A época da Páscoa tinha uma característica muito própria. O tempo começava a convidar para o espaço exterior. A visita Pascal era obrigatória e, ai de quem falhasse mesmo que “outros valores mais altos” se levantassem. Espaço livre não faltava e era costume naquele dia, a rapaziada toda praticar jogos tradicionais até ouvirmos ao longe a campainha que anunciava a chegada do Padre.
Fito, Paus, Bilharda e as meninas jogavam ao ringue.Inevitável era o jogo do Cântaro, jogado sempre de uma maneira pouco simpática pelos catraios que tudo faziam para que quando o cântaro fosse atirado para uma rapariga já estivesse pior que um bêbado em final de festa.
A Dina era quase sempre a sacrificada. Cântaro a caminho das mãos da Dina, era cântaro de barro no chão partido em bocados.
O Carnaval, trazia sempre na bagagem, A Morte, O Diabo e a Censura. A Morte toda vestida de negro, a Censura de branco com listas pretas e o Diabo de vermelho e com os respectivos chifres.
O Mais terrível era o Diabo e as raparigas fugiam a sete pés ainda o trio vinha quase a quilómetros de distância. Os rapazes chamavam os terríficos a altos gritos: - Óh Morteeee e Óh Diabo e Óh Censura. Claro que como eles tinham muitos clientes para atender demoravam.
Mas quando se vislumbravam à distância era ver as raparigas a correrem e a fecharem-se em casa a sete chaves. Havia algumas que fechavam a porta mas deixavam a janela aberta, mesmo sujeitas a levarem umas chicotadas. Essa, de fecharem a porta e deixarem a janela aberta, nunca percebi muito bem. Talvez soubessem quem se acoitava por detrás da fantasia…
HM
Era isso mesmo Henrique. A malta costumava jogar em frente da casa da Isabel Ramos. Além de jogarmos o cântaro, fazíamos também rodas e cantávamos musicas da época, jogávamos ao anel, etc. Era muito bom e fico emocionado ao relembrar esses momentos.
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