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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Imigrantes em Bragança desesperam por título de residência há anos

 Há imigrantes em Bragança que estão à espera do título de residência há anos. A AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo), organismo que substituiu o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), não está a conseguir responder às solicitações que são feitas diariamente


Daniel Tiepolo aguarda uma resposta há três anos. Em 2021 deixou o Brasil e entrou no mestrado no Politécnico de Bragança. Queria ficar na região a trabalhar, por isso solicitou, ao na altura ainda SEF, um título de residência. E foi aí que deu início a um processo que ainda hoje não está concluído e que mal imaginaria que viesse a ser uma grande dor de cabeça. “Já recebi contratos de trabalho e não consigo, porque o empregador não quer contratar alguém que não tenha residência formal. Há um ano o SEF lançou o CPLP e os empregadores aceitaram. No entanto, o meu CPLP vai caducar no próximo mês e a minha empregadora pergunta-me como estará a minha situação e vim à AIMA e disseram-me que não sabem o que vai acontecer”, contou.

Segundo o presidente da Associação de Estudantes Brasileiros do IPB, Gabriel Cangussu, este é um problema “recorrente”. São vários os pedidos de ajuda de alunos por terem problemas em conseguir um agendamento para o título de residência ou para conseguirem o CPLP. “Há estudantes que entram em contacto com a nossa associação com problemas de que não conseguem o agendamento, há outros que raramente conseguem o CPLP, que é basicamente um documento que se imprime com um QR no meio e que não é aceite noutros países”, adiantou.

Há cerca de um ano, o Governo criou a autorização de residência CPLP, documento que garante que os imigrantes vivem no país. No entanto, impede que as pessoas circulem pela Europa. A União Europeia já emitiu um comunicado referindo que iria processar Portugal pela ilegalidade destas autorizações. 

Mas não são apenas alunos do IPB a passar por esta situação. Marcelo Anjos, professor na Universidade Federal do Amazonas, veio fazer o pós doutoramento para o IPB. Como os prazos eram apertados, decidiu vir e a partir daqui emitir o visto. Passaram 10 meses e até agora não conseguiu. “Há uma série de limitações para eu transitar dentro a União Europeia, porque eu tenho muitas reuniões com outros lideres de investigação e eu não consigo, às vezes, participar nas reunião presencialmente noutros países, porque estou restrito a ficar em Portugal”, disse.

Uma situação que afecta brasileiros, mas também africanos. No entanto, Dionísio Mendes, da Associação de Estudantes Africanos do IPB, apontou ainda outro problema, a dificuldade de obter comprovativo de residência na junta de freguesia. “Uma das dificuldades é a obtenção do comprovativo de residência. Para isso é preciso duas testemunhas de nacionalidade portuguesa, que é muito difícil, porque é muito complicado uma pessoa testemunhar por quem não conhece”, referiu.

Nos últimos três anos, a Junta de Freguesia da Sé, Santa Maria e Meixedo, com sede na cidade de Bragança, já atribuiu “15 mil atestados de residência a estrangeiros, dos quais 10 mil permanecem na região”.

Os advogados e solicitadores são muitas vezes a ponte entre os estrangeiros e a AIMA. Ajudam na recolha da documentação e acompanham o processo, mas também se vêem de pés e mãos atados, porque assim que a documentação entra na AIMA nada mais podem fazer senão esperar. A solicitadora Joana Silva tem sido procurada por brasileiros, mas também pessoas que vêm da India, Bangladesh e Paquistão. No entanto, admite que a situação só piorou com a reestruturação do SEF. “A AIMA não foi bem organizada, tem muitas falhas, tem baixa de funcionários para o IRN. Não quero dizer que a AIMA foi um projecto falhado, mas está quase nesse ponto, porque ninguém consegue trabalhar com estes sistemas que estão constantemente a dar erro e a não funcionar”, apontou.

Em Março, a AIMA, a Ordem dos Advogados e a Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução celebraram um protocolo de cooperação para ajudar na regularização dos cerca de 300 mil processos pendentes. Vai ser aberto um concurso público para advogados e solicitadores concorreram a uma bolsa, facilitando na resolução dos processos que têm anos de atraso.

Há mais de duas semanas contactámos a AIMA, via email, para obter esclarecimentos sobre os títulos de residência e o motivo do atraso. Tentámos também ligar para o contacto disponível no site, mas até agora não tivemos qualquer resposta.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

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