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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 8 de julho de 2025

Henrique Martins, o cronista afetivo de Bragança

No canto mais discreto da internet, existe um lugar onde Bragança nunca envelhece. Chama-se “MEMÓRIAS… e outras coisas” e é o blogue do Henrique Martins, transmontano de gema e de alma inteira dedicada à cidade onde cresceu, amadureceu e se fez memória viva de todos nós.

Com uma escrita intimista, acessível e profundamente enraizada na experiência pessoal, O Henrique Martins faz mais do que recordar, restitui vida ao passado. As suas crónicas percorrem as ruas de uma Bragança de outros tempos, recuperam figuras que marcaram gerações, revisitadas com respeito e ternura, e resgatam episódios esquecidos que ajudaram a moldar a identidade de uma comunidade.

A sua dedicação não se limita à nostalgia: é um serviço cívico e cultural, prestado com regularidade, generosidade e autenticidade. Cada publicação é uma janela aberta para o passado, mas também um espelho que permite à cidade ver-se e reconhecer-se.

Ali, entre crónicas singelas e bem-humoradas, desfilam recordações de infância, ruas cobertas de neve, festas populares, escolas, vizinhos, figuras singulares, lojas desaparecidas, o comboio a vapor… Tudo contado com uma proximidade que faz do leitor cúmplice e conterrâneo, mesmo que nunca tenha pisado as calçadas da cidade.

“Na primeira noite que passámos na nova casa só ficámos eu e a minha Mãe. A Emissora Nacional transmitia o relato de um jogo de hóquei em patins da selecção nacional… Só a vizinha Espanha nos fazia frente. Era um golo em cada dois minutos.”

Este é apenas um dos muitos parágrafos que nos transportam para o universo vivido pelo Henrique Martins. Um universo onde o tempo se mede em cheiros, sons e afetos, como o do pão quente da Pensão Rucha, o colchão de palha transportado com a irmã pelos trilhos de Além do Rio até ao Bairro da Previdência, ou os joelhos esfolados nas pedras das ruas ainda sem alcatrão.

Um cronista de verdade

O Henrique não é escritor profissional, nem precisa de o ser. A sua escrita flui como conversa de banco de jardim, direta, sensível e impregnada de verdade. Cada publicação no seu blogue é um pedaço de tempo resgatado da sombra do esquecimento.

Com ele, revemos a Bragança de antes da televisão a cores, de antes dos centros comerciais, de antes do planeamento urbano. Uma cidade de gente de carne e osso, com as suas lutas, carências, esperanças e festas.

“Do novo bairro e da nova casa, arrendada por 400$00 ao mês (o meu Pai ganhava ao tempo cerca de 800$00 por mês), já me lembra de tudo ou de quase tudo. Muitas marcas ainda hoje se mantêm no meu corpo, nomeadamente ao nível dos joelhos.”

Uma memória que se vê

O blogue não vive só de palavras. As fotografias antigas, muitas do seu próprio arquivo pessoal, são outra forma de nos recordar quem somos. Ver uma criança de gabardina ao lado da irmã, na véspera de Natal de há 63 anos, é mais do que uma imagem: é uma ponte afetiva entre gerações.

O Henrique oferece essas imagens com delicadeza. Não é a nostalgia gratuita que move o seu trabalho, mas um impulso de preservar e partilhar, com gratidão, o que o tempo vai levando.

Um serviço à comunidade

Num tempo em que tudo é fugaz e cada cidade parece igual à anterior, a obra do Henrique Martins é um ato de resistência cultural. Mais do que lembrar o que foi, ele ajuda-nos a compreender o que ainda somos. O seu blogue é também fonte de pesquisa, inspiração para professores, jornalistas, historiadores e simples curiosos.

Aliás, para muitos, ele é o cronista não oficial de Bragança, um título que carrega sem vaidade, mas com um enorme sentido de pertença.

Uma carta que fica

“Esta passou a ser e será sempre, a minha terra.”

Henrique Martins

Num país que tantas vezes esquece os seus autores silenciosos, aqui fica um agradecimento público ao Henrique Martins: por escrever sem ruído, por publicar com o coração, por resgatar a cidade que somos, mesmo quando já não temos memória dela.

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Sinto-me na obrigação de dizer alguma coisa:

Recebi este testemunho no meu email através do formulário de contactos do blogue.

Grato a quem escreveu e que não se quis identificar. Grato por me fazer sentir que vale a pena. Publico por serem palavras que me motivam e poderão motivar outros. Desistir nunca é a solução.

A imagem, como é evidente, é da minha responsabilidade.

Muito obrigado.

HM

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