O equipamento estava concessionado a uma empresa de Boticas desde 2012, para realização de atividades de natureza turística e desportos náuticos, mas em 2022 a Câmara tomou posse administrativa do mesmo, alegando que a empresa o teria deixado ao abandono, sem utilidade e investimento.
Desde então ainda não foi dado um destino àquele núcleo, que apresenta sérios sinais de destruição e ocupação.
A situação foi denunciada em Reunião de Câmara pela vereadora do PSD Clementina Gemelgo, depois de uma visita ao local:
“Cada dia que passa pior fica.
É um complexo que está inserido no Azibo, faz parte do Geopark Terras de Cavaleiros e era suposto estar em estado de poder ser utilizado por quem quisesse dispor dele, inclusivamente o próprio Município.
Foi um espaço com muita vivência, muita vida, intervenção, cultural e não só.
É um espaço que tem milhares de euros investidos e merecia outro fim que não aquele a que estamos a assistir.
Se é verdade, como o sr. presidente diz, que é fruto de vandalismo, o que não duvido, está à vista de todos, também é verdade que durante estes anos todos, desde que foi abandonado e desde a pandemia, o Município já reverteu o complexo para a sua posse mas nada fez para o preservar.
Não há uma porta restituída ou um vidro arranjado, qualquer pessoa pode entrar ali em todos os edifícios, entra de um lado e sai pelo outro, porque está tudo aberto. Há roupas, bebidas, calçado, sinais de quem por ali passa e se mantém alguns dias, estragando mais um pouco à sua saída.”
Clementina Gemelgo defende que aquele complexo poderia ser uma mais-valia para o Geopark Terras de Cavaleiros:
“Sendo nós um geoparque de referência, que pretende ter um turismo sustentável, a própria autarquia podia investir ali, à semelhança do que aconteceu no Parque Biológico de Vinhais, até porque na construção deste complexo, aquele era um princípio que poderia, de facto, ter dado num parque biológico, num local onde o próprio geoparque podia recuperar o espaço, ter lá infraestruturas, ser utilizadas por técnicos e fazerem atividades no anfitiatro que tem muito boas condições. É uma pena.”
O presidente da autarquia, Benjamim Rodrigues, justifica que há dificuldade de vigilância naquele espaço, que dista a cerca de 11km da cidade, e que apesar de alguma manutenção já feita, o vandalismo continua:
“Foi dado conhecimento à GNR e foi-lhes pedido que, sempre que possível, patrulhassem a zona.
Tem havido patrulhamento, mas o problema é que as pessoas que têm intenção de vandalizar aparecem em momentos em que estão à espreita e percebem que não há patrulhamento nesses momentos. Tudo decorre dessa dificuldade que temos em vigiar.
O Município não tem condições para o fazer, neste momento nós temos capacidade de intervenção superficial, temo-lo feito mas as pessoas continuam a abusar. Cada vez que instalamos uma fechadura nova danificam tudo e não temos como controlar, é impossível.
O ideal é manter as coisas como estão pois vamos gastar dinheiro para ter mais esse prejuízo.
Vamos avançar para a colocação de câmaras de vigilância no espaço, estamos em processo de concurso e eu espero podermos fazê-lo dentro de um ou dois meses.”
O autarca avança que já está a correr um processo para aluguar ou venda daquelas infraestruturas:
“Estamos a encetar um processo de candidatura em hasta pública para que alguém possa pegar nas instalações e depois, quando tivermos o processo concluído, esperamos que haja candidatos para ficar com ele, de modo a que tenhamos alguém que cuide e que vigie, caso contrário a degradação vai ser total porque há um vandalismo inqualificável.
A venda do equipamento é uma das possibilidades e eu sou apologista disso, nem que seja com pagamento em vários anos. Há ali muitas obras a fazer.
Neste momento temos conhecimento de quatro ou cinco empresas interessadas e, na altura, vamos ver se realmente há interessados.
Estamos abertos a outras modalidades, de alugar eventualmente, mas sempre com a questão das obras.”
O Núcleo de Salselas está inserido na Área Protegida do Azibo, entre as aldeias de Salselas e Vale da Porca.
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