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Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
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quinta-feira, 11 de abril de 2013
Ribeiro Telles - «Não há critério no planeamento do território em Portugal»
O arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles foi distinguido a 10 de Abril com o «Nobel» da Arquitectura Paisagista, o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe. Horas depois de ter recebido a notícia, e em declarações ao Café Portugal, afirma: «este reconhecimento dá-me razão em muitas observações e atitudes que tenho tomado ao longo da minha vida».
O arquitecto refere que este é um prémio que traduz «as suas maiores preocupações actuais» em relação ao «ordenamento, à agricultura e a todos os aspectos da Biodiversidade».
«É muito difícil falar nestes problemas sem virem à superfície os enormes condicionalismos que existem à sua execução», lamenta o arquitecto.
Gonçalo Ribeiro Telles sublinha que o território é a sua maior preocupação sobretudo «no que diz respeito aos espaços rural e urbano». Tudo, explica, porque «há falsas ideias sobre o desenvolvimento, o progresso, o crescimento global e o urbanismo, com uma agravante: não há critério no planeamento do território neste país».
O antigo ministro de Estado e da Qualidade de Vida no Governo de Pinto Balsemão recorda que os Planos Directores Municipais «não têm sido suficientemente bons para justificar uma maior racionalidade na expansão urbana e na defesa da agricultura à volta dos centros urbanos, essencialmente, devido ao desconhecimento generalizado dos problemas».
Ribeiro Telles alerta ainda para «um Interior esquecido e um Litoral devastado». E o que nos vais restar no futuro? À pergunta, o arquitecto responde: «vamos ficar com qualquer coisa que eu espero que nunca aconteça, como um desmesuramento em relação à área edificada sem responder às necessidades demográficas e uma agricultura que não tem capacidade de responder à sustentabilidade do país».
Por isso mesmo vinca que o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe «pode servir como uma referência para as ideias, tendo em conta até a nossa actual situação nacional».
Lamenta apenas que as suas ideias e a de «outros técnicos qualificados deste país não têm depois aplicação. O que tema aplicação, geralmente, são ideias com base num mercantilismo desmesurado, que só vai acabar quando houver um planeamento do território racional, com base no presente e pés no futuro».
Em jeito de mensagem, deixa o alerta ao País: «pensem bem nisto tudo que se tem feito no que respeita ao espaço rural, ao crescimento das cidades e à sustentabilidade da agricultura».
Sobre a agricultura, é peremptório: «é preciso reactivá-la com elementos autênticos dos dias de hoje como resposta às necessidades actuais».
Gonçalo Ribeiro Telles nasceu em Lisboa a 25 de Maio de 1922. Durante o Estado Novo militou na Juventude Agrária Católica, acentuando a sua oposição ao regime nas sessões do Centro Nacional de Cultura. Com Francisco Sousa Tavares, em 1957, fundou o Movimento dos Monárquicos Independentes, a que se seguiu o Movimento dos Monárquicos Populares, assumindo-se claramente contra a ditadura. Após a Revolução de Abril, fundou o Partido Popular Monárquico, o Movimento Alfacinha e o Partido da Terra.
Foi Secretário de Estado do Ambiente, em Outubro de 1975, e a partir de Setembro de 1981 exerceu funções de ministro de Estado e da Qualidade de Vida. É professor catedrático da Universidade de Évora, foi vereador da Câmara Municipal de Lisboa e deputado da Assembleia da República.
Entre outros projectos, Gonçalo Ribeiro Telles tem no currículo a concepção dos jardins da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto (Prémio Valmor de 1975), e dos projectos do Vale de Alcântara, da Radial de Benfica, do Vale de Chelas e do Parque Periférico.
Mais recentemente deixou a sua marca no Corredor Verde de Monsanto e na integração da zona ribeirinha oriental e ocidental da cidade de Lisboa e na Estrutura Verde Principal de Lisboa.
O Prémio Sir Geoffrey Jellicoe tem como objectivo «reconhecer um arquitecto paisagista cuja obra e contribuições ao longo da vida tenham tido um impacto incomparável e duradouro no bem-estar da sociedade e do ambiente e na promoção da profissão».
O Prémio IFLA Sir Geoffrey Jellicoe foi criado em 2004 e o primeiro galardoado, no ano seguinte, foi o arquitecto Peter Walker, dos Estados Unidos.
Este galardão, que tem paralelo no Prémio Pritzker de arquitectura, comemora a contribuição extraordinária para a IFLA do arquitecto paisagista britânico Sir Geoffrey Jellicoe (1900-1996), fundador daquela federação internacional.
Texto: Ana Clara; Foto - Tiago Silva
in:cafeportugal.net
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