domingo, 30 de setembro de 2018

A cidade dos amores e das grandes amizades, BRA-GAN-ÇA

Por: António Orlando dos Santos 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

A missa da Sé ao domingo era às 09:30 da manhã e o seu desfecho era o princípio de uma nova aventura faseada em duas partes diurnas e uma terceira já com o crepúsculo anunciado e as forças físicas e anímicas quase exauridas.


Quando o Senhor Cónego Ruivo, pausadamente, com a sua voz de tenor e do alto do seu metro e oitenta dizia: Ide em paz e que Deus vos acompanhe, começava a debandada e tomávamos a direcção da Flor da Ponte. Havia ali uma fábrica de sonhos, sob a custódia de um homem que possuía o sorriso mais afável e amigo de todos os que até hoje conheci, o Snr. Joaquim da Flor da Ponte.
Tinha patins e um rink, pequeno, mas um rink, bicicletas para alugar e até barquinhos de remos e outros com pedais, que sulcavam as águas quase paradas do Rio Fervença. É fácil adivinhar o que acontecia a seguir. As moedas, ganhas ou arranjadas das formas mais díspares e que incluíam formas lícitas e ilícitas de posse, saíam dos nossos bolsos para a mão do Snr.Joaquim e ele soltava a bicicleta, roda 26, ou até mais pequena, do cadeado que a prendia e fazia com este gesto, a felicidade da garotada que começava a pedalar na estrada do Turismo, na directa proporção às forças do seu físico e da quantia que o seu bolso acautelava.
Os barquinhos eram assim como que coisa mais pró fino e eram também associados à ideia de menina a bordo, a quem se houvesse declarado a paixão através de carta copiada do manual, As Cem Mais belas Cartas de Amor, coisa que os mais fortes de físico e mais fracos de memória usavam recorrentemente.
No Loreto de Cima e debaixo dos Negrilhos havia outro lote de bicicletas a pedal, algumas com guiador de corrida, que pertenciam ao Soares que morava na Boavista e era marido de uma Senhora. morena,Tendeira, que vendia desde alfinetes e pentes p'ró cabelo até esticadores para o colarinho! O Soares nunca foi, comercialmente falando, da estaleca do Senhor Joaquim. Era no entanto mais liberal na forma como deixava que usássemos as bicicletas. Com as do Soares podíamos vir para o Loreto de Baixo e até atrasarmo-nos um pouco na devolução dos velocípedes, o mesmo não acontecendo quanto à ida da Flor da Ponte para o Loreto de Cima.
As minhas recordações desse tempo mágico fazem que me lembre hoje de tipos que estavam bem escondidos no fundo do meu baú de coisas lindas! O Manuel Cowboy, primo da minha mulher, era um frequentador assíduo da Flor da Ponte. Morava na Costa Grande e também era fanático do Cine Teatro Camões e do Rebolo, Carrasqueira e Altar. Aqui antes de saltar para o rio, usando toda a força dos pulmões gritava; Cri-ago-Tarzan-bândulo e depois com a mão nos lábios o célebre grito do Tarzan a chamar pela Cheta; Oooooooo, que Weisemüller tornou famoso na fita,Tarzan, o Rei da selva.
O pessoal do Loreto estava sempre em maioria e recordo o Fernando Saldanha e o Manuel Barata, bem assim como o Oliveira que impregnados das ideias de aventura se alistaram nos pára-quedistas e todos os três foram soldados que fizeram a guerra de África e granjearam grande prestígio. Havia também um rapaz chamado Orlando que morava no S.joão de Brito, cujo pai era motorista na Moagem do Afonso Lopes e foi para África. Nunca mais o vi mas sei que era amicíssimo do Beto da Pastelaria Ribeiro onde hoje está a Dómus.
Nos negrilhos do Loreto de Cima havia espaço suficiente para umas boas partidas de Fito. Havia nesse tempo rapazes dotados de pontaria e de força suficiente para tais avarias mas havia também outros que quando pegavam na malha ou pedra, era sabido que ia parar aos tanques de lavar a roupa onde as mulheres gritavam e barafustavam contra "Esses carvalhos que não têm força nos braços, que fará na verga. 
"Eu hoje quando regresso a essas memórias sinto em mim um misto de riso e também de ternura por essas mulheres que nos deram tudo; a vida, a comida, a limpeza, o amor de mães e até, as que elas geraram, iguais a elas, nos entregaram para que nos servissem como elas nos serviram a nós, seus filhos. O Verbo servir aqui, deverá ser entendido como amaram, porque foi com todo o amor que há no mundo que elas nos amaram, criando-nos e dando-nos a liberdade para aqui e agora transmitirmos aos nossos netos a nossa felicidade de crianças que ao fim do dia exaustos das brincadeiras, caíamos no seu colo e só despertávamos de manhã, no dia seguinte, prontos para mais outro igual ou com a pequena diferença de ser complementado com a Escola onde outra mulher nos ensinava os mistérios da Escrita e da Aritmética, para depois da Gramática sermos capazes de escrever um texto nesta bela língua de Camões e Vieira que foi também de Pessoa e Régio e é igualmente nossa. 




Bragança, 28 de Setembro de 2018
A. O. dos Santos
(Bombadas)

Burocracia a mais e falta de coragem na linha do Tua

O arranque do Plano de Mobilidade do Vale do Tua já foi anunciado duas vezes. A primeira no início do verão do ano passado e a segunda no início da primavera deste ano. Mas nada avançou. Está tudo parado à espera da autorização do governo.

Foto Leonel de Castro/Global Imagens

Há um São José de azulejos na parede da casa de Cândida Melo e José Júlio. Com a bênção do santo já levam 65 anos de casados, feitos no passado dia 25 de setembro, ali na aldeia de Vilarinho das Azenhas no concelho de Vila Flor.

Ouvir o som do comboio passar, todos os dias "era uma alegria" diz Cândida Melo que já passou dos 80 anos e a vida ensinou-lhe que há coisas em que é melhor ser como são Tomé. "Eu não acredito, (que o comboio volte) só vendo".

Cândida não acredita que o comboio que foi embora há anos volte a passar na aldeia, como dantes. Nem entende também porque é que está um comboio parado em Mirandela há tanto tempo guardado por dois seguranças. " É um desgoverno"

Um desgoverno para o qual José Júlio, o marido, tem a solução perfeita e não é a falta de dinheiro. "Dinheiro não, porque a linha está composta pelos empreiteiros. O que falta é a coragem"

Falta coragem aos que mandam e respeito pelas pessoas, acrescenta João Esteves outro habitante de Vilarinho das Azenhas. "O comboio que passava já não vai voltar. Eu acho! Não vale a pena andar aqui a enganar ninguém. A linha foi composta mas vai voltar a deteriorar-se e vão voltar a compô-la e o comboio não há de passar".

Foto Leonel de Castro/Global Imagens

A ver passar os comboios andou Albino Sá durante toda a vida. Foi ferroviário 32 anos, 1 mês e cinco dias. Se gostava que os comboios voltassem aos carris? Nem se pergunta... mas não acredita. "Não, não acredito. Era preciso que alguém se responsabilizasse para que o comboio ande aí ara baixo e para cima. A REFER não se responsabiliza, acho eu. Agora para as pessoas daqui, idosas que não têm transportes era importante. O turístico está em Mirandela, parado... (risos)".

O Plano de Mobilidade do Tua contempla dois comboios na linha. Um para o dia-a-dia das pessoas que habitam nas aldeias de um e outro lado do rio Tua, que fará o percurso desde a Brunheda até Mirandela e outro turístico que fará exatamente o mesmo trajeto.

O Plano é uma das contrapartidas da construção da barragem que deixou debaixo de água os 17 quilómetros da via, desde o paredão de Foz Tua até à Brunheda. Esta distância será feita de barco.

Mário Ferreira, o conhecido empresário de viagens no Douro recebeu 11 milhões da EDP para por o plano em andamento. O homem da Douro Azul já se mostrou disponível no início do verão passado para começar as viagens e também salientou publicamente que com a aquisição do barco e do comboio, completamente novos, e com mais obras e compras de imóveis imprescindíveis para suportar a operação, já leva mais de 15 milhões investidos.

O barco está parado no cais da aldeia da Brunheda e o comboio (quatro carruagens e uma locomotiva), estacionado em Mirandela.

"Está guardado, 24 horas, por dois seguranças para que não haja vandalismo e não o grafitem. As garantias dos equipamentos começam a perder-se. Tudo isso tem custos de contexto elevados", salienta Carla Vaz, a diretora geral da Mystic Tua / Douro Azul, designação da empresa que está com a responsabilidade de todo o projeto turístico no vale transmontano.

Carla Vaz acrescenta que "não se pode esperar mais" e que o facto de estar tudo parado tem prejudicado o operador e a região. Com essa ideia também estão Adão Esteves e Paulo Correia. São proprietários de dois restaurantes em Mirandela. "A cidade precisa de gente e o comboio já deveria estar a andar".

José Bessa e um amigo abriram de propósito a loja de produtos tradicionais" Mercado dos Zés" à espera dos turistas. "Estamos à espera deles. Abrimos aqui porque está perto da estação. Estávamos a aguardar a abertura da linha o ano passado e não foi aberta. Quem perde é a região", ressalva o jovem arquiteto.

Apesar de a linha já ter sido desativada, continua a ser propriedade do estado. A gestão passou para a agência de Desenvolvimento do Vale do Tua, criada também como contrapartida à construção da barragem e que compreende os municípios de Alijó, Murça, Mirandela Carrazeda de Ansiães e Vila Flor.

Foto Rui Manuel Ferreira / Global Imagens

José Paredes é o presidente da Câmara de Alijó e atual responsável da Agência. Diz que há "muita burocracia para ultrapassar". E que "é um imbróglio de papéis e de autorizações de tal forma que as coisas custam muito a avançar e avançam muito devagar. O que está aqui em causa é o licenciamento de toda a atividade e estou convencido que chegaremos a um entendimento muito brevemente", conclui.

Esse "brevemente" para o presidente da agência poderia ser "já amanhã" mas toda a gente continua sem saber quando será.

(A linha do Tua faz este sábado, dia 29 de Setembro, 131 anos. Foi inaugurada em 1887 pelo Rei D. Luís numa cerimónia onde esteve presente também a sua esposa a rainha D. Maria e o Infante D. Afonso. Foi encerrada em 2008. Tinha 134 quilómetros de extensão do Tua até Bragança.)

Afonso de Sousa
TSF

Autárquicas/1 ano: Primeiro ano marcado pelas queixas da oposição em Bragança

O primeiro ano depois das eleições autárquicas de 2017 fica marcado, em Bragança, pelas queixas da oposição socialista à forma como é tratada pelo presidente da maioria social-democrata, Hernâni Dias.
O mais recente episódio aconteceu na Assembleia Municipal de setembro, em que os dois vereadores do PS ficaram sentados em cadeiras a um canto, ao lado da mesa onde estavam os cinco eleitos do PSD para a Câmara Municipal.

Enquanto a oposição aceitou fazer à Lusa um balanço do primeiro ano deste mandado, o presidente da Câmara, Hernâni Dias, recusou, argumentando que a altura certa será em dezembro, data em que faz um ano da tomada de posse.

Hernâni Dias está a cumprir o segundo mandato à frente da câmara da capital do distrito de Bragança, onde o PSD é poder há mais de 20 anos.

No concelho, ainda não são visíveis os mais de 50 milhões de euros de investimento privado na ampliada zona industrial que o autarca anunciou durante a campanha eleitoral.

Da mesma forma, segundo afirmou recentemente, só em 2019 deverão estar no terreno as principais obras dos 40 milhões de euros anunciados para a reabilitação urbana, em que se destaca a construção do Museu da Língua Portuguesa.

O PS entende que, "como político, o presidente da Câmara de Bragança tem saldo provisório negativo", como afirmou à Lusa o vereador do partido, Nuno Moreno.

"A política do presidente da câmara tem quatro características: a política de avestruz, mete a cabeça na areia, de Pilatos, lava as mãos, renunciou à social democracia e faz um a política de intimidação ao exercício democrático da oposição", considerou.

O socialista apontou como problemas que o presidente teima em não resolver os da poluição do rio Fervença, que atravessa a cidade, e o "cheiro nauseabundo" da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), construída há 20 anos junto à zona histórica.

O PS questiona também como é que se vai investir milhões "para destruir avenidas e fazer tudo de novo e não há meia dúzia de tostões para o saneamento básico em 27 das 114 aldeias do concelho".

A oposição considera que a reabilitação do centro histórico "deixa de fora as famílias" e acusa a liderança social-democrata de estar em incumprimento com as juntas de freguesia, por falta dos acordos obrigatórios de descentralização.

"Já lá vão cinco anos de incumprimento", vincou Nuno Moreno.

Os socialistas apontam mais uma vez o dedo aos 9,5 milhões de euros investidos no parque tecnológico Brigantia Ecopark, que "continua subsidiodependente com a Câmara a injetar 260 mil euros por ano e apenas com 14 das mais de cem empresas anunciadas".

O presidente da câmara é acusado de não estar a respeitar o exercício do direito de oposição, por não divulgar um relatório anual obrigatório por lei.

Os vereadores do PS dizem que, apesar de fazerem parte do executivo camarário, não são convidados para eventos, nem têm sequer um gabinete ou meios próprios para atender munícipes.

Criticam também a presidência do PSD por ter um excedente de quase nove milhões de euros e não redistribuir pelos municípios os cinco por cento a que tem direito de IRS (Imposto sobre o Rendimento Singular).

Querem ainda que o município reveja os contratos-programa com as coletividades desportivas do concelho para dar melhores condições às camadas mais jovens.

Nas eleições de 2017 o PSD obteve 57,05% dos votos, conquistando cinco mandatos, mais um do que em 2013. Já o PS manteve dois mandatos, com 27,12% dos votos.

Agência Lusa

Autarca de Macedo de Cavaleiros regressa à Medicina

O presidente da câmara de Macedo de Cavaleiros, Benjamim Rodrigues, que havia suspendido a actividade como médico ortopedista desde que foi eleito autarca em 2017, tal como a lei exige,está de volta ao bloco operatório do hospital de sua cidade.
A informação foi confirmada pelo próprio ao Mensageiro.
O autarca vai fazer trabalho médico em regime de voluntariado, pro bono, ou seja sem receber qualquer valor, para "ajudar" na medida em que há lista de espera para Ortopedia, agravadas com a saída de um médico da Unidade Local de Saúde do Nordeste. "São quatro horas de quinze em quinze dias mas que no final do ano podem representar mais 100 cirurgias", explicou Benjamim Rodrigues.

Glória Lopes
in:mdb.pt

sábado, 29 de setembro de 2018

No Sabor, o último rio selvagem deu lugar a lagos calmos

Perdeu o epíteto de “último rio selvagem” de Portugal quando há dois anos foi dominado pela “mãe de todas as barragens”. Mas isso não significa que tenha deixado de ser arisco, à espera de ser explorado nas suas águas tépidas. Por detrás do Douro, há uma porta que se abre para a nova paisagem do rio Sabor, cheia de espelhos de água, à espera de serem quebrados. Os Lagos do Sabor são uma novidade no horizonte transmontano que ainda não cedeu ao turismo de massas. Nem tem como.

Foto: Rita Rodrigues

Alfredo faz o mesmo caminho todos os dias. Sobe a ladeira, num passo ligeiro, errante, desengonçado, mas directo ao destino. Em cima das pernas de 98 anos vai decidido para se encostar à fraga, onde antes se sentava com um livro no colo. “Lia tudo o que viesse à mão”. Agora ali fica a sentir o calor abrasador na pele e a trocar dois dedos de conversa com quem passa.

Naquela rocha escura há um enclave que parece uma cadeira feita de propósito às medidas do corpo do tio Alfredo. Os olhos já não lhe permitem ler, mas não precisa da nitidez da vista porque os pés sabem de cor o caminho entre a sua casa, ao lado da igreja matriz, e o castelo do Mogadouro, onde vai passar as tardes. Dali do cimo daquela vila, Alfredo diz que nada mudou, que o horizonte que dali espreita se mantém igual. Mas naquelas bandas de Trás-os-Montes muito é diferente desde que nasceram a jusante e a montante os dois paredões da barragem do rio Sabor e com elas se criaram lagos onde antes só se avistava terra.

Os olhos de Alfredo ainda não viram bem os efeitos das mudanças da barragem do Baixo Sabor. Há muita água onde antes o rio minguava quase até ficar uma ribeira. No Verão, por vezes o caudal deste rio, que chegou a ser o último rio selvagem português, era tão baixo que dava para passar a pé de uma margem à outra. Não tinha barragens, não tinha regadio intensivo, não tinha aproveitamento organizado para o turismo. Agora também ainda não os tem, faltam-lhe as assinaturas do Governo no plano estratégico da barragem para que possa ser aproveitado com ordem e lei.

Entre o ser selvagem e o passar a ser dominado, ficou num limbo. Um limbo que ainda abre uma janela de oportunidade aos visitantes para aproveitarem a sua genuinidade e autenticidade, a começar pela das suas gentes.

Foto: Rita Rodrigues

Alfredo é uma das pessoas às quais não deve passar indiferente ao visitar Mogadouro. Para ser o “dono” do Castelo da terra só lhe falta a chave da porta, porque a dos segredos ninguém lha tira. Inspira qualquer um a conhecer a terra que foi em tempos propriedade da família dos Távoras e que deixa transparecer sinais deste domínio. O mais evidente, a avaliar pela quantidade de placas a anunciar a sua existência e o caminho para lá chegar, é o Monóptero de São Gonçalo. A ida até à beira deste monumento de inspiração barroca vale por si. De um lado e de outro da estrada, as silvas vão arranhando a carrinha pickup, mas o pior são os buracos na terra batida que fazem com que a distância por ali se deixe de medir em quilómetros e se passe a medir em tempo.


Foto: Rita Rodrigues

O Monóptero está num terreno privado. Para o ver é preciso passar por sinais que avisam que se entra em propriedade que não é de todos e talvez por isso este monumento singular na Península Ibérica se esteja a degradar a olhos vistos, apesar da classificação desde 2012 como Monumento de Interesse Público.

Esta classificação chegou anexada com uma zona especial de protecção, uma vez que é preciso ter “em consideração o enquadramento paisagístico da construção, que realça a sua singularidade e confere ao cenário um carácter bucólico que o valoriza e a sua fixação visa a salvaguarda do monumento e do contexto que com ele estabelece uma relação interpretativa”, lê-se na portaria assinada pelo então secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas.

O monumento circular com seis colunas já ficou sem a cúpula abobadada e aos poucos está a perder os plintos de granito que põem em perigo as seis colunas e por consequência a estrutura de todo o monóptero. Além disso, dizem que em tempos tinha uma imagem de São Gonçalo, no centro. Já não existe. Este Verão tinha apenas as palhas da vegetação que entra pelo pequeno monumento adentro. A Câmara Municipal do Mogadouro negoceia com os privados o que fazer, mas a solução ainda não foi encontrada.

Foto: Rita Rodrigues

A ida ao monóptero e um passeio pelas aldeias de Penas Róias, também ela com um castelo, ou de Azinhoso, onde perduram singularidades da arquitectura de Trás-os-Montes, como as varandas de madeira ou as pequenas igrejas com alpendres, que serviam para albergar peregrinos, sem que nos cruzemos com turistas são um exemplo do muito que há por descobrir nestes quatro concelhos.

Depois do enchimento da barragem, que aconteceu há dois anos, pouco foi feito junto ao imenso espelho de água que se estende pelos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Moncorvo, Alfândega da Fé e Mogadouro. E isso não tem de ser mau para quem lá vai, apesar de ser pouco útil, rentável ou produtivo para quem lá vive.

A linha do horizonte entrecortada de Trás-os-Montes ganhou, através da acção da mão humana, água nos vales, mas a mesma mão não modificou nada ou mudou muito pouco do que ficou à tona. Ainda não há autorização para novas praias fluviais, ainda não há os famosos barcos-casa, as casas palafitas, os barcos de recreio ainda são poucos, a pesca ainda não está regulada e o regadio também não é programado. É um imenso mar de água doce por explorar e organizar e isso dá a sensação ao visitante que é o primeiro a fazer tudo por ali.

Essa sensação de ter uma experiência turística ainda partilhada por poucos é um dos segredos mais bem guardados da região. Na verdade, por esta zona, fazer praia nos novos lagos ou passear de barco apenas pode ser feito por conta e risco próprios, já que não há empresas que possam explorar as margens das albufeiras criadas com a barragem e existem apenas duas praias fluviais que já existiam, a praia da Foz do Sabor e a praia da Foz do Azibo. As duas com água mais quente do que seria de esperar para rio – rondaria os 23, 24 graus no final de Agosto.

Foto: Rita Rodrigues

Onde antes quase só se via terra e um pequeno curso de água, nasceram desde há dois anos três grandes lagos: o Lago de Cilhades, o Lago do Medal e o Lago dos Santuários. Com a subida do leito, ficou maior e mais larga a Foz do Azibo. Em cada um há uma história que ficou escondida na água ou para ser descoberta nos montes que a rodeiam.

Um santuário trasladado
Luís casou há dez anos no Santuário de Santo Antão da Barca, que fica no concelho de Alfândega da Fé virado para o de Mogadouro. À ida para o casamento, foi pela estrada que atravessava o rio. Muitas vezes, durante o Verão, dava para passar o Sabor a pé. O leito secava tanto que se punham a descoberto as pedras do fundo e as margens tocavam-se.  Nesse dia foi festa rija no Santuário. “A meio da tarde cai uma trovoada e o rio sobe tanto que já não pudemos atravessá-lo e tivemos de dar a volta”.

Dar a volta significava andar quilómetros até que a ponte do IC5 os pusesse do lado de lá. Luís conta a história do casamento durante um passeio de barco. É dos poucos que os faz nos novos lagos, no seu pequeno barco de pesca. Sem docas, o improviso para entrar na água leva-o a usar uma estrada que ficou alagada para se aproximar da água com o jipe e largar o barco na albufeira. Fá-lo a expensas próprias, porque naqueles lagos ainda não há autorização para serem construídas docas ou para empresas poderem fazer exploração de passeios turísticos.

Foto: Rita Rodrigues

Apesar de ter estado envolvido em todo o processo de construção da barragem, Luís ainda está a tentar decorar os novos cantos da casa que foi sempre sua. “O Santuário devia ser mais ou menos aqui”, aponta para um dos lados do imenso Lago dos Santuários. O nome foi dado pela Associação de Municípios do Baixo Sabor, que quer dinamizar a zona e criou a marca “Lagos do Sabor”. Ao certo, ninguém sabe dizer onde ficava o local de romaria que juntava as gentes dos dois concelhos vizinhos, todos os anos no início de Setembro. “Agora está ali”, diz olhando para cima.

Lá do cimo do monte aparece o santuário trasladado. As imagens de satélite do Google ainda estão no antigamente. Ainda se vê o rio, estreito, com a areia acumulada e as rochas a descoberto. Agora, no cimo do monte, a cerca de um quilómetro onde existia o santuário com mais de 200 anos, foi erigido o novo lugar de culto. Ou foi reerguido. Durante meses, equipas de restauradores foram desmontando a igreja de um lado e montando do outro, pedra a pedra até à sua nova morada, no cimo do monte da Parada e de frente para o novo Lago dos Santuários.

A igreja lá no alto marca com imponência uma das curvas do rio, onde este se junta com a ribeira Zacarias, antes uma pequena ribeira, agora do tamanho e largura de um rio. Como muitos dos sítios religiosos da zona, a igreja agora trasladada foi mandada construir no século XVIII pela família dos Távoras, senhores do Mogadouro.

Foto: Rita Rodrigues

Neste local, onde é possível apreciar a nova paisagem criada pela água do Sabor, foi construído um pequeno museu que mostra em fotografias como a igreja subiu a encosta ao longo de meses, que tem um espaço dedicado à vida do Santo Antão e ainda uma parede dedicada aos “ex-votos” que os crentes faziam ao santo, para pagarem promessas. Do lado de fora, há espaço para um restaurante panorâmico, ainda fechado por falta de equipamentos, e um dormitório na Casa do Romeiro, também ele fechado. Este espaço, propício a um investimento de turismo rural pela vista e pelas condições que oferece, está meio abandonado, apenas visitado por curiosos ou quando se prepara a romaria anual.

Foto: Rita Rodrigues

Há 14 anos, o jornalista do PÚBLICO, Ricardo Garcia, foi conhecer as terras que iriam ficar alagadas quando nascesse a barragem, o que só aconteceu mais de dez anos depois, e falava de uma terra esquecida, onde pouco acontecia, mas que tinha uma paisagem deslumbrante que ficaria submersa. “Provavelmente, apenas quem visita um vale antes de ser inundado consegue vislumbrar a dimensão brutal do que se perde com as albufeiras, em troca de água e electricidade. Há coisas que estão lá longe, e passarão a ficar ao pé. Outras, ao contrário, estão hoje ao alcance de todos, mas amanhã nunca mais serão acessíveis”, escreveu.

Um desses casos é a aldeia de Cilhades, no concelho de Torre de Moncorvo. Descendo pelo rio, é possível chegar ao recém-nascido lago que ganhou o nome da aldeia (que já na altura era) abandonada e que ficou no fundo. O Lago de Cilhades, nome bonito para um local mais bonito ainda, é o maior lago criado com a construção da barragem. Sentados à sua beira, parece que a natureza nos põe à frente um teste de Rorschach inventado a 360 graus: é água ou são os montes? Onde começa um e acaba o outro? A água parada, sem ondas, cristalina, tépida, confunde os peixes que roçam à tona com as oliveiras do serro.

Foto: Rita Rodrigues

Em 2004 a descrição do que era aquela aldeia é em tudo diferente do que se vê agora. “Hoje abandonada, Cilhades terá a albufeira como sepultura, sob dezenas de metros de água. A partir da aldeia, é preciso subir por tortuosos caminhos vicinais até chegar-se à futura superfície da albufeira”. Hoje ela já existe, cheia, a esconder amendoais e olivais. Pela superfície, indo pela Garganta da Fraga do Fojo, onde o rio estreita e faz uma curva, liga-se ao Lago dos Santuários. Este, por sua vez encontra-se com o Lago do Medal pelo Estreito do Aguilhão. Se a ideia é seguir pelos “tortuosos caminhos” estes continuam a existir, apesar de agora ser mais fácil chegar a esta zona do país pela A23 e pelo IP2, saído do sul ou pelas A24 e A4 se sair do Porto.

O monte maldito e o monte bendito
As árvores são mais pequenas, apesar de muitas serem muito velhas. Nada cresce. Nada brota. Chamaram-lhe “o monte maldito”. Do outro lado da encosta fica o “monte bendito” onde a terra é fértil. Tudo tão perto, porquê a diferença?

A explicação interessa ao mais leigo, mas sobretudo ao mais entusiasta da geologia. O Monte de Morais, em Macedo de Cavaleiros, o tal “monte maldito”, é denominado como “o umbigo do mundo” porque prova, explica o geólogo João Alves do Geopark de Macedo de Cavaleiros, na aldeia de Morais, que há muitos milhões de anos “houve a Pangeia”, o supercontinente que nasceu do choque de vários e que depois se voltaria a desmembrar para criar a divisão como a conhecemos hoje. Avaliando as rochas presentes neste maciço há “provas de dois continentes e um oceano de há 500 milhões de anos”, acrescenta.

Foto: Rita Rodrigues

Pela sua relevância geológica, este Geopark, apoiado pelos dinheiros das compensações que a EDP tem de pagar para contribuir para o desenvolvimento da região por causa da construção da barragem, é classificado pela UNESCO. Para isso, precisava de ter pelo menos um “geosítio” de interesse mundial: em Morais há quatro, que podem ser observados. Contudo, a construção da barragem dificultou o acesso a um deles, ao alagar uma das estradas.

A experiência não pode ser dissociada da explicação e do conhecimento que se obtém por se descobrir que Morais é importante para explicar a evolução do mundo. Pondo um pé numa rocha e outro noutra é como se tivesse, em sentido figurativo, um pé num continente e outro no fundo de um oceano, isto porque as rochas presentes nesta pequena região são de diferentes tipos, incluindo algumas do fundo do oceano.

A tia Maria Luísa vive no lado do “monte bendito”, a meio caminho entre o Morais e o rio Sabor, ali, mais estreito, por entre vales mais juntos, que se aproximam em escarpas com o propósito de esconder as águas mais esverdeadas. “Quando o sol abre os olhitos, é impossível cozer”. Naquele dia estão para cima de 30º e a padeira mais conhecida do concelho de Macedo de Cavaleiros já está àquela hora, depois de almoço, a descansar os braços de amassar, mas não dispensa narrar a sua história.

Foto: Rita Rodrigues

Ponto prévio: o pão é excepcional, mas a conversa não lhe fica atrás. É preciso tempo para conhecer esta senhora, ícone da aldeia de Lagoa, que aos 79 anos ainda se mete numa pequena garagem de reboco à mostra para cozer pão e dar conta de todas as encomendas. “Venho para cá às 5 da manhã, mas às 3h levanto-me, faço a sopa, faço a oração da manhã e brinco com o meu marido”, diz a rir esta estrela. A boa disposição chega-lhe ao riso, acredita, por causa do dia em que nasceu, 14 de Fevereiro. Mas isso não significa que tenha tido muitos namorados. “Não tive muitos namorados porque não tinha tempo, casei-me já muito tarde, com 19 anos”. 19 anos, tarde?! “Não tinha paciência para estar solteira, tinha de fazer render o tempo”.

A velocidade a que viveu a vida imprimiu-a ela, a começar logo quando só media apenas “três palmos” e já queria peneirar a farinha. Mas aqueles eram outros tempos. Os mais novos eram empurrados para fazer trabalhos e contribuir para o rendimento de casa. Agora, pede ajuda “à Gracindinha” para fazer o pão “que é vicioso”. É. A vida desta mulher dava um livro. Às turras com a mãe quase desde que nasceu – “Sempre fui muito rebelde, ela não me gramava porque era refilona” – foi fazendo tudo às escondidas, incluindo acolher como melhor amigo um meio-irmão por parte do pai, que era mal visto pela mãe.

Se foi rebelde na vida, não o foi nas receitas. O pão e os bolos de azeite seguem a receita tradicional: “O pão que é pão é feito com farinha, fermento, água e sal. Mais nada. O meu pão é especial porque é feito com muito amor e sacrifício”, vai contando enquanto exemplifica com as suas mãos pequeninas como faz a sua marca: três dedos dentro da massa em triângulo. É assim o pão da tia Maria Luísa, sem enfeites porque a “raposa vestida de chita, raposa é, raposa fica”.

Foto: Rita Rodrigues

O lúcio mata as bogas e os barbos
Continuam a sair para a faina todos os dias, três ou quatro pescadores que levam as bogas e os bardos directamente para os únicos três restaurantes que ainda têm como prato típico estes peixes do rio fritos. As bogas, maiores, servidas às postas e os barbos, quando pequenos, a imitarem os jaquinzinhos fritos, mas de sabor mais intenso e com espinha mais branda. A tradição da Foz do Sabor, esta que é a última aldeia piscatória de rio da zona, está entregue a meia dúzia de pessoas, mas é agora ameaçada por outra novidade que anda na água: o lúcio.

O enchimento da barragem está a fazer deslocar o Lúcio para zonas onde antes não chegava, uma vez que o leito do rio era muito baixo o que impedia a sua viagem para outras paragens. Mas o Lúcio é um predador e alimenta-se também das bogas e dos barbos, os peixes típicos do Sabor.

Este foi apenas um dos problemas na biosfera da região. A barragem do Baixo Sabor nasceu como alternativa à barragem prevista para Vila Nova de Foz Côa. As gravuras salvaram o Côa e empurraram o domínio pela EDP mais para cima, para o Sabor, também ele um rio que se junta ao Douro. Apesar de anos de contestação, sobretudo por ser uma zona de protecção ambiental, a Comissão Europeia acabou por dar luz à construção da barragem, que custou cerca de 450 milhões de euros à eléctrica e produz electricidade para 300 mil pessoas. Como compensação pela construção daquela que foi apelidada, pelo então ministro da Economia Manuel Pinho como “a mãe de todas as barragens”, a EDP patrocina vários projectos de desenvolvimento que começam agora a dar os primeiros passos depois do enchimento.

Foto: Rita Rodrigues

Alguns desses projectos têm como objectivo garantir a biodiversidade da região. É o caso do recém-aberto Centro de Interpretação Ambiental e Recuperação Animal (CIARA), em Torre de Moncorvo. É neste centro que estão em recuperação muitos animais selvagens que são apanhados na zona do rio, sobretudo grifos, mas em que é possível perceber melhor a especificidade da região, incluindo através de um voo simulado em 3D. As visitas a este centro precisam de ser marcadas com antecedência no posto de Turismo.

Foto: Rita Rodrigues

Os quatro concelhos dos Lagos do Sabor ainda vão mudar muitos nos próximos anos. Ainda guardam muitos segredos. Um deles é à medida de cada um: esta paisagem é para viver, contemplando-a, seja do alto de um castelo ou do alto de um monte. Contemplar as vinhas, as oliveiras antigas que resistem à exploração intensiva, as culturas dos campos geometricamente alinhadas, as poucas aldeias espalhadas, os monumentos que contam uma história de conquista de território e de religião vivida em público ou em privado. Falar com as pessoas que são histórias de registar no livro dos únicos. Contemplar os montes que tapam montes, que escondem montes e que agora… mostram água.

O que fazer?
A região não está preparada para turismo de massas, pelo que é possível aproveitar muitas destas paisagens e andar quilómetros sem ver ninguém. Para isso, pode ir de automóvel e apreciar as vistas através do Circuito Panorâmico Automóvel do Baixo Sabor, ou caminhar pelos vários percursos pedestres. Em especial, a Ecopista do Sabor, que faz o caminho de parte da antiga linha do comboio entre o Pocinho e Miranda do Douro. Esta Ecopista termina em Carviçais, Torre de Moncorvo, num total de 24km. Além do património histórico e arqueológico da região, e apesar de o plano estratégico para a utilização do espelho de água ainda não ter sido aprovado, existem duas praias fluviais de água tépida a aproveitar: a praia da Foz do Sabor, em Torre de Moncorvo e a praia do Azibo, em Macedo de Cavaleiros.

Para um passeio mais didáctico, aconselha-se a visita ao Centro de Interpretação Ambiental e Recuperação Animal (CIARA), em Torre de Moncorvo, e ao GeoPark de Macedo de Cavaleiros

Onde comer

Restaurante A Lareira
Mogadouro
O chef Eliseu estudou em Paris e por lá foi chef de um restaurante com estrela Michelin. Foi a qualidade da cozinha francesa que pôs na mala para voltar para a terra Natal. Diz que escolhe a melhor carne, a de “vitelas mamonas, que ainda estão a mamar”, para vender aos clientes a posta mirandesa, típica da região. Serve-as com um molho regional e desafia a descobrir qual o ingrediente secreto. Até aqui, os clientes chegam de propósito, o turismo, diz, ainda não tem expressão na clientela. Entre os pratos-chave estão os cogumelos boletos pinícola e a batata do chef.

Quinta da Bela Vista
Agroturismo
Alfândega da Fé
O João e a Virgínia vivem com um bebé num monte com quatro quartos. Recuperaram silos de cereais e por lá têm o negócio, que inclui uma experiência gastronómica. Além da típica alheira e da carne de vitela fatiada em alho e tomilho, aqui pode experimentar as típicas “sopas de cegada”, o almoço de quem ia para o campo apanhar os cereais. As ceifeiras e os ganhões “malhavam” o trigo e no centeio e ao almoço era-lhes servido uma “comida com substância”, conta João. Para o fazer usa apenas o pão, bacalhau, ovo e batata, temperado com azeite e colorau.

Restaurante Villar de Masaebo 
Macedo de Cavaleiros
A dona Aldina, a cozinheira, é ela quem à entrada do restaurante tem uma banquinha onde por vezes se põe a fazer os enchidos para toda a gente ver. É também ela que vai para trás do fogão, em conjunto com a nora, confeccionar os pratos que passam, sobretudo, pela carne de porco bísaro, que os próprios criam. A cada duas semanas matam cinco porcos para o restaurante, e para venderem os enchidos na loja de artesanato.

Foto: Rita Rodrigues

Amêndoas da dona Dina 
Torre de Moncorvo
Conseguiram há pouco tempo a certificação das amêndoas de Moncorvo. A dona Dina recuperou a tradição das doceiras que iam pelas terras a vender amêndoas doces e que agora tornaram-se símbolo da vila. Durante oito horas por dia, as doceiras vão trabalhando as amêndoas, colocando calda de açúcar aos poucos num grande tabuleiro redondo quente e revirando as amêndoas para não queimarem, num movimento tão mecânico como cansativo. Mas só assim, dizem, é possível obter as melhores amêndoas e com o aspecto granulado das de Moncorvo.

Liliana Valente

Chuva e granizo arrasam vinhas transmontanas em Vila Real e Bragança

Chuva forte, seguida de calor intenso, destruiu cachos e espalhou doenças nas uvas. 
O clima instável dos últimos meses deixou um rasto de destruição nos distritos de Vila Real e de Bragança. 
A última tempestade abateu-se esta sexta-feira sobre a região, sobretudo nos concelhos de Vila Real e Chaves, provocando inundações, abatimentos de terras e o corte de estradas. 
Em muitas vinhas transmontanas a vindima está praticamente feita. Além do mau tempo e do granizo, também as doenças não ajudaram. Na região propagou-se o míldio e a podridão negra. E agora é o calor intenso a provocar estragos, em que cachos são ‘queimados’ pelo sol e acabam por secar, o que assume proporções agravadas depois de todos os ataques terem debilitado as videiras. 
As quebras rondarão os 30%, mas há quem relate perdas quase totais. É o caso de João Fontoura, que tem quatro hectares plantados na aldeia de São Pedro Velho, Mirandela, e que diz ter perdas acima dos 80%. "No máximo tenho aqui quatro toneladas, se calhar nem tanto. 
Em condições normais poderia colher entre 25 a 30 mil quilos", lamentou. O agricultor está revoltado com a avaliação feita pelo seguro, fixada nos 600 euros: "Ninguém aqui teve tanto prejuízo como eu. Durante o ano, só em adubos e sulfatos, gasto à volta de dois mil euros. Mais a minha mão de obra. 
Durante três meses, até trabalho domingos. Nem com quatro mil euros me pagam os prejuízos", criticou. João Fontoura não aceitou a avaliação e espera por outra proposta. A Adega Cooperativa de Valpaços, que tem associados de Mirandela, Vinhais, Macedo de Cavaleiros e de algumas zonas de Murça, estima que as quebras sejam de 30%.

Tânia Rei
Correio da Manhã

Estações de comboio vão ter novos usos em Macedo de Cavaleiros

 A Câmara de Macedo de Cavaleiros vai investir 1,15 milhões para recuperar e dar novos usos a duas estações de comboio da desativada linha do Tua, divulgou hoje o município transmontano.
Esta autarquia do distrito de Bragança assina, na segunda-feira, com a Infraestruturas de Portugal (IP) Património dois contratos de concessão que vão permitir a reutilização das estações ferroviária de Macedo de Cavaleiros e do Azibo.

Os trabalhos de limpeza dos terrenos já começaram para as obras "arrancarem o mais rapidamente possível" e a antiga estação de Macedo de Cavaleiros passar a ser a sede do GeoparK- Terras de Cavaleiro e a do Azibo um albergue de apoio a cicloturistas da ciclovia, que está a nascer no antigo corredor da linha do Tua e que passa por Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança.

"A assinatura destes contratos de subconcessão vai permitir que estes dois bens do domínio público ferroviário da Linha do Tua transitem para o município, dando-lhe poder para intervencionar e requalificar duas estruturas há muito abandonadas", segundo o presidente da câmara, Benjamim Rodrigues.

O valor global das duas intervenções é de um 1,15 milhões de euros, financiado a 85% por fundos comunitários.

A antiga estação de Macedo de Cavaleiros passará a ser sede do Geopark- Terras de Cavaleiros, integrado na rede mundial de geoparques da UNESCO pelo património geológico existente neste território e que é motivo de atração turística e de curiosos.

O local mais emblemático é o Monte de Morais, com vestígios de dois antigos continentes e do fundo de um antigo oceano, a que os geólogos chamam "Umbigo do Mundo".

Integrado neste território está também o Azibo que, com o estatuto de Paisagem Protegida, é o local de veraneio mais procurado do Nordeste Transmontano pelas praias fluviais, mas também para desportos náuticos e da Natureza.

A antiga estação ferroviária será transformada num albergue de apoio a cicloturistas e também abrigo para bicicletas.

A maior parte da linha do Tua, que ligava Bragança à Linha do Douro, no Tua, em Carrazeda de Ansiães, foi desativada no início da década de 1990.

Desde então, o património e o canal ferroviário estão ao abandono.

Recentemente Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mirandela começaram a transformar os troços da linha que atravessam os respetivos concelhos numa ciclovia que liga as três localidades.

Um pequeno troço da antiga ferrovia, entre Mirandela e a Brunheda, aguarda há dois anos autorização do Governo para avançar um comboio turístico, no âmbito do novo plano de mobilidade depois da construção da barragem de Foz Tua, que prevê também passeios de barco na nova albufeira.

HFI // LIL
Lusa/fim

Sugestões culturais para o fim de semana

Macedo de Cavaleiros
“Porta com Porta” A divertida comédia, que sobe ao palco do auditório do Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros dia 29 de setembro, pelas 21:30h. Rute (Sofia Alves), uma mulher independente, com cerca de 40 anos, resolve comprar um apartamento novo num edifício de prestígio. Na euforia de conseguir mais um passo na sua independência acontece algo que não estava planeado e que não vai conseguir controlar com a chegada de Tony (João de Carvalho). Venha passar uma noite animada.

Futebol:

–> Jogo de apresentação dos seniores, sábado, às 16h00, no Estádio Municipal: Macedo x SC Mêda

–> Sábado, às 18h00, no Pavilhão Municipal: GD Macedense x CR Candoso

Mirandela
Aguieiras em Movimento – Festa das Vindimas em Aguieiras no Santuário da Senhora do Monte Cimo de Vila, no dia 30 de setembro a partir das 6h com missa, almoço convívio e animação musical.

Torre de Moncorvo
Torneio Dr. Camilo Sobrinho, III Edição dia 30 de setembro, domingo, no Campo de Jogos Dr. Camilo Sobrinho para Benjamins e Infantis.

Mogadouro
Cinema “Mamma Mia: Here w ego again!” um musical para maiores de 12 anos para assistir na Casa da Cultura dia 28 e 30 de setembro pelas 21h:30.

Vila Flor
Jogo da Supertaça feminina de Voleibol entre o Leixões S.C e o Porto Volei, dia 30 de setembro às 15h no Pavilhão Municipal de Vila Flor.

Alfândega da Fé
Dias do Património a Norte na Igreja Matriz de Sambade, Alfândega da Fé. Hoje à noite, dia 28 às 21h30 concerto com Rui Massena. Um evento de celebração do património a Norte, promovido pela Direção Regional de Cultura do Norte, em parceria com o Município e integrado num projeto financiado pelo Programa Operacional Regional Norte 2020.

“Caminhão – Lagos do Sabor” dia 29 não perca este evento com múltiplas atividades, percursos de BTT e jipe, atividades de aventura, visitas culturais, música e desgostação de produtos endógenos. O evento decorre no Santuário do Santo Antão da Barca, no meio dos Lagos do Sabor em Alfêndega da Fé. Às 8h é o ponto de encontro nos vários municípios de Alfândega, Macedo, Mogadouro e Moncorvo. Às 8h:30 será a abertura do recinto em Santo Antão da Barca, às 9h:30 decorrerá o record do guinness com “a maior cadeia de selfies do mundo”, das 11h até as 17h sabor food fest com mostra e venda de produtos tradicionais, restauração com os sabores do Sabor, porco no espeto, roulottes snack e bebidas. Por fim, das 17h às 22h:30 palco “Gentes do Sabor” com música tradicional e animação. Venha participar e passar um dia diferente.

Foz Côa
Filme “ Johnny English volta a atacar” hoje e amanhã, sexta e sábado, em Foz Coa assista a esta comédia para maiores de 12 anos. Rowan Atkinson regressa ao papel do agente secreto numa aventura que tem início quando um ataque cibernético revela a identidade de todos os agentes secretos britânicos no ativo, deixando Johnny English como a última esperança dos serviços secretos.

Chamado de volta da sua reforma, Johnny English entra em ação para descobrir o hacker responsável pelo ataque. Habituado a métodos analógicos, Johnny English vê-se agora perante os desafios da tecnologia moderna.

Escrito por ONDA LIVRE

Por pouco não se bateu o recorde do mundo do maior número de 'selfies'

Por apenas 12 pessoas  não se bateu o recorde do mundo do maior número de 'selfies' no mesmo lugar, este sábado, durante o 'Caminhão'-Megacaminhada fotográfica dos Lagos do Sabor, no Santo Antão da Barca, em Alfândega da Fé, local que é a confluência dos quatro municípios do Baixo Sabor. 


O recorde do World Guinness Book é da República Popular da China com 925 pessoas. "Juntámos 914 pessoas e eram necessárias 926, mas o que importa reter é que se Promoveram os Lagos do Sabor e os produtos endógenos destes quatro concelhos", explicou Nuno Gonçalves, presidente da Associação de Municípios do Baixo Sabor.

Glória Lopes
in:mdb.pt

ConcertusPerTempora Ensemble - Fábulas Transmontanas

Dia Nacional dos Castelos - Miranda do Douro

Dia Mundial da Música - Miranda do Douro

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Responsáveis pela marca “Terras de Trás-os-Montes” nos Açores

Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes desenvolve projeto com o intuito de implementação de marca territorial, pretendendo assumir-se como fator de promoção e valorização da região, dos seus produtos e das suas gentes.
Está em curso o processo para a implementação da marca territorial “Terras de Trás-os-Montes”. Uma marca que se pretende agregadora dos produtos e serviços do território, assumindo-se como um dos pilares para a valorização e promoção interna e externa da região.

A Comunidade Intermunicipal (CIM) das Terras de Trás-os-Montes, enquanto entidade promotora, vê na criação desta marca uma forma de conseguir maior visibilidade para o território, impulsionando o trabalho colaborativo e em rede, contribuindo, assim, e de forma efetiva para a dinamização do tecido económico. De acordo com a própria CIM, “a ideia é que esta represente toda a oferta territorial, traduzindo-se num veículo de comunicação reconhecido por produtores e consumidores nacionais e internacionais, de forma a criar valor para o território”.

Este projeto, apesar de estar ainda numa fase embrionária, começa a ganhar forma, estando em desenvolvimento ações que visam contribuir para o sucesso da sua implementação. Foi o caso da ação de “benchmarking” que a CIM das Terras de Trás-os-Montes organizou nos Açores. A iniciativa que terminou hoje, dia 28 de setembro, teve como principal objetivo conhecer o processo de desenvolvimento desta marca e a estratégia adotada para o seu sucesso. Uma visita técnica que permitiu trocar experiências, contactar com promotores da marca, empresas e empresários, constatando no terreno os benefícios da criação de uma marca territorial e as formas de replicar as boas práticas no território das Terras de Trás-os-Montes. É nisso mesmo que consistem as ações de “benchmarking”, definidas como um “processo contínuo de comparação dos produtos, serviços e práticas empresariais entre os mais fortes concorrentes ou empresas reconhecidas como líderes”.

A visita de quatro dias à Ilha Terceira e à Ilha de São Miguel contou com uma comitiva constituída por responsáveis políticos e técnicos da CIM das Terras de Trás-os-Montes, Municípios e Associações de Desenvolvimento Local da região.

A delegação foi recebida pelo vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Sérgio Ávila, numa receção onde, também, estiveram presentes os presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, José Gabriel de Meneses, da Praia da Vitória, Tibério Dinis e os administradores da Sociedade para o Desenvolvimento Empresarial dos Açores (SDEA), entidade gestora da “Marca Açores”.

Integraram o programa ações de formação, ministradas pela SDEA, sobre os princípios e procedimentos em que assenta a estratégia da “Marca Açores”. Na altura, foram abordados temas como a “Estratégia da Marca Açores”, a “Aplicação e Resultados da Marca”, a “Gestão da Marca” e a “Comunicação”. Esta ação incluiu, ainda, a visita a empresas regionais aderentes à marca.

De frisar que a “Marca Açores” foi criada em 2015 e em apenas três anos já tem 177 empresas aderentes e mais de 3 mil produtos e serviços certificados. Um exemplo de sucesso que a região transmontana quis conhecer “in loco”, uma vez que o objetivo da criação da marca “Terras de Trás-os-Montes” assenta, também, no envolvimento de todos os agentes da região para a concretização de uma estratégia comum que permita o reconhecimento e afirmação do território e dos seus produtos e serviços.

Neste âmbito está, também, a decorrer um concurso de ideias para a criação da identidade corporativa da marca territorial “Terras de Trás-os-Montes”. A criação de uma imagem única e identificativa do território é entendida pelos elementos da comitiva como sendo uma peça fundamental nesta estratégia de promoção territorial.

Recorde-se que a CIM das Terras de Trás-os-Montes inclui os concelhos de Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor, Vimioso e Vinhais.

Bruno Mateus Filena
in:diariodetrasosmontes.com

Ferido grave num despiste em Brunhosinho

Um ferido grave é o resultado de um despiste esta sexta-feira em Brunhosinho, no concelho de Mogadouro.
Uma fonte dos bombeiros a vítima foi transportada para o hospital de Bragança "com múltiplas fraturas", com o apoio da Viatura Médica de Emergência e Reanimação de Bragança.
O socorro mobilizou oito meios humanos apoiados por quatro viaturas. 

Glória Lopes
in:mdb.pt

III Simpósio Nacional da Castanha - BRAGANÇA

O Simpósio Nacional da Castanha realiza a sua 3ª edição, entre os dias 11, 12 e 13 de Outubro na Escola Superior Agrária de Bragança.


Organizado por instituições de renome, tal como a RefCast e a Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal, entre os dias 11 e 13 de outubro, Bragança será presenteada com a receção deste evento.

Os primeiros dois dias do Simpósio serão dedicados a apresentações de alta qualidade e conhecimento sobre o tema do castanheiro e do seu fruto seco. Por sua vez, o último dia do Simpósio Nacional da Castanha estará reservado para a realização de uma visita complementar que irá permitir um conhecimento mais prático e assim aprofundado sobre este tema.

A realização de eventos como o Simpósio Nacional da Castanha é essencial para revitalizar uma área de extrema importância em Portugal – a cultura do castanheiro.

Especialmente em algumas regiões do norte do país, o setor da castanha é dos que maior rendimento traz à população e é assim de grande relevância que a cultura do castanheiro seja estudada e organizada da melhor forma possível. Em acréscimo, são vários os problemas que este setor enfrenta.

Estes obstáculos são necessários ultrapassar já que a procura pela castanha está a aumentar à medida que o conhecimento dos benefícios do seu consumo são cada vez mais reconhecidos.


Rui Jorge Coelho
in:diariodetrasosmontes.com