do fascínio pelas plantas, das abelhas, da diversidade biológica, dos parques naturais – falo-vos de uma planta típica da paisagem mediterrânica que se encontra em plena floração, a esteva (Cistus ladanifer).


A esteva

Da família Cistaceae, a esteva também é vulgarmente conhecida como láudano ou xara. A denominação comum ou vulgar de uma espécie é por tradição aquela pela qual as pessoas a conhecem melhor e varia de acordo com a cultura local e a região, podendo por vezes a mesma planta ter diferentes nomes comuns ou o mesmo nome comum estar associado a espécies distintas. 

Daí ser muito mais importante a designação científica, quando queremos falar de uma determinada planta, uma vez que se trata de uma denominação universal.

A esteva é uma planta perene, com porte arbustivo, até três metros de altura, que forma pequenos tufos densos e coloridos. Possui folhas aromáticas, inteiras e lanceoladas (compridas e estreitas, em forma de lança). A página superior das folhas jovens é viscosa e brilhante, tornando-se verde-escura e baça quando adultas. A página inferior das folhas é mais clara, devido aos pelos estrelados que a compõem. A viscosidade também é comum nos raminhos e nas flores, e é mais acentuada no período do verão, altura em que a planta produz mais ládano ou lábdano – um tipo de resina, muito aromático, típico das espécies do género Cistus.

Foto: Jean-Pierre Dalbéra / Wiki Commons

A floração da esteva ocorre entre março e maio. As flores são solitárias e grandes, podendo ter até 10 cm de diâmetro. A corola é composta por cinco pétalas brancas, imaculadas ou com uma mancha púrpura escura na base. O cálice é composto por três sépalas verdes, caducas e bastante viscosas. Os estames e os pistilos são intensamente amarelos. 

A duração de cada uma das flores é muito efémera, durando apenas um dia em plena maturação. No entanto, ocorre uma renovação constante de flores durante toda a época de floração.

O fruto é uma cápsula globosa a ovóide, densamente revestida de pelos estrelados e com 7 a 10 compartimentos que se abrem após a maturação para a libertação das sementes.

Imagem: Trissl / Wiki Commons

A denominação científica da espécie está relacionada com algumas particularidades da planta. O nome do género Cistus deriva da palavra latina cisthos que por sua vez deriva do grego kísthos, que significa “cesta” ou “pequena caixa”, e que descreve uma característica do fruto maduro: é uma cápsula que, ao ser aberta, liberta as sementes para o exterior. O restritivo específico ladanifer, do latim ladanum, está associado ao facto de a esteva produzir ládano – um exsudado resinoso cuja abundância a protege de climas agrestes e secos e ainda lhe permite competir com outras espécies, visto parecer inibir o crescimento destas.

Espécie típica da paisagem mediterrânica

A esteva é uma planta nativa da bacia do Mediterrâneo Ocidental e é comum no Sudoeste da Europa e em grande parte do Norte de África. Em Portugal ocorre espontaneamente um pouco por todo o território continental, mas com maior incidência no Centro e Sul do país e no arquipélago da Madeira, onde foi introduzida.

O habitat preferencial da esteva passa por climas amenos e exposição solar plena. Ainda que se adapte a diversos tipos de solo, mesmo em substratos pobres e ácidos, a esteva tem preferência por solos bem drenados, onde predominam os xistos, os granitos e os quartzos, e dispensa os solos calcários. É comum encontrar esta planta em zonas de matos xerófilos, terrenos incultos e degradados e no subcoberto de sobreirais, azinhais ou pinhais. A esteva é uma planta muito resistente à seca e ao vento.

É uma espécie pioneira, sendo uma das primeiras plantas a colonizar áreas ardidas ou perturbadas, tendo um papel fundamental na recuperação dos solos. Alguns autores referem-na como sendo um bom indicador biológico da degradação dos solos, uma vez que é pouco exigente e desenvolve-se melhor em solos pobres.

A esteva, assim como todas as espécies da família Cistaceae, é muito apreciada em jardins como planta ornamental, pela beleza e delicadeza das flores, robustez e grande resistência à seca, além da elevada capacidade de sobrevivência em solos pobres, sendo muito procurada na instalação de jardins de pedra ou rochosos. Pode ser plantada em maciços, em sebes, de forma isolada ou em vasos e floreiras.

Se for bem conservada, não requer cuidados especiais de manutenção. No entanto não reage muito bem ao corte de ramos, sendo de evitar este tipo de intervenção, sobretudo nos exemplares mais velhos. Basta remover os ramos secos ou mortos na primavera. Também manifesta alguma sensibilidade quando ocorrem perturbações ao nível das suas raízes. 

As flores da esteva são muito melíferas e são muito atrativas para as borboletas, as abelhas e muitos outros insectos que as polinizam.

Além das suas qualidades ornamentais, também possui outras aplicações, nomeadamente ao nível medicinal. Os seus óleos essenciais são reconhecidos pelas suas propriedades adstringentes, hemostáticas, antivirais, anti-hemorrágicas, curativas, tonificantes, purificadoras e reparadoras, além de estimular as defesas do sistema imunitário, que têm aplicação na aromaterapia, no combate ao stress.

Esteva. Foto: Alvesgaspar / Wiki Commons

Em tempos o ládano era usado em emplastros analgésicos, para tratamento de hérnias, reumatismo, úlceras e gastrites. Também já lhe foram atribuídas propriedades sedativas e foi usado em fitoterapia no tratamento de problemas do foro respiratório (tosse e bronquite).

O ládano e os óleos essenciais da esteva também são utilizados na perfumaria, entrando na composição de perfumes, sabonetes e detergentes, mas também em cosméticos e produtos para tratamentos de beleza, agindo como regenerador de tecidos, a fim de retardar o envelhecimento da pele.

As subespécies de Cistus ladanifer 

Em Portugal ocorrem duas subespécies. Uma é a Cistus ladanifer subsp. ladanifer, subespécie nativa que pode ser vista um pouco por todo o território nacional. Também surge no arquipélago da Madeira, onde foi introduzida. Surge habitualmente em zonas de matos xerófilos, no subcoberto de sobreirais, azinhais e em pinhais, em solos pobres e ácidos, derivados de xistos, granitos, arenitos e por vezes também em solos calcários descarbonatados. A subespécie ladanifer pode formar populações muito densas – os estevais – e possui uma elevada capacidade de colonizar áreas ardidas ou muito perturbadas. 

A outra subespécie presente é o Cistus ladanifer subsp. sulcatus. Endémica de Portugal Continental, encontra-se protegida com estatuto de proteção especial pela Directiva Habitats 92/43/CEE do Conselho, de 21 de Maio de 1992, relativa à preservação dos habitats naturais e de fauna e da flora selvagens. Mais difícil de encontrar, esta subespécie é mais comum no Litoral Sul, em zonas de arribas e matos costeiros, preferencialmente em solos arenosos sobre rocha calcária, mas também pode surgir em xistos.

Foto: Carsten Niehaus / Wiki Commons

O que distingue estas duas subespécies é, sobretudo, a cor das pétalas das flores e as nervuras das folhas. Os exemplares da subsp. ladanifer podem apresentar pétalas brancas ou com uma mácula púrpura na base de cada uma das pétalas e folhas com nervuras pouco visíveis na página superior. Já as flores da subsp. sulcatus são completamente brancas e as nervuras são bem visíveis na parte superior das folhas.

Outras Cistus nativas e em flor

Além desta espécie, são muitas as outras espécies do género Cistus que podemos ver agora em flor, como por exemplo a roselha-grande (Cistus albidus) que possui pétalas rosadas a púrpura e que pode ser encontrada um pouco por todo o território nacional, a roselha (Cistus crispus) de flores púrpura intenso, por vezes rosadas, e que é mais comum nas regiões do Centro e Sul, assim como o sargaço (Cistus monspeliensis), que possui flores de pétalas brancas. A estevinha (Cistus salviifolius) também possui flores brancas e já falámos dela anteriormente.

Aproveitem o sol e procurem estas plantas na natureza, admirem a profusão de cores e aromas, sem as colher nem cortar, preservando-as.

Dicionário informal do mundo vegetal: 

Pelos estrelados – Pelos  que irradiam de um centro, como os raios de uma estrela
Corola – Conjunto das pétalas, que protegem os órgãos reprodutores da planta (os estames e o pistilo)
Estame – órgão reprodutor masculino da flor, onde se produz o pólen, formado geralmente por filete e antera
Pistilo – Órgão reprodutor feminino da flor, formado por ovário e estigma e por vezes pode estilete
Cálice – Conjunto das peças florais de proteção externa da flor – sépalas, frequentemente verdes. 
Mácula – Mancha colorida, geralmente mais escura do que a parte restante.

Carine Azevedo

50 Anos de Poder Local em Mirandela retratados em livro

Clube de Caça e Pesca de Macedo de Cavaleiros comemora este domingo 44 anos de existência

 O Clube de Caça e Pesca de Macedo de Cavaleiros comemora este domingo 44 anos de existência.


Tomará ainda posse a direção recentemente eleita, encabeçada por António Oliveira há 25 anos, período durante o qual destaca uma série de feitos que fizeram crescer o clube:

“Comprámos o terreno, está tudo vedado, fizemos o novo telhado, a parte de tiro, comprámos máquinas, ou seja, temos feito muito trabalho. Tem sido a ajuda dos sócios, da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia.

Durante estes 25 anos, com o nosso trabalho, o prédio que está aqui é do clube e está registado em nome dele.

Ainda consigo manter quatro membros que estão comigo desde há 25 anos.”

Ainda assim, António Oliveira reforça que gostaria que os sócios fossem mais cumpridores no pagamento das quotas e que a população do concelho de juntasse mais ao clube:

“Temos 565 sócios, o clube já teve mais de 1000 mas fizemos uma limpeza porque grande parte, tal como ainda acontece agora, há sócios que se inscrevem, paga a quota a primeira vez e depois esquecem-se de pagar mais. Neste momento andamos meio por meio com o pagamento de quotas.

As pessoas de Macedo é que andam adormecidas, mas não é só para o Clube de Caça e Pesca, é para tudo. Deviam vir mais vezes aqui ao Clube de Caça e Pesca ver as instalações, ver os aumentos que fizemos pois isto é um clube que investe o dinheiro que lhe é dado. As pessoas de Macedo deveriam ter orgulho de ter este clube e já está aqui um grande património.”

No domingo o aniversário vai começar a comemorar-se logo pela manhã, seguindo a festa tarde fora:

“Estamos a preparar a festa para domingo e as minhas bodas de prata, devido aos 25 anos como presidente do clube.

Às 10h será feito o hastear das bandeiras, às 11h30 teremos a missa campal aqui no clube e, de seguida, será servido o almoço pela direção para os sócios, familiares e convidados.

Lá para o meio da tarde vamos ter um grupo a atuar.

As pessoas que vierem serão sempre bem recebidas.”

As comemorações começam este domingo às 10h no Clube de Caça e Pesca de Macedo de Cavaleiros, em Nogueirinha.

Escrito por ONDA LIVRE

Previsões apontam quebras de 40% na cereja na Terra Quente Transmontana

 A Cooperativa agrícola de Alfândega da Fé, no distrito de Bragança, avançou hoje uma previsão de quebra de cerca de 40% na produção de cereja, devido ao frio e chuva sentidos nos primeiros meses do ano.


“Prevemos uma quebra de produção de cereja neste território da Terra Quente Transmontana, que poderá variar entre os 30 a 40% da produção. Estas quebras estão a ser verificadas nas variedades temporãs e que começam a ser colhidas em meados de maio”, indicou à Lusa o presidente desta estrutura agrícola, Luís Jerónimo.

De acordo com o dirigente agrícola, as quebras foram verificadas durante a floração das árvores em que o “vingamento” ficou condicionado devido ao frio e às chuvas registadas no primeiro trimestre deste ano.

“Devidos às condições climatéricas adversas, a flor acabou por ficar na própria árvore, não dando lugar ao fruto”, vincou.

Luís Jerónimo acrescentou ainda que, na produção de cereja de meia estação e de final de estação, também haverá quebras, mas ainda não podem ser quantificadas.

“Para já, é um pouco cedo para quantificar estas quebras na produção de cereja nas variedades mais tardias no território de Alfândega da Fé, para que possam ser quantificadas”, disse o dirigente.

As quebras podem chegar a várias toneladas de cereja, numa altura em que a produção deveria chegar às 30 toneladas.

Com estes condicionalismos, a previsão de colheita será de 15 a 20 toneladas na produção de cereja no espaço da cooperativa, indicou Luís Jerónimo.

O dirigente da Cooperativa de Alfândega da Fé aponta para impactos no rendimento da cooperativa, justificando que os gastos são os mesmos e a produção é bem menor.

“Os gastos são os mesmos ao nível de aplicação de produtos fitossanitários, que são mais caros, porque a nossa produção faz-se em modo biológico e não vamos ter o devido retorno financeiro para poder superar os custos de produção”, rematou.

A Cooperativa Agrícola de Alfândega da Fé tem uma área de produção de 30 hectares de cerejal, em modo biológico.

As alterações climáticas preocupam, também, os produtores de cereja da Terra Quente Transmontana, em particular no concelho de Alfândega da Fé, onde está concentrada a maior quantidade de pomares deste fruto, no distrito de Bragança.

FYP // LIL
Lusa/fim

Manuel Alves - Oh, minha mãe deixe - Março 15, 2015 - Nunes (União de Freguesias de Nunes e Ousilhão), Bragança, Trás-os-Montes

sexta-feira, 26 de abril de 2024

J. Rentes de Carvalho escreve sobre os malandros da pátria.

 A uma semana de completar noventa e quatro anos, J. Rentes de Carvalho, o nosso romeiro sem romaria (é esse o seu ex-libris) apresenta Cravos e Ferraduras, um retrato dos últimos anos da vida portuguesa (d)escrito através de personagens escolhidas a dedo. É sobre os portugueses de província, os manhosos e malandros da pátria, que o escritor se deixa espraiar em contos e crónicas com figuras que não merecem a nossa piedade e que tantas vezes nos enternecem.

3.º Encontro de Escolas de Natação 🏊‍♀️ - Mogadouro

✈️ Já lhe dissemos que para ajudar basta voar?

 TODOS OS DOMINGOS, das 14h00 às 20h00, estamos à sua espera no Aeródromo Municipal de Bragança.
Para além da experiência fantástica, o custo do seu voo reverte diretamente para uma causa social. Este ano, com a sua ajuda, vamos tornar possível a criação de uma creche na Casa de Trabalho.

A Região Norte e Bragança no 25 de Abril de 1974!

 O plano de operações da «Viragem Histórica», destinado a derrubar o regime do Estado Novo, estipulou a divisão do território nacional em duas zonas: Norte e Sul do Douro. Contabilizadas as unidades amigas e identificadas as inimigas e potencialmente hostis, a ideia de manobra preconizava a convergência das forças do MFA para Lisboa, o mesmo acontecendo a Norte relativamente ao Porto. O setor de Lisboa constituía o teatro principal e a zona Norte/Porto o secundário, mas independente daquele, ambos acionados pela «bitola» das duas senhas radiofónicas.
O domínio militar do «grande Porto» funcionaria como uma espécie de reserva operacional para, em caso de necessidade, atuar em proveito da manobra a nível nacional ou, no limite, servir como zona de refúgio se houvesse confrontos e o país se «partisse em dois». De acordo com a organização militar de 1972, na zona Norte/Região Militar do Porto existiam as seguintes unidades: Porto [RI 6, RCav 6, Regimento de Transmissões e Centro de Instrução de Condutores Auto 1]; Gaia [RArt Pesada 2]; Póvoa de Varzim [1.º Grupo de Companhias de Administração militar]; Penafiel [RArt Ligeira 5]; Lamego [Centro de Instrução de Operações Especiais]; Braga [RI 8]; Viana do Castelo [BCç 9]; Vila Real [RI 13]; Chaves [BCç 10]; Bragança [BCç 3]. O Norte era zona de conforto do MFA, onde as únicas unidades marcadas como hostis eram as de Penafiel e de Chaves, a que se acrescentavam a GNR, PSP e Legião Portuguesa, enquanto as de Vila Real e de Braga eram uma incógnita.
A responsabilidade de comando das operações recaiu no major Eurico Corvacho, que prestava serviço no QG do Porto. Os objetivos a ocupar ou neutralizar no Porto eram o próprio QG da região Militar, o quartel da Legião Portuguesa e sede da PIDE/DGS, aeroporto de Pedras Rubras e postos televisivo, radiofónicos e de telecomunicações. Através da ação do BCç 9 de Viana do Castelo, reforçado por CICA 1 e tropas de Lamego, o QG foi tomado cerca das 03:30h, sendo detidos os oficiais superiores não-alinhados. O general Martins Soares, comandante da Região Militar, ainda desenvolveu esforços junto de Cavalaria 4 da GNR, RI 8 e RI 13, de Braga e Vila Real respectivamente. Sem efeito, nas unidades do Exército a ação de comando foi travado pelos oficiais afetos ao MFA. O aeroporto foi ocupado ao início da manhã por contingentes aquartelados em Viana do Castelo. O posto emissor do RCP, em Miramar, foi controlado pela unidade de Gaia. Quanto à Legião Portuguesa e à DGS, só no dia seguinte foram manietadas, através do RI 6 de Porto, no primeiro caso, e de parte destes efetivos e do CIOE de Lamego, no segundo. Não obstante a PSP intentar «varrer as ruas», o estertor do regime a Norte, como no resto do país, estava consumado.
Com tradição em Bragança desde a 2.ª metade do século XIX, o Batalhão de Caçadores N.º 3 (BCç 3) foi reativado em 1943, em plena 2.ª Guerra Mundial, e aquartelado na cidadela, sendo extinto em 1958. Em 1966, no contexto da Guerra de África, foi de novo operacionalizado, nas instalações do antigo forte de São João de Deus, como Centro de Instrução Especial de Sapadores de Infantaria. Os batalhões de caçadores eram unidades de reforço, particularmente treinadas e aptas para a guerra de contraguerrilha, constituindo-se mais aligeiradas em matéria de efetivos (com menos companhias) e de armamento (ausência de armas pesadas), prevalecendo a flexibilidade e adaptabilidade atuantes. Como missões sobressaíam as de quadrícula, ou de responsabilidade específica por determinada área, assim como a ocupação de aquartelamentos fixos. Como o BCç 3 formava sapadores de Infantaria, era com essa especialização que tinha a responsabilidade primária de «alimentar» a guerra, contingentes importantes no apoio de operações fosse em ações em minagem e desminagem, facilidades de progressão tática nas picadas ou defesa/proteção de instalações. Realce-se que as minas foram as mais temidas das armas enfrentadas pelas Forças Armadas Portuguesas na Guerra de África, fossem colocadas isoladamente em itinerários ou conjugadas com emboscadas.
À época do 25 de abril, o BCç 3 tinha os órgãos de comando e de apoio administrativo, Companhia de Comando e Serviços, duas Companhias de Instrução/Atiradores e um Pelotão de Sapadores. Era comandado pelo Major Fernando Augusto Gomes, secundado pelos Capitães José Domingos Carneiro e Fernando Garcia Freixo, registando-se os alferes Manuel Gouveia e Francisco Morais. Foi assumido como «unida amiga» pela Comissão Coordenadora do MFA, constando no Plano de Operações, graças envolvimento ativo dos já referidos capitães Domingos Carneiro e Garcia Freixo, os seus lídimos representantes – agraciados recentemente com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República. A única unidade no contexto transmontano, tendo em conta as dúvidas existentes face ao RI 13 de Vila Real e o BCç 10 de Chaves ser listado como «potencialmente hostil».
Nos meses precedentes houve encontros com delegados do MFA em locais anódinos, de modo a definir objetivos aquando do desenvolvimento da operação militar. Na madrugada do dia 25, efetivos do Batalhão foram disseminados por uma área que ia de Bragança a Vilarandelo, destinados, por um lado, a vigiar/controlar incidências na região e, pelo outro, exercer pressão de contenção sobre Chaves, se eventualmente o regime reorientasse esforços de controlo na província. Também o controlo da fronteira (Portelo e Quintanilha) estava previsto no mapa das operações. À semelhança do listado na fronteira de Vilar Formoso para Infantaria 12 da Guarda, Seguro para Caçadores 6 de Castelo Branco, no Caia para Cavalaria 3 de Estremoz ou em Vila Verde do Ficalho para Infantaria 3 de Beja.
Como é sabido, manietado pelos membros do MFA, o regimento de Vila Real não se movimentou para o Porto em apoio da resposta do regime por parte do comando do Região Militar, e Chaves, prensada entre Vila Real e Bragança, aquietou-se. O BCç 3, do lado das forças vencedoras, ao longo da tarde/noite do dia 25, quando o sucesso do MFA era uma realidade a nível nacional, tutelou a estabilidade no Nordeste.
Terra conservadora e pouco atreita a súbitas mudanças do status quo político, como aconteceu com a implantação da República, a 5 de outubro de 1910, ou no próprio 28 de maio de 1926, que depôs essa mesma República e instaurou a Ditadura Militar, as notícias da revolta militar do MFA e da deposição do regime de Marcello Caetano, ao fim da tarde de 25 de abril, a par das movimentações militares do BCç 3, foram acolhidas em Bragança com «expectativa e cautela». Na Praça da Sé verificou-se um pontual ajuntamento de pessoas, «comentando, de forma tímida e discreta, os acontecimentos que então se desenrolavam». A GNR aconselhou à dispersão pois «as forças conservadoras iriam repor em breve a anterior situação». O que não se verificou! Foi só a 27 de abril, com a inequívoca «Viragem Histórica», que se efetuou a primeira grande manifestação popular de homenagem ao MFA e de apoio à Junta de Salvação Nacional, na pessoa do General António de Spínola, também na praça da Sé. A manifestação dirigiu-se exultante para a escadaria do BCç 3, onde foi recebida pelo comandante, Major Fernando Gomes, e o Tenente-Coronel José António Furtado Montanha, antigo comandante e então responsável pela Guarnição Militar de Bragança, figura tutelar das forças militares e de segurança do distrito. A segunda manifestação aconteceu no 1.º maio, com a presença de entidades militares, municipais, religiosas e corporativas, engalanados por milhares de pessoas, onde os discursos marcaram o tom e os aplausos o ritmo. De igual modo, a manifestação apresentou «saudações e cumprimentos ao comandante do B. C. 3».
Nos meses seguintes seguiu-se o processo revolucionário e a anarquia foi-se instalando, sendo o BCç 3 a instituição de referência e a única com real poder, fiel guardiã da boa ordem e da Democracia. Se logo a 27 de abril, o governador civil, o jurista Abílio Machado Leonardo, foi substituído interinamente pelo secretário Dr. Narciso Augusto Pires, em setembro o Major Fernando Gomes assumiu as funções de representatividade governamental no distrito. O comando da unidade foi entregue ao Major Joaquim Abrantes Pereira de Albuquerque, regressado dias antes do 25 abril de 1974 de uma comissão na Guiné. Nessa altura, já o Bcç 3 era pronto-socorro e o ponto de resolução de todos os problemas na região, tendo sob sua alçada praticamente todas as instituições militares, políticas e sociais! Que se tornaria no baluarte contrarrevolucionário da deriva de extrema-esquerda disseminada pelo país. Não por acaso, em 1975 o Conselho da Revolução decretou a sua extinção (DL 181/77, de 4 de Maio), transformado em destacamento do Regimento de Infantaria de Vila Real.

Abílio Lousada

Mirandelense mantém viva tradição secular da tecelagem

 O som cadente do tear faz parte do dia-a-dia de Fátima Gomes. Desde tenra idade que sentiu o apelo da criação, auxiliada pela mãe que já era tecedeira e lhe incutiu a paixão pela tecelagem. “Isto já vem desde que nasci. A minha mãe estava grávida de mim e saiu do tear para eu nascer. Depois fui aprendendo a fazer uma coisa de cada vez e ainda cá ando”, diz Fátima.


É na sua casa, na aldeia de Lamas de Orelhão, no concelho de Mirandela, que a única tecedei-ra de lã natural que ainda vai resistindo na região da Terra Quente Transmontana, todos os dias se senta em frente a um dos três teares tradicionais que ainda tem para trabalhar. Com 18 anos emigrou para França de onde regressou pouco depois dos 30 anos e até hoje, agora com 68 anos. “Nunca mais parei. Fiz muitas feiras de Norte a Sul de Portugal”, conta.

O trabalho do tear não a desmotiva, e repete meticulosamente os movimentos que darão vida às suas obras. Realiza o fio de uma só cor ou com matrizes, misturando lã de várias tonalidades, conseguindo tons extraordinários com as suas cores naturais. Primeiro eram mais cobertores, mas agora também são carpetes e tapetes, muitos tapetes. Um deles estava a ser acabado. “Estou a fazer com as cores todas que há nos rebanhos, nas ovelhas. O branco, o mesclado que é meio cinzento, o castanho e temos esta cor que é a cor das cordeiras quando se tosquiam que é das badanas”, explica.

Mas antes da lã de ovelha chegar ao tear, há ainda muito trabalho a fazer. “Tem de ser lavada, cardada, fiada e antes de ser utilizada ainda a passo pela máquina de lavar para acabar de tirar os cheiros e depois o fio que a gente faz do tecido”. Depois disso, é trabalhado no tear até à obra final. “Mete-se o fio, o tear abre, o pé está a abrir os liços e mudo o pé e os liços também se mudam, o que faz o cruzamento dos fios”, revela.

Para lá da sabedoria e do carinho colocado em cada peça, Fátima confessa que também é necessário alguma destreza física para manusear o tear. “O braço e a perna que abre o tear estão sempre a ser usados”, conta.

Esta tecedeira não consegue passar um único dia sem uma visita ao seu atelier. “Nem que seja só uma pequena coisa tenho de vir, porque isto é a minha paixão. É a minha família, as minhas filhas e o meu marido, e os meus teares”, admite.

Se hoje em dia ter um tear é um verdadeiro achado, antigamente era frequente ser até prenda casamento. “Muita gente acabou por queimar os teares. Antigamente, contava a minha mãe e a minha avó, que só aqui nas Lamas chegou a haver 25 tecedeiras. Depois as filhas casavam, e o dote de casamento era um tear, mas depois veio a emigração e acabou-se, agora só resto eu”, diz.

E não há duas peças iguais, todas elas são originais e trazem reconhecimento além-fronteiras, com encomendas para vários países como a França, a Bélgica a Suíça ou o Japão.

Fernando Pires

“Os sons da natureza” um alerta de Ramiro Guerra para os prejuízos que causamos na natureza

 Escutar e com muita atenção ‘Os sons da natureza’ é o que propõe o livro da autoria de Ramiro Guerra, professor e escritor com raízes em Torre de Moncorvo, para descobrir como a nossa forma de viver, repleta de consumismo, sem tempo para pensar que as nossas ações diárias, têm um efeito no planeta, causando uma violência e um impacto de tal modo negativos na Terra, que todos os dias se extinguem plantas e animais.

“Com ilustrações da arquiteta A. Rita Câncio, o livro conta uma história que tem a ver com a preservação da natureza e uma chamada de atenção para os efeitos que provocamos sobre ela. Podemos ir ensinando às crianças a forma de lidar com a natureza e a ter o gosto de a preservar e não estragar. Para não matarem os bichos, não destruírem as plantas. Brincam pouco na terra, até parece que os pais têm medo que se sujem”, contou Ramiro Guerra ao Mensageiro.

O autor sugere no seu texto que se reaprenda a ouvir, a ver e a sentir a natureza.

O livro está envolto num episódio marcante na vida de Ramiro, que o escreveu antes de sofrer um enfarte do miocárdio grave, em setembro de 2023. Fruto desse episódio de falta de saúde ficou doente durante meses, sofrendo, inclusivamente, de amnésia. “Eu esqueci-me que o tinha escrito. Foi a minha companheira, Fátima que me recordou e sugeriu que devia avançar para publicação”, recordou.

Apesar de ser um texto mais direcionado para a infância, Ramiro acredita que pode se trabalhado com vários públicos, nomeadamente os idosos e pessoas adultas com patologias de demência. “É pequenino, mas a mensagem é grande. Pode ser facilmente entendida por toda a gente. Pode ser teatralizado. Dei-o à minha mãe, que tem Alzheimer, em estado avançado, ela não leu o livro, mas não o largou. Ia vendo as figuras e as cores. Os desenhos, com passarinhos, vulcões e outros, atraem o olhar”, destacou o autor que ficou satisfeito com o resultado, uma vez que texto e ilustrações combinam muito bem. “A Rita Câncio, que é minha prima, parece que me leu os pensamentos e apanhou exatamente o que eu queria, com as ilustrações”, observou.

Com chancela da Flamingo Edições, Ramiro quer apresentar o livro em Torre de Moncorvo, de onde é oriunda a família paterna, e onde passa muitas temporadas desde criança, “sempre em contacto com a natureza”, frisou.

Glória Lopes

Escritores consagrados na Feira do Livro

 São vários os escritores consagrados presentes na primeira edição da Feira do Livro da freguesia de Macedo de Cavaleiros, que se realiza de 03 a 05 de maio.


A. M. Pires Cabral, Fernando Mascarenhas, Manuel Cardoso, Jorge Olímpio Bento, Miguel Pires Cabral e Catarina Broco, são alguns dos autores convidados que participam nesta primeira edição da feira.

De acordo com a Junta de Freguesia, “a iniciativa pretende, além de incentivar o gosto pelo livro e a prática pela leitura, ser um espaço livre de aproximação entre autores e leitores”. “Estimular a leitura e formação do público leitor jovem, estimular a participação do público nas discussões literárias, facilitar o acesso aos livros com preços mais acessíveis para quem não tem condições de adquiri-los, promover discussões com interesses culturais e permitir que os escritores ‘locais’ exponham os seus talentos artísticos” são outros dos objetivos.

O certame contará com várias editoras, livrarias e livreiros, e dará lugar a várias conversas com autores, promoção de livros, atividades infantis e uma tertúlia com os autores locais Hália Seixas, Adelaide Garcia, Álvaro Mendonça, António Baptista e António Palhau. Na tarde do dia 5, até às 18h, terá lugar uma Atividade no âmbito do Dia da Mãe - Mural d’Poesia.

AGR

Antigos alunos do IPB criam jogo de enigma sobre as máscaras transmontanas

 Quatro jovens, ex-alunos do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), decidiram apostar na criação de um Escape Room, um jogo de caça ao tesouro e enigma intitulado ‘O roubo da máscara’, um verdadeiro teste às capacidades dos jogadores.


O grupo investiu cerca de três mil euros para transformar uma loja do antigo shopping do Loreto, em Bragança, numa sala enigma que propõe vários desafios. “A ideia surgiu enquanto vagueávamos pela cidade e vimos que há aqui muito espaço desaproveitado. Até foi o Carlos Vasconcelos que se lembrou que seria interessante aproveitar um espaço desaproveitado e trazer algo novo e dinâmico para a cidade, porque há muita queixa pois há pouco para fazer ao nível do entretenimento. As coisas começaram nesse rumo” explicou Cristiano Mateus, aluno de doutoramento no Centro de Investigação da Montanha/IPB.

Desde o dia 1 de abril que o Escape Room está em funcionamento. “Parte do roubo da máscara. Temos tido muita procura de gente que nunca fez e outras que já fizeram e querem experimentar este jogo”, referiu Andreia Genro, engenheira informática.

O conceito já existia, mas em Bragança é uma novidade.

Glória Lopes

Passeio da Liberdade e Centro de Convívio de Alimonde inaugurados nas comemorações do 25 de Abril em Bragança

 Os 50 anos do 25 de Abril celebraram-se, ontem, em Bragança, com um dia repleto de iniciativas e actividades, bem como com a inauguração do Passeio da Liberdade


Fica junto à estação rodoviária e custou um milhão e quatrocentos mil euros. Aquele passeio foi, noutros tempos, a ponte do comboio.

Uma obra erguida num sítio bastante simbólico, sendo que o presidente da câmara, Paulo Xavier, espera que a ferrovia regresse a Bragança e que ligue a cidade a Espanha. “Esta obra tem duas grandes linhas simbólicas, a primeira é a vontade, a determinação, a resiliência, que une os brigantinos em prol de um futuro mais próspero e mais desenvolvido, a segunda linha é que foi aqui que passava a linha do comboio, que nos foi retirada e, para se cumprir Abril, Bragança tem que ter a alta velocidade”, vincou.

Além da inauguração do Passeio da Liberdade foi também inaugurado o Centro de Convívio de Alimonde. A reabilitação e ampliação da antiga escola primária custou cerca de 200 mil euros.

 É uma obra que muita falta faz à aldeia e às localidades vizinhas, assumiu o presidente da União de Freguesias de Castrelos e Carrazedo, Luís Gonçalves. “Qualquer cidadão da união das freguesias que necessite deste espaço nós temos disponibilidade para o ceder. Acho que é um espaço bom para reunir a população para os convívios que fazem”, referiu.

As celebrações começaram bem cedo, na Praça da Sé, com a recriação do percurso realizado, há 50 anos, na primeira manifestação popular de apoio ao MFA, que iniciou e terminou na Praça da Sé e que teve o seu ponto alto na escadaria do antigo BC3, que actualmente é a entrada dos Órgãos da Autarquia.

Júlio Carvalho, que naquela altura tinha 33 anos, foi um dos organizadores desta manifestação e recorda que a revolução era muito ansiada pelo povo. “Como aconteceu foi quase espontâneo, embora nós tivéssemos já organizados e apelámos a todas as forças de Bragança para que participassem nesta manifestação de apoio condicional ao movimento militar que se tinha verificado no dia 25 de Abril. A adesão foi muito grande. Nós reuníamos com alguma clandestinidade e já participávamos na revolução, ouvíamos a rádio Argel, que nos punha a par da situação do país, liamos os livros proibidos pelo Governo”, contou.

Além da recriação do percurso realizado, há 50 anos, na primeira manifestação popular de apoio ao MFA, da inauguração do Passeio da Liberdade e do centro de convívio em Alimonde, houve ainda a habitual sessão evocativa, bem como uma tarde de música na Praça da Sé, com artistas e cantores locais.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves