A literatura da tradição oral portuguesa deve ser «devidamente valorizada», dando-lhe uma dimensão nacional, para que «não morra nos arquivos» das autarquias, defendeu a investigadora Graça Capinha, da Universidade de Coimbra (UC), durante um simpósio sobre a temática que decorre na cidade dos estudantes.
Realçando que, em Portugal, «são as câmaras municipais que têm chamado a si a responsabilidade de publicar alguma coisa» nesta área, Graça Capinha lamentou que «tudo se passe a nível local» e não numa perspectiva nacional.
«É um tipo de literatura que não é devidamente valorizada. Parece que temos vergonha dela», acrescentou.
A professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), falava a propósito do simpósio "Ó fala que foste fala: a literatura da tradição oral portuguesa", do qual é uma das organizadoras e que decorre, em Coimbra, nos dias 11 e 12 de Junho.
O estudo, preservação e divulgação da literatura da tradição oral, obra «muitas vezes» de autores analfabetos ou pouco letrados, «não tem tido qualquer tipo de apoio financeiro» em Portugal.
«Fingimos que esse tipo de literatura não existe, pura e simplesmente», disse.
Para Graça Capinha, «seria absolutamente fundamental» que (à semelhança dos Estados Unidos e de alguns países europeus, como a Espanha, Irlanda e Finlândia) a literatura da tradição oral portuguesa fosse mais valorizada.
«É muito raro aparecer um festival de poesia popular», exemplificou, ao defender que caberia também à televisão ter espaços de programação nesta área, com a participação dos autores.
Com o simpósio "Ó fala que foste fala", as promotoras, Graça Capinha e Maria da Conceição Ruivo, ambas investigadoras do Centro de Estudos Sociais (CES) da UC, pretendem «tomar o pulso à investigação realizada em Portugal sobre uma das vertentes mais poderosas» da sua literatura.
«Precisamos de dar maior relevo e maior dignidade a este tipo de literatura», que está frequentemente associada a diferentes expressões da música popular, como o cante alentejano, preconizou.
Criticando o «puro elitismo» que alegadamente tem ignorado este domínio da criação literária, Graça Capinha rejeitou o que considera «uma maneira pouco democrática de pensar a literatura».
Aberto à participação de investigadores, docentes, outros especialistas e estudantes, o simpósio "Ó fala que foste fala: a literatura da tradição oral portuguesa" conta com intervenções de Ana Paula Guimarães, Arnaldo Saraiva, Cristina Taquelim, Isabel Cardigos, Paulo Lima, Luís Quintais, Feliciano de Mir, Adriana Bebiano, Graça Capinha e Maria da Conceição Ruivo.
Café Portugal/Lusa
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