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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Igreja de Santa Comba, Santa Comba de Rossas. Casta e Inocente como uma Pomba!

 Aldeia e freguesia, situada na vertente Poente da Serra da Nogueira, 22km a Sudoeste de Bragança. O povoado é muito antigo e a paróquia, dedicada a Santa Comba, virgem e mártir da segunda metade do séc. III, recua à pré nacionalidade, pertencendo então à Terra de Lampaças. Nas Inquirições de 1258, de D. Afonso III, Santa Comba é mencionada entre as primeiras do termo de Bragança, de pertença régia, mas com os Templários e o Mosteiro do Castro de Avelãs detentores de propriedades. Já o padroado da Igreja pertencia ao rei e a fábrica estava associada aos moradores. Nos séculos XIV e XV, D. Afonso IV e, depois, D. Duarte, dão primazia a jurisdição civil em detrimento da eclesiástica dos Monges do Castro. No séc. XVI, a Igreja de Santa Comba estava anexa à de S. Nicolau de Salsas, pertença à Ordem de Cristo, e o cura ao respetivo reitor. Se a Igreja está inserta no povoado, 2km a Noroeste situa-se a Capela de Nossa Senhora do Pereiro, “em aprazível localização campestre, rodeada de seculares castanheiros”, junto de antiga estrada romana. Aventa-se que D. Pedro e Inês de Castro estiveram na Capela e que aí terá também parado a futura rainha Santa Isabel. Teve confraria entre 1710-1863. Referem as «Memórias Paroquiais de 1758» que junto estava “huma fonte que fas milagres em algumas criaturas lauandose e bebendo daquella aguoa”. Quanto à Matriz, tinha “tres altares hum o da Capella maior que gouerna o Senhor Marques de Valença Comendador daqui e os dois Coletrais hum de S. Antonio e outro da Senhora da Conceicaõ os quoais guoverna o povo”.


Igreja setecentista, com inscrição 1741 no dintel do portal principal, encimado por cartela IHS, impõe-se pelo risco arquitetónico granítico do frontispício. Delimitado por pilares moldurados, rematados por pináculos piramidais com bolbo. O portal é de moldura recortada nos vértices e jambas almofadadas de dupla imposta. Do entablamento sobressai frontão triangular, de nicho vazado, pia inferior e concheado superior, pináculos piramidais com bola nas arestas e pequena Cruz trevolada no vértice. É ladeado por dois óculos circulares. O ‘pano’ da fachada está truncado por campanário de dupla sineira, em arco de volta perfeita. Sobrepujado por espaldar triangular, aberto por vão no tímpano, ladeado por pináculos e coroado por Cruz latina. 
O interior é espaçoso, de paredes rebocadas e pintadas de branco e cobertura de madeira em forma de berço. Os três altares, policromados e dourados do barroco tardio, de restauro recente, contêm mesa em forma de urna, colunas torças com vegetalismos nas espiras e capitéis alusivos ao coríntio. Os altares colaterais, apostos às paredes do arco triunfal, são gémeos, unidos por ático com sanefa e festões, decoração volutada e, ao centro, anjos atlantes a segurar cartela concheada. Dedicados ao Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora de Fátima. Os retábulos, de colunas a verde e presença do escarlate, decoração vegetalista e concheada a dourado, tem Sacrário com dossel, ladeado por anjos atlantes. Em nicho, envolvido por duplo aro de volta perfeita, a imagem expõe-se sobre trono com querubim na face. Um triplo vaso decorativo coroa o conjunto. No teto, doze painéis pintados aludem aos Evangelistas, na parte central, e a oito Apóstolos. Nas paredes laterais constam imagens de S. Sebastião e Santa Rita de Cássia.
No Altar-mor, de registo decorativo similar, a pintura é a branco. O retábulo, de triplo eixo, expõe Crucifixo sobre o Sacrário e abre tribuna com trono expositivo de três degraus, com Pomba do Espírito Santo aureolada. Os eixos laterais, com reposteiro superior, apresentam sobre peanha o Orago Santa Comba, no lado do evangelho, e Santa Luzia no da epístola. O ático, corrido por sanefa, com anjos alados, vestidos, sobre as cornijas das colunas, centra a Cruz da Ordem Cristo, amparada por anjos alados nus. As dez pinturas encaixotadas no teto referem-se à crucificação de Jesus, Sagrada Eucaristia e a instrumentos do martírio.
Como curiosidade, a antiga estação de comboio de Santa Comba de Rossas, até à desativação da linha do Tua, era a mais elevada do país, a 850mt de altitude.

Susana Cipriano e Abílio Lousada

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