Barroso da Fonte |
Se o país vai de mal a pior e se já não há quem ponha cobro a esta maldição europeia que nos bateu à porta, urge cortar o mal pela raiz, antes de nos confrontarmos com uma rebelião que o «pai da democracia», insistentemente, tem vindo a anunciar. É tempo de travar mais pragas sociais, culturais e políticas. Se a Constituição da República prevalece sobre uma ameaça que assusta o Povo Português devem os constitucionalistas ser convocados para um conclave que diga, claramente, aos Portugueses quem e em que circunstâncias deve tomar as rédeas da governação.
Os sindicatos tomaram contas dos canais televisivos. Os políticos são contestados, vaiados, desmentidos. Os partidos da oposição têm mais tempo de antena do que aqueles que estão no poder. Só aquilo que é negativo e contra-natura interessa aos jornalistas. Os criminosos chegam a casa antes dos queixosos. Os titulares de Justiça que perante situações iguais tomaram decisões diferentes, reformam-se e são imediatamente medalhados, no dia mais solene do ano.
Vivemos numa espécie de inferno antecipado. Os pobres cada vez mais pobres; o desemprego cada vez mais assustador; a opinião pública mais perturbada por cada dia que passa.
São horas de repor os sortilégios democráticos em acção, começando por aquilo que mais agrava a estabilidade social, cultural e familiar.
Vejamos um exemplo diário que se tornou rotineiro, sendo uma provocação ao Povo Português.
A RTP transmite diariamente no programa Bom Dia Portugal um apontamento pré-gravado na via pública a que chama «Bom Português», a pretexto de ensinar a escrever em conformidade com a versão do Novo Acordo Ortográfico. Tratando-se do mais privilegiado canal dito de «interesse público», esse programa deveria ser imediatamente suspenso. Esse minuto ou minutos representam milhões de euros de publicidade. E se ajudasse as pessoas ainda se compreendia. Mas faz o contrário: deseduca, irrita, ofende e predispõe mal para o dia inteiro.
Já noutras alturas falei dos malefícios dessa monstruosidade. E não há uma alma caridosa nessa instituição (que nos leva o couro e o cabelo) que tenha o bom senso de acabar com essa palhaçada.
Em primeiro lugar porque deixa as pessoas enervadas, interrompe e expõe quem tem direito à privacidade, injuria quem vê e ouve essa charlatanice porque aprendeu uma gramática pura, escorreita e rica e é obrigado a engolir as afirmações de analfabetos que não sabem o que dizem.
Segundo: o Acordo é contestado por 90% da população. Já quase todos os Institutos culturais, Academias, Associações, grupos não alinhados ou independentes do poder político, manifestaram publicamente o seu desacordo. Faça-se um referendo popular e seguiam-se as conclusões. Só depois disso haverá alguma legitimidade para impor um programa do género.
Terceiro: vejam-se os livros, as publicações periódicas (revistas e jornais), artigos assinados, científicos e/ou generalistas, que anotam: não respeita o novo acordo.
Quarto: esse programa é mal argumentado. A maior parte das vezes não justificam as razões de se escrever desta ou daquela maneira. Porque quem faz o programa também não sabe.
Quinto: o Acordo que foi congeminado em 1990, ao tempo de Santana Lopes, como Secretário de Estado da Cultura, apenas entraria em vigor, quando todos os países da Lusofonia, o aceitassem. Ora Angola deliberou rejeitá-lo e o Brasil tende a seguir-lhe o exemplo. Por isso a nega angolana é suficiente para inviabilizar a entrada em vigor do malfadado (des)Acordo que tantos estragos morais trouxe aos que suaram as estopinhas para aprenderem a Fonética, a Morfologia e a Sintaxe e que andam, agora, a contas com uma confusão que marcará para sempre este cataclismo linguístico.
A Televisão pública é uma das entidades responsáveis pela crise que atravessamos. Foi um sorvedouro de dinheiros públicos, sobretudo desde que o PR, enquanto Primeiro Ministro, acabou com as licenças de televisão. Até aí só pagava quem a usasse. Desde aí passaram a pagar todos, até os mortos que ainda constavam nos cadernos do recenseamento. E até a minha avó que era analfabeta e nunca viu esse canal, passou a pagar para esse poço sem fundo. Ontem como hoje, essas taxas são injustas porque os outros canais são tão bons, tão sérios e tão informativos como a RTP. Mas nada receberam ou recebem do zé pagante. A RTP pratica, claramente, o exercício do amiguismo e o argumento da lei da proximidade: vive em Lisboa ou Porto há televisão para promover qualquer bicho-careto. Vive em Trás-os-Montes ou nas Beiras e não há televisão para ninguém. Ainda que os personagens sejam de qualidade superior e temas de incomparável mérito. Neste número se prova que decorreram em Trás-os-Montes, nos primeiros dias de Junho, actividades culturais de alto nível. Nenhum mereceu qualquer registo televisivo. Mas houve tempo de antena na televisão dita de interesse público para programas de lana caprina que demonstram a pobreza franciscana que incendeia o país com velhos caquécticos que teimam em açambarcar o céu e a terra. Quem quiser acabar com a crise comece pela purificação televisiva do Estado.
Barroso da Fonte
in:jornal.netbila.net
Sem comentários:
Enviar um comentário