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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 11 de junho de 2013

POMBO, em Comeres Bragançanos e Transmontanos

“Que lindo casal de pombas
Vejo naquele pombal!
Quem me dera ser pombo
Daquela que não tem par”
[in Cancioneiro Popular Português, coligido por J. Leite de Vasconcelos]


Os pombais para lá da inspiração que concedem aos poetas tinham a função de serem uma reserva de carne a utilizar sempre que necessário. Os pombos beneficiavam o deve e haver doméstico, além de culinariamente propiciarem a confecção de graciosos pratos.
A prova provada da transversalidade do pombo como elemento económico é a existência em Portugal de dezenas de localidades cuja matriz são os pombos. Eis alguns exemplos: Pomba, Pombaínho, Pombais, Pombal (trinta e sete localidades), Pombalinho, Pombares ( freguesia do concelho de Bragança), Pombeira, Pombeiras, Pombinha, Pombinhas e Pombos.
Os antigos além de os utilizarem como mensageiro em especial nos conflitos bélicos pois guiam-se pelo instinto e podem atingir mais de sessenta quilómetros por hora e aguentam muitas horas, deliciavam-se comendo os pombos domésticos preferindo os borrachinhos porque a carne é macia, comendo-os assados, grelhados e salteados. Os pombos mais velhos e os pombos bravos, dotados de carne menos tenra, devem ser cozinhados na caçarola, guisados e estufados.
Das múltiplas receitas, uma delas – a canja – alimentava e alimenta doentes, enfraquecidos e apaparicados.
Na corte francesa dos séculos XVII e XVIII o pombo era assíduo nas ementas, preferentemente na companhia de ervilhas, trufas e outros cogumelos. O notável La Varenne legou-nos a famosa receita de «sopa de pombos com ervilhas», a clássica Pigeon au Petits Pois, aos interessados aconselha-se a escolha de pombos com quatro a cinco meses de idade e ervilhas frescas, para mais pormenores veja-se a obra A Cozinha Francesa, de Joanne Harris. Outras receitas da escola francesa são: pombinhos em massa folhada, pombo assado com trufas, pombo e fígado de gamo em massa folhada com trufas, pombo em massa folhada. Nunca se deve arrancar o fígado aos pombos, pois não tem fel, e é útil no fraseamento gastronómico da receita.
Obviamente, La Varenne (1618-1678) ao iniciar a revolução culinária que deu origem à haute cuisine francesa utilizando pombos, trufas e ervilhas entre outros produtos, não estava a pensar nos camponeses, muito menos nos pobres camponeses da região de Bragança, mas os bragançanos desde sempre comeram pombos fossem caseiros ou caçados, neste último caso a medo e na quase clandestinidade.
Na revista Brigantia (1981), o arquitecto Nuno Silva e Castro publicou o artigo Pombais de Bragança, neste trabalho de investigação além da integração geográfica, tipologia, tecnologia, serventia e formas dos pombais, também aponta o número de ninhos (223) que possui (ou possuía) o pombal que “serviu para o levantamento”. Ora, se pensarmos no número de pombais existentes noutros tempos no concelho, multiplicando pela quantidade de ninhos, mesmo descontando os inimigos que os matavam e comiam, não é difícil percebermos o factor económico destes inspiradores de arrulhos amorosos nos apaixonados (pombinhos), sem esquecer os agravos quantas vezes a acabarem mal, porque: “os pombos e os primos é que borram as casas”.

Comeres Bragançanos e Transmontanos
Publicação da C.M.B.

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