Com o término da quarta classe, feito por exame e para os que queriam, ou podiam, continuar os estudos, o próximo desafio era o exame de admissão à Escola e/ou ao Liceu.
Lembra-me do exame de admissão à Escola onde para além de outras coisas, fiz um burro de rolhas de cortiça e palitos. Imaginem a obra de arte que deveria ser…
Eu queria ir para o Liceu e os meus Pais também queriam que fosse.
Para a Escola iam normalmente os jovens que queriam integrar o mercado de trabalho o mais cedo possível e com o mínimo de qualificações. Para o Liceu iam os jovens que eventualmente poderiam, ou quereriam, ir um pouco mais longe no seu percurso escolar.
As disciplinas na Escola Industrial eram mais de carácter técnico e profissional, como sejam as madeiras, dactilografia, oficinas, lavores para as meninas, etc. No Liceu “navegava-se” por mares diferentes, letras, matemáticas, ciências…
Um mundo novo. Muitas turmas, muitos professores, muitas disciplinas…muita distância de minha casa à Escola. E também, muitos novos amigos.
Para além das actividades escolares, a Escola privilegiava actividades que permitissem aos alunos e com mais facilidade integrarem-se no novo meio. Uma das actividades era as gincanas de bicicletas. Eu de bicicletas sabia quase tudo menos o que era ter uma minha…
No dia da primeira gincana e a correr desenfreado pelo corredor, dos rapazes, as raparigas continuavam a estar num mundo à parte do nosso, choquei violentamente com o Jaime. Olhámos um para o outro...e agora?...e agora nada, cada um seguiu o seu caminho.
As inscrições para a gincana podiam ser feitas na hora. Eu lá estava a olhar para os bólides. A olhar…
O Jaime tinha bicicleta. Uma bicicleta nada exibicionista e apenas embelezada com umas tiras de fita isoladora colorida, azul e vermelha, no quadro e nos ganchos.
O Jaime já estava inscrito…
Olhou para mim, aproximou-se e perguntou-me se sabia andar de bicicleta e queria participar na gincana. Respondi-lhe que sim às duas perguntas e ele emprestou-me a bicicleta.
Nem me portei mal nem bem…mas se não fosse a tensão em que fiquei e o não conhecer a “máquina” sei que teria feito bem melhor. Até ao último terço da prova parecia o “Emerson Fitipaldi”, mas depois as mãos começaram a tremer e…
(Na foto eu e o Jaime a preparamos a merenda nas Arribas do Douro na zona de Cércio)
Só mais tarde, eu e o Jaime, pertencemos à mesma turma.
(H.M.)
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