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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Ribeiro Telles - «Não há critério no planeamento do território em Portugal»


O arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles foi distinguido a 10 de Abril com o «Nobel» da Arquitectura Paisagista, o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe. Horas depois de ter recebido a notícia, e em declarações ao Café Portugal, afirma: «este reconhecimento dá-me razão em muitas observações e atitudes que tenho tomado ao longo da minha vida».
O arquitecto refere que este é um prémio que traduz «as suas maiores preocupações actuais» em relação ao «ordenamento, à agricultura e a todos os aspectos da Biodiversidade».  
«É muito difícil falar nestes problemas sem virem à superfície os enormes condicionalismos que existem à sua execução», lamenta o arquitecto. 
Gonçalo Ribeiro Telles sublinha que o território é a sua maior preocupação sobretudo «no que diz respeito aos espaços rural e urbano». Tudo, explica, porque «há falsas ideias sobre o desenvolvimento, o progresso, o crescimento global e o urbanismo, com uma agravante: não há critério no planeamento do território neste país».
O antigo ministro de Estado e da Qualidade de Vida no Governo de Pinto Balsemão recorda que os Planos Directores Municipais «não têm sido suficientemente bons para justificar uma maior racionalidade na expansão urbana e na defesa da agricultura à volta dos centros urbanos, essencialmente, devido ao desconhecimento generalizado dos problemas». 
Ribeiro Telles alerta ainda para «um Interior esquecido e um Litoral devastado». E o que nos vais restar no futuro? À pergunta, o arquitecto responde: «vamos ficar com qualquer coisa que eu espero que nunca aconteça, como um desmesuramento em relação à área edificada sem responder às necessidades demográficas e uma agricultura que não tem capacidade de responder à sustentabilidade do país».
Por isso mesmo vinca que o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe «pode servir como uma referência para as ideias, tendo em conta até a nossa actual situação nacional». 
Lamenta apenas que as suas ideias e a de «outros técnicos qualificados deste país não têm depois aplicação. O que tema aplicação, geralmente, são ideias com base num mercantilismo desmesurado, que só vai acabar quando houver um planeamento do território racional, com base no presente e pés no futuro». 
Em jeito de mensagem, deixa o alerta ao País: «pensem bem nisto tudo que se tem feito no que respeita ao espaço rural, ao crescimento das cidades e à sustentabilidade da agricultura».
Sobre a agricultura, é peremptório: «é preciso reactivá-la com elementos autênticos dos dias de hoje como resposta às necessidades actuais».
Gonçalo Ribeiro Telles nasceu em Lisboa a 25 de Maio de 1922. Durante o Estado Novo militou na Juventude Agrária Católica, acentuando a sua oposição ao regime nas sessões do Centro Nacional de Cultura. Com Francisco Sousa Tavares, em 1957, fundou o Movimento dos Monárquicos Independentes, a que se seguiu o Movimento dos Monárquicos Populares, assumindo-se claramente contra a ditadura. Após a Revolução de Abril, fundou o Partido Popular Monárquico, o Movimento Alfacinha e o Partido da Terra.
Foi Secretário de Estado do Ambiente, em Outubro de 1975, e a partir de Setembro de 1981 exerceu funções de ministro de Estado e da Qualidade de Vida. É professor catedrático da Universidade de Évora, foi vereador da Câmara Municipal de Lisboa e deputado da Assembleia da República.
Entre outros projectos, Gonçalo Ribeiro Telles tem no currículo a concepção dos jardins da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto (Prémio Valmor de 1975), e dos projectos do Vale de Alcântara, da Radial de Benfica, do Vale de Chelas e do Parque Periférico.
Mais recentemente deixou a sua marca no Corredor Verde de Monsanto e na integração da zona ribeirinha oriental e ocidental da cidade de Lisboa e na Estrutura Verde Principal de Lisboa.
O Prémio Sir Geoffrey Jellicoe tem como objectivo «reconhecer um arquitecto paisagista cuja obra e contribuições ao longo da vida tenham tido um impacto incomparável e duradouro no bem-estar da sociedade e do ambiente e na promoção da profissão».
O Prémio IFLA Sir Geoffrey Jellicoe foi criado em 2004 e o primeiro galardoado, no ano seguinte, foi o arquitecto Peter Walker, dos Estados Unidos.
Este galardão, que tem paralelo no Prémio Pritzker de arquitectura, comemora a contribuição extraordinária para a IFLA do arquitecto paisagista britânico Sir Geoffrey Jellicoe (1900-1996), fundador daquela federação internacional.

Texto: Ana Clara; Foto - Tiago Silva
in:cafeportugal.net

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