terça-feira, 31 de março de 2020

RECORDAR O PASSADO PARA ESQUECER O PRESENTE

Olá gentinha boa e amiga!

Continuamos neste túnel sem saber quando dele iremos sair. Há quem diga que só vamos a ”santos”, que significa que ainda só vamos a meio, mas continuamos todos os dias à espera de uma luzinha ao fundo do túnel. A nossa missão é ficar em casa e a missão de outros é heroica, a de todos aqueles que trabalham para nos defender deste flagelo. O tio Manuel Moura, de Borbela (Vila Real), o nosso caixeiro viajante do amor e da amizade, agora não telefona, disse-nos que nunca teve tanto vagar para fazer tanta coisa. Diariamente quando me desloco pelo caminho único que faço actualmente (casa/rádio) não vejo uma alma, nem um carro, nem sinto o ladrar de um cão, ouço somente o chilrear dos passarinhos, parece que o caminho é só meu. Confesso que já começo a ter saudades dos meus colegas da madrugada.

O nosso espaço radiofónico continua muito concorrido, pois as pessoas têm fome de companhia. Constato que o programa nunca foi tão ouvido e participado, agora, em especial, pelos emigrantes em Madrid e em Paris, que relatam a sua experiência de quarentena para sossegar os pais que cá estão a ouvi-los.

Chegámos ao final do 3º mês do ano vinte vinte, estamos já com dez dias de Primavera, que para os nossos lados entrou chorona e a ralhar. Tivemos alguma chuva e trovoada, embora não se sinta muito frio, as lareiras não param de trabalhar, sendo também uma boa companhia.

Os tios e tias lá vão trabalhando nos seus “escritórios” da terra, ao lado de casa. As tiazinhas, para não lhes render tanto o tempo, voltam a dedicar-se às rendas e bordados, outros vão mexendo nas gavetas, onde guardam tesouros e relíquias, que são as fotografias do antigamente, pois recordar é viver! É o que tem feito a nossa protagonista desta edição.

Palmira da Conceição dos Santos, nasceu em 18 janeiro de 1961 na aldeia de Grijó de Parada (Bragança). Embora ainda seja nova, não teve uma infância fácil, pois era a irmã mais velha de oito irmãos. Como ela nos disse, fez de irmã, pai e mãe ao mesmo tempo. “O meu pai era mineiro a minha mãe trabalhava com o meu avô na agricultura e eu comecei logo de novinha a trabalhar”. Os irmãos mais velhos é que se encarregavam de lavar, arrumar a casa e fazer as coisas no campo, pois andavam a ganhar umas jeirinhas onde podiam. “Eu tenho boas recordações da minha infância, o meu pai era um homem com H grande. Lembro-me daquela mão grande no meu ombro e às refeições, onde não havia a fartura que há hoje, ele deixáva-nos a melhor parte”. Frequentou a escola primária da sua aldeia e recorda que eram 48 alunos. “Éramos felizes à nossa maneira, muito mais felizes que agora. Fiz a quarta classe e aos 14 anos já andava com uma junta de vacas. Em 1978 fui para França ganhar dinheiro para mandar para meus pais, para ajudar a criar os meus irmãos. Em 81, regressei e casei com o tio Joaquim e fruto desse casamento tive duas filhas.

Quando casámos compramos um rebanho, que temos mantido até hoje. Já há 38 anos que ando atrás de umas ovelhas, também temos umas hortinhas onde fabricamos um pouquinho de tudo, e lá nos vamos entretendo. Mas nestes dias tenho-me refugiado mais no meu baú de recordações, onde guardo as fotografias de alguns momentos marcantes das nossas vidas. Recordando o passado, esqueço este mau momento”.

Depois de conhecer um pouquinho da vida da tia Palmira pastora, aqui ficam os aniversariantes desta semana. Maria Marcos (74) e Eugénio Henrique (86), Fradizela (Mirandela); Marlene Morais (26), Milhão (Bragança); Luís Correia(57), de Mós (Bragança), residente em Bremen (Alemanha); Gina Salazar(60), Bragança; Carlos Silva (51), Vinhais; Maria da perna gorda (73), Castelãos (Macedo de Cavaleiros); Humberto Rodrigues (51), Sampaio (Mogadouro); e os irmãos gémeos Diogo e Daniel Eira Velha (17), de Cernadela (Macedo de Cavaleiros); Julieta Cavaleiro (82), Paradinha de Outeiro (Bragança).

Que o nosso ministro dos parabéns lhes os volte a cantar para o ano.

Saúde a todos! 
Tio João

QUANDO SE SENTEM OS EFEITOS TRÁGICOS DOS ERROS

Até a neve veio fazer pirraça, escarnecendo da nossa impossibilidade de lhe sentir a essência fôfa e a frescura que arrepia, depois de um Inverno sonso, mais quente do que é habitual. Bem diz o povo que Fevereiro quente traz o diabo no ventre, expressão do empirismo semi-racional que foi guiando as gentes durante milénios, sempre sem garantir explicações sólidas das dinâmicas que a natureza nos vai impondo.
Verdade, verdadinha é que anda tudo meio atarantado, a disfarçar cagaços para garantir a satisfação de necessidades básicas, inadiáveis, que permitem subsistir, mas também se podem transformar em ratoeiras infames, pelo menos são as novidades de todos os dias, conduzindo à quase paranóia, com efeitos de que só conheceremos os resultados se e quando a coisa parar ou se encontrar uma solução definitivamente tranquilizadora para estes humanos que vão tomando consciência da sua insignificância no cosmos, apesar das vaidadezinhas com que queremos encobrir as misérias.
Pelos vistos resta-nos esperar que a precaução, a disciplina e a comiseração nos ajudem e que tenhamos tido sorte nessa roleta que é a genética, para virmos a atingir novos verões de todos os contentamentos.
Depois alguém há-de perceber que é estranho termos atingido os níveis conhecidos de desenvolvimento técnico e científico e não desenvolvermos métodos de prevenção de situações que sabemos possíveis, mesmo prováveis, tendo em conta o registo histórico.
Chegando-nos agora a uma observação mais próxima da condição dos ocupantes que restam deste interior, onde múltiplas tragédias nos têm assolado secularmente, havemos de confirmar o que gostaríamos de ver reconhecido pelos responsáveis políticos: já não há forma de iludir o estado a que isto chegou.
A população mais vulnerável está aqui, os meios de contenção e combate à pandemia são, por cá, os mais elementares e, pior, a concentração de idosos em verdadeiros entrepostos de armazenamento, um problema grave há muito conhecido, pode redundar agora, como se tem visto na Itália e na Espanha, numa situação que nos inquieta e envergonha. A solução para o fim do percurso não devia ser tal amontoado de padecimentos, ansiedades e angústias. 
Por outro lado, a prolongada ausência de investimento na saúde nestes territórios coloca-nos agora perante a impossibilidade de fazer o quer que seja, esperando pela misericórdia divina que, provavelmente, não alimentará muitas ilusões.
À semelhança do que acontece por esse mundo, onde se vão ouvindo vozes, torpes ou cruéis, a desvalorizar o impacto da pandemia, suportadas na convicção de que o mundo não estará para velhos, também poderá acontecer que de forma mais clara ou subreptícia, se vá instalando o mesmo discurso a caminho de justificar o injustificável.
O tempo de Páscoa que aí vem ainda era, em muitos casos, o momento de retorno às raízes, às tradições, aos afectos das gerações que estão a chegar ao fim do caminho. Já era ténue, mas ainda deixava marcas para vidas inteiras.
Neste ano e daqui em diante podem estar a coser-se as razões para, a par do individualismo radical, se perderem referências fundamentais para que possamos continuar a falar de comunidades humanas e mesmo da própria humanidade.

Teófilo Vaz

Apreensão de três armas de fogo por violência doméstica em Freixo de Espada à Cinta

A GNR Bragança, através do Núcleo de Investigação e Apoio a Vitimas Especificas, identificou, ontem, um homem, de 42 anos, por violência doméstica, em Freixo de Espada à Cinta.
No âmbito de uma investigação por violência doméstica, os militares apuraram que o suspeito ameaçava e agredia física e psicologicamente a ex-companheira, de 30 anos, pelo que lhe foram apreendidas, como medida cautelar, três armas de fogo.

A vítima ficou com medida de protecção de teleassistência e o arguido, com antecedentes criminais pelo mesmo tipo de crime, foi constituído arguido e os factos foram remetidos para o Tribunal Judicial de Moncorvo.

Escrito por Brigantia

Neva em vários pontos do distrito de Bragança

Este último dia de Março está a ser marcado pelo mau tempo.
Esta manhã nevou em vários pontos do distrito de Bragança e há mesmo alguma acumulação em concelhos como Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Torre de Moncorvo. Não há, nesta altura, estradas cortadas, mas aconselha-se prudência na condução.

Registam-se, no entanto, alguns condicionamentos na serra de Bornes, na estrada 315, e na Nacional 220, entre Torre de Moncorvo. Em ambos os locais estão a decorrer trabalhos de limpeza de neve. 
Escrito por Brigantia

Novo Banco anunciou venda da Sousacamp, mas quebra nas vendas pode pôr em causa negócio

O Novo Banco, maior credor do grupo Sousacamp, com 49% dos créditos, anunciou a venda do maior produtor ibérico de cogumelos à gestora de capital de risco CoReEquity.
Segundo o Jornal de Negócios, está praticamente fechada a venda dos créditos, o que permite a viabilização do grupo com sede em Benlhevai Vila Flor.

O plano de viabilização implica um perdão de mais de 50 milhões da dívida, que se cifra num total de cerca de 70 milhões de euros. O investidor assumirá cerca de 14,3 milhões de euros de créditos do Novo Banco e Crédito Agrícola, e de dívidas às Finanças e Segurança Social.

A solução para a Sousacamp, que tem ainda de ter o aval judicial, deve ficar fechada até ao fim da semana. Porém, segundo o jornal Dinheiro Vivo, as dificuldades de tesouraria relacionadas com a diminuição das vendas por causa da Covid-19, podem pôr em risco o negócio e o futuro da Sousacamp.

Escrito por Brigantia

ACISB lança campanha para transmitir força e união aos empresários locais

A Associação Comercial, Industrial e Serviços de Bragança lançou uma campanha de “força” e “união”.
Perante a instabilidade que se vive provocada pela incerteza trazida pela pandemia de Covid 19 e que teve grande repercussão nas actividades económicas, a ACISB quer deixar uma mensagem de determinação e esperança em dias melhores.

A proposta é que em casa as pessoas produzam uma bandeira com a mensagem: “Acredita, vai tudo ficar tudo bem”, como explica a presidente da Associação Comercial, Maria João Rodrigues. “Os nossos empresários estão confinados nas suas casas, com os estabelecimentos comercias encerrados e a ACISB, para lhes dar um pouco de ânimo, lançou esta campanha de força e união”, referiu.

Anabela Anjos da ACISB explica que o objectivo é homenagear comerciantes, mas também profissionais de saúde. “O objectivo é criar uma rede, para fazer acreditar que tudo vai ficar” e “homenagear os profissionais de saúde e, por outro lado, todos os profissionais das várias áreas comerciais, os que estão a trabalhar para manter o país a funcionar e os que tiveram de encerrar”, afirmou.

Maria João Rodrigues sublinha que este é um momento muito difícil para as empresas, em particular para as que tiveram de encerrar neste período, mas assegura que “ainda não chegou nenhuma informação de empresas que não pensem reabrir, mas vamos ver quanto tempo esta situação se mantém e quais sobrevivem”. No entanto sublinha que esperava mais medidas de apoio por parte do governo, como subsídios para pagar vencimentos e suportar a tesouraria.

As primeiras bandeiras desta campanha da ACISB foram colocadas na sede da associação e junto ao Hospital de Bragança. 

Escrito por Brigantia
Jornalista: Olga Telo Cordeiro

O que se passa com as Luvas Cirúrgicas em Bragança?

Há excesso delas ou anda tudo doido?
Qualquer coisa muito esquisita se está a passar.
Talvez as autoridades tenham que fazer uma vigia mais apertada e mais próxima...
Neste caso, junto ao Delícias.

segunda-feira, 30 de março de 2020

Alta de paciente infetado para a Santa Casa “não devia ter acontecido”

A alta dada a um paciente infetado com covid-19 que foi encaminhado para a Unidade de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Bragança “não devia ter acontecido”, admitiu hoje Eugénia Madureira, a diretora clínica da Unidade Local de Saúde do Nordeste.
Confrontada pelo Mensageiro sobre o caso de um paciente a quem foi dada alta, na semana passada, antes de ser conhecido o resultado do teste a covid-19 a que tinha sido sujeito, a responsável clínica da ULS admite que se tratou “de uma falha”.

“Foi uma daquelas coisas que acontecem e não devia ter acontecido. O senhor foi testado e por qualquer má articulação entre a equipa o doente acabou por ser enviado [para o lar] e acabou por acusar positivo”, disse.

No entanto, uma vez que sofria, também, de outras infeções, acabou por ficar em isolamento. “Felizmente, como o senhor tinha estado internado com um quadro infeccioso diferente, já havia a indicação de que deveria estar isolado. Mas tenho de admitir que houve uma má articulação da equipa”, frisou.

Tratou-se do doente transferido na passada quinta-feira para Macedo de Cavaleiros, onde acabaria por ficar internado após ser conhecido o resultado do teste.

Os restantes seis utentes testados no final da semana passada, e que entretanto foram transferidos de volta para a Santa Casa de Bragança, acabaram por ter testes negativos a covid-19.
AGR

Presidente da Câmara de Bragança não ficou “completamente satisfeito” mas “mais confiante” após reunião com administração da ULS

O presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, admitiu hoje que não ficou “completamente satisfeito” com os resultados da reunião que teve esta tarde com a administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULS) na sequência da notícia de uma participação feita por cinco médicos relatando a falta de condições do hospital de Bragança. No entanto, ficou “mais confiante relativamente àquilo que está a ser feito”.
“Compreendi as deficiências existentes ao nível físico mas também pude aperceber-me que na componente técnica tudo está a ser feito naquilo que são as condições atuais”, sublinhou.

Eugénia Madureira, diretora clínica da ULS, reafirmou que, ao contrário do que é dito na participação dirigida pelos médicos à administração, “os circuitos [de encaminhamento de pacientes] não se cruzam e não se cruzam doentes e não doentes”.

“Temos algumas dificuldades e obstáculos ao nível do edifício”, admitiu Eugénia Madureira, referindo ainda que “há uma entrada para doentes e outra para pessoal e não doentes”.

“Os suspeitos têm ficado numa ala de quartos de isolamento. No meio há uma denominada zona verde, com gabinetes, zonas de descanso dos médicos, enfermeiros, farmácia. A ala das enfermarias é destinada a doentes já confirmados com covid-19.

A partir desta terça-feira vamos ter já a extração de ar. A maior parte dos hospitais não tem”, sublinhou.

Quando à unidade de hemodiálise, que tem registo já de médicos, enfermeiros e quatro pacientes infetados, a mesma responsável revela que haverá modificações a fazer. “Estamos a pensar transformar a unidade de hemodiálise de Bragança só para doentes covid, com o apoio de outras unidades de hemodiálise nas privadas, que irão receber os não infetados”, disse.

Esta segunda-feira morreu um doente que fazia hemodiálise em Bragança e que estava, também, infetado com covid-19. Trata-se da segunda morte registada no distrito.

AGR

Profissionais de saúde da ULS são um terço dos infetados no distrito de Bragança

São 25 os profissionais da Unidade Local de Saúde do Nordeste que estão infetados com covid-19, revelou hoje a diretora clínica da instituição, Eugénia Madureira, o que representa cerca de um terço do total de infetados no distrito de acordo com os números oficiais da DGS (76 ao dia de ontem).

“Temos enfermeiros da hemodiálise, da medicina interna, uma médica da hemodiálise, assistentes operacionais e profissionais da unidade hospitalar de Mirandela (cirurgia e unidade plurifuncional). Ainda há muitos por confirmar”, sublinhou a diretora clínica da ULS esta segunda-feira à tarde.

Ao dia de ontem, o distrito de Bragança tinha 76 infetados, sendo que hoje o número já subiu, apontando-se para pelo menos 90.

Hoje, também, registou-se a segunda morte no distrito de um paciente com covid-19. Trata-se um sexagenário, natural de Macedo de Cavaleiros mas habitante numa aldeia de Vinhais, que era doente da unidade de hemodiálise. Foi transportado este domingo ao hospital de Bragança na sequência de outras queixas de saúde.

Atualmente são também quatro os pacientes de hemodiálise infetados com covid-19.

AGR

Estranhos Tempos

Por: Manuel Amaro Mendonça
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")




Nestes tempos olho as ruas vazias,
E escuto o silencio das estradas,
Sentindo a solidão nas casas.
Vivendo as noites frias,
Olhando as pessoas paradas.

O mundo, a respiração prende,
Por pavor do vírus liberto
E se para alguns, o fim é certo,
Para outros a imobilidade ofende,
Mesmo se a morte está perto.

Escuto os pássaros, sinal de esperança
Num futuro ainda desconhecido
Num presente tão tremido
Em que me encolho, qual criança
Como de um castigo, fugido.

Vestes brancas, pobre idoso
Suportando os males do mundo,
Neste planeta imundo
Reza a missa, saudoso,
Do povo que orava, profundo.

Tu que estás no Céu, Criador,
Abençoa estas Tuas criaturas,
Poupa-as a tais torturas
E afasta para longe a dor
Livra-os de tais amarguras.

Leva os Teus cavaleiros, também

Que há muito lançaste na Terra,
Livra-nos da Fome e da Guerra,
Livra-nos de todo o mal, Amém,
E da Peste que hoje aqui se ferra.

Os loucos governam o mundo,
Deixam todos os outros morrer,
Desprezam os que deviam proteger
Querem o dinheiro, nauseabundo,
Tudo o resto se pode perder.

A morte de um homem é tragédia
Mas só estatística, se forem mais,
Não pensam assim os demais
Apenas os loucos que têm a rédea
Quando entre os seus, não há fatais

Assustada, a criança chora
Temendo o pior, choramos também
É uma dor que não poupa ninguém
Mas há quem p’ra isso não tenha hora
Envolto na luta de salvar alguém.

E graças a eles,

 Irá ficar tudo bem.





Manuel Amaro Mendonça nasceu em Janeiro de 1965, na cidade de São Mamede de Infesta, concelho de Matosinhos, a "Terra de Horizonte e Mar".
É autor dos livros "Terras de Xisto e Outras Histórias" (Agosto 2015), "Lágrimas no Rio" (Abril 2016) e "Daqueles Além Marão" (Abril 2017), todos editados pela CreateSpace e distribuídos pela Amazon.
Ganhou um 1º e um 3º prémio em dois concursos de escrita e os seus textos já foram seleccionados para mais de uma dezena de antologias de contos, de diversas editoras.


Outros trabalhos estão em projeto e saírão em breve, mantenha-se atento às novidades AQUI.

SE É VÍTIMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, PEÇA AJUDA!

Médicos do Hospital de Bragança queixam-se de falta de meios

Clínicos têm receio que "os doentes venham a morrer por falta de assistência e que não se consiga evitar um contágio geral".
Clica na imagem para aceder ao video

Município Macedense cria linha telefónica de apoio psicológico

O Município de Macedo de Cavaleiros criou uma linha de atendimento telefónico para apoiar a população a lidar com as alterações psicológicas que a pandemia covid-19 pode causar.

Bruna Venceslau é psicóloga na autarquia macedense e conta que o principal objetivo desta linha é ajudar a gerir emoções:

“Foi criada a pensar nos nossos idosos, sendo que são eles a nossa maior mancha populacional. O isolamento em que muitos deles viviam, agora acentua-se com o isolamento profilático obrigatório. 
O objetivo desta linha é ajudar a gerir ou normalizar as emoções ou reações das pessoas. Nesta altura o medo domina a vida de muita gente e em consequência surge também a ansiedade e a tristeza.”

E o esclarecimento de dúvidas é também uma das opções para quem procurar este serviço:

“Ainda há muitas dúvidas associadas a este problema, nomeadamente sintomas e o que se deve ou não fazer, quem procurar. Se necessário, encaminhamos para outros linhas que correspondam à necessidade de quem nos está a contactar.”

Esta linha está a funcionar desde a passada quinta-feira e está ativa todos os dias, durante 24h. Se notar que precisa de ajuda para gerir o que sente pode ligar 800 916 529. A chamada é gratuita.

Escrito por ONDA LIVRE

Que tipo de lixo estará no local do cérebro deste/a acéfalo/a?

Só erradicando as bestas que conseguem cometer este crime, voltaremos e ser o REINO MARAVILHOSO.
Caixa Multibanco em Bragança - Foto divulgada nas redes sociais

Segunda morte de doente infetado com covid-19 no distrito de Bragança

Morreu esta segunda-feira um doente de hemodiálise que estava infetado com covid-19, confirmou ao Mensageiro a diretora clínica da Unidade Local de Saúde do Nordeste.
O paciente, um homem de 61 anos, natural do concelho de Vinhais, deu entrada no hospital de Bragança com queixas relacionadas com os problemas decorrentes da hemodiálise e sem sintomas aparentes da infeção pelo novo coronavírus.

No entanto, o teste realizado à covid-19 foi positivo.

O homem faleceu esta manhã, no hospital de Bragança.

AGR

ULS Nordeste esclarece a população acerca das medidas tomadas

                   ESCLARECIMENTO
No âmbito da resposta assistencial da Unidade Local de Saúde do (ULS) Nordeste face à atual pandemia COVID-19, e à garantia da prestação de cuidados adequados e em segurança, quer para os profissionais, quer para os utentes, esclarece-se o seguinte:

Planeamento
A ULS do Nordeste, em colaboração com a Autoridade de Saúde Pública, elaborou, a 06 de fevereiro, o primeiro Plano de Contingência para avaliação e tratamento de doentes com infeção por novo coronavírus, tendo sido uma das primeiras instituições, no contexto nacional, a ter um plano em conformidade com as orientações da Direção Geral da Saúde (DGS).

Esse documento foi alvo de atualização, a 13 de março, com definição das áreas de triagem e isolamento de doentes nos serviços de urgência da ULS do Nordeste e, seguidamente, a 20 de março, com definição de áreas dedicadas à avaliação e tratamento de doentes Covid-19 (ADC), sempre em conformidade com as orientações da DGS. Tendo, inclusivamente, sido efetuados exercícios de simulação, cujo resultado foi alvo de análise e divulgação interna, com vista à garantia de eficiência do plano delineado e da melhor resposta assistencial à Covid-19 por parte da ULS do Nordeste.

As ADC de internamento iniciaram o seu funcionamento no dia 10 de março e, desde essa data, os planos têm sido ajustados às necessidades e de acordo com a evolução epidemiológica, em consonância com as orientações e normas da DGS.

Formação e preparação
Foram efetuadas várias sessões de esclarecimento e formação, de 11 a 14 de março, e as mesmas foram repetida ad-hoc, a pedido dos serviços nas ADC, ao longo do mês, de forma a capacitar as equipas. Estas equipas foram ainda acompanhadas in loco com reforço da formação e através de sessões por vídeo conferência.

Infraestruturas
O Serviço de Medicina Interna da Unidade Hospitalar de Bragança – datado de 1973 – pese embora alguns constrangimentos físicos, dispõe de 5 quartos de isolamento para colocação de casos suspeitos e de enfermarias para realização de coorte de doentes infetados, de acordo com as orientações da DGS.

E porque a segurança dos profissionais de saúde é, para a ULS do Nordeste, uma prioridade, foi iniciado no mês de março um processo de melhoria das instalações, com a colocação de equipamento de extração de ar que permita 6-12 renovações de ar por hora na UCI ADC, atualmente com 13 camas. Estando já planeada a intervenção para as restantes ADC de Medicina Interna das três unidades hospitalares da ULS do Nordeste.

Meios de tratamento
A ULS do Nordeste dispõe dos meios indicados para o tratamento de doentes com insuficiência respiratória e possui a reserva de equipamentos e medicamentos aconselhados no tratamento desta condição. A adequação dos meios está em permanente monitorização, face à evolução da situação epidemiológica.

Segurança dos Profissionais
Após análise, aponta-se para que o contágio de profissionais de saúde da ULS do Nordeste tenha inicialmente ocorrido a nível comunitário e não por tratamento de doentes infetados, uma vez que o primeiro doente infetado internado nessa área dedicada, na Unidade Hospitalar de Bragança, foi posterior ou contemporâneo ao surgimento dos primeiros sintomas nos profissionais.

De referir que os profissionais utilizam o equipamento de proteção individual (EPI) disponibilizado e indicado face à situação.

A ULS do Nordeste estará sempre do lado dos profissionais de saúde, e em proximidade com todos os intervenientes de Saúde Pública e Proteção Civil, de forma a implementar as intervenções necessárias, com o objetivo de mitigar a atual situação de pandemia, procurando por todos os meios possíveis nunca pôr em causa as condições de segurança dos profissionais nem os meios de tratamento dos utentes.

Bragança, 30 de março de 2020

Mais um agente da PSP de Mirandela infectado com Covid-19

A preocupação está instalada na esquadra da PSP de Mirandela. São já quatro, os polícias que testaram positivo ao novo coronavírus.
O primeiro caso foi conhecido no início da semana passada, atingindo um profissional daquela força de segurança, de 58 anos, que presta serviço na esquadra de Mirandela, mas que reside na cidade de Bragança. No final da semana, foram confirmados mais dois resultados positivos da nova pandemia Covid-19, a agentes da mesma esquadra: um de 43 e outro de 52 anos. Este domingo foi confirmado o quarto agente da PSP de Mirandela infetado, com 44 anos de idade. 
Esta situação está a provocar muito receio entre o efetivo daquela esquadra, que comporta cerca de meia centena de polícias, pelo receio de contágio, devido à eventual partilha de viaturas e equipamentos por outros agentes. Já na passada sexta-feira, o comandante distrital da PSP de Bragança entendia que não devia haver razão para alarmismos. José Neto afirmou estar “a agir em estreita colaboração com as autoridades de saúde”, adiantando que os elementos em causa já estavam em casa, pelo que não há nenhum problema na esquadra de Mirandela”, afirmou. 
Apesar de admitir que estes casos possam estar a causar preocupação no seio de alguns agentes, o comandante distrital da PSP diz que não há razão nenhuma para tomar medidas mais drásticas.

Escrito por Terra Quente

Distrito de Bragança soma 90 casos de pessoas infectadas com o novo Coronavírus

O relatório atualizado da situação epidemiológica em Portugal divulgado, há instantes, pela Direção-Geral da Saúde (DGS), relativo aos dados confirmados até à última meia-noite, dá conta de que no distrito de Bragança existem 70 casos de pessoas infetadas pelo novo coronavírus, mais 11 que ontem.
No entanto, a DGS ressalva que a informação reportada por concelhos é relativa a apenas 75% dos casos confirmados, ou seja, no distrito de Bragança já existem pelo menos 90 casos da Covid-19. Bragança continua a ser o concelho com mais infetados (44), e já é o 26º concelho do país com mais casos positivos. Na lista distrital, segue-se Mirandela, com 10 casos e Macedo de Cavaleiros, com sete. Carrazeda de Ansiães, Vimioso e Torre de Moncorvo já contam com três casos, cada. Alfândega da Fé, Freixo de Espada à Cinta, Mogadouro, Vinhais e Miranda do Douro, também já têm o registo de, pelo menos um caso, mas ainda não figuram na lista disponibilizada pela DGS que decidiu não incluir os
concelhos que tenham menos de três casos registados, alegando “motivos de confidencialidade”.  Nas últimas horas apareceram vários casos positivos de pessoas que fazem hemodiálise em Bragança e que estão a preocupar as autoridades de saúde da região. Refira-se que o distrito teve a primeira vítima mortal infetada pela Covid-19, um homem de 72 anos, natural de Mirandela, mas que residia em Bragança, há vários anos. Morreu, no sábado, no Hospital de São João, no Porto, onde estava internado, desde o passado dia 16 de março, para onde tinha sido transferido de Bragança, depois de ter sido confirmado, na altura, como o terceiro caso positivo do distrito brigantino.

Escrito por Terra Quente

domingo, 29 de março de 2020

Testes à Covid-19 dos seis utentes do lar da Misericórdia de Bragança deram negativo

Deram negativo os testes ao Covid-19 dos seis utentes do lar da Santa Casa da Misericórdia de Bragança.
Três homens e três mulheres, com mais de 80 anos, foram encaminhados para o hospital, na passada quinta-feira, para serem testados por terem sintomas compatíveis com o novo coronavírus. Os 6 idosos ficaram em isolamento no lar até que os resultados saíssem e foram seguidos todos os procedimentos transmitidos através da linha saúde 24. 
Os resultados foram conhecidos este fim-de-semana e todos testaram negativo, pelo que nenhum destes utentes está infectado, confirmou José Fernandes, membro da mesa da assembleia da Santa Casa da Misericórdia de Bragança. Os idosos já regressaram actividade normal da instituição.

Escrito por Brigantia

Faleceu o Zé Carlos

Que descanse em Paz.
O Memórias... e outras coisas..., apresenta as condolências à família e amigos.

Diocese de Bragança-Miranda no apoio ao combate à pandemia

O bispado do distrito de Bragança disponibilizou vários espaços de acolhimento para o apoio a profissionais que estejam na linha da frente de combate ao vírus e serviços sociais para distribuir bens essenciais pelos mais vulneráveis.
Entre as medidas adotadas está a disponibilização de creches e jardins-de-infância para acolher os filhos de profissionais de saúde e de segurança, assim como de quartos para estes profissionais e voluntários descansarem.

As respostas estão espalhadas por vários pontos da diocese, que corresponde à área do distrito de Bragança, e surgem, segundo explica em comunicado, “em colaboração com as autoridades civis e de saúde” e envolvem todas as instituições sociais da Diocese, nomeadamente a Cáritas, cinco fundações canónicas, 56 centros sociais paroquiais, 14 santas casas da Misericórdia e outros centros sociais.

As creches e jardins-de-infância para filhos dos profissionais de saúde e de segurança foram disponibilizados pelo Centro Social de Santa Clara, em Bragança, a Fundação diocesana Casa da Criança Mirandesa, em Sendim (Miranda do Douro) e as santas casas da Misericórdia de Alfândega da Fé, Bragança e Miranda do Douro.

“A ação foi mediada pela União distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) que também tem uma equipa de apoio permanente às estruturas residenciais para idosos, onde se incluem um sacerdote e uma religiosa, entre outros profissionais”, explica a Diocese.

Os Marianos da Imaculada Conceição disponibilizam o Convento de Balsamão, em Chacim (Macedo de Cavaleiros), com 30 quartos para o descanso dos profissionais de saúde e de voluntários ou para efeitos de quarentena.

A Fundação Cónego Manuel Joaquim Ochôa, nos Cerejais, em Alfândega da Fé, disponibiliza a Casa do Peregrino aos profissionais de saúde que necessitem descansar.

Um dos lares de idosos de Bragança, o da Fundação Betânia, conta, em caso de emergência, com as instalações do seminário diocesano de S. José para acolhimento de alguns dos seus utentes, onde se incluem alguns sacerdotes idosos.

A Cáritas Diocesana, em união com as Conferências Vicentinas da Paróquia de S. João Batista e o Centro Social Paroquial dos Santos Mártires (CSPSM) disponibilizam-se a ajudar os idosos e os doentes crónicos, através da aquisição de alimentos e de medicamentos, bem como através da escuta ativa por telefone.

78 casos de Covid-19 no distrito de Bragança

O relatório atualizado da situação epidemiológica em Portugal divulgado, há instantes, pela Direção-Geral da Saúde (DGS), relativo aos dados confirmados até à última meia-noite, dá conta de que no distrito de Bragança existem 59 casos de pessoas infetadas pelo novo coronavírus.
No entanto, a DGS ressalva que a informação reportada por concelhos é relativa a apenas 75% dos casos confirmados, ou seja, no distrito de Bragança já existem pelo menos 78 casos da Covid-19.

Bragança continua a ser o concelho com mais infetados, seguido de Mirandela e de Macedo de Cavaleiros.

Há pelo menos mais três casos confirmados de covid-19 no concelho de Macedo de Cavaleiros. Ao que conseguimos apurar, trata-se do sobrinho e irmã da primeira infetada na aldeia de Talhas, um homem de cerca de 50 anos e uma mulher de 70. Também a freguesia de Lamas regista agora o primeiro caso. Uma mulher, na casa dos 40 anos, está infetada pelo novo coronavírus. Segundo informações dadas pelos presidentes de junta de ambas as aldeias, estes novos casos estão isolados e em tratamento domiciliário. Sobe assim para sete o número de casos de infetados pela covid-19 no concelho macedense. Dois na aldeia de Lagoa, quatro em Talhas e um em Lamas.

Carrazeda de Ansiães e Vimioso têm três casos confirmados, cada um.

A DGS faz ainda saber que não estão incluídos nesta listagem os concelhos que apresentem menos de três casos, sendo que, ao que apuramos, no distrito de Bragança só mesmo concelho de Vila Flor ainda não contabiliza qualquer pessoa infetada pela pandemia Covid-19.

Nas últimas horas apareceram vários casos positivos de pessoas que fazem hemodiálise em Bragança e que estão a preocupar as autoridades de saúde da região. Refira-se que o distrito teve ontem a primeira vítima mortal infetada pela Covid-19, um homem de 72 anos, natural de Mirandela, mas que residia em Bragança, há vários anos. Morreu, este sábado, no Hospital de São João, no Porto, onde estava internado, desde o passado dia 16 de março, para onde tinha sido transferido de Bragança, depois de ter sido confirmado, na altura, como o terceiro caso positivo do distrito brigantino. Nos dados avançados referentes ao país, há instantes pela Direção-Geral da Saúde (DGS), nas últimas 24 horas morreram 19 pessoas infetadas pelo novo coronavírus, o que eleva para 119 o número de mortes no nosso país, e estão confirmados 5962 casos positivos, mais 792 do que ontem.

Escrito por Terra Quente e Onda Livre

Farmácia fechada no distrito de Bragança devido a proprietário estar em isolamento profiláctico

Uma farmácia no distrito de Bragança, mais concretamente em Argozelo, concelho de Vimioso, fechou devido à responsável do estabelecimento estar em isolamento profiláctico.

Ao que se conseguiu apurar, o marido da responsável pela farmácia está infectado com Covid-19, o único caso que testou positivo ao novo coronavírus no concelho de Vimioso e que já tinha sido noticiado no início desta semana. A Direcção Geral de Saúde aconselhou o encerramento do estabelecimento.



Hospital de Bragança sem meios para tratar doentes com Covid-19

Espaço está a receber doentes infetados que facilmente se cruzam com outros que aguardam confirmação.
Hospital de Bragança sem meios para tratar doentes com Covid-19© Rui Manuel Ferreira/Global Imagens
Sem meios de tratamento, sem condições físicas adequadas e sem a mínima segurança para os profissionais de saúde. É desta forma que um grupo de médicos denuncia a área de internamento definida para os doentes Covid, no Hospital de Bragança.

Aberto há duas semanas, com capacidade para 23 camas e apenas duas casas de banho, o espaço está a receber doentes infetados que facilmente se cruzam com outros que aguardam confirmação.

É o piso 0 do edifício satélite do hospital de Bragança. As 23 camas distribuem-se por 5 quartos individuais, 3 enfermarias com 4 camas cada e uma outra com 6. Nenhuma tem pressão negativa.

Na participação enviada à direção do hospital, na quinta-feira passada, os médicos salientam a "elevada carga vírica e consequente risco de contágio do local, onde não foram definidas nem delimitadas áreas contaminadas entre doentes, profissionais e não doentes".

Acrescentando que não foram também estabelecidos "entradas independentes para as mesmas e que não foi assegurado equipamento de proteção individual adequado e suficiente para médicos, enfermeiros e auxiliares". Nestas circunstâncias, dizem, deveria ter sido dada prioridade "à segurança de todos mas, passadas mais de duas semanas, nada aconteceu".

O documento, que para lá de ir dirigido ao presidente do conselho de administração da ULS foi também para a diretora clínica e para o diretor de enfermagem, ressalva que os quartos não "têm ventilação nem extração de ar que permita, em segurança, ventilação não invasiva, oxigénio de alto fluxo, e muito menos entubação de doentes".

A participação termina dizendo que "face às circunstâncias existentes atualmente, geradas pela ausência de equipamentos e condições de segurança, os doentes vão morrer por falta de assistência, sem que nada se possa fazer, nem sequer evitar um contágio geral".

A TSF sabe que os profissionais de saúde alocados àquele serviço já tiveram que fazer testes e 4 enfermeiras estão infetadas com o vírus.

Os médicos esperam uma segunda análise.

Por vários meios a TSF tentou chegar à fala com o presidente da ULS do Nordeste mas não obteve nenhuma resposta. Para lá deste documento enviado â direção do hospital de Bragança, um outro já havia sido remetido ao presidente da República, ao primeiro-ministro, à ministra da Saúde, à DGS, e ao sindicato dos médicos, dando conta das mesmas preocupações.
Afonso de Sousa

sábado, 28 de março de 2020

EM TERRA DE PÃO – EUCALIPTO NÃO – MIRANDELA 1989 – PARTE 4

Após a BATALHA, ganha, em Veiga do Lila, as jornadas de luta contra a eucaliptização do Nordeste Transmontano continuaram.
Manifestação em Mirandela com a presença de centenas e centenas de pessoas, a população de Veiga do Lila em peso e força, como sempre, a QUERCUS de BRAGANÇA que esteve sempre na primeira linha da preparação e da organização da Manifestação, a presença em massa da Comunicação Social e CLARO, como não podia, AGORA, deixar de ser, com o aproveitamento político dos Partidos e de outras organizações ligadas, umbilicalmente, a esses. Esses... Aparecem sempre quando a luta já foi travada para comeram a merenda... Ou para tentarem ficar com os louros das jornadas em que outros mostraram a coragem, a convicção e a determinação que eles nunca tiveram.

E, a resiliência dessa malta, permite-nos agora ver, ou rever, imagens únicas...


BRAGANÇANO - Telmo Pires: “O fado é uma música muito pura, a melodia e a palavra”

Ao terceiro disco, o fadista Telmo Pires quis ater-se à pureza da música que abraçou. Através do Fado é a nova proposta de um transmontano que passou quase toda a vida na Alemanha e que há dez anos vive em Lisboa.
Telmo Pires ISMAEL PRATA
Nasceu em Bragança, viveu 34 anos na Alemanha e está há uma década em Lisboa, onde já gravou três discos: Fado Promessa (2012), Ser Fado (2016) e Através do Fado, que foi este ano lançado nas plataformas digitais e também em CD. Telmo Pires, que nos meios fadistas começou por ser apelidado “o alemão”, voltou a trabalhar neste seu disco com o violoncelista e compositor Davide Zaccaria, um italiano radicado em Portugal, e de novo como produtor.

“A minha ideia, no final de 2018, foi começarmos a lançar singles”, diz Telmo ao PÚBLICO. E assim foi: “Gravámos o primeiro single, um tema meu, Era uma vez, fiz um vídeo, correu muito bem e tive um feedback enorme.” Foi escrito em dois dias e, no seu tom crítico, vem na senda de fados como a Casa da Mariquinhas (vou dar de beber à dor), cantada por Amália: “Eu moro na Graça, que não era muito turística, era um bairro de trabalhadores. Nos últimos anos, isto rebentou e eu noto muito essa diferença. Na minha rua, os senhores que viviam cá ou já morreram ou saíram e metade da rua é Airbnb, como em toda a cidade. Por outro lado, é uma brincadeira também. Eu sei que há vários problemas devido ao excesso de turismo, que não há casas, que as rendas subiram incrivelmente, há quem pague 400 euros por um quarto quando eu pagava 400 euros pelo meu apartamento no centro de Berlim! Isto é exagerado! Eu agradeço o turismo, toda a gente agradece, mas tudo tem o seu limite. Lisboa era frequentada por causa do seu charme único e agora está a tornar-se uma Disneylândia. As casas em Alfama estão todas renovadinhas, mas não moram lá portugueses, são hostels.”




O segundo single foi um tema de Amália (aliás o disco inclui outro, Oiça lá ó Senhor Vinho), gravado e lançado antes do centenário: “Tentei tirar-me dessa confusão toda, fiz a minha homenagem (que faço todos os dias, sem precisar de esperar por 2020) e gravei o Medo, que é um tema que eu adoro, do Reinaldo Ferreira e do Alain Oulman. Gravei-o só com os meus três músicos e lançámo-lo em Maio de 2019, como single” O terceiro single foi o tema que abre o disco, Só o meu canto, composto de parceria com a pianista alemã Maria Baptist: “Foi um tema que eu gravei em 2009 num álbum com a Maria, em Berlim, onde gravámos onze temas só com voz e piano (ela é pianista de jazz). Quando vim a Portugal, em 2011, foi até com esse álbum que fui convidado pela primeira vez a ir à RTP. Agora tentámos recuperá-lo e gravá-lo com arranjos de fado, com viola, guitarra portuguesa e baixo.”


Fados e outras canções
Mas se o disco abre com um tema de Telmo, fecha também com outro dele, No espelho, com música do Fado Vianinha: “Foi uma coisa muito espontânea. Eu tinha duas estrofes há já algum tempo, e quando recomeçámos as gravações acabei-a em estúdio. E decidi com o Davide cantá-la a capella, com a ideia de abrir os concertos com ela, fazendo completamente o contrário do que sucede no disco: no CD fecha, em palco abre, e também a capella.”

A par do Vianinha, o disco inclui ainda outros três fados tradicionais: o Menor do Porto, o Cravo e o Lopes, o primeiro dos quais num fado que o encantou, Minha mãe eu canto a noite, com letra de Vasco de Lima Couto “Eu já o conhecia, da rádio. Mas só ao ouvir a Maria da Nazaré cantá-lo, na [casa de fados] Maria da Mouraria, é que a música me tocou. E aí fui pesquisar, ver a autoria, a letra. Ela canta-o no Fado Menor, eu escolhi o Menor do Porto.”

Há também, e aqui é uma coincidência, duas canções que saíram vencedoras no Festival RTP da Canção, Uma flor de verde pinho, de Manuel Alegre e José Niza, defendida por Carlos do Carmo em 1976; e Silêncio e tanta gente, de Maria Guinot, que a cantou no festival em 1984. Telmo explica que as gravou pelo que lhe diziam, não pelo festival: “Houve duas vozes que me levaram ao fado, em miúdo, e que redescobri na adolescência, quando andava a tocar em bandas de rock e a fazer teatro: Amália e Carlos do Carmo. E esse tema, que eu já cantei várias vezes ao vivo, é uma canção linda, uma das melhores da música portuguesa. Acho que foi o primeiro tema que ouvi na voz do Carlos do Carmo. Ainda hoje, ao escutar o início da versão original, fico arrepiado.” E Silêncio e tanta gente? “Adoro essa música. Foi uma coisa muito corajosa, nos anos 80: ela sozinha ao piano, com duas raparigas no coro, a cantá-la ao vivo. Achei uma coisa completamente diferente e única.”

O disco conta ainda com um fado com letra de Tiago Torres da Silva, Sem peso ou medida. Telmo já o conhecia, mas nunca cantara nada dele. E gravou-o devido a uma curiosa história. Um artista da Austrália que estava a fazer uma residência artística em Lisboa convidou vários fadistas a cantarem um poema que ele já tinha, a capella e ao nascer do sol num ponto alto ou num miradouro de Lisboa, para um filme. Telmo foi um deles. Gravou-o perto da sua casa, no Jardim do Monte, quando o lugar estava deserto, às 6h23. “Ao ler o poema, veio-me à ideia o Fado Cravo, era como se ouvisse a música. E cantei-o assim, porque encaixa perfeitamente.”




Ora o poema era de Tiago Torres da Silva e, no processo de gravação do disco, Telmo pediu-lhe se o podia gravar e a resposta foi positiva. “Há umas frases com que me identifico muito. A segunda estrofe, “sou um estranho na cidade/ guiado pela saudade/ da distância de onde vim”, é como se tivesse sido escrita para mim. E ficou no meu repertório, felizmente!”

Até ao núcleo mais puro
Telmo Pires não está fixo em nenhuma casa de fado. “Os meus músicos trabalham todos em casas de fado, mas eu nunca estive efectivo em nenhuma. Mas vou, saio regularmente, para ouvir, para cantar, para conviver. Essa coisa que existe no fado, onde toda a gente se conhece, é muito especial.” Como músico, vive dos concertos e dos direitos de autor. “A Alemanha continua a ser a minha casa. A minha editora é alemã, é a única editora de jazz que faz fado.” Em 2019 cantou na Alemanha, Polónia, Lituânia e começou no fim do 2019 a trabalhar com uma agência alemã e outra de world music em Espanha. Parou tudo, devido à pandemia.
Nuno Pacheco