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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

O "LARIBAU"

Gustavo de seu nome, o “Laribau” (corruptela de Dorivaldo, nome vulgar no Brasil, onde o Gustavo Dorivaldo, de seu nome, teria familiares) nasceu em casa abandonada na Edrosa. Possuía lugar cativo na Senhora da Serra, por ser exímio jogador de batota, frequentador de feiras, festas, procissões e arraiais.
Hábil no estratagema de inspirar compaixão, conseguiu viajar de comboio até Fátima, por três vezes, sem comprar bilhete.
As sopeiras soltavam gritinhos estridentes quando ele as tentava abraçar. As senhoras ficavam agoniadas ao ouvirem o sincopado: “ai que menina tão bonita”, logo seguido da reverente tentativa de oscultar a criança. 
Olhos faiscantes, o bigode “cantiflenesco” e os lábios, aqueles lábios retrocidos, salivados, provocavam a referida agonia.
Lafrau, na labita transportava recursos de sobrevivência: navalha, pão, moedas enroladas no lenço encardido, cordéis, medalhas e medalinhas. 
Dono de passada ampla, aparecia inopinadamente a estragar afagos ou intimidades. Numa dessas aparições estava eu a beijar a face e o cabelo de uma namorada; por meu interesse e conveniência, rodei o corpo de forma a não o encarar. Deslizou pelos dois. Aí a uns dez metros de distância quebrou o silêncio. Irado, disse: “escusas de fingir que não me viste; essa, aí, também me viu. Hei-de dizer à tua Avó. Percebeste? Não te esqueças: Ainda és meu parente” E era.

in:Figuras notáveis e notórias bragançanas
Textos: Armando Fernandes
Aguarelas: Manuel Ferreira

17 comentários:

  1. Para além de tudo, o Laribau, tinha muitas virtudes, era amigo e conhecido de tanta gente... No concelho de Vinhais, as crianças temiam-no, mas por causa dele muitas comiam a sopa... ou chamava-se o Laribau, mas para elas, ele era meigo e protetor. A imagem negativa, foi-lhe criada pelo coletivo, sem que nada pudesse fazer para a contrariar. Esta era a imagem real de um bicho papão inofensivo, do qual que rapidamente as crianças ultrapassavam o medo, bem diferente dos imaginários e crueis medos actuais, cultivados pelos midia. Estudou muito, excelente aluno, mas na sua juventude deixou-se levar não pela loucura, mas pela diferente forma de vida que optou por viver...
    Saudades do Laribau. Que descanse em Paz.

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  2. Quero deixar aqui algumas correcções ao texto sobre o Laribau. O seu verdadeiro nome era Gustavo Lorival (daí Laribau) Prada, nascido no Brasil veio para a Edrosa com cerca de três anos de idade, e pertencia a uma familia até abastada.joao-mmartins@hotmail.com

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  3. Bem que me lembro do Laribau..... quando passava a porta dele perguntava sempre qualquer coisa se queria come ou um rebuçado,mas de facto tinha um respeito enorme e tentava não me aproximar muito pois toda a gente dizia que ele era mau !!!Mas com os anos vi que afinal de contas as pessoas e que o faziam ser assim.Coitadinho la morreu sozinho e abandonado pois ninguém se preocupava muito com ele a não ser uma vizinha a Céu .

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  4. É quase com a emoção a rondar os meus olhos que acabo de ler estes apontamentos sobre, Gustavo Lorival Prada, o Laribau, de quem me lembro quase desde que me conheço!!.. era da Edrosa!!... já gora conta esta sua piada: certa vez, fim de férias, ia eu na camioneta para Bragança. Parámos na Edrosa. Entrou o Laribau e sentou-se só, em banco duplo!!.. iam entrando mais pessoas!.. Nisto ouve-se a sua voz dizendo: Há aqui lugar para uma menina!!...". A gargalhada foi geral. Paz à sua Alma!

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  5. Tive oportunidade de me cruzar diversas vezes com essa personagem da nossa terra e de, num dado sábado, lhe dar boleia para a mosca. Viagem que ainda recordo pelo medo que ele provocou na minha amiga Adelina Martins que com ele viajou no banco de trás. Gostei muito destes esclarecimentos.

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  6. Tinha bigode ? Já não o conheci nessa fase ...

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  7. Obrigada a quem descreveu desta forma tão pormenorizada a figura do Gustavo (Laribau). E que saudades que se tem dessas corridinhas que, ás vezes ele nem nos ligava nada, mas fugiamos que nem uma tontas. Adorei esta descriçao de tão ilustre figura. MH

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  8. Seu nome era Gustavo Lurival Prada. E não não era mau, as pessoas é que faziam com que fosse mau.

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  9. O Laribau, como muita gente lhe chamava, foi uma figura que nunca vou esquecer... Ainda hoje recordo as vezes em que ele nos aparecia, a caminho do Liceu, e nós corríamos com medo...Passados tantos anos ,lembro-me da sua imagem como se fosse hoje!

    Teresa Borges

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  10. Como todas as crianças do meu tempo e de tempos que seguiram, conheci muito bem o Laribau. Sabíamos que era da Edrosa de uma família com posses, que tinha nascido no Brasil e viera, como eu também, com poucos anos para Portugal. Nunca tive medo dele, nunca me fez mal e, como tantos outros que percorriam as aldeias dos concelhos de Vinhais e de concelhos limítrofes, aparecia e desaparecia tal como o Bino e o Bebé, filhos da Grenha de Conlelas e outros. Dele fiz personagem d
    o meu livro " O Meu Povo em Gente".

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    1. Todos conheciamos o Laribau. Gostei de ler o seu comentário. Abraço.

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  11. O Laribau, ele nao era mau, a gente é que o provocava, Lembro-me que alguns lhe diziam "Laribau, mataste Cristo"" entao aí era quando ele reaccionava mal. Mas senao nao fazia mal a ninguém e era educado. A mim dava-me muita pena ver como a gente o tratava. Paz a sua alma.

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  12. laribau era homem com estudo. falou-me disso uma vez que o encontrei na estrada de samil para bragança. paz à sua alma.

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  13. Claro que me lembro do LARIBAU...
    Lembro-me dele e do 7 Gravatas, de um dia terem entrado na tasca da rampa que dava acesso ao S. João de Brito, o 7 Gravatas pediu 4 escudos de vinho e uma coroa de pão... o LARIBAU, questionou:
    - E para que queremos nós tanto pão???

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  14. Eu tinha muito medo do "Laribau"! Os meus colegas estavam sempre a provoca-lo, "Laribau" tens pernas de Bacalhau", ele corria atrás de nós, com uma vara para nos bater...! Claro que agora sentimos saudades....joaquimteixeiramoreira@gmail.com

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  15. Além de ser uma figura que conheci na infância,em Bragança,e que algumas corridas me custou por causa do célebre "Laribau,perna de pau,mataste Cristo ás três pancadas",encontrei-o cerca de 20 anos mais tarde na estação do Cais do Sodré,em Lisboa, dentro do comboio com a sua inseparável samarra e com o respectivo "chuço" pendurado na gola da dita e tal como mais de 20 anos antes não me contive...e foi a última vez que corri á frente dele...!

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  16. Alfredo Gomes Fernandes28 de junho de 2017 às 14:14

    O Laribau é um personagem de infância andava eu no Liceu em Bragança.
    O meu pai subchefe da PSP e natural de Carrazedo que lhe havia feito muitas vezes a barba na juventude era muito amigo do Laribau a quem sempre chamou Gustavo. E, muitas vezes o meu pai o convidava para comer em nossa casa e à nossa mesa. E nessas ocasiões, quase que me implorava que se o visse na rua lhe dissesse de quem era filho, pois tinha medo de me bater e magoar. E muitas vezes o fiz quando o encontrava na rua. Quando investia furioso porque a "ganapada" o irritava com a frase "Laribau mataste Cristo" eu dizia-lhe que era filho do Belmiro de Carrazedo e o Laribau abraçava-me e beijava-me na face com o mais profundo respeito pelo amigo Belmiro perante a perplexidade dos meus colegas.
    Figura incontornável e inesquecível de Bragança que Deus te tenha em paz Laribau.

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