domingo, 31 de dezembro de 2023

POBRE CAMÕES; QUE TÃO MAL O TRATARAM

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Certa ocasião, Helena Sacadura Cabral, declarou ao: " Diário de Notícias": " Em Portugal há uma longa tradição de murmúrio. De inveja. De cobiça e de preguiça também. Os valores raramente são reconhecidos e os mais inteligentes constituem o repasto ideal para a calúnia."
Se no início deste século era assim, segundo a escritora, não foi muito diferente nos séculos passados.
Hoje todos homenageiam Camões, como o maior poeta da nossa língua portuguesa, que narrou, nos " Lusíadas", a extraordinária epopeia dos descobrimentos.
Mas, como o reconheceram no seu tempo? Como o trataram e admiraram-no?
Morreu pobre. A magra pensão que lhe concederam, era tão insignificante, que mal lhe dava para sobreviver.
Diogo Couto, em 1567, encontrou-o em Lisboa, " Tão pobre que comia de amigos.", que lhe davam a roupa que necessitava.
Conta Almeidas Garrett, pela boca do Telmo, no: " Frei Luís de Sousa": "Lá foi Luís de Camões num lençol para Sant'Ana. E ninguém mais falou nele”.
E mais adiante, à Maria: " Livro sim: aceitaram-no como tributo de um escravo. (...) Acabada a obra, deixaram-no morrer ao desamparo, sem lhes importar, com isso.... Quem sabe se folgaram? Podiam pedir-lhes uma esmola, escusavam de se incomodar a dizer que não."
E D. Francisco Manuel de Melo, no " Hospital das Letras", escreveu:
- " De nós todos se poderá queixar, porque sendo honra e gloria de Espanha, tão mal tornamos por ele, que, se não poucos o leem, são menos os que o entendem."
Certa ocasião ao folhear o meu diário, deparei com a triste noticia que o notável intelectual, Lopes de Oliveira, após ter oferecido a valiosa biblioteca à cidade de Fafe (mais de cinco mil volumes) foi convidado a residir nessa localidade.
Vive ou vivia, sozinho, cozinhando e dormindo em velha casa, infetada de ratos, receando que os roedores lhe devorem os livros. - "O Comércio do Porto", 14/12/90.
Apetece-me dizer como António Nobre: " Que desgraça nascer em Portugal" – "SÓ".

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

Mensageiro de Bragança - 24 DE ABRIL DE 1970

NA ALDEIA DE CONSTANTIM HÁ QUEM AINDA FAÇA INSTRUMENTOS MUSICAIS DE FORMA ARTESANAL

Festa do Carocho i Bielha de Costantin. Constantim. Miranda do Douro. Dez 2023, 28.

sábado, 30 de dezembro de 2023

Aos Melhores e Maiores da minha vida...

Por: Paula Freire
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)

Há, nos versos com que desenho as páginas do meu livro, tanta coisa escrita que gosto de olhar com coração de criança. Aquele com que se aprende a ler o verdadeiro alfabeto da amizade e do amor. O meu livro de bonitas lembranças e esperançados sonhos, onde o menos bom não deixou de existir, mas aprendo a deixar riscado. Que fique somente a lição que hoje me salva. E todos aqueles de quem gosto. Porque onde está o meu coração, aí mora o meu tesouro.
Gosto de ti…
Gosto de ti, que me entraste pelo espírito dentro com a tua positiva loucura e me fazes refletir, livre, um momento, em tantos momentos, e nos fizeste descobrir irmãos num abraço fraternal. Tu, que me fizeste saber, com paciência e carinho, que o fundamental é o diálogo de alma para alma, mesmo que, por vezes, nele habite silêncio.
E de ti que, quando caem as primeiras chuvas e tudo adivinha inverno, me embalas o coração triste e me garantes que as sombras não choram eternas e a harmonia do peito será em breve.
E de ti, que me inspiras o sentimento humilde dos instantes, de ti que tens o aroma quente da fogueira e da chama que aquece, que me aconchegas entres as duas mãos por inteiro. De ti, que tens cheiro a lar e me fazes sentir família e casa. E aumentas um momento de saudade, apenas pelo carinho que ofereces.
E de ti, que me ensinas que Deus é um ser muito simples que nunca precisamos de explicar. Porque é ar, é água, é terra e fogo. E me fazes saber que ele é mão que me sustenta na poeira e na alegria de todas as horas que também me esqueço de viver. 
E de ti, que és essa força extraordinária e quase inabalável, que confia sem lamento e se entrega ao cumprimento da vida, por vezes, a ignorar(-te) quem carrega a morte nos braços. 
E de ti, com a tua sensível genuinidade a que não seria capaz de ficar indiferente. De ti, que tens a espessura do mar nos lábios e o hálito fresco das águas, de ti que me repete o pensamento e me sabe ler a alma na sua total nudez, com a distância dos olhos.
E de ti, que és o caminho da ponderação e a cascata silenciosa onde me deixo escutar para, depois do descanso, encontrar os braços da coragem e regressar ao porto seguro de onde, tenho a fiel certeza, nunca quererei partir.  
E de ti, minha fonte de inspiração, que tens a vontade escrita no rosto, de ser ainda muito além e lutas todos os dias para abrir as portas que se fecham, na medida exata da imensidão que transportas no regaço.
E de ti, voz que chora e grita no canto da alma, mas sempre flor a brotar, à espera que a esperança se erga mais uma e outra vez. Em ti, sei que sou perfume e pétala nunca esquecida.
E de ti. Sim, também (muito) de ti, que tropeças nas histórias que tens dentro do corpo cansado e não tens coragem de me contar. Mas que não deixa de me iluminar com uma palavra e mais nada, ou com o silêncio e mais nada.
Gosto de ti, e de ti, e de ti. 
Gosto de vós porque me completam, porque são tanto do que em mim posso encontrar. Vós, que me fazem perceber que o universo pode ser, assim, tão pequenino num sentido deslumbramento, quando o muito é aquele tão pouco de que apenas preciso para seguir a viagem com a melhor bagagem. Com um sorriso que basta. Um abraço que chega. E me deixa ter nas mãos, simplesmente, o mundo todo.
E o que eu gosto de ti, hoje, é essencialmente esse abraço apertado que se torna laço a cada ano que passa. E me faz perceber que a vida é-nos, essencialmente, a vida dos outros em nós e, a amizade, a melhor ternura iluminada por outra claridade.
Hoje, falo-vos baixinho entre as lágrimas de chuva que escuto cá fora. E digo-vos que gosto de vós. Que são Únicos e que, perto de mim, nesse fio invisível que enlaça e no reflexo do que me encanta, fazem crescer o sentido mais meigo e profundo do que entendo ser a verdadeira religião.
E agradeço-vos. Porque é o amor que fica. 
É o amor que fica sempre na memória… e no coração.
Todos vós, de quem gosto, espero-vos em 2024!

Paula Freire
- Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal.
Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas do Desenvolvimento Pessoal e do Autoconhecimento, bem como à prática de clínica privada.
Filha de gentes e terras alentejanas por parte materna e com o coração em Trás-os-Montes pelo elo matrimonial, desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, onde se descobre nas vivências sugeridas pelos olhares daqueles com quem se cruza nos caminhos da vida, e onde se arrisca a descobrir mistérios escondidos e silenciosas confissões. Um manancial de emoções e sentimentos tão humanos, que lhe foram permitindo colaborar em meios de comunicação da imprensa local com publicações de textos, crónicas e poesias.
O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021: Cultura sem Fronteiras (coletânea de literatura e artes) e Nunca é Tarde (poesia).
Prefaciadora do romance Amor Pecador, de Tchiza (Mar Morto Editora, Angola, 2021) e da obra poética Pedaços de Mim, de Reis Silva (Editora Imagem e Publicações, 2021).
Autora do livro de poesia Lírio: Flor-de-Lis (Editora Imagem e Publicações, 2022).
Em setembro de 2022, a convite da Casa da Beira Alta, realizou, na cidade do Porto, uma exposição de fotografia sob o título: "Um Outono no Feminino: de Amor e de Ser Mulher".
Atualmente, é colaboradora regular do blogue "Memórias... e outras coisas..."-Bragança e da Revista Vicejar (Brasil).
Há alguns anos, descobriu-se no seu amor pela arte da fotografia onde, de forma autodidata, aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza, sendo administradora da página de poesia e fotografia, Flor De Lyz.

Mensageiro de Bragança - 24 DE ABRIL DE 1970

La Çarandilheira - Agosto 15, 2013 - Caçarelhos, Vimioso, Bragança

É POSSÍVEL APADRINHAR UM BURRO DE MIRANDA E AJUDAR A PREVENIR A EXTINÇÃO

VELHA E CAROCHO SAEM À RUA PARA ANIMAR ALDEIA DE CONSTANTIM

Museus e Monumentos de Bragança ficam com gestão do Estado

 Os equipamentos culturais e monumentos propostos para gestão dos municípios de Bragança e de Miranda do Douro ficam, afinal, sob gestão do Estado, esclareceu hoje à Lusa o Ministério da Cultura.


A reorganização anunciada para museus e monumentos em junho teve forte contestação no distrito de Bragança, com os autarcas dos dois concelhos transmontanos a rejeitaram a transferência destas competências.

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, apresentou nessa altura a criação de duas novas entidades, a entrar em funções no início do próximo ano.

Uma delas é a Museus e Monumentos de Portugal, “uma entidade pública empresarial responsável pela gestão dos museus, monumentos e palácios nacionais”, pode ler-se na página oficial da internet do ministério.

Foi ainda criado o instituto público chamado Património Cultural, “que tem como objetivo a salvaguarda, investigação, valorização e divulgação do património imóvel e imaterial”, explica-se na mesma nota.

Em resposta às questões colocadas via correio eletrónico, o Ministério da Cultura detalhou à Lusa que o Museu do Abade de Baçal (Bragança) e o Museu da Terra de Miranda (Miranda do Douro), ficam a partir de 1 de janeiro sob gestão da Museus e Monumentos de Portugal.

Já a Domus Municipalis e o castelo da cidade de Bragança passam na mesma data para o Património Cultural.

Contactado pela Lusa, o presidente da câmara municipal de Bragança, Hernâni Dias, mostrou-se satisfeito.

“Era a solução que defendíamos. (…) A vitória é sempre aquela que faz com que o nosso território não seja desvalorizado”, afirmou o autarca. 

“Defendemos os interesses do nosso concelho, do nosso distrito e da nossa região. (…) E quando sentimos que há propostas que vão contrariar essa intenção, obviamente que lutamos contra elas”, disse ainda Hernâni Dias.

A posição é acompanhada por Helena Barril, autarca de Miranda do Douro.

“Estamos muito satisfeitos com esta decisão por parte do Governo. Faz, sobretudo, justiça a esta zona do país. Valeu a pena toda a nossa união em torno desta causa. É um reconhecimento para as entidades e para o Museu Terra de Miranda (…), declarou a presidente.

Para Jorge da Costa, diretor do Museu Abade de Baçal, o anúncio também foi “uma grande alegria”.

“São dois espaços culturais emblemáticos [o museu e a Domus Municipalis] e desta importância nacional. Garantirá a continuidade de todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido”.

A Lusa tentou uma reação da diretoria do Museu Terra de Miranda, mas sem sucesso.

Após o anúncio desta intenção, várias foram as manifestações contra na região. Além das autarquias e das direções dos equipamentos culturais em causa, outras vozes discordantes se juntaram, como a Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes ou o Movimento Cultura da Terra de Miranda, que se mostraram descontentes com a passagem, que não chegou a acontecer, da gestão para os municípios, que consideraram uma desqualificação do património.

TYR (HFI/FYP) // CC
Lusa/Fim

Mensageiro de Bragança - 24 DE ABRIL DE 1970

Mudar o mundo, amigo...

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Incêndio destrói cobertura de habitação em Sacoias

 Não há feridos resultantes do incêndio


Um incêndio, esta tarde, em Sacoias, no concelho de Bragança, destruiu a cobertura de uma habitação unifamiliar, onde habitavam quatro pessoas.

Segundo os bombeiros de Bragança, não há feridos a registar. 

As pessoas tem outra habitação para ficar, neste momento. 

No local estiveram 18 bombeiros e quatro veículos. 

O alerta foi dado às 18h45. 

Escrito por Brigantia

Presumível autor dos disparos contra dois homens búlgaros já foi detido

 PJ deteve homem de 65 anos

Já foi detido o autor dos disparos contra dois homens búlgaros. O caso aconteceu ontem de manhã, em Parada, no concelho de Bragança.

A Polícia Judiciária informou hoje que deteve um homem, de 65 anos, pela presumível autoria de dois crimes de homicídio, na forma tentada, e ainda por um crime de detenção de arma proibida.

Segundo esclareceu a PJ, o arguido, “por motivos fúteis, num contexto de desentendimentos relacionados com transações comerciais de produtos agrícolas, munido de uma espingarda caçadeira, efectuou vários disparos que atingiram duas vítimas, do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 24 e 42 anos de idade, provocando-lhe lesões físicas”.

O detido, vai ser presente a interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação.

A vítima de 24 anos foi transportada para o Hospital de Bragança, com ferimentos num membro superior e na cabeça. Já o outro homem não foi transportado para o hospital por não ter ferimentos relevantes.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

Mensageiro de Bragança - 24 DE ABRIL DE 1970

Teatro - Auto da Barca do Inferno (comunidade escolar)

 Teatro Arama apresenta duas peças de teatro à comunidade escolar de Mirandela.


“O Auto da Barca do Inferno" e a "Farsa de Inês Pereira" sobem ao palco do Grande Auditório, no dia 25 de janeiro.

10h30 - apresentação da peça dramática de Gil Vicente, o "Auto da Barca do Inferno" para os alunos do 9.° ano
15h00 - também de Gil Vicente, a "Farsa de Inês Pereira" para os alunos do 10.º ano

Ficha artística

Autor: Gil Vicente; Adaptação e Direção: Tó Maia; Cenografia:Hernâni Miranda; Interpretação: Jaime Monsanto, Eva Fernandes, Miguel Rimbaud e Tó Maia;

Operação Técnica: André Delhaye; Fotografia: Luís Porto; Vídeo: Serge Bochnakian;

Produção: Teatro Aramá

Sinopse

A peça coloca em jogo os comportamentos viciados da sociedade da época fortemente vinculados aos valores morais, princípios que todas as personagens do Auto julgam ser condutores inquestionáveis. É no momento, em que já na “outra vida” buscam a recompensa da sua conduta terrena, nada menos que o paraíso, que o Diabo e o Anjo, ambos avaliadores das ações e pensamentos humanos, confrontam os trespassados com as suas vidas mergulhadas no “pecado”. A vaidade, a usura, a hipocrisia, a luxuria e outros de igual ou superior e, escassos casos, de menor valor.

O sentido crítico e irónico da peça marcam o tom e o ritmo, elementos fundamentais à criação do humor que é indissociável do carácter da obra.

Clube Agulhas em Movimento - Janeiro 2024

 Com a finalidade de preservar saberes manuais em vias de desaparecimento, este clube pretende ser um espaço de partilha para toda a comunidade.
Bordar, tricotar e coser, são alguns dos gestos que desejamos repetir neste espaço de encontro.

Em janeiro voltamos nos dias 22, 25 e 29!

Todas as segundas e quintas-feiras, das 15h00 às 17h00, na Bibliteca Municipal de Mirandela.

Café Memória - 20 de janeiro

 O Café Memória é um projeto destinado a pessoas com problemas de memória ou demência, bem como aos respetivos familiares, amigos, cuidadores para partilha de experiências e suporte mútuo, onde se proporciona um ambiente acolhedor, reservado e seguro e se facilita a interação entre pares, se oferece apoio emocional, informação atual e útil e promove a participação dos participantes em atividades lúdicas e estimulantes, com o apoio de profissionais de saúde ou de ação social. 

A participação é gratuita e não necessita de inscrição.

Horário: com início às 10h00, no Bar do Centro Cultural de Mirandela

O meu mini-álbum Sarmento Pimentel

 Entre a biografia de Sarmento Pimentel e os papéis de outros resistentes, vamos descobrir quem era este mirandelense e fabricar um mini-álbum de fotografias com as imagens do seu espólio.

Sábado, dia 20 de janeiro, entre as 15h00 e as 17h00
Público-alvo: Oficina para famílias, a partir dos 8 anos (mín.4/Max.20)
Inscrição através de servicoeducativo@cm-mirandela.pt ou 278 200 290

Exposição Temporária - João Sarmento Pimentel Rua Itacolomi, 258

 Proveniente de um projeto de mestrado para a Utad acerca do espólio de Sarmento Pimentel, a exposição João Sarmento Pimentel – Rua Itacolomi, 258, apresenta-se como eixo central das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril em Mirandela.
Trata-se de prestar homenagem a esta figura que, para além de ser o patrono da Biblioteca Municipal, que guarda o seu espólio, foi também o decano maior e líder da oposição à ditadura portuguesa no Brasil a partir de 1927. Pretende-se, a partir dela, fazer coincidir um conjunto de atividades que enalteçam este exilado político, festejando também a liberdade e a cultura para a democracia.

Feira dos Reis de Vale de Salgueiro 2024

Passeio Pedestre de Vale de Salgueiro 2024

 O Passeio Pedestre de Vale de Salgueiro realiza-se no dia 13 de janeiro no âmbito da VII Feira dos Reis. Tem uma distância de 6,2 km e dificuldade fácil. Tem início e término no Largo da aldeia. Segue por caminhos rurais marcados essencialmente por paisagens com diversas formas graníticas que se salientam pela sua dimensão e beleza, as quais possuem grande interesse não só paisagístico como científico. 
No final da caminhada há um lanche convívio, visita à Feira e Animação.

Inscreva-se até às 16 horas do dia 11 de janeiro pelo telefone 936 667 655, através do e-mail postodeturismo@cm-mirandela.pt ou presencialmente na Ecoteca de Mirandela.

Preços (inclui seguro):

- 5€ com transporte
- 3,5€ sem transporte

São Gonçalo - OUTEIRO/BRAGANÇA

O Conselho de Barinak - Na Madrugada dos Tempos – Parte 17

 Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence.

Agostinho Silva
Filósofo, poeta, ensaísta, professor e filólogo português
(1906-1994)

Por: Manuel Amaro Mendonça
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Depois do choque inicial e da alegria dos hati, que se encontravam a acompanhar o ferido Tibaro, pela chegada dos seus conterrâneos, foi a altura de tratar dos assuntos mais práticos. Zia e as suas noras, Damla e Nadire, organizaram junto do povo a libertação temporária de algumas casas, para hospedar os estrangeiros. Os visitantes, no entanto, não mostraram grande simpatia pela ideia de serem separados. Os burros que acompanhavam a comitiva traziam o material para erguer as tendas com capacidade para os alojar a todos e aceitariam apenas que lhes indicassem o local para as montar.

Apesar da alegria de ver o seu filho vivo e a recuperar, o aspeto de Barinak, de que tanto ouvira falar, deixara-o tremendamente desiludido. Não passava de inúmeros casebres, onde as pessoas viviam como se fossem selvagens, sem roupas adequadas… e sem se lavar, conforme o seu nariz que não cessava de o informar. O próprio déms pótis vivia numa palhota daquelas, em vez de ter uma verdadeira casa com várias divisões, onde residir com toda a família. Como eram pobres e desengraçadas aquelas casas redondas comparadas com as belas e alvas casas de Hatiweik.
Erem levou Mirsulo e Savírio a ver o santuário, do qual os dois estrangeiros ouviram falar lá na sua terra, mas eles não pareceram muito impressionados. O curandeiro caminhou por entre as pedras, afagando com mais atenção aquelas que haviam sido diligentemente esculpidas por Asil. O chefe estrangeiro olhou pensativamente para o círculo inacabado e decidiu, contra a vontade do companheiro, que deveriam orar a Tarunte naquele local, como agradecimento pela salvação de Tibaro.
Mais tarde, os estrangeiros reuniram-se aos seus homens para serem iniciadas as montagens dos alojamentos onde passariam a noite.
Erem e Zia observaram o afã dos estrangeiros a erguer as tendas onde pernoitariam e logo ali comentaram a fantástica tenda central, maior que quatro das casas de Barinak juntas. Parecia impossível como podiam ter tanto tecido para tantas tendas, tão grandes e como montavam as estruturas tão rápido, prendendo-as ao chão com estacas e cordas. As roupagens deles, as armas, por ali se via possuírem conhecimentos muito superiores. Podiam ser um amigo poderoso, ou um inimigo muito perigoso.
Mirsulo e Savírio recolheram-se à tenda principal e mandaram chamar os homens que haviam ficado na aldeia com Tibaro. Era óbvio que queriam saber de tudo sem serem ouvidos e sem interferências. Erem, por sua vez, foi para a casa da reunião e mandou chamar Alim, Tailan e Lemi. Este último chegou apoiado num pau e com aspeto bastante débil; já estava febril há vários dias e as mezinhas de Nehir não pareciam nutrir qualquer efeito.
Erem queria saber o que achavam os seus amigos/conselheiros, dos visitantes e como deveriam agir para com eles. Todos concordavam que deveriam agir com cautela. Alim já conhecia Hatiweik, o seu povo e o déms pótis anterior, Taramor, que deveria ser o pai de Mirsulo; não achava que fossem perigosos, a menos que houvesse algo que eles quisessem muito e fosse-lhes recusado. Eram uma povoação com muita gente e aqueles homens que faziam parte da comitiva era uma pequena amostra de quantos podiam ser reunidos para a guerra. Negociara várias vezes com pessoas de lá e, embora tivesse de deixar algumas das coisas que trocara, como pagamento por comerciar, nunca teve problemas com eles.
— Não entendo. — O chefe franziu o sobrolho. — Deixar coisas? Então ias trocar coisas com o povo e tinhas de deixá-las?
— Não todas. — Esclareceu Alim. — Como era de fora de Hatiweik, tinha de pagar o que eles chamam taxa de comércio. Deixava uma cabra, às vezes três galinhas.
— A quem? — Erem insistiu.
— Ao déms pótis. — O antigo comerciante sorriu.
— O chefe? — Também Lemi estava confuso. — Ele andava pelas casas a pedir as coisas aos comerciantes?
— Não! — Alim soltou uma gargalhada. — Toda a povoação é cercada por muros altos e só se consegue entrar por dois ou três passagens onde estão homens do déms pótis a guardá-las. Se estás a sair da povoação com coisas que estás a comerciar, ou não és de lá e estiveste a fazer negócio, ou és de lá e vais negociar para outro lado. De ambas as formas tens de pagar a taxa ao déms pótis. Os homens e mulheres que vivem lá dentro também têm de pagar pelas coisas que fazem e trocam, também aqueles que trabalham os campos fora dos muros, ou os pastores e caçadores.
— Assim ele tem tudo sem fazer nada… — Concluiu Tailan. — Já vi essa povoação há muito tempo, mas nunca estive lá dentro.
— A verdade, — acrescentou Alim —, é que ele assegura a defesa da povoação com homens armados e esses homens recebem bens pelo seu trabalho. Claro que ele tem de tudo para si e para a sua família sem precisar de ir pescar, caçar ou trabalhar a terra. Mas todos pagam com a satisfação sabendo que não vão ser atacados por ninguém porque terão quem os defenda. Se alguém roubar alguma coisa a outro é castigado com chicotadas ou podem até cortar-lhe uma mão, os homens do déms pótis encarregar-se-ão disso.
Os outros três exibiram expressões de espanto e horror.
— Nós também cuidamos uns dos outros e se alguém achar que outro lhe tirou algo que lhe pertence vêm até mim e aceitam a minha decisão. — Observou Erem. — Se nos atacarem, vamos defender-nos. Todos caçamos, trabalhamos as terras e temos porções de comida iguais, eu encarrego-me de que assim seja… ninguém tem de me dar nada por isso.
— Se tivesses muita gente para todo o trabalho, não terias de o fazer. — Explicou Alim com simplicidade. — Só precisarias de dar as ordens.
O chefe calou-se por momentos, meditando nas explicações do conselheiro.
— Então achas que Mirsulo tem muitos homens e mulheres prontos a servi-lo, dentro da sua povoação? — Lemi mostrou-se preocupado. — E, portanto, uma grande força para lutar?
— Não tenho dúvidas. — Retorquiu o visado como o acenar de confirmação de Tailan. — Se, apenas para ir buscar o corpo do filho, traz consigo tantos homens como conseguiríamos juntar para uma luta, terá muitos mais, para defender a sua povoação e para manter a alimentação de todos.
— Devemos temê-lo, portanto. — Concluiu Erem com os olhos fixos no vazio.
— No mínimo, respeitá-lo e agradá-lo. — Alim acenou afirmativamente com a cabeça.
— … sem mostrar medo ou fraqueza. — Acrescentou Lemi, por entre o seu respirar difícil. — Devemos ser hospitaleiros, mas apresentarmo-nos como iguais.
— Agora que já tem o filho dele, e vivo, ao contrário do que esperava, que acham que fará agora? — O chefe enfrentou os seus conselheiros.
— Como o acho um chefe bom e justo, — começou Alim —, acho que quererá regressar à sua terra rapidamente para mostrar a todos que o seu herdeiro está vivo.
— Também pode voltar mais tarde com ainda mais homens e levar todos os alimentos que temos. — O tio do chefe continuava a temer a força do hóspede. — Viram que estamos preparados para nos defendermos, mas que somos poucos, comparados com eles.
— Não me parece que seja esse o modo de agir deste povo. — Interveio Tailan. — Como nós, estão fixos numa localização. Não são como os nómadas que podem destruir tudo numa região e depois simplesmente mudar-se. Eles devem preferir manter a amizade com os vizinhos, aumentando as possibilidades de comércio e mais vantagens para ele e sua família.
— Também concordo. — Afirmou Alim.
Lemi sentia-se um pouco perdido nesta nova teia de relações. Antigamente, as tribos seminómadas festejavam quando se encontravam e apenas se deviam temer nos períodos de fome.
— Então, — concluiu Erem —, devemos temê-los, mas mostrarmo-nos iguais. Respeita-los, mas não demonstrar fraqueza. — O chefe sorriu. — O meu filho Naci concordaria com essa última parte. O resto, duvido muito.
Tailan e Lemi acenaram afirmativamente.
— Naci tem-se dado muito bem com os estrangeiros. — Ressentiu-se Alim com uma expressão triste. — Mais com esses estrangeiros, do que com todos nós que vivemos aqui e partilhamos estas terras com ele. Pode ser que a sua atitude em relação a nós mude daqui para a frente.
— Pois chamemos então os nossos hóspedes. — O chefe ergueu-se decidido. — Partilharemos aqui a última refeição do dia com eles. Chamem as vossas mulheres e filhos. Vou escolher os nossos melhores para dançarem em volta da fogueira… dançarão a vitória sobre os homens-macaco e como caçamos e matamos os nómadas que nos roubavam. Perceberão que desafiar-nos tem consequências.
Os outros homens levantaram-se de seguida imitando o chefe. Tailan, com uma expressão divertida, curvou respeitosamente a cabeça e respondeu:
— Será como dizes déms pótis.

A seguir: Confraternização

Manuel Amaro Mendonça
nasceu em Janeiro de 1965, na cidade de São Mamede de Infesta, concelho de Matosinhos, a "Terra de Horizonte e Mar".
É autor dos livros "Terras de Xisto e Outras Histórias" (Agosto 2015), "Lágrimas no Rio" (Abril 2016), "Daqueles Além Marão" (Abril 2017) e "Entre o Preto e o Branco" (2020), todos editados pela CreateSpace e distribuídos pela Amazon.
Foi reconhecido em quatro concursos de escrita e os seus textos já foram selecionados para duas dezenas de antologias de contos, de diversas editoras.
Outros trabalhos estão em projeto e sairão em breve. Siga as últimas novidades AQUI.

Miranda do Douro quer tornar-se destino de Passagem de Ano com o Festival Geada

 A décima terceira edição do festival é dedicada à língua e cultura mirandesas e decorre no centro da cidade, tal como no ano passado


Segundo explica Henrique Granjo, presidente da Associação Recreativa da Juventude Mirandesa, entidade organizadora, o festival, que é único, por preservar estas tradições da região, vai contar, durante a noite de hoje e de amanhã, como vários artistas. “Apostamos mais na volta às adegas e dessa forma achamos que conseguimos fazer uma divulgação maior da língua, música, cultura e gastronomia aos visitantes que vêm ao festival. Vamos receber Quinta do Bill, Omiri, Urze de Lume e Pica & Trilha”.

O festival conta com o apoio do município de Miranda do Douro, sendo organizado pela Associação Recreativa da Juventude Mirandesa, em parceria com diversas entidades locais, associações, empresas e agentes culturais regionais e nacionais. Para o presidente da associação é um evento que anima o concelho e que mostra o valor que ele tem. “A nossa região está cada vez mais deprimida, com falta de pessoas, sendo que nos últimos 50 anos perdeu, praticamente, dois terços da população. Como jovens agarrámo-nos à identidade que a nossa terra tem, com língua e cultura próprias, e isso dá-nos vontade, como voluntários e de forma gratuita, de trabalharmos para promover a região e a língua mirandesa, sendo este um dos maiores festivais de Inverno do país”.

A organização espera que o festival atraia diversas pessoas a Miranda do Douro. “Temos apostados muito no mercado espanhol e tem havido sempre muita gente a fazer-nos perguntas sobre o festival. É um bom evento para criar dinâmica na cidade. Poderá Miranda do Douro começar a tornar-se um destino de Passagem de Ano”.

Já no dia 31, no domingo, também integrado no festival, realiza-se o “enterro do ano velho”, que simboliza o adeus a 2023 e a chegada do Ano Novo.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

❄❄ Bamos derretir l carambelo

Dia de Reis - LOUSA

XX Cantares de Reis - Macedo de Cavaleiros

𝐄𝐱𝐩𝐨𝐬𝐢𝐜̧𝐚̃𝐨 "𝐃𝐨 𝐥𝐢𝐦𝐢𝐭𝐞 𝐚̀ 𝐟𝐫𝐨𝐧𝐭𝐞𝐢𝐫𝐚" 𝐜𝐨𝐧𝐣𝐮𝐠𝐚 𝐞𝐬𝐜𝐮𝐥𝐭𝐮𝐫𝐚 𝐞 𝐩𝐢𝐧𝐭𝐮𝐫𝐚 𝐞 𝐯𝐚𝐢 𝐞𝐬𝐭𝐚𝐫 𝐩𝐚𝐭𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐧𝐚 𝐆𝐚𝐥𝐞𝐫𝐢𝐚 𝐌𝐚𝐧𝐮𝐞𝐥 𝐂𝐮𝐧𝐡𝐚 𝐝𝐞 𝟓 𝐝𝐞 𝐣𝐚𝐧𝐞𝐢𝐫𝐨 𝐚 𝟐𝟏 𝐝𝐞 𝐚𝐛𝐫𝐢𝐥 𝐝𝐞 𝟐𝟎𝟐𝟒

 A Casa da Cultura Mestre José Rodrigues começa o ano com uma nova exposição. "Do limite à fronteira" é uma mostra de escultura e pintura,  de Jorge Braga e Dulce Atilano que reúne 16 pinturas e 11 esculturas.
A abertura ao público realiza-se no dia 5 de janeiro de 2024, às 17h30. A entrada é livre.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Aldeia de Tuizelo. Aforamento de propriedades nos Salgueiros então ermos - 16 de Janeiro de 1506

«Saibão quantos este estormento d’aforamento virem como no 
ano do nascimento de Noso Senhor Jhesus Christo de mill e bc e seis annos xbi dias do mez de Janeiro na aldea de Tuyselo termo da vyla de Vynhaes nas casas da morada de Duarte Roiz estando hy mesmo em presença de mim tabeliom e testemunhas adiante nomeadas parceo hy ho dito Duarte Roiz e Catarina Gonçallvez sua molher e logo ambos emsembra juntamente diserom que eles aforavam como de fato aforarom hum seu casall que eles aforators tinham e avyam na aldea erma dos salgueiros asy e pela guisa que ho eles comprarom a Nuno Lopez de Lagarelhos ho quall aforamento faziam a c.° [sic]
Pirez morador na dyta aldea dos Salgueiros e a Catarina Gonçallvez sua mulher deste dia pera todo sempre com tall preyto e condiçam que eles foreyros e seus erdeiros que depos eles vyerem lhes dem e paguem de foro em cada hum ano doze alqueires de pam, biii de centeo e quatro de trigo e hüa galinha e que paguem as rendas ao concelho ho quall foro lho pagaram em cada huum ano por dia de São Martinho e lho darão junto em sua casa e non ho hyndo ele dito Duarte Roiz ou seus erdeiros recadar hante ho dito dia que di por diante non sejam obrigados de lho pagar somente a como valeo no novo e hyndo ou mandando arrecada-lo e non lho dando que lho paguem aa mor valya e que por sy e por seus mancebos posa penhorar polo dito foro e que sejam obydientes com seu foro ao senhorio como hobydientes caseiros e que non posam vender nem trocar ho dito casall a pesoa de mayor cantidade que eles foreyros e sem primeiro afrontar ho senhorio aforator se obrigaram por sy e por todos seus beens moves e de raiz avydos e por aver de lhos fazer boo e de paz ho dito casall asy e pola guisa que lho a eles vendeo ho dito Nono Lopez e ser [?] povorados ho dito lugar; e os ditos foreiros que presentes eram diserom que com todalas condições suso ditas recebiam sobre sy ho dito forall e se obrigavam per sy e per todos seus beens moves e de raiz avydos e por aver de eles e todos seus erdeiros pagarem ho dito foro em cada hum ano e as rendas ao concelho como dito he e terem e manterem todalas condições soso ditas; e asy diserom os ditos aforators que tambem lhe davam com ho dito casall hüa leyra que jaz aos Caroceyros que parte de duas partes com os filhos de Joham Roiz e com matias do concelho e que asy lhos davam como dezemos ho que lhe tinham demarcado; e em testemunho de verdade outorgarom todos e mandarom ser feitos dous estrumentos ambos de hum teor.

Testemunhas que presentes eram: Gill Ferraz e Jorge Roiz e Martim Fernandez todos moradores em Babe termo da cidade de Bragança e outros e eu Diogo Lopez tabaliom por Ell Rey noso senhor na dita vyla e seus termos que este mandei escrepver e aqui meu synall escrepver fiz que tall he (...); pagou a nota xxxbi reais» (194).
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(194) Copiado de um pergaminho que existe em Outeiro pertencente à família Fonseca.
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

1912 – Fundação do Centro Democrático Brigantino, incorporado no Partido Republicano Português

Alvará para se fazer feira em Sacóias no dia 15 de Agosto - 6 de Março de 1669

«Eu o princepe como regente e governador dos reinos de Portugal 
e Algarves. Faço saber aos que este alvará virem que havendo respeito ao que por sua petição me representaram os moradores do logar de Sacoias termo da cidade de Bragança pedindo-me lhe concedesse licença para se fazer soomente feira naquelle logar no dia que se celebra a festa no dia de Nossa Senhora da Assumpção em 15 dias do mez de Agosto aonde havia grande concurso de gente assim deste Reino como de Castella e Galliza pelos muitos milagres que a Senhora tem feito e de continuo faz e visto tudo o que allegam (...) hei por bem e me praz que possam fazer feira somente no dia de Nossa Senhora da Assumpção (...).

Lisboa 6 de Março de 1669» (195).
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(195) Livro do Registo da Câmara de Bragança, fl. 4 v.
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

sombra luminosa

Por: Paula Freire
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)


Tinha as mãos seguras pelo silêncio da respiração, colhida na chama nua da alma. As minhas mãos preenchidas de céu, de ternura doce. Corpo de estranha ave que prova o amor com lábios leves, entre a esperança de uma brisa cálida e o toque dos dedos sobre uma folha de prata, presa à neblina da eternidade.
Via-te nessa sombra luminosa da pele que se espreguiça à lua, como um pássaro de vento desembarcado na ilha dos meus braços onde todo o sempre é apenas uma viagem pela memória do meu leito adormecido, extasiado de visões.
Seria a frescura ébria de uma simples carícia ou o feitiço brando de um beijo inventado no sonho vasto do imperdoável?
E ainda assim, precisaria apenas de um segundo. Um milimétrico segundo e uma cadenciada lágrima, para ser um deus, recolhido no olhar gentil desse supremo mistério.

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@Lázaro Rios
(heterónimo, Paula Freire)

Paula Freire
- Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal.
Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas do Desenvolvimento Pessoal e do Autoconhecimento, bem como à prática de clínica privada.
Filha de gentes e terras alentejanas por parte materna e com o coração em Trás-os-Montes pelo elo matrimonial, desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, onde se descobre nas vivências sugeridas pelos olhares daqueles com quem se cruza nos caminhos da vida, e onde se arrisca a descobrir mistérios escondidos e silenciosas confissões. Um manancial de emoções e sentimentos tão humanos, que lhe foram permitindo colaborar em meios de comunicação da imprensa local com publicações de textos, crónicas e poesias.
O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021: Cultura sem Fronteiras (coletânea de literatura e artes) e Nunca é Tarde (poesia).
Prefaciadora do romance Amor Pecador, de Tchiza (Mar Morto Editora, Angola, 2021) e da obra poética Pedaços de Mim, de Reis Silva (Editora Imagem e Publicações, 2021).
Autora do livro de poesia Lírio: Flor-de-Lis (Editora Imagem e Publicações, 2022).
Em setembro de 2022, a convite da Casa da Beira Alta, realizou, na cidade do Porto, uma exposição de fotografia sob o título: "Um Outono no Feminino: de Amor e de Ser Mulher".
Atualmente, é colaboradora regular do blogue "Memórias... e outras coisas..."- Bragança e da Revista Vicejar (Brasil).
Há alguns anos, descobriu-se no seu amor pela arte da fotografia onde, de forma autodidata, aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza, sendo administradora da página de poesia e fotografia, Flor De Lyz.

Até breve…

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Naquele tempo ainda acreditava que o céu era ali bem perto, nas cercanias da serra de Nogueira, onde o firmamento se unia à terra numa comunhão mais que perfeita. 
 As nuvens brancas só podiam ser de açúcar, igualzinho ao que se vendia no nosso Soto, para deleite dos anjos que felizmente só comiam açúcar e coisas doces.
 A trovoada iluminava a noite e o trovão era a voz de Deus muito zangado pelos pecados medonhos de ter tirado um tostão da carteira da mãe, ou ter encetado, discretamente, a malga da marmelada.
 E a mãe sorria: 
 - Não tenhas medo meu filho é só a trovoada… passa logo… assim Santa Bárbara queira!
 - Mãe, eu não quero ir para o Inferno!
 O Inferno devia ser ali bem perto do poço de corda da nossa horta… fundo de meter medo!
 - Não vás para junto do poço… recomendava a mãe, com aquela sua cara muito séria… sem acrescentar mais nada…
 … devia ser por causa do inferno, pensava eu!
 Depois cresci mãe e o céu ficou cada vez mais longe, enquanto o inferno da humanidade ficou cada vez mais perto… bem mais perto que o poço da nossa horta, onde por milagre, nasceram nenúfares brancos.
 …olha mãe… envelheci quase tanto como tu… e tenho a idade do tempo em que ainda ias para as novenas da Senhora da Serra ouvir os sermões do missionário capuchinho… já não tenho medo à trovoada… as nuvens já são somente a água pura das nascentes… mas o céu continua a existir… e é o lugar onde tu estás em conversa amena com o meu pai, o teu neto e com os anjos!
 … porque sorriste?!
 Eu vi… e os teus olhos são as estrelas mais brilhantes da longa noite de Milhão!
 … até breve… estou a caminho!

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

Dois homens búlgaros agredidos com arma de fogo em Parada

 Dois homens, de 24 e 42 anos, de nacionalidade búlgara, foram agredidos, esta manhã, em Parada, no concelho de Bragança, com uma arma de fogo.

Segundo esclareceu o comandante dos bombeiros de Bragança, Carlos Martins “o mais novo foi transportado para o Hospital de Bragança, com ferimentos no membro superior e na cabeça”. “O outro não foi transportado por não ter ferimentos relevantes”.

No local estiveram cinco operacionais dos bombeiros, a VMER de Bragança e a GNR.

A Polícia Judiciária está a tomar conta do caso. A GNR adianta que o agressor ou agressores já foram identificados e remete esclarecimentos para mais tarde.

Escrito por Brigantia

Miranda do Douro: Conselho Geral apresentou propostas para a promoção do mirandês

 Na tarde do dia 27 de dezembro, realizou-se em Miranda do Douro, o primeiro Conselho Geral para a Língua Mirandesa, uma iniciativa do município que tem como objetivo definir um plano estratégico para a salvaguarda da língua, auscultando as várias entidades e personalidades que se dedicam ao estudo, preservação e divulgação do mirandês.


Na abertura deste primeiro encontro, que decorreu no miniauditório, a presidente do município de Miranda do Douro, Helena Barril desafiou os vários intervenientes – oMovimento Cultural da Terra de Miranda (MCTM), a FRAUGA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote, a Associação de língua e Cultura Mirandesas e a associação Galandum Galundaina – e outras personalidades a indicarem medidas concretas para revitalizar o mirandês.

“É o primeiro conselho geral dedicado à língua mirandesa e tem como objetivo escutarmo-nos uns aos outros, para assim definir um plano estratégico conjunto para a defesa e promoção do mirandês”, justificou.

Como exemplo de uma medida concreta para a promoção da cultura e língua mirandesas, a autarca de Miranda do Douro informou que estão e decorrer negociações entre o município e a empresa Cafés Delta, para divulgar a região através dos pacotes de açúcar, com imagens da região e mensagens escritas em mirandês.

Ao longo da tarde em Miranda do Douro foram abordadas várias dimensões afetas à língua mirandesa, como a atual situação do mirandês, o valor cultural e económico da língua, o ensino do mirandês no ensino superior, a comunicação em mirandês no quotidiano, entre outros âmbitos.

Sobre o atual estado do mirandês, foi invocado um estudo da Universidade de Vigo, que conclui que atualmente existem 3500 pessoas que conhecem e língua, mas apenas 1500 a falam regularmente. E esta realidade é ainda mais preocupante, perante o ininterrupto despovoamento das aldeias do concelho de Miranda do Douro.

O presidente da Associação da Língua e Cultura Mirandesas (ALCM), Alfredo Cameirão destacou que o mirandês é uma marca identitária da região, à semelhança da Capa d’Honras Mirandesa.

“Sem investimento, a língua não sobrevive e não se desenvolve. Atualmente, o número de professores de mirandês é insuficiente para a transmissão e ensino da língua”, alertou.

Por sua vez, o secretário da FRAUGA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote, o professor António Bárbolo Alves, sublinhou as bases científicas da língua mirandesa.

“O mirandês começou a ser estudado há mais de 100 anos. E esta língua é o corpo da cultura da Terra de Miranda, nas suas várias expressões, como são a música, as danças dos pauliteiros, os rituais de solstício de inverno, os ditos e dezideiros. Por isso, é determinante preservar a língua mirandesa”, explicou.

Paulo Meirinhos, dos Galandum Galundaina, falou da experiência do grupo musical, cujos concertos e trabalhos discográficos são cantados em mirandês.

“A nossa missão é cantar e recriar memórias em mirandês. E através da música conseguimos divulgar a língua a milhares de pessoas”, partilhou.

Em representação do Movimento Cultural da Terra de Miranda (MCMT), José Maria Pires, criticou a “falta de vontade política” para defender e promover a língua e relembrou o trabalho realizado por António Maria Mourinho, Júlio Meirinhos e Amadeu Ferreira.

“A língua e a cultura mirandesas são as principais atrações turísticas da Terra de Miranda. Por isso, felicito a iniciativa do município de Miranda do Douro em criar este conselho e assim juntar os intervenientes na preservação e divulgação deste valioso património cultural”, disse.

No âmbito da cultura, a diretora do Museu da Terra de Miranda, Celina Pinto, avançou que aquando da reabertura do remodelado museu, prevista para o primeiro trimestre deste ano, os funcionários do museu vão acolher os visitantes em língua mirandesa.

Também a pintora, Balbina Mendes, referiu que na inauguração das suas exposições faz questão de que a língua mirandesa seja ouvida, na declamação de poemas ou através da música.

Para assegurar a transmissão da língua, o historiador, António Rodrigues Mourinho sublinhou a importância da família na partilha deste legado linguístico aos mais novos.

Como forma de aproveitar o potencial turístico e económico da língua e cultura mirandesas, o presidente da FRAUGA, Jorge Lourenço, sugeriu a criação de um programa turístico “passaporte”, para convidar pessoas a conhecer a Terra de Miranda.

Para conferir mais notoriedade e qualidade aos setores da restauração e do comércio local, sublinhou-se a mais valia que seria o recurso e apresentação em língua mirandesa, no acolhimento ao público, nas ementas e nos produtos e serviços.

No âmbito do ensino da disciplina de Língua e Cultura Mirandesas, o diretor do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, o professor António Santos, indicou que atualmente 80% dos alunos frequentam a disciplina.

“Atualmente a disciplina de Língua e Cultura Mirandesa é opcional, mas seria de equacionar a obrigatoriedade desta disciplina no programa curricular”, avançou.

Nos momentos finais deste primeiro Conselho Geral para a Língua Mirandesa, o presidente d Assembleia Municipal de Miranda do Douro, Óscar Afonso, participou por videoconferência e criticou a inoperância do atual governo em atribuir os apoios financeiros prometidos para a criação do Instituto da Língua Mirandesa.

“Quando o IMI das barragens for pago ao município de Miranda do Douro, uma parte desse valor será destinado à defesa e promoção da língua”, adiantou.

Os trabalhos deste primeiro Conselho Geral para a Língua Mirandesa encerraram com uma síntese feita pela presidente do município de Miranda do Douro, que agradeceu a participação dos intervenientes e as propostas apresentadas para a definição do Plano Estratégico.

“Pelo que ouvimos ao longo desta tarde, a língua mirandesa precisa do envolvimento de todos, a começar pelas famílias que transmitem a língua aos mais novos, mas também pelas instituições, as associações, o agrupamento de escolas e também pelos vários setores de atividade, sobretudo os ligados ao turismo como o comércio, a hotelaria e a restauração. Com estas primeiras propostas vamos começar a elaborar o plano de ação para a promoção da língua”, sintetizou.

Helena Barril indicou que o segundo Conselho para a Língua Mirandesa, está agendado para o dia 27 de março de 2024.

HA