Desviada a 30 quilómetros da capital concelhia, tomando a direcção do sudeste, a freguesia de Outeiro encaixa já na orla oriental fronteiriça, entestando ainda com o vizinho município de Vimioso, que lhe fica a sul. A E.N. 218, recentemente beneficiada ao nível do respectivo piso, providencia a ligação de Outeiro à cidade brigantina.
Abrangendo uma área planáltica, onde a altitude média rondará os 600 m, a freguesia é cortada, na sua metade sul, por um pequeno regato afluente do fronteiriço rio Maçãs. Nos seus dois povoados principais – Outeiro e Paradinha – residirão à volta de 375 almas (contra as 948 de medos do século).
No lugar de Outeiro (topónimo que se lhe ajusta como uma luva, dada a topografia do terreno: espraiada em vasta chã, no sopé de uma proeminência cónica que atinge 789 metros de altitude e serviu de assento a tutelar fortaleza mediévica) teve sede o medievo concelho assim designado.
Para além dos restos de muros argamassados que coroam a eminência rochosa do Castelo, parece substituírem ali ténues indícios de mais recuadas ocupações. Pelo menos assim o assinalam autores como o Abade de Baçal e, na sua esteira, Neto e A.C.F. Silva. A confirmar-se esta suspeita, as raízes do povoamento local mergulharão, pelo menos, até aos finais da proto-história, que o mesmo é dizer, à Idade do Ferro Castreja e Romanização.
Habitualmente atribuída a D. Dinis, a iniciativa da edificação de uma fortaleza medieval deverá, como suspeitam alguns autores, recuar possivelmente aos primórdios da nacionalidade atendendo até à sua condição raiana, não muito distante da antiga fronteira com o reino leonês.
Reduzindo praticamente à condição de escombros, o Castelo de Outeiro recordará ainda assim algumas passagens de atribulada história militar, nomeadamente as diversas campanhas a que terá assistido durante a segunda metade do séc. XIV, nas guerras de D. Fernando com Castela e com a subida ao poder de D. João I. No seu reinado, o Mestre de Aviz, após tomar a fortaleza, terá aproveitado inclusivamente para alargar o termo concelhio de Outeiro de Miranda (designação que tomaria na altura), ao qual D. Manuel I acabaria por conceder foral novo.
O Pelourinho lá está, erguendo-se com sobranceira artística em relação aos seus parentes mais pobres de tipologia bragançana (Rebordões, Sanceriz, Gostei, etc.). Uma modesta habitação que terá servido de Casa da Câmara e antiga cadeia, será outro testemunho a perpetuar uma há muita perdida autonomia. A contrastar com essa humilde construção, ergue-se ao centro de um espaçoso largo, o opulento templo seiscentista dedicando ao Sto. Cristo, com seu magnificiente Cruzeiro (I.I.P.). Não muito distante pode apreciar-se a Capela do Sto. Cristo.
A Igreja Paroquial de N. Sra. da Assunção é por seu turno uma humilde construção a um rústico sabor românico, eventualmente tardio, com o seu portal em arco redondo de grande sobriedade construtiva. Paradinha de Outeiro foi também outrora sede de freguesia própria, invocada a S. Miguel e há muito tempo já extinta.
A intensidade religiosa não é apenas mostrada nas festas, mas também em orações, que muitas delas são rezadas a uma determinada hora do dia.
Com a religiosidade cristã, há uma grande manifestação de crenças e superstições, muitas delas referentes à saúde.
Antigamente, com a falta dos meios de que actualmente dispomos, as doenças eram tratadas de acordo com a medicina popular, na esperança de curar as maleitas que afectam o povo.
Outra das tradições desta freguesia, é a da matança do porco, que se realiza na altura mais fria do Outono ou Inverno, para que as carnes não se estraguem.
Relativamente aos jogos tradicionais, nesta freguesia eram muito praticados no passado, nomeadamente nos tempos livres, proporcionando o convívio entre os populares e criando laços entre os mesmos. Apesar de serem pouco praticados actualmente, são ainda mantidos na memória dos mais idosos alguns jogos, como o jogo do cântaro, o jogo do ferro, o jogo do pino ou chino e o jogo do vintém ou da Raiola.
in:cm-braganca.pt
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