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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 7 de abril de 2024

Aves do mês: o que ver em Abril

 Cinco aves a não perder este mês, seleccionadas por Gonçalo Elias e fotografadas por José Frade. Saiba o que estão a fazer, como identificá-las e onde procurá-las. Observar aves nunca foi tão fácil.


A primavera está aí e a maioria das aves já iniciou a sua reprodução. Neste segundo artigo da segunda série “Aves do mês”, sugerimos cinco espécies que poderá observar com relativa facilidade nesta época do ano.

Verdilhão (Chloris chloris):

Verdilhão (Chloris chloris). Foto: José Frade

O que está a fazer em Abril: Muitos verdilhões iniciam a sua reprodução em Março e por isso em Abril já é possível encontrar juvenis voadores a serem alimentados pelos pais. Ao longo de todo o mês, os machos fazem ouvir frequentemente o seu canto característico.

Como o seu nome sugere, esta espécie tem uma plumagem dominada por tonalidades verdes. O macho tem uma plumagem esverdeada, com as primárias amarelas. A fêmea é parecida, mas com cores mais esbatidas. O bico é bastante grosso e a cauda é bifurcada, com os lados amarelos.

O verdilhão frequenta diversos tipos de habitat mas, de uma forma geral, está dependente da existência de árvores nas áreas onde ocorre. É uma ave que surge muito frequentemente associada à presença e às actividades humanas, sendo numerosa em paisagens em mosaico com bosquetes, pomares e sebes alternando com campos agrícolas, assim como em zonas habitadas, desde que com árvores, hortas, baldios, parques, jardins ou outros espaços verdes, mesmo em cidades. 

Nos últimos 20 anos a população de verdilhões do Reino Unido sofreu um declínio muito acentuado, da ordem dos 80%, devido à propagação de uma doença chamada tricomonose. Pensa-se que esta doença, que também afecta outras espécies de aves, poderá estar relacionada com a falta de higiene nos comedouros.

Onde ver: parques e jardins de norte a sul do país.

Rouxinol-comum (Luscinia megarhynchos):

Rouxinol-comum (Luscinia megarhynchos). Foto: José Frade

O que está a fazer em Abril: Embora os primeiros rouxinóis cheguem ao nosso país nos últimos dias de Março, é no mês de Abril que se dá a maioria das chegadas desta espécie migradora. Ao longo do mês os machos podem ser ouvidos a cantar de forma quase ininterrupta.

De tamanho pequeno-médio, tem uma plumagem bastante discreta: por cima é castanho, por baixo é claro, sendo a cauda longa mais arruivada. O bico é fino, como o dos outros insectívoros. A espécie faz-se notar sobretudo pelo seu canto sonoro e variado, que, na Primavera, pode ser ouvido dia e noite. É mais facilmente ouvido do que visto.

Os rouxinóis-comuns habitam uma grande diversidade de locais, desde que haja vegetação densa e bem desenvolvida. São muito comuns ao longo de matas ribeirinhas, geralmente com salgueiros, freixos e choupos, e em sebes de bom porte, mas também podem surgir em bosques com um estrato arbustivo denso e ainda em matagais.

Uma das curiosidades acerca do rouxinol é o facto de o seu canto poder ser ouvido durante toda a noite. Isto é especialmente verdade ao longo de todo o mês de Abril, em que os machos estão activamente a defender o seu território. Assim, se por acaso for a viajar de noite, fizer uma paragem “no meio do nada” e ouvir uma ave a cantar com estrofes variadas, não se admire: trata-se, provavelmente, de um rouxinol.

Onde ver: Miranda do Douro, margens do rio Sorraia, serra do Caldeirão.

Mocho-galego (Athene noctua):

Mocho-galego (Athene noctua). Foto: José Frade

O que está a fazer em Abril: Abril é o mês em que se verifica a maioria das posturas de mocho-galego, por isso este é um período muito importante para a reprodução desta espécie. As suas vocalizações podem ouvir-se com frequência ao final do dia e também durante a noite.

O mocho-galego identifica-se pelo seu pequeno tamanho, pela plumagem castanha com manchas brancas e pelos olhos amarelos. Não apresenta tufos na cabeça. Pousa frequentemente em ruínas ou postes e, embora seja uma ave essencialmente nocturna, tem hábitos parcialmente diurnos, pelo que é relativamente fácil de observar.

Este mocho pode ver-se numa grande diversidade de habitats. Parece ser especialmente abundante em olivais velhos (tradicionais), em montados de azinho e em paisagens em mosaico, onde terrenos agrícolas e baldios se intercalam com muros, sebes e bosquetes. Também pode ocorrer em áreas completamente abertas, como as planícies cerealíferas do Alentejo, desde que ricas em pousios e pastagens. 

O ninho desta pequena rapina é feito em cavidades, as quais podem estar situadas em árvores velhas com buracos, mas também em edifícios velhos, muros, escarpas ou amontoados de pedras no solo.

Onde ver: Pancas (estuário do Tejo), planície de Castro Verde, litoral do Algarve.

Pilrito-comum (Calidris alpina):

Pilrito-comum (Calidris alpina). Foto: José Frade

O que está a fazer em Abril: Por esta altura o pilrito-comum está de partida para os seus territórios de reprodução no Norte da Europa. A maioria das aves enverga já a plumagem nupcial, com a sua barriga preta, o que torna a identificação desta espécie mais fácil que noutras épocas do ano.

O pilrito-comum nem sempre é fácil de identificar, pois durante a maior parte do ano não tem marcas particulares muito evidentes. A plumagem é cinzenta ou acastanhada, o bico é preto, moderadamente longo e ligeiramente curvado. As patas são pretas. Contudo, quando em plumagem nupcial, a identificação é facilitada, pois as aves apresentam a barriga preta, o que permite distingui-la facilmente das outras limícolas pequenas.

Esta é uma ave dos grandes estuários e das principais lagoas do litoral português. Tipicamente, alimenta-se nas zonas entre-marés, isto é, nas áreas que ficam expostas durante a maré baixa, escolhendo sobretudo áreas de vasa. Também frequenta salinas, seja como refúgio de preia-mar, seja como local de alimentação.

De todas as aves limícolas que podem ser vistas em Portugal, o pilrito-comum é certamente uma das mais abundantes. Muitas vezes forma bandos que podem congregar dezenas ou até centenas de aves e são frequentes os bandos mistos, que podem incluir outras espécies de pilritos, assim como borrelhos, tarambolas ou rolas-do-mar.

Onde ver: ria de Aveiro, estuário do Tejo, ria de Alvor.

Picanço-barreteiro (Lanius senator):

Picanço-barreteiro (Lanius senator). Foto: José Frade

O que está a fazer em Abril: Os picanços-barreteiros chegam no início da Primavera e rapidamente começam a estabelecer os seus territórios. Durante o mês de Abril regista-se a formação dos casais, a construção dos ninhos, os acasalamentos e as primeiras posturas. Alguns machos podem ser ouvidos a cantar.

Os adultos são fáceis de identificar, devido ao seu barrete ruivo (mais escuro no macho). O dorso e as asas são pretos, com uma mancha branca bem visível nas escapulares. As partes inferiores são totalmente brancas.

O picanço-barreteiro distribui-se pelas regiões de maior influência mediterrânica, que abrangem a metade sul do país e ainda o Interior Norte e Centro. Frequenta biótopos agro-florestais abertos, como montados de sobro ou azinho, olivais, pomares, sebes e matas ribeirinhas, bem como bosques abertos, mosaicos de campos agrícolas e pastagens.

O nome científico desta espécie é bastante curioso. O termo genérico, Lanius, é uma palavra latina que significa carniceiro e deriva de laniare, cortar em pedaços, o que se refere ao hábito que os picanços têm de desfazerem as suas presas antes de as consumir; já o restritivo específico senator tem origem no latim e significa senador – supostamente isto constitui uma referência ao facto de as cores desta ave fazerem lembrar as vestes dos antigos senadores romanos.

Onde ver: Tejo Internacional, norte alentejano, litoral do Algarve.

Gonçalo Elias

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