quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Festival de Teatro - Alfândega da Fé


Projeções Cinematográficas | Março 2019 | BRAGANÇA

ASAE emite comunicado sobre as apreensões de carne e enchidos impróprios para consumo

A ASAE emitiu um comunicado depois da presidente da câmara de Mirandela ter pedido a demissão do inspector-geral.
Em comunicado, a ASAE refere que as ações de fiscalização, foram “distintas e autónomas, dirigidas a dois operadores económicos ilegais, combatendo-se igualmente a economia paralela”

Ainda informou que no dia 4 de Fevereiro, fez uma fiscalização “a um entreposto frigorífico que fornecia diversos tipos de operadores económicos retalhistas, tais como estabelecimentos de restauração, supermercados, talhos, entre outros, tendo sido apreendidas 12 toneladas de produtos, das quais cerca de 6,5 toneladas impróprias para consumo de carne congelada e refrigerada. Foi ainda determinada a suspensão do entreposto por falta de licenciamento e incumprimento de requisitos de higiene”, diz o mesmo comunicado.

A ASAE referiu que no dia 20 de Fevereiro, foi feita uma fiscalização que resultou na apreensão de 0,5 toneladas de carne “sem rastreabilidade (frangos e enchidos)”, dos quais 0,3 toneladas encontravam-se impróprias para consumo (frangos congelados).

As acções de fiscalização permitiram a retirada do circuito comercial de géneros alimentícios impróprios para consumo, culminando ainda com a suspensão de dois estabelecimentos ilegais.

Sobre o pedido de demissão, não foi feita nenhuma referência. 

Escrito por Brigantia

O Auditório Municipal de Mirandela foi palco para o debate de ideias sobre o turismo

Envelhecimento do Nordeste Transmontano pode ser combatido com a imigração, defende Francisco George

O antigo diretor-geral de Saúde, Francisco George, defendeu em Torre de Moncorvo, no decurso do seminário: “Envelhecer no distrito de Bragança: Que Respostas?”, que as questão relacionadas como o envelhecimento do território do Nordeste Transmontano e do país, “não só de agora”.
“Tudo isto é um processo longo e gradual, do qual já se estava à espera, e que foi construído por nós próprios. Foram os governos, com as suas políticas sociais, com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) que deram contributos para vivermos e melhor e mais tempo”, concretizou o médico, especialista em saúde pública.
Segundo o especialista há cada vez mais indicies de envelhecimentos acentuados, e uma “fecundidade” baixa.

“As mulheres em idade fértil poderiam ter mais filhos. Em cada 10 mulheres [em idade fértil], nascem 13 crianças, quando o desejável, seriam no mínimo, 21 filhos, na maioria do sexo feminino, Este seria o número ideal para se continuar a assegurar a continuidade das gerações”, vincou o palestrante.

Francisco George garante que os políticos ou órgãos de soberania em Portugal sabem desta problemática, mas pouco está a ser feito, apesar de haver algumas soluções.

“A imigração poderia ser uma solução para resolver o problema demográfico do país. Isto é, para além de se estimular a natalidade, como fazem os países do norte da Europa, não podemos ter receito de receber imigrantes, como outros estados o fizeram. Podemos, incluir, sem nenhum receio, mais refugiados”, adiantou o médico.
Este seminário foi promovido pelo município de Torre de Moncorvo e pela GNR, juntou vários especialistas e autarcas, no decurso das comemorações do dia do Comando Territorial de Bragança, daquela força de segurança.

Por seu lado, o presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, frisou que o envelhecimento da população é um tema que preocupa os autarcas do país.
“Nós, cada vez mais, somos confrontados com os toque dos sinos das nossas vilas e aldeias, a anunciar mais um funeral e cada vez menos confrontados com o nascimento de uma criança. Para mantermos a população atual do país, precisamos da entrada de 50 mil imigrantes, todos os anos e durante mais de três décadas”, contabilizou o vice-presidente da CIM - Douro, Nuno Gonçalves.

Em jeito de conclusão, o também autarca de Torre de Moncorvo, disse que os territórios de baixa densidade, começam a pouco mais de 50 quilómetros do litoral.
“Este é um problema que tem de ser combatido. Não acredito que seja através de subsídios, mas de outras formas de apoio social ”, concluiu o autarca.

Francisco Pinto
in:mdb.pt

Previstas 175 largadas de parasitóide da vespa da galha do castanheiro no distrito em 2019

A Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) tem previstas 175 largadas do parasitóide da vespa da galha do castanheiro este ano no distrito de Bragança.
De acordo com a subdiretora daquele organismo, Paula Carvalho, em declarações exclusivas ao Mensageiro de Bragança, haverá 156 largadas em Vinhais e 19 no concelho de Bragança.
Em causa está um pequeno inseto que se alimenta de uma das pragas mais temidas pelos produtores de castanha, a vespa da galha do castanheiro, que em Itália chegou a fazer encolher a produção em 80 por cento.
“Já estão praticamente definidos os locais. É feito um trabalho muito intenso que envolve as organizações de produtores, os municípios, que têm sido inexcedíveis. Já temos praticamente todos definidos os locais onde vão ser feitas todas as largadas em 2019. Sabemos exatamente onde vamos atuar. Penso que são à volta dos 800 a nível nacional”, garantiu Paula Carvalho.

AGR
in:mdb.pt

(Re)Floresta Mirandela - O projeto tem como objetivo plantar 120 árvores em 120 minutos

Queremos Educação

Oh meu rico S. João

Homem, por Luís Borges
Ao meu espírito, como aos de toda a gente, dá-lhes às vezes para fazer ventolas no passeio dominical. Sentida a guinada, desvio-me, como não pode deixar de ser. Ainda bem, se o imprevisto é consolador. Ir à Serra da Estrela e parar no caminho para o comes-e-bebes. O sol a derreter o vale apinhalado como a um caçoilo de resina. Odores bravios. Deixei os amigos a devorar futebóis na TV e esgueirei-me por uma caleja ladeirenta, bem acompanhado por um reguinho de água. De onde conheço este velho cuja sombra de castanheiro solitário me interrompe? E ali se fez o diálogo com fundo de águas em torcicolos rumorejantes.

– Era aí nesse buraco. A cascata fazia-se aí. Fazia-a eu. Eu e os outros.

Reparei no vão de uma escada de pedra, que se prolongava debaixo de uma varanda de madeira já carcomida. A calceta era recente, mas o fraguedo teimoso aflorava junto aos pardieiros.

– E já não se faz porquê?

As mãos dele regressavam na prata dos olhos. Os tempos eram outros. Outros? – perguntou ironicamente um pardal que pousava uma velha nuvem no beiral do silêncio que nos rodeava. A ruinha – disse-me – era uma estrumeira, do cima ao fundo. O estrume é necessário – sorriu por dentro. Mas, antes do S. João, a gente varria a merdice e ia roçar umas carradas de mato. O chão ficava como novo. E trazíamos também ramos de árvores para a cascata. O buraco limpava-se muito limpinho. Até luzia antes da luz. E trazíamos ainda um molhinho de ervas – alfazema, poejo. belas-luzes e amargaças – e outro mais ancho de rosmaninho e alecrim, aí está, para a fogueira. Que não era aqui, é o eras, mas num terreiro acolá, mete-se por aquela canelha – disseram as mãos.

– E a fogueira já não se faz porquê?

O cacaréu do tempo a cair, a partir-se, e o azeite a subir às palavras, mais leve do que elas.

– Durante uns anos a fio era eu e mais dois, que já morreram. Íamos por essas casas e juntávamos uns tostões. Para o azeite, para as grisetas, e para o papel de seda das lamparinas. Luminárias coloridas que se suspendiam de arames esticados sobre a viela. O padre, já sabia, tinha de emprestar o S. João, olha se não emprestas. E à tardinha, depois de o sino deitar ao vento as ave-marias, rapazes e raparigas iam em farrancho animado buscá-lo ao altar.

“Oh meu rico S. João, / a tua capela cheira a cravo, / cheira a rosa, cheira à flor de laranjeira”. E também: “Ai orvalhadas, orvalhadas” , etc. “Ai repapoila, repapoila”, por aí fora.

Oh meu rico S. João, a tua capela cheira a cravo, cheira a rosa, cheira à flor de laranjeira.

– E os rapazes e raparigas já não vão porquê?

O velho levantou-se do poial. De onde conheço eu este homem, este espelho incrustrado no fundo da memória, à entrada de cada túnel?

– Aqui é onde era a cascata. Ao fundo e aos lados, está a ver?, ramos de árvores, quase só pinheiro, pinheiro com pinhas, pois. E vinha de lá uma rampinha aos degraus para que toda a gente pudesse ver o efeito, ora aí está. Ao alto, o S. João mais o seu cordeirinho, em cima dum penedo entre jarras de flores. E água a correr por uma calha de madeira, desde aquele canto até este: sumia-se na estrumeira e lá ia com Deus pela rua abaixo. Aqui, vê?, era costume prender um anho, que ficava muito bem, mas, quando lhe dava para berrar, cuidado lá com ele, tínhamos de o levar ao dono, aí está.

– E a cascata já não se faz porquê?

O ouriço do tempo a abrir-se. No buraco cabiam mais coisas, muitas, a lua, estrelas, sonhos, anjinhos gorduchos, até brinquedos e ovos para o leilão. E no larguinho, a meio da canelha, saltava-se à fogueira. Que rico cheirinho te botavam as ervas, amigo! Metia-se cá dentro. E dançava-se. Gente rapioqueira. “ Estas é que são nas saias, / estas saias é que são. / São dançadas e bailadas / na noite de S. João “. E, às tantas, quando a gente não contava, podia aparecer uma rusga com bombos e ferrinhos. “ Fui ao S. João a Braga, / de Braga fui ao Bonfim / e vi tudo embadeirado / com bandeiras de cetim./ E há-de ser, há-de ser e há-de ser: / as raparigas é que hão-de vencer. “ Ora queriam vencer as raparigas ora os rapazes, já se vê.

– Olhe, eu nunca fui a Braga nem ao Bonfim, por falta daquilo com que se
compram os melões, aí está. Mas lá é que o S. João deve ser uma festa de truz. Melhor do que aqui, muito melhor.

– Melhor porquê?

– Ora por que há-de ser? Dinheiro, dinheirinho…

A resina da tarde acendia-se nos gestos daquele homem que talhava os mistérios da vida, as nostalgias da vida. O sol reduzido ao bruxuleio duma lamparina.

– O balão, pois, ah, o balão só o fazíamos subir lá pràs tantas, meia-noite, que era prò pessoal não arredar pé, aí está.

Quando acabou o futebol televisivo, os meus amigos foram-me descobrir com o simpático ancião, a beber junto de um pipo e a comer broa com coelho do monte, sabor a carqueja. Ganhámos, pá, ganhámos – conclamaram, arrotando a uma cerveja maluca. Mandei-os bugiar.




António Cabral
antoniocabral.com.pt

Boletim Republicano do Distrito de Bragança – em defesa do regime republicano

Na sequência da célebre mas efémera Monarquia do Norte, os republicanos de Bragança, uma vez derrotados os monárquicos, decidiram, no dia 2 de março de 1919, em sessão presidida pelo Governador Civil, constituir uma Comissão Política de Propaganda Republicana que ajudasse o Governador a escolher os melhores cidadãos para os lugares de responsabilidade política da administração pública e levasse os ideais republicanos às escolas e a todos os setores da sociedade bragançana. Essa Comissão teve a sua primeira reunião no dia seguinte, onde decidiram criar um boletim de propaganda dos ideais republicanos, intitulado Boletim Republicano do Distrito de Bragança, que, entre outros objetivos, destinava-se a publicar, em números sucessivos, a história dos acontecimentos políticos ocorridos no Distrito durante os meses de janeiro e fevereiro de 1919, de maneira a que a tradição transmitisse o conhecimento dos factos que políticos e militares que aí tiveram lugar.
Apesar das suas boas intenções, a vida do Boletim Republicano foi curtíssima, só se conhecendo o seu primeiro número.
Primeiro e único exemplar do Boletim Republicano, de março de 1919

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

NAU CATRINETA


Lá vem a nau Catrineta
Que tem muito que contar.
Ouvi agora, senhores,
Uma história de pasmar.
Passava-se mais de ano e dia
Que iam na vetalta do mar.
Já não tinham que comer,
Já não tinham que manjar!
Deitaram solas de molho
Para o outro dia jantar.
Mas, a sola era tão rija,
Que não a puderam tragar.
Deitaram sortes à ventura
Qual se havia de matar.
Logo foi cair a sorte
No capitão-general.
- Sobe, sobe, marujinho,
Aquele mastro real.
Vê se vês terras de Espanha,
As praias de Portugal.
- Não vejo terras de Espanha
Nem praias de Portugal.
Vejo sete espadas nuas
Que estão para te matar.
- Acima, acima, gajeiro,
Acima ao topo real.
Olha se enxergas Espanha,
Areias de Portugal.
- Alvíssaras, capitão!
Meu capitão-general,
Já vejo terras de Espanha,
Areias de Portugal!
Mais enxergo três meninas,
Debaixo de um laranjal.
Uma sentada a coser,
Outra na roca a fiar.
A mais formosa de todas
Estava no meio a chorar.
- Todas três são minhas filhas.
Oh! Quem mas dera abraçar!
A mais formosa de todas
Contigo hei-de casar.
- A vossa filha não quero,
Que vos custou a criar.
- Dar-te-ei tanto dinheiro
Que o não possas contar.
- Não quero vosso dinheiro,
Pois vos custou a ganhar.
- Dou-te o meu cavalo branco
Que nunca houve outro igual.
- Guardai o vosso cavalo,
Que vos custou a ensinar.
- Dar-te-ei a Nau Catrineta
Para nela navegar.
- Não quero a Nau Catrineta
Que não a sei governar.
- Que queres tu, meu gajeiro.
Que alvíssaras te hei-de dar?
- Capitão, quero a tua alma
Para comigo a levar.
- Arrenego a ti, demónio,
Que me estavas a tentar.
A minha alma é só de Deus,
O corpo dou eu ao mar.
Tomou-o um anjo nos braços,
Não o deixou afogar.
Deu um estoiro o demónio.
Aclamaram vento e mar,
E à noite, a Nau Catrineta
Estava em terra a varar.

RECOLHA (1985) de Sebastião Agostinho Gonçalves, Gondesende – Bragança.

FICHA TÉCNICA:
Título: CANCIONEIRO TRANSMONTANO 2005
Autor do projecto: CHRYS CHRYSTELLO
Fotografia e design: LUÍS CANOTILHO
Pintura: HELENA CANOTILHO (capa e início dos capítulos)
Edição: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGANÇA
Recolha de textos 2005: EDUARDO ALVES E SANDRA ROCHA
Recolha de textos 1985: BELARMINO AUGUSTO AFONSO
Edição de 1985: DELEGAÇÃO DA JUNTA CENTRAL DAS CASAS DO POVO DE
BRAGANÇA, ELEUTÉRIO ALVES e NARCISO GOMES
Transcrição musical 1985: ALBERTO ANÍBAL FERREIRA
Iimpressão e acabamento: ROCHA ARTES GRÁFICAS, V. N. GAIA

Escola Superior Agrária de Bragança com projectos de cooperação agropecuárias com a Guiné-Bissau

A ESA do Instituto Politécnico de Bragança realizou ontem um seminário e exposição para mostrar a implementação de vários projectos que ajudam a melhorar a produção pecuária, na área da avicultura e caprinocultura.
A Escola Superior Agrária de Bragança tem em curso um conjunto de projectos que visam dar aconselhamento agrícola e formação na Guiné Bissau para melhorar a produção pecuária, na área da avicultura e caprinocultura, como destacou Hélder Quintas, professor na ESA.

“Aquilo que nós pretendemos e aquilo que nós fizemos foi dar aconselhamento agrícola, pecuário e formação de pessoas a nível local, para tendo em atenção as particularidades das regiões onde nós intervimos, aproveitar as matérias-primas locais para melhorar os sistemas de produção quer pecuários, quer agrícolas, permitindo também um melhor abastecimento alimentar, assim como a segurança, num paradigma diferente que nós conhecemos”, contou Hélder Quintas.

Os projectos foram ontem apresentados no semanário «Cooperação Agro-pecuária com a Guiné-Bissau: passado, presente e futuro», fruto do trabalho de cooperação entre a ESA, o Instituto Marquês de Valle Flôr, como frisou João Monteiro, desta fundação.

“Inicialmente com um projecto de produção da gado bovino, nas zonas de leste da Guiné-Bissau, concretamente na região de Gabu e aí apoiamos uma associação de criadores a melhorar o efectivo, resolvemos alguns problemas do acesso à água, no acesso à alimentação, mas também na formação de técnicos sanitários. Então nós tivemos oportunidade de lançar os primeiros paraveterinários na região de Gabu. E mais concretamente de 2015 até hoje, temos vindo a trabalhar com enfoque animais de ciclo curto, nomeadamente nas galinhas mas também nas cabras, na região de Cacheu. Aí também já criamos 21 paraveterinários, 6 dos quais já estão a trabalhar com a direcção geral de pecuária da Guiné-Bissau”, contou João Monteiro.

Outro parceiro é Banco Mundial que está a financiar o curso de cuidados veterinários a 16 alunos, 7 do sexo feminino e 9 masculino, com a duração de 2 anos, e no valor de meio milhão de euros. O IPB foi o seleccionado, como referiu Regina Spencer, coordenadora da unidade de gestão do Banco Mundial.

“Seleccionámos o IPB pela qualidade da formação que são ministradas e pela relação que existe já com o país. Entretanto, se todos tiverem um bom aproveitamento queremos que sigam Medicina Veterinária, com a formação de 16 jovens quadros. Porque neste momento, a Guiné-Bissau tem um défice muito grande de técnicos formados. Há quase vinte anos que não se forma um médico veterinário. Neste momento, dos que temos no activo são que 3 vão para reforma, ficando 2 no activo. O Banco Mundial decidiu financiar a formação destes jovens quadros”, contou Regina Spencer.

No final do seminário foi inaugurada uma exposição fotográfica com 15 retratos da autoria de Gustavo Lopes Pereira e Hélder Quintas, que mostram a execução dos projectos. Também foi apresentado o Manuel Prático de Formação de Paraveterinários- Criação de Pequeno ruminantes na Guiné-Bissau.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Maria João Canadas

Ministra da Saúde anuncia verba para as obras do bloco operatório do Hospital de Bragança

A Ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou ontem na Assembleia da República verbas para as obras de ampliação e de modernização do bloco operatório do Hospital de Bragança.
“E dizer que hoje de manhã o secretário de estado já autorizou o investimento esperado para o bloco operatório do Hospital de Bragança”, anunciou Marta Temido.

Esta foi a resposta a Adão Silva, deputado do PSD na Assembleia da República eleito pelo círculo eleitoral de Bragança, sobre a falta de dinheiro para a conclusão das obras do serviço de internamento do hospital de Bragança, obras que ficaram paradas há mais de dois anos.

“Ou então, deixe-me falar da minha terra, de Bragança. As condições do serviço de internamento do hospital de Bragança? Estão verdadeiramente a necessitar de obras. O senhor secretário de Estado sabe disso e as obras estão paradas por causa de 300 mil euros. Ou então o bloco cirúrgico de Bragança que nunca mais é construído, reconstruído ou ampliado, porque falta dinheiro que foi prometido? E já agora, olhando para o país em geral, dizer que faltam médicos e profissionais de saúde, em Portalegre, Leiria e também em Bragança. Quando é que encontram uma solução para termos médicos no interior do país, para que haja uma igualdade de oportunidade para todos os cidadãos”, questionou Adão Silva.

A remodelação das obras de ampliação e de modernização do bloco cirúrgico já tinha sido anunciada pela tutela, no início de 2017, com uma intervenção, destinada à criação de um novo bloco operatório e de um laboratório de análises clínicas na Unidade Hospitalar de Bragança. 

Escrito por Brigantia
Jornalista: Maria João Canadas

Empresários chineses interessados no potencial da albufeira do Azibo

Empresários chineses e portugueses mostraram-se hoje interessados no potencial da albufeira do Azibo, distrito de Bragança, para desenvolver relações económicas através da exportação de produtos agroalimentares e a importação de tecnologia, desenvolvendo assim um mecanismo de "economia circular".
A iniciativa partiu da Associação de Jovens Empresários Portugal-China (AJECP), que hoje trouxe uma delegação empresarial chinesa ao Nordeste Transmontano, para conhecerem o potencial da albufeira do Azibo, no concelho de Macedo de Cavaleiros, alargando o interesse ao concelho vizinho de Mirandela, num conceito que assenta na "economia circular" que poderá ser implementado naquele território.

Em declarações à Lusa, Alberto Carvalho Neto, representante da AJEPC, disse que a ideia passa por exportar produtos agroalimentares e pecuários originários de Trás-os-Montes para a China, via Macau, e trazer para Portugal tecnologia de ponta que permita criar na albufeira do Azibo, uma central fotovoltaica para alimentar um sistema de regadio para aumentar a produção agrícola no território.

"Os produtos mais procurados na China são: o azeite, amêndoa, castanha e carne de porco em carcaça (...) Sendo que a parte relacionada com o fumeiro e derivados serão para comercializar em Macau e Hong Kong", indicou o também empresário.

Segundo Alberto Carvalho Neto, nos últimos dias estiveram em Trás-os-Montes, empresários chineses representantes de empresas como NamKwong, DTR e Taizhou que se mostraram interessados nos produtos originários do Nordeste Transmontano, onde o potencial de exportação pode chegar aos quatro milhões de euros.

"Estas empresas já compram produtos agroalimentares em Portugal, que totalizam cerca de quatro milhões de euros e estão interessados em duplicar o investimento e garantir que terão mais oferta com quantidade estável em Trás-os-Montes ", frisou aquele responsável.

No entanto, os empresários chineses olham para a albufeira do Azibo para poder construir um parque fotovoltaico flutuante, que aumentaria a eficiência de um perímetro de rega e assim alimentar de forma económica o sistema de bombagem e distribuição.

"Com este tipo de regadio, as pequenas empresas vão poder aumentar a sua produção de forma mais económica já que há aguas disponível em albufeiras como a do Azibo, só que não está a ser utilizada corretamente", vincou à Lusa o presidente da AJECP.

Outros dos projetos, que os empresários chineses tem em mente para a área de Macedo de Cavaleiros e Mirandela e que hoje foram dados a conhecer, passa pala construção de centrais de compostagem que vão utilizar o resíduos sólidos da região para os transformar em fertilizantes dos terrenos agrícolas.

A valorização e aproveitamento para rega das águas residuais provenientes das Estações de Tratamento, será outra das apostas para haver uma produção contínua dos produtos agrícolas que interessam ao mercado chinês.

"Há vontade dos chineses em fazer parecerias com os produtores nacionais, dada a qualidade dos nossos produtos, a fim de terem uma produção continua, e não sazonal", salientou Carvalho Neto.

Confrontado, com a realidade ambiental da área protegida do Azibo, para implantação deste tipo de projeto, o presidente da AJECP, disse que é preciso estabelecer diálogo com o Ministério do Ambiente e com as autarquias para se poderem ultrapassar alguns entraves.

"Não trouxermos desenvolvimento para Trás-os-Montes, podemos ficar a olhar, no futuro, apenas para a paisagem", observou aquele responsável.

Na primeira semana de março, o representante da AJECP, adiantou que vão chegar a Portugal mais três delegações empresariais chinesas, sendo que algumas delas também vão passar pelo território transmontano.

Agência Lusa

Fotógrafo brigantino em luta por uma viagem à Antártida

Pedro Rego, fotógrafo brigantino que se especializou em imagens de natureza, está a participar num concurso internacional cujo primeiro prémio é uma viagem à Antártida. O fator decisivo são os votos do público através da internet. A votação termina esta quinta-feira, dia 28.

“É um concurso internacional, que possibilita três prémios, sendo o primeiro uma passagem para a Antártida num dos barcos de expedição da empresa [que organiza o concurso]. É promovido pela Oceanwide Expeditions, uma empresa especializada em expedições ao Ártico e Antártida. Estão a comemorar 25 anos de existência e fizeram o concurso”, explicou ao Mensageiro.

De acordo com Pedro Rego, “o grande objetivo obviamente é o primeiro lugar”. “Pois isso iria possibilitar-me o voltar à Antártida e terminar o Documentário que iniciei no ano passado. Nessa altura, nos últimos 10 dias de expedição fiquei muito doente e não consegui captar convenientemente imagens. Este concurso dava-me a hipótese de voltar e mais que isso, a viagem é mesmo para a zona onde estive doente, seria perfeito”, frisou.

O objetivo continua a ser demonstrar os efeitos do aquecimento global e dos ecossistemas em perigo, depois de já ter viajado ao Pólo Norte e à savana africana.

Depois de semanas na primeira posição, nos últimos dias foi ultrapassado por uma canadiana.

Para votar no fotógrafo brigantino basta clicar AQUI.

AGR
in:mdb.pt

Autarca de Macedo e presidente da ACISMC preocupados com segurança da Zona Industrial de Macedo

Depois da onda de assaltos que causou prejuízos na noite da passada terça-feira em sete empresas instaladas na Zona Industrial de Macedo de Cavaleiros, Benjamim Rodrigues, autarca macedense, mostrou-se preocupado com a situação e adiantou que estão a ponderar instalar um condomínio para reforçar a segurança daquele local:
“Da nossa parte existe uma preocupação que tínhamos já discutido, temos previsto um agendamento com os empresários, de forma a que possamos discutir a possibilidade de instalar um condomínio que acautele a segurança de toda a zona industrial.

Isso será uma primeira medida com a qual queremos avançar, tendo em conta a preocupação que tem sido manifestada para com esta situação.”

Preocupado mostrou-se também Paulo Moreira, presidente da Associação Comercial e Industrial de Serviços de Macedo, que também partilha da mesma opinião e, por isso, adiantou que vai pedir uma reunião com a autarquia:

“É uma situação que se repete ao longo de alguns tempos.

Uma das preocupações da nossa direção é arranjar uma forma de resolver algumas situações com os nossos sócios e com toda a indústria que está inserida naquela área.

Temos previsto marcar uma reunião com o presidente da câmara para esclarecer e apresentar as nossas ideias, de forma a que se corrijam muitos problemas e situações desagradáveis que têm vindo a ocorrer ao longo destes anos.

Os proprietários dos armazéns e das indústrias que estão lá instaladas têm que ter noção de que existe uma comissão ou segurança, que neste caso poderia surgir com a criação de um condomínio para gerir toda aquela área.”

As preocupações de Benjamim Rodrigues e Paulo Moreira sobre a segurança da Zona Industrial de Macedo de Cavaleiros que já tinha sido alvo de discussão em 2016 depois de uma onda de assaltos que prejudicou cinco empresas.

Escrito por ONDA LIVRE

Presidente de Mirandela pede demissão do inspector-geral da ASAE

Júlia Rodrigues convocou os jornalistas para uma conferência de imprensa, para manifestar a sua indignação com uma conduta que classifica de “irresponsável” da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, ao comunicar informação incorrecta, que deixa no ar suspeitas sobre o setor da alheira, causando enormes prejuízos às empresas e cozinhas regionais que produzem o enchido ex-libris de Mirandela.
A autarca já tinha manifestado alguma insatisfação com a atuação da ASAE, no último natal, quando uma inspeção da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica decidiu suspender duas linhas de abate do matadouro do Cachão, precisamente na altura em que há mais abates e quando as obras no edifício, estavam agendadas para o mês seguinte.

Mas, a gota de água que fez transbordar o copo foi o recente comunicado da ASAE a dar conta da apreensão de 12,5 toneladas de produtos cárneos e seus derivados, com um dos locais a ser identificado como uma indústria de enchidos.

Júlia Rodrigues diz que se trata de uma comunicação leviana deixando no ar suspeitas infundadas sobre o setor da alheira:

“Quando falamos de uma indústria de enchidos, não nos estamos a referir a um local ilegal de produção. Uma indústria é uma empresa, uma fábrica que transforma produtos, enquanto que ao falar de uma cozinha ilegal estamos a referir-nos a outra dimensão com impacto diferente na notícia.

O que se quis fazer foi dar um impacto alarmista de duas ações que nada têm a ver uma com a outra, até porque uma foi no início do mês e a outra agora no final, e as duas juntas é que tinham o impacto das 12,5 toneladas e um prejuízo de 34 mil euros. Carne não tem nada a ver com enchidos e industria não tem nada a ver com o local ilegal de produção. Estou em crer que não será, certamente, um problema na região, a ASAE é que o está a criar onde não existe.

Nós estamos aqui para defender e para estar ao lado dos produtores e dizer à ASAE que tem de ter atenção às fileiras estratégicas.

Não têm de criar notícias alarmistas que põe em causa os setores de atividade que são fundamentais para o desenvolvimento e para a coesão territorial.”

Neste tipo de situações, Júlia Rodrigues entende que a ASAE não devia optar por comunicados políticos, mas antes prestar informações técnicas fidedignas

“Nestas situações, a ASAE deveria encerrar o estabelecimento e não fazer disso um comunicado político, o que não lhe compete fazer, mas sim prestar informações técnicas fidedignas, com a qualidade e os números adequados de quem presta um serviço público muito meritório, mas também muito responsável para todos os portugueses.”

A presidente do Município de Mirandela também estranha que esta ação tenha sido divulgada a uma semana da feira da alheira.

“Já é uma investigação de meses, segundo eles próprios dizem, e vem agora dizer isto às portas de uma feira que tem impacto na região e é, com toda a certeza, uma das maiores feiras gastronómicas da zona que atrai visitantes.

Não está em causa a qualidade dos produtos de Mirandela, mas sim a forma irresponsável como a ASAE coloca os produtos e os enchidos da região, que põe em causa o mercado que ,muitas vezes, é conseguido à custa de muito trabalho, investimento e postos de trabalho.”

A autarca recorda ainda outro episódio protagonizado pela ASAE, quando, em 2015, um caso de botulismo alimentar, que se confinou a uma empresa de Bragança, causou danos colaterais assinaláveis no setor da alheira, devido a falhas na comunicação da operação da ASAE.

Perante estes casos, Júlia Rodrigues sugere a demissão do inspetor-geral da ASAE

“Exigimos uma explicação do senhor inspetor geral da ASAE, ao mesmo tempo que, por condutas irresponsáveis que lesam a economia da região e do país, consideramos que é inadmissível esta irresponsabilidade. Por isso, pedimos a sua demissão, um vez que consideramos que uma autoridade de segurança alimentar e económica deve proteger os consumidores em vez de criar alarmismos.”

Júlia Rodrigues termina dizendo que estes casos estão a prejudicar uma fileira que representa um volume de negócios superior a 30 milhões de euros anuais, resultante das empresas produtoras, cozinhas regionais e lojas de vendas, que empregam cerca de 700 pessoas.

INFORMAÇÃO CIR (Terra Quente FM)

Alegada rede de tráfico de droga na cadeia de Izeda vai a julgamento

O tribunal de Bragança decidiu levar a julgamento 22 arguidos por tráfico de droga na cadeia de Izeda.
A alegada rede, que incluía alguns reclusos, é acusada de introduzir droga naquele estabelecimento prisional do concelho de Bragança.

O Ministério Público considera que houve indícios de que de finais de 2015 a outubro de 2017, quatro arguidos, à data reclusos da cadeia de Izeda, “organizaram uma estrutura humana e logística, de que faziam parte outros reclusos e familiares”.

O objectivo era adquirir cannabis, heroína e cocaína no exterior, e introduzir esta droga no estabelecimento prisional para a comercializar.

Segundo o Ministério Público, o produto entrava no estabelecimento prisional por ocasião das visitas, levado por arguidas familiares dos reclusos ou com a colaboração de um arguido que desempenhava funções num balcão exterior ao estabelecimento prisional.

Os reclusos recebiam os pagamentos pelas vendas das drogas no interior da cadeia em contas bancárias tituladas por outras pessoas, seis delas arguidas no processo.

Os arguidos respondem por crimes de associação criminosa, tráfico, branqueamento de capitais e outras actividades ilícitas agravadas.

Dos 22 arguidos, três encontram-se em prisão preventiva e seis em obrigação de permanência na habitação.

INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)

"Macedo de Cavaleiros - Na Rota do villar Esquecido"

Cousas de l’Antruido

Por: António Preto Torrão
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Parque de Merendas e Praia Fluvial de Angueira
Bede bien cumo éran las cousas de la bida de las pessonas d’antigamente. D’algũas dessas cousas inda me lhembra bien, mas hai outras que, se bos las stou eiqui a cuontar, ye porque Eimílio Pero, miu armano, i ls mius amigos Zé Luís Quinteiro, anfermeiro, i Sarafin Afonso, porsor i anspetor de l’Eiducaçon, me las lhembrórun. A todos trés, tengo que les agradecer. Oubrigado tamien a Delaide Monteiro, porsora, scritora i pintora, mie amiga i, cumoquiera, tamien mie prima, pula sugestion que me dou.

Agora que l’Antruido stá quaije a bater-mos la puorta, bamos, anton, a un eipisódio que, pul meio de l seclo passado i segundo se dezie an Angueira, se tenerá passado cula rapaziada dun pobo bezino i de las Tierras de Miranda.

Antes de mais, tengo que bos dezir que, seguindo ũa tradiçon que serie tamien doutras poboaçones de l Praino, era questume la rapaziada d’Angueira fazer ls casamentos de las moças i de ls moços. Solo que, an beç de ser pul solestício de l’ambierno, cumo, pul menos, an Bilasseco, Zenízio i na Speciosa, an Angueira era mais tarde, un cachico antes de l eiquinócio de la primabera ou seia, ne l die de Antruido, inda que a la nuitica, apuis de todo mundo cenar. Cumoquiera, serie por ser Antruido que casában tamien ls bielhos i las bielhas que stában inda solteiros ou éran yá biúdos. Ye que, nun querendo que naide stubisse solico i a apanhar friu nas nuites mais frescas, tratában lhougo de l’amanhar cumpanha.

Anton, a la nuitica, cun dous ambudes amprestados puls taberneiros – un pul tiu Cerejas i outro pul tiu Morais –, quatro rapazes, dous de cada lhado de la poboaçon, uns ne l alto de ls Penhones, nas Eiras Grandes, porriba de la frauga de l tiu Crespo, birados caras a poniente i pa l pobo, i outros tantos de l outro lhado, ne l alto de la Çança, por trás de la casa de la tie Marta i de tiu Antonho Joanilha, antre l cabeço de las Eiricas i l’alto de l Múrio, a bários cientos de metros, birados caras a naciente i pa la poboaçon, ampeçában la cerimónia de ls casamentos. Antre uns i outros i ls dous cabeços, queda l pobo, adonde staba la giente, subretodo la mocidade, d’oubido a la scuita pa ls oubir. Ye que, assi, al menos, las moças i ls moços ganhában dreito a dar un abracico ne l bailo que, lhougo a seguir, fazien ne l Ronso.

A nun ser que als casamenteiros les disse, pori, pa fazer algũa perrice… Podeis crer que, cumo quaije todos ls anhos acuntecie, Zé Zuco era l moço mais afertunado. Ye que, an quaije todos ls antruidos, le tocaba ũa daqueilhas moças mais pimponaças i todas chenas de proua an casamento. Eimaginai bós cumo nun quedarie ũa moça dessas al scuitar que la stában a casar cu’el! Claro que yá naide la berie ne l bailo dessa nuite!

Mas la maior graça era quando, apuis de, un a un, tenéren casado las moças i ls moços todos, ampeçában a casar tamien ls mocicos que, pula purmeira beç, tenien ido a la machorra i alguns bielhos i bielhas. Anton, cul ambude na boca, pa ser oubido pul que staba ne l alto de la Çanca, un de ls moços de ls que stában ne ls Penhones ampeçaba a boziar:

– A quien casaremos, agora?

I, lhougo a seguir, respundie-le l que staba ne l alto de la Çanca:

– Agora…, agora…, casaremos a tiu Joan Mantano!

I, preguntaba, anton, l de ls Penhones:

– I cun quien há de ser?

I respundie-le l de la Çanca:

– Há de ser…, há de ser…, cula tie Adozinda Cacaitas!

Tratában tamien de l dote que les íban a dar. Si, que yá bedes que, cumo an todos ls casamentos de la bida rial, tamien eilhes habien de tener dreito a ũa ajudica pa l ampercípio de bida an quemun i pa que la cousa les corrisse de-lei.

Anton, l de l outro lhado, preguntaba al que staba ne ls Penhones:

– I que ye que l’habemos de dar de dote?

Claro que l dote daba pa la risota… Se eimaginarmos qu’inda, hoije, se mantenie essa tradiçon, l’outro cumoquiera le respunderie:

– Daremos-le…, daremos-le…, ũa caixa de cumprimidos azules pa les ajudar un cachico na funçon.

Mas, s’adrega, tamien poderie ser ũa cousa çfrente l que l de la Çanca le darie de dote: un bídeo daqueilhes mais atrebidotes pa l’ajudar a poner l motor d’arranque a funcionar.

Claro que, quando casában ũa mocica i un mocico, l dote que les dában era bien çfrente:

– Daremos-le…, daremos-le…, ũa cabrica que dé bien lheite pa les ajudar a criar!

Mas nun cuideis que ls casamentos de bielhas i bielhos solo se fazien an Angueira. Para berdes cumo era tamien noutros lhugares, bou-bos a cuontar um eipisódio que se passou nun pobo bezino i que, era you era inda garotico, oubi cuontar a pessonas d’Angueira.

Habie ũa bielha, yá biúda, i un bielho, inda solteiro, de que toda la giente, mas, subretodo, la rapaziada, andaba çcunfiada de que, yá algun tiempo, andarien achegadicos. Nun sei s’era mesmo assi, mas, pul menos, parecie q’ambos a dous nun serien bien acabados de todo. Mas, cierto cierto era q’andában mesmo chochicos un pul outro. Bien sabeis cumo son estas cousas quando dan de bielhos! Ye que parece mesmo que ténen que se çforrar i aporbeitar bien l tiempo que perdírun anquanto nuobos.

I nun ye que, apuis de l Antruido, nũa missa de deimingo, ne l final de la prédica, l cura se bota a ler ls banhos de l casamento de ls dous?! Assi, nun habie mais dúbidas: ls bielhos andában de namoro bien animado i, pul que todo mundo oubiu na eigreija i comentou apuis ne l sagrado, íban mesmo a casar-se.

Mas, cumo ambos a dous tenien, pul menos, setenta anhos yá bien ampregues, la rapaziada dubidaba qu’eilhes inda tenerien subreciente deboçon i curaige i que fússen mesmo inda capazes de çfrunchar.

Mas, nestas, cumo noutras cousas parecidas cu’estas, nun hai cumo tirar dúbidas!…

Mirai bós, anton, solo pa l que l’habie de dar a la rapaziada. Ne l die de l casamento, pul final de la tarde, yá de primabera, cumbinórun todos l qu’irien a fazer, a la nuitica, pa tirar las dúbidas de toda la giente. Yá lhuç que fusque i apuis de cenáren, ajuntórun-se todos outra beç na fuonte de l meio de l pobo i, mui calhadicos, botórun-se anté la casa deilha, adonde ls noibos starien yá a porparar-se pa se deitar. Si, que, nestes dies, cumo toda la outras giente, tamien eilhes starien morticos por ir pa la cama. Anton ls rapazes acercórun-se i acoquelhórun-se todos arrimados a la parede de la casa, a çcuitar i a spreitar pulas rachas i por baixo de la puorta, qu’era daqueilhas de calças arregaçadas an relaçon a la soleira.

Un de ls moços mais atrebido dá-le na belharaça i toca de chubir pa riba dũa piedra pa chegar al jinelo. Cumo l postigo staba antriçado na piedra, nun abrie nin cerraba bien. Assi, nisquiera podie poner-se a tentar abri-lo. Anton, cun cachico de sforço i jeito, inda que cun deficuldade, alhá cunsigue meter la cabeça. Cu’eilla antre l postigo i l tranqueiro i cula oureilha squierda metida pul lhadode drento, pon-se a spreitar i a çcuitá-los…

Pa lhá de la preça de casa, stában, ls noibos inda a la ruoda de l lhume a calecer las manos. Deilhi a cachico, el apaga l lhume, eilha pega na candeia i ban-se lhougo a deitar. Cumoquiera, anton, birando-se un pa l outro, s’adrega cada un deilhes pon-se a pensar cumo dezien ls outros:

– Bamos a la cama;

– Bamos a drumir.

– You lhiebo la manta;

– You lhiebo l candil.

I, mesmo sin tirar la roupa toda, bótan-se ambos a dous na cama. Yá debaixo de las mantas, bai l’home pon-se a assoprar i apaga la candeia. Sin nada pa les almiar nin qualquiera lhuç drento de casa, l rapaç, nun podendo cuntinar a spreitá-los, pon-se a çcuitar l qu’eilhes starien a dezir i a fazer. Deilhi a cachico, oube la bielha, toda antusiasmada, cũa gana inda maior qu’ũa moça nuoba, a dezir pa l sou home, anquanto zanferrujában la cousa:

– Dá-le… dá-le… dá-le, Zé!… que yá ten la cabeça drento!…

Eimaginai bós, quando la oubiu dezir isso, solo l que nun tenerá cuidado l rapaç que staba inda cula cabeça ne l postigo. Cumoquiera, passando-le pula eideia que la única cabeça que staba antriçada ne l buraco serie la del, cunfundindo l culo culas calças, cuidou que serie mais q’ũa amanaça. Inda para mais, q’oubie tamien l rugido de las botas de ls outros moços que, a correr pula rua abaixo, tenien scapado a fugir deilhi!

Todo cumbencido de que la cabeça de qu’eilha starie a falar era la del, l mais delgeiro que puodo i sin s’aporcatar, saca la cabeça de l jinelico i bota-se tamien el a fugir deilhi. A modos que, roçando cula oureilha ne l postigo, quaije quedaba sin eilha.

Solo mais tarde i yá loinje deilhi, ye que, passando la mano pula cabeça, se dá de cunta que staba a botar sangre de l’oureilha. Sangrando cumo sangraba, quaije parecie que quien habie perdido la bergindade era el. Si, que mal serie que fusse la de la tie! Adonde eilha starie!…

La Sobrana

Fui nun die uito de maio de l final de ls anhos quarenta de l seclo passado, inda you nin era nacido. Purmanhana, l tiu Zé Luís Pero, sou cunhado, l tiu Joquin Quintanilha, coincido tamien por Faquito, i l tiu Joan Prieto, mais coincido por Mantano, bezino daquel, bótan-se a camino de Malhadas pa, todos juntos, íren a la feira. Si, que niun deilhes era de ls que, cumo, bien anhos apuis, dirie Lázaro Chic’Albino, s’alhebantaba al rumper de las dues de la tarde.

Tiu Faquito, un de ls homes de l meio de la scaleirica de ls Quintanilhas, era l mais pequeinho de todos eilhes. Buonos dançadores, quando nuobos, bários deilhes, cumo tamien tiu Zé Luís Pero i outros moços, fazien parte de ls pauliteiros d’Angueira. Mui çpachado, tiu Joquin era tan turbulento, pándego i trabiesso q’habie mesmo quien dezisse que tenerá sido debido a la ronha que nun medrou mais. Morando pula parte de baixo i apegado a la eigreija, al sagrado i al semitério, mesmo al fondo i a la salida de l pobo caras Caçareilhos, nin assi habie modo de deixar de ser cumo era. Pa lhá dũa buiada de dues juntas de bacas, tenie tamien, nesse tiempo, ũa yeuga branca. An riba deilha, podie i questumaba falar d’alto pa quien fur que seia.

Tiu Mantano, que, cumoquiera, serie l’home mais alto i fuorte de la família de ls Prietos, moraba ne l cimo de l pobo, mesmo a la frente de la casa de la scola. Tenie muita proua i mesmo algũa sobérbia cula sue buiada, mas, subretodo, cul sou bui. Anté admira cumo se cuntentaba cula sue burrica ruça qu’era mui pequeinha.

Nun sendo mui alto nin mui fuorte, tiu Zé Luís Pero era de média statura. Moraba ne l cimo de l pobo, mesmo porriba de la casa de la scola, na salida d’Angueira caras a Abelhanoso. Home ponderado, mas pándego, quaije perdido por las cartas, nun deixaba passar ũa tarde de deimingo sin jogar ũas cartadas de sueca ou de chincalhon culs sous amigos na taberna. Quando inda solteiro, era tamien danhado pa las moças. Tamien el tenie dues juntas de bacas na sue buiada i ũa burra castanha, mansa i grande que nin ũa mula.

Tiu Faquito na sue yeuga branca, tiu Mantano i tiu Zé Luís Pero, cada qual montado na sue burra, alhá íban eilhes, ls trés trintones. La burrica ruça era tan pequeinha que tiu Mantano, an riba deilha, quaije arrastraba ls pies pul chano. Cumo la grandura de las trés bestas era al cuntrairo de la de ls duonhos, an riba deilhas, tiu Faquito parecie ser l maior i tiu Mantano l mais pequeinho; solo tiu Zé Luís Pero ye que cuntinaba a ser l de l meio. Assi i todo, nun fusse ser fuora de tiempo i nun íren a ber l Nino nel presepe, quien les bisse al loinje dirie que parecien ls Trés Reis Magos.

Deixando pa trás San Sabastian, la Senhora, Cabeço Molhon, ls Milanos, Lhadron, Ourrieta Morena i Cabeça Gorda, ls sítios de l termo de Angueira por donde passórun, nistantico, se ponírun na Tapada de l Coto, yá de l termo de la Speciosa. Antes de chegáren al termo de Malhadas, tubírun inda que passar pul Salinar, ne l termo de Zenízio.

Inda nun staba calor, mas tamien yá nun fazie friu. Fusse cumo fusse, las bestas ye que nun chegórun cun friu niun.

Claro que, pul camino, la burrica de l tiu Mantano, cul peso del, solo a muito custo, fui abantando la yeuga de l tiu Joquin i la burra de l tiu Zé Luís. Assi i todo, i cumo, dessa beç, niun deilhes lhebaba qualquiera cria a la feira, dues horas apuis de salíren d’Angueira, stában yá eilhes ne l campo de la feira, que queda a la squierda i un cachico antes de l Posto de Malhadas.

Sendo cada qual cumo era, eimagino l que, pul camino i tamien por bias de la burra, l tiu Faquito nun tenerá dado cabo de l juízo a tiu Mantano.

Apuis d’atáren l’arreata de las bestas als trampos dũa touça de carbalhos ou a un frezno, deixando-las eilhi a selombra, alhá ban eilhes a la sue bida. Chegados al Toural, tiu Mantano bai pa las tiendas, l sítio adonde questumában andar mais las ties, a precurar un sapateiro pa le cumprar ũas botas nuobas i de bezerro. Anquanto isso, tiu Zé Luís Pero i tiu Faquito quédan a ber la cria. Ye que l tiu Zé Luís fui a la feira cul fito d’ancuntrar ũa sobrana buona pa la cumprar.

Al passar junto dũa baca i dũa bitela, ambas bien guapas, pónen-se, anton, ls dous a oulhar pa la sobrana. Por trás deilhas, de pie, na borda, ancostado a la parede dũa cortina de la lhadeira, i a tener cunta deilhas, staba l duonho, un home inda nuobo. Mesmo al lhado del, la sue tie, que, pa lhá de guapa, daba aires de ser inda mais nuoba qu’el, staba assentada nũa piedra, mesmo a la frente deilhes, toda scuidada, çtraída i a oulhar caras a las tiendas. De piernas abiertas, toda arreganhada i culas calcicas cun que bino al mundo – que de las outras, cumoquiera s’habie squecido deilhas an casa – parecie mesmo que la paixarica ne l sou nial staba a assomar-se a eilhes.

Oulhando un pa l outro cũa risica na boca, mas çfraçando cumo se nun la tubíssun bido naquel donaire, pássan, anton, mesmo a la frente deilha. Sin dar nas bistas i fingindo q’oulhában pa la cria, mas botando ls uolhos de sgueilha pa drento de la saia, fúrun apreciando l spetaclo.

Nun cunseguindo cuntener-se, diç, anton, tiu Faquito:

– Mas que buona sobrana, Zé Luís! Yá biste que guapa cabeleira ten?

Claro que tiu Zé Luís Pero, que, çcuidado nestas cousas, nun era nada, habituado a andar als nials i a caçar páixaras an muitas bordas, tamien yá tenie bisto todo.

– Dá aires de ser d’Anfanç, Joquin.

– Oulha que me parece que yá la bie na Pruoba, Zé Luís.

– D’Anfainç, de la Pruoba ou donquiera que seia, la berdade ye que nun ye nada desaires, Joquin!

– Carai! Tenemos qu’ir a chamar a Mantano pa que tamien el la benga a ber!

I ambos a dous ban pa l lhado de las tiendas a tener cul tiu Mantano. Diç-le, anton, l tiu Zé Luís:

– Ben eilhi cun nós, Joan! Ye que, ne l outro lhado de l Toural, bimos ũa bitela mui guapa!

– Carai!… I que buona cabeleira que ten la sobrana!… – diç tiu Faquito.

Claro que tiu Mantano lhougo aceitou l cumbite:

– Pois bamos lá, atão. Bem sabeis como gosto de ver uma boa sobrana!

Coincendo-le de jingeira i porque nun querie que l’home deilha la mandasse, pori, cerrar las piernas i, assi, eilha amouchasse la páixara, diç tiu Zé Luís pa tiu Mantano:

– Mas tenes que çfraçar bien, Joan! Oulha solo de relhance i sin dar nas bistas! Nun bá, pori, l’home dar-se de cunta que stamos d’uolho neilha.

I, alhá tórnan, anton, todos trés pa l outro lhado de l Toural.

Mal chegórun, al ber aquel spetaclo, ye que tiu Mantano percebiu de que sobrana stában eilhes a falar. Ponendo-se, anton, a mirá-la, quedou culs uolhos bidrados naquel rialeijo. I, inda porriba, stanca i pranta-se mesmo na frente de la duonha del. Quien le bisse dirie que staba antolhado i quaije mesmo augado. Tanto que nun habie modo del tirar ls uolhos deilha.

Bendo l que se staba a passar, l’home, todo çcunfiado, dá un safanon na tie. Nun sfregante, bai eilha alhebanta-se…

Anton, bendo la cousa assi, tan mal parada, i nun fússun, pori, amar algũa zaragata, mas nun se dando por achado, bai tiu Zé Luís pega tiu Mantano pul braço, puxa por el i diç-le:

– Ala, bamos, que se mos fai tarde, Joan!

I, assi, alhá, cunseguiu tirá-lo deilhi!

Yá mais a la frente, bira-se, anton, para el i diç-le:

– Ah Joan, you nun te dixe pa oulhares solo de relhance? Bien feita! Quien te manda ser tan guloso? Parece que nunca tenies bido un bicho daqueilhes! Oulha, agora, chupa ne l dedo, que yá nun bés mais nada! L que cunseguiste fui cumo s’eilha, birando-te las cuostas, te dezisse: Pon-te eiqui que hás de ber l castilho d’Outeiro!…

Claro que, nesse tiempo, bondada ber un cachico de pierna dũa tie qu’era yá ũa fiesta. Eimaginai bós, agora, l que nun serie ber la páixara ne l nial, aquel spetaclo todo! I, inda porriba, de graça!

I diç-le inda tiu Faquito:

– Ah Joan, nun fússemos nós, dous homes fuortes i balientes, inda t’assujeitabas, pori, a lhebar uns safanones! Bá lá que nun deste cun home mui brabo!…

A seguir a isso, dan ũa buolta pul Toural pa ber la cria. Yá pul final de la manhana, bótan-se todos trés anté la taberna – nun sei se serie la de la tie Gabriela ou la de la tie Ginja – pa quemer un muordo, cumoquiera la posta.

Ne l ampercípio de la tarde, l tiu Zé Luís Pero alhá trata daquilo que, desta beç, le tenie lhebado a ir a Malhadas. Algũas outras bezes era pa chegar ũa baca touronda al Bentuzelo ou al Augas Bibas, dous de ls mais guapos buis de l Posto i que, segundo el dezie, éran de ls que raçában melhor. Mas, desta beç, fui mesmo a la feira para ber s’ancuntraba ũa sobrana buona, pa la cumprar. I, tenendo bido ũa, justou-la a un home de Malhadas. Ye que, cumo el questumaba dezir, las bacas de Malhadas ráçan mui bien!

Nun sei se por bias de l nome de la taberneira, dou-le tamien l nome de Ginja a essa sobrana. Nun s’arrependindo nada de l’haber cumprado, la Ginja fizo parte de la sue buiada por mais de binte anhos. Ye que, pa lhá de nun se negar ne l trabalho i de spierta, era ũa baca que, tenendo grande amoije, daba bien lheite i, raçando bien, criaba tamien mui buonos bitelos. Claro que tenie que quedar cula raça deilha: ũa filha, la Laranja, qu’inda sobrana, sacou un prémio an Malhadas.

Este eipisódio fai-me lhembrar outro an que, ne ls anhos oitenta de l seclo passado, stubo ambolbido un angenheiro de l’eiletrecidade, armano dun miu amigo.

Nũa tarde de maio q’houbo ũa troniada miu fuorte, un relhistro caiu nun posto de la lhuç i zligou l’eiletrecidade. Tocou-le, anton, a Ourlando i a la sue eiquipa d’eiletrecistas tener qu’ir pa la tornar a ligar. Mas chubie tanto que se molhórun todos.

A la nuite, Ourlando chegou a casa molhado que nin un pito. Antes de se botar a cenar, mete-se ne l quarto i ampeça a tirar la roupa pa se mudar. Anquanto sacaba i le daba roupa seca, la mulhier, ponendo-se a oulhar para el i nun bendo las ciroulas ne l chano, pregunta-le eilha toda spantada:

– E as cuecas, Orlando?!

Anton, oulhando pa l fondo de la barriga i bendo ls porparos an que staba, respunde-le el:

– Oh!… perdia-as!…

Ũa Tora

Yá que stamos por Malhadas, bou-bos a cuontar outros eipisódios que, segundo me dezírun, se tenerán passado puls anhos sessenta de l seclo passado.

Un rapaç de la Speciosa, que, por nun parecer bien acabado de todo, las pessonas cuidában ser simprico, nũa manhana de l’ampercípio de setiembre, bota-se, solico i a pie, a camino de Miranda.

Iba yá ne l meio de la poboaçon de Malhadas quando passa por el, d’automoble, un guarda de Samartino.

Anton, oulhando pula jinela i bendo quien era, pergunta-le el:

– Q’andas por eiqui a fazer, Fonso?

– Pus bou-me anté Miranda!

– Anton, chube-te eiqui, home! Que you tamien bou alhá i te dou boleia.

I alhá fui el todo repimpado anté Miranda.

Passados uns dies, Fonso bota-se anté la feira de l Arraial ne l Naso. Ne l die a seguir, bendo-lo alhá, na Speciosa, todo croco culs sous ócalos, mui bien pendado i porparado pa se botar anté l’arraial de la fiesta de l Naso, un rapaç diç-le:

– Ah Fonso, tens uns ócalos mui guapos!

– Pus si!… Bien denheiro me custórun!…

– Nun me digas, home!… Anton, quanto ye que deste por eilhes?

– Oulha, pedírun-me quatro malreis. Mas you tanto regateei, tanto regateei, que alhá ls saquei por cinco!…

Claro que la cumbersa nun quedou por eiqui. Anton, deilhi a cachico, diç Fonso pa l outro rapaç:

– Sabes, trasdontonte, botei-me anté Miranda. Ah tu, sabes ũa cousa? De Malhadas a Miranda, ye tan pertico, tan pertico!… Oulha, ye mesmo un poulico!… Carai!… Mas, de Miranda a Malhadas, ye acá ũa tora!…

Anton, l rapaç, todo spantado, mas cũa risica na boca, queda eilhi un cachico a oulhar para el.

I pergunte-bos you agora: sabeis qual la rezon de l spanto del? Pus nun ye de admirar. Ye que, anquanto de Malhadas pa Miranda, ye quaije siempre a baixar, l camino de buolta ye siempre a chubir. I, cumo yá sabeis, pa Miranda, Fonso fui de boleia i d’automoble. Mas, na buolta pa Malhadas i anté la Speciosa, nun tubo la mesma suorte.

Agora dezi-me alhá: quien tenerá sido l mais simprico, Fonso ou l rapaç que se spantou cul qu’el dixo? Ye que, bien bistas las cousas, parece que Fonso, nun sendo nada néscio, tenerá percebido cun bien mais prefundidade l’eissencial de la Teoria de la Relatibidade, anquanto que l’outro, todo cumbencido de qu’el ye qu’era spierto, mas habituado a ber las cousas mais pula rama, ye que nun antendiu mesmo nada deilha. Si, que, nun bondando dar-mos l friu cunsante la roupa, Dius inda mos fai gastar mais ou menos tiempo pa correr ũa mesma çtáncia cunsante la belocidade que lhebarmos.


António Preto Torrão. Licenciado em Filosofia (Universidade do Porto)
DESE em Administração Escolar (ESE do Porto)
Mestre em Educação – Filosofia da Educação (Universidade do Minho)
Pós-graduado em Inspeção da Educação (Universidade de Aveiro)
Professor e Presidente Conselho Diretivo/Executivo
Orientador de Projetos do DESE em Administração Escolar (ESE do Porto)
Autor de livros e artigos sobre Administração Educativa
Formador Pessoal Docente e Diretores de AE/Escolas
Inspetor e Diretor de Serviços na Delegação Regional/Área Territorial do Norte da IGE/IGEC

Bocabulairo \\ vocabulário


Abantar – conseguir acompanhar a passada \\ acauso – por acaso \\ acunchegadico – aconchegadinho \\ acoquelhar – encher completamente até transbordar \\ adabinar – adivinhar \\ adregar – calhar \\  aire – ar \\ ajuntar-se – reunir-se \\ al – ao \\ alhá – lá \\ alhebantar – levantar \\ almiar – iluminar \\ alredor – em redor \\ amanaça – ameaça \\ amanhar – arranjar \\ ambude – funil grande e largo utilizado para encher as pipas do vinho \\ amentar – mencionar \\ amoije – úbere, tetas dos animais \\ amostrar – mostrar \\ amouchar – tapar o rosto \\ ampeçar – começar \\ ampercípio – princípio, início \\ ampregar –empregar, utilizar \\ ampor­tar – interes­sar \\ ancos­tar/do – encostar/ado \\ ancun­trar – encontrar \\ andubíran – (forma do verbo andar) – andaram \\ anganhar – enganar \\ anquanto – enquanto \\  anho – ano \\ anté – até \\ antender – entender \\ anterrumper – interromper \\ anton – então \\ antretener – entreter \\ antriçada – entalada \\ Antruido – Entrudo, Carnaval \\ antusiasmo/ado – entusiasmo/ado \\ apar­cer – aparecer \\ apuis – após, de­pois \\ armano – irmão \\ arreata – reata, corda de prender as bestas \\ arreganhado – aberto, deixando entrever o que está escondido \\ arriba – acima \\ arri­mado – encos­tado \\ assentado – sentado \\ assi i todo – mesmo assim \\ bailo – baile \\ barranca – desnível de terreno numa ou entre propridedades \\ beç – vez \\ belharaça – maluqueira \\benga – (forma do verbo “benir”) venha \\ benir – vir \\ bezerro – (pele de) vitelo \\ be­zino – vizi­nho \\ bielho – velho \\ biúdo – viúvo \\ boç – voz \\ bondar – bastar \\ borga – pân­dega \\ boziar – gritar \\ bui/buiada – boi, touro/boiada \\ búltio – vulto \\ buolta – volta \\ bun­tade – von­tade \\ cachico – bocadinho \\ çafar-se – livrar-se de apuros \\ calcicas – calcinhas \\ calhar – calar \\ camino – caminho \\ calecer – aquecer \\ caliente – quente \\ capaç – capaz \\ çcair – descair \\ çcan­sadico – descansadinho \\ çcunfiar/ado – des­confiar/ado \\ cenar – jantar, cear \\ cerrar – fechar \\ çfraçar – disfarçar \\ çforrar-se – desforrar-se \\ çfrenciar – distinguir \\ çfrunchar – ter relações sexuais \\ chano – chão \\ chochico – tontinho \\ chu­bir – subir, mon­tar \\ ciroulas – cuecas \\ coincer – conhecer \\ cortina – terra de cultivo toda murada \\ cuonta/r – conta/r \\ çpa­chado – despa­chado \\ çtáncia – distância \\ cumpanha – companhia \\ çtino – destino \\ çtraído – distraído \\ cũa – com uma \\ cul/a – com o/a \\ cu’el/eilha – com ele/com ela \\ cumoquiera – tal­vez \\ cunsante – conso­ante \\ cu­raige – coragem \\ dar aires – parecer \\ deboçon – devoção \\ eilha/es – dela, deles \\ del – dele \\ de-lei – como deve ser \\ desaires – feio \\ die – dia \\ Dius – Deus \\ dreito – di­reito \\ dũa – duma \\ eidade – idade \\ eilhi – ali \\ el – ele \\ ende – aí \\ fizo – (forma do verbo fazer) – fez \\ fondo – fundo \\ frauga – forja do ferreiro \\ frezno – freixo \\ friu – frio \\ fuora – fora \\ fusse na fita – fosse le­vado na con­versa \\ grandura – tamanho \\ guapa – bonita \\ jinela/ico – janela/janela pequena \\ lhadeira – encosta \\ lheite – leite \\ lhem­brar – lembrar \\ lhi­brar – livrar \\ lhuç – luz \\ lhuçque fusque – lusco-fusco, crepúsculo \\ lhume – lume, fogueira \\ machorra – fêmea estéril, festa/ritual de transição dos rapazes de 14 anos à vida adulta \\ malreis – mil reis \\ manhana – manhã \\ mano – mão \\ medrar – crescer \\ mie/u – minha/meu \\ mirar – olhar \\ mos – nos \\ naide – nin­guém \\ necidade – necessidade \\ Nino – Menino (Jesus) \\ nin – nem \\ ningũa/niũa/niun – nenhuma/nenhum \\ nisquiera – nem sequer \\ nistante – num ins­tante \\ nó/nun – não \\ nomeada – fama \\ nuite – noite \\ ourrieta – pequeno vale \\ pendado – penteado \\ pequeinho – pequeno \\ percisar – precisar \\ pie – pé \\ piedra – pedra \\ pobo – povo, povoa­ção \\ poboa­çon – po­voação \\ pori – talvez, por azar \\ porparar – preparar \\ pra­ntar – plantar \\ preça de casa – pátio de entrada da casa \\ precurar – procurar \\ presepe – presépio \\ proua – vaidade \\ pul/pula – pelo/pela \\ purma­nhana – ao alvorecer \\ pur­meiro – pri­meiro \\ puorta – porta \\  pus/puis – pois \\ quaije – quase \\ qualqui­era – qualquer \\ quedar – ficar \\ quemer – comer \\ quemun – comum \\ queto – qui­eto \\ quien – quem \\ quienqui­era – qual­quer pessoa \\ rapaç – ra­paz \\ re­lhance – re­lance \\ repimpado – satisfeito, feliz da vida \\ respunder – responder \\ re­zon – razão \\ ria­leijo – re­alejo \\ riba – cima \\ ronha – malícia \\ ruça – branca \\ rugido – ruído, barulho \\ rumper – romper \\ salida – saída \\ sastifeito – satisfeito \\ safanon – safanão \\ scaleirica – escadinha \\ scapar – fugir \\ scola – es­cola \\ scuidado – descuidado \\ scuitar – escutar \\ scunder – esconder \\ scuro – escuro \\ selombra – sombra \\ senó – se­não \\ sequi­era – sequer \\ sfregante – instante \\ sgueilha – viés \\ simprico – simples, pouco ajuizado \\ sin – sem \\ sobérbia – soberba \\ sobrana – vitela quase adulta \\ soutor­die – no dia seguinte \\ spriéncia – experiência \\ sper­tar – desper­tar \\ spe­taclo – espe­táculo \\ spier­to – esper­to \\ sque­cer – esque­cer \\ stancar –parar \\ s­tar – es­tar \\ stranha/r – estranha/r \\ stu­bírun – (forma do verbo “star”) esti­veram \\ stu­bisse – (forma do verbo “star”) esti­vesse \\ subreciente – suficiente \\ subretodo – sobretudo \\ tienda – tenda \\ tengo – (forma do verbo “tener”) tenho \\ trabiesso – travesso \\ touça – moita de carvalheiras \\ tora – coisa de tamanho desconforme e que nunca mais acaba \\ trampo – ramo ou tronco de ca­rvalho \\ trasdontonte – há três dias \\ tubírun – (forma do verbo “tener”) ti­veram \\ tu­bisse – (forma do verbo “tener”) ti­vesse \\ ũa – uma \\ uolho – olho \\ yá – já \\ ye – (forma do verbo ser) é \\ yeuga – égua \\ zanferrujar – desenferrujar \\ zaragata – barulho