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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

O retrato das «Crianças na Diáspora Portuguesa»

«As Crianças na Diáspora Portuguesa», o blogue, da autoria de Ângela Nunes, nasceu há dois anos na sequência de uma investigação em Antropologia sobre a comunidade portuguesa na Alemanha. Com incidência particular na infância, a responsável refere que o espaço se destina a todos os «migrantes, lusodescendentes, retornados, lusófonos e lusófilos», bem como aos que estudam e investigam a emigração portuguesa.
Foi no início de 2010 que começou a ‘aventura’ do blogue «as crianças na diáspora portuguesa», uma plataforma on-line que serve de apoio a um projecto de investigação em Antropologia intitulado «Infância, Migrações e Diversidade Cultural» incidindo particularmente sobre a comunidade portuguesa na Alemanha.
Tudo, porque «sabemos pouco sobre as crianças e a infância na Diáspora Portuguesa», resume Ângela Nunes, autora da iniciativa, para explicar outra razão que levou à criação deste blogue, e que pode igualmente ler-se na página da investigadora. 
«O seu objectivo principal era (e ainda é) reunir e disponibilizar, de forma sistemática e dinâmica, informações pertinentes à temática da diáspora portuguesa, concentradas, porém, nas crianças e na infância», conta Ângela Nunes.
A ideia passa por partilhar experiências, testemunhos e documentos que retratem as crianças e todos os que tiveram uma infância marcada pela diáspora. O subtítulo do blogue, intitulado «migrantes, lusodescendentes, retornados, lusófonos, lusófilos», leva Ângela Nunes a explicar que «a diáspora é também linguística e cultural, e é mais extensa que a nacionalidade». 
«Ainda que o contexto específico da investigação que deu origem ao blogue seja a Alemanha nos dias de hoje, é preciso considerar o contexto mais abrangente da diáspora portuguesa, no tempo e no espaço, de modo a poder identificar e entender especificidades deste fenómeno social tão vasto», contextualiza a responsável.
A investigação etnográfica de Ângela Nunes em Antropologia, desenvolvida no âmbito do CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, revelou-se, pois, fundamental para avançar com o blogue.
«Se, em geral, se sabe pouco sobre estas crianças, no contexto dos estudos antropológicos, em particular, ainda se sabe menos. A ideia era mergulhar numa comunidade onde vários aspectos deste fenómeno pudessem ser observados através do contacto prolongado e participativo, de modo a reunir dados empíricos e a reflectir sobre eles segundo uma perspectiva raramente trilhada. Um dos objectivos da investigação em curso é contribuir para a superação de algumas destas lacunas metodológicas e teóricas», sustenta.
De acordo com Ângela Nunes, a grande maioria destas crianças são bilingues, «ou falam alemão ou português como segunda língua. Claro, também há muitas que já não sabem falar português. São crianças que transitam entre dois ou mais universos culturais no seu dia-a-dia, em casa, na escola, nas ruas. A cultura do país onde vivem tende a tornar-se dominante, pela necessidade e interesse de integração na sociedade que a acolhe ou onde já nasceu. A riqueza desta transnacionalidade, multiculturalidade e bilinguismo, porém, nem sempre é aproveitada ou valorizada no âmbito familiar, escolar, institucional», salienta.
A investigadora diz que estas crianças marcaram as comunidades onde estão inseridas «de várias maneiras, dependendo da geração migratória a que pertencem. A primeira geração pode ajudar as famílias a integrarem-se pois alarga a possibilidade de contactos sociais e porque aprendem alemão mais depressa que os pais; a segunda geração ou seguintes acabam por ser os depositários da herança cultural dos ancestrais e, eventualmente, seus agentes dinamizadores e transformadores».
O blogue apoiou projectos, como foi o caso do intercâmbio escolar que pretendeu fomentar «amizades além-fronteiras» e que permitiu às crianças e jovens residentes numa das cidades em que a investigação se desenvolve realizarem uma visita de estudo a Lisboa e trocarem experiências com crianças de uma escola da capital. Apoiou, também, a recolha de livros em português para duas bibliotecas.
«Pelo retorno que tenho tido, penso que o blogue esteja a ser útil a portugueses espalhados pelo mundo, escritores, professores, investigadores de diversas áreas científicas que se dedicam às migrações portuguesas, às migrações em geral, e aos estudos da infância em particular», afirma a investigadora.
«Estudo da diáspora é fundamental»:
 O blogue tem-se revelado uma ferramenta útil para Ângela Nunes no seu «trabalho de investigação e divulgação científica e cultural», como também tem proporcionado à investigadora «uma interlocução com pessoas que se interessam pessoal ou profissionalmente pelo tema».
Até ao momento, Ângela Nunes faz um «balanço positivo» do blogue as crianças na diáspora portuguesa e considera que o estudo da diáspora é fundamental: «penso que seja importante não só para sabermos mais sobre a nossa história e nós mesmos, como para acompanhar, entender e apoiar os fluxos migratórios actuais, que como todos sabemos, têm vindo a aumentar».
«Por exemplo, há, entre outras, a questão do Ensino Português no Estrangeiro, que tem passado por grandes mudanças nos últimos anos e é actualmente motivo de grande debate nas comunidades», garante.
Contudo, recorda, as dificuldades são muitas. «A interlocução académica tem sido muito menos intensa do que o desejado. A isto soma-se o facto de a comunidade estar dispersa em área urbana, ser pouco visível social, cultural e politicamente, e as possibilidades de contacto serem reduzidas e descontínuas».
E acrescenta: «para além de vários impedimentos à especificidade do trabalho etnográfico, há ainda que considerar uma política de protecção de dados que por vezes restringe ou até mesmo inviabiliza o avanço de certos aspectos da investigação».
Ângela Nunes é antropóloga, nasceu em Moçambique, onde viveu até à adolescência, tendo feito depois os estudos universitários no Brasil e em Portugal. Participou em diversos projectos educacionais e científicos em ambos os países e é doutorada em Antropologia da Educação, investigadora associada do CRIA/FCSH-UNL e bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT Portugal). No Brasil, colabora no Programa de Pesquisas sobre Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro na Universidade Federal da Bahia. As suas investigações têm focalizado as crianças das sociedades indígenas brasileiras e, mais recentemente, as crianças na diáspora portuguesa.

Texto: Ana Clara; Fotos - Blogue «As Crianças na Diáspora Portuguesa»
in:cafeportugal.net

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