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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Filandorra “Conta e Canta Abril”

 A companhia Filandorra vai percorrer 3.000 quilómetros nas próximas duas semanas, no interior Norte, para “Contar e Cantar Abril”, um espetáculo de teatro e música que revive a ditadura, a clandestinidade, a emigração e a guerra colonial.


Esta viagem no tempo incorpora também a visão o diretor da Filandorra Teatro do Nordeste, David Carvalho, sobre o dia 25 de Abril de 1974 e os dias pós-revolução.

“O meu pai era cabo da GNR e estava a semear batatas, ali quem vai para Bisalhães [Vila Real]. Pelas 10:30, aparece um jipe da GNR, os colegas gritam que há uma revolução em Lisboa. Ele foi-se embora, não apareceu durante três dias em casa”, contou.

David Carvalho tinha, na altura, 18 anos e referiu que acompanhou com atenção, através da rádio e jornais, tudo o que foi acontecendo e que, em Vila Real, as pessoas saíram para a rua apenas nos dias a seguir, com uma grande concentração popular a acontecer, na Avenida Carvalho Araújo, a 1 de maio de 1974.

“Foi a grande apoteose, a avenida encheu-se”, disse, apontando para uma fotografia sua desse dia no meio da multidão.

Logo a seguir, David Carvalho integrou as brigadas de alfabetização que “levavam a cultura ao interior, forçada um bocadinho”, concluiu com a distância política, histórica e até académica que o tempo trouxe.

“Tinha um bilhete de comboio para andar quando quisesse, tinha o cabelo à Jimmy Hendrix e um casacão verde (…) Às vezes íamos de burro, dormíamos nos palheiros e namorávamos”, recordou, salientando que trouxe um pouco da sua experiência para o espetáculo que a companhia preparou para celebrar os 50 anos da revolução.

“Estou a viver isto com se fosse memória”, afirmou o diretor, hoje com anos 68 anos.

Para construir o projeto “Contar e Cantar Abril”, a Filandorra documentou-se com depoimentos de pessoas que viveram de perto a revolução, com fotografias e notícias de jornais.

O espetáculo narra, através de uma personagem de 12 anos que se chama Liberdade, o antes do 25 de Abril, o dia 25 de Abril e a festa da revolução que se seguiu, revivendo a ditadura salazarista e os limites à liberdade de expressão, a clandestinidade, os movimentos anti-regime, a emigração clandestina e a guerra colonial e, depois, a liberdade e a democracia.

A performance teatral que conta os “50 anos no caminho da liberdade” intercala com canções de intervenção da época.

David Carvalho referiu que a companhia vai andar em digressão durante duas semanas pelo interior do Norte do país, percorrendo aproximadamente 3.000 quilómetros, de Penedono, onde começou a viagem na sexta-feira, a Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Vinhais, Régua, Vila Real, Valpaços, Vila Pouca de Aguiar, Miranda do Douro e Vila Nova de Foz Côa, onde termina a 28 de abril.

O dia 25 de Abril será passado “no Portugal profundo”, entre Freixo de Espada à Cinta e Figueira de Castelo Rodrigo.

Durante duas semanas, a Filandorra vai realizar 25 espetáculo para o público escolar, alunos e professores, e a comunidade em geral, fazendo, pelo meio, arruadas pelos centros das vilas e cidades.

“O teatro vem mesmo para a rua”, realçou David Carvalho e, com ele traz o “detalhe das calças à boca-de-sino, as roupas de lãs coloridas, os cabelos longos”, salientando o “rigor absoluto” para os mais velhos se reverem ao espelho .

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