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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Capela de Nossa Senhora da Cabeça, Nogueira. Parte I. “Todas as gerações me proclamarão Bem-Aventurada”!

 Estendida no sopé da vertente Norte da Serra da Nogueira, assumindo-lhe a toponímia, a aldeia e freguesia dista 9km a sudoeste de Bragança. É atravessada por linhas de água que entroncam na ribeira de Vale de Conde que, por sua vez, desagua no rio Fervença. A Paróquia de Sancti Pelagii de Nugaria, Nogueyra ou Nogueira é antiga, de provável constituição durante o processo da Reconquista Cristã Peninsular contra os Almorávidas, no séc. X-XI. A invocação do padroeiro, nado na Galiza e mártir pelos Mouros, em 925, em Córdoba, é indicativo. Contemporânea do Mosteiro de Castro de Avelãs, o alargamento dos domínios deste abrangia o território de Nogueira, estabelecido no conturbado reinado de D. Sancho II (1223-1248). Disso deram nota as Inquirições de D. Afonso III (1258) e de D. Dinis (1290), numa altura de litígio patrimonial entre a Coroa, o Mosteiro do Castro e a Arquidiocese de Braga, com a Ordem dos Hospitalários também envolvida no processo. D. Dinis impôs foros régios e ‘livre-trânsito’ para os oficiais régios e o Mosteiro cobrava duas partes dos dízimos e metade da murtura.


Em 1542, Nogueira foi doada à Casa de Bragança e, após criação do Bispado de Miranda e extinção do Mosteiro do Castro (1545), a Paróquia era pertença do Cabido da Sé, a quem competia nomear cura. A Igreja de S. Vicente de Bragança aqui também colhia benefícios. Em 1697, anexa à reitoria da Igreja de S. Bento de Castro de Avelãs, a de S. Pelágio, fora do povoado, foi ‘transladada’ e assente no espaço entre os ‘dois bairros’ da aldeia, onde se erguia uma Capela de S. Sebastião. Seria intervencionada na arquitetura exterior e decoração interior, com um cunho Barroco setecentista. Nesta altura, a freguesia de Nogueira ganharia estatuto independente de reitoria. Já no séc. XIX, no período subsequente às Invasões Francesas, erguer-se-ia no ‘Bairro de Baixo’ nova Capela de S. Sebastião, inicialmente particular, da família dos Borges de Gostei, que se tornaria devoluta, assumindo-a o povo no séc. seguinte. Entretanto, pelo menos desde o séc. XVI que Nogueira conta com outro Templo Católico, que constituirá o centro da nossa narrativa: a Capela de Nossa Senhora da Cabeça. Situada num cabeço cónico, a 825mt de cota, 1km a Noroeste da aldeia. Lugar castrejo, conhecido como da Cigadonha, terá sido povoado desde a Idade do Ferro e, depois, romanizado, de onde saíram quatro estelas, recolhidas na Casa do Adro em Viseu, a par de telhas e elementos de cerâmica. A área onde se implanta a Capela era o centro habitacional do espaço envolvente. 
A questão a colocar é quando foi edificado o Templo e das razões da sua original dedicação! Frei Agostinho de Santa Maria (Santuário Mariano e Imagens Milagrosas de Nossa Senhora, Tomo V, 1706), assente em informações do Abade da Igreja de S. João Baptista de Bragança, Manoel Camelo de Moraes, sobre a edificação da Capela vinca: “feyta a diligencia, nem por tradições se acha quem dè noticia de sua origem”. Quanto à dedicação, escreve que “não falta quem diga, que a causa do título, & invocação desta milagrosa Senhora, o tomàra do mesmo cabeço, ou monte em que foi edificado”. Acrescentando que “como a Senhora he muyto celebrada pela razaõ de aliviar a todos os que a ela recorrem com queyxas da cabeça, bem podemos entender que o titulo se lhe deo por aquelles, que desta queixa melhoràraõ”. E complementa com a suposição de que “bem poderà ser tambem, que a Senhora tyivesse outro titulo, que perderia com o das milagrosas melhoras, que os quixosos das molestas dores de cabeça alcançavão”. No interior da Capela, o arco triunfal apresenta a gravação 1600, aduzindo a ter sido edificada entre finais do séc. XVI e inícios do XVII. Mas é de supor a existência de ermida no demarcado cabeço, desde a Cristianização com os Suevos e os Visigodos, ou após a reconquista do Norte de Portugal aos Mouros. Já a dedicação a Nossa Senhora da Cabeça será sempre posterior a 1227, quando teve origem, e se disseminou, esta devoção Mariana. De facto, nesse ano, a 12 de agosto, o pastor andaluz João Alonso Rivas, tolheito de um braço, pastoreava as ovelhas nos contrafortes da serra Morena, a 18 km da cidade de Andujar. 
Através de ‘estranhos’ sinais sineiros, foi atraído para o Monte da Cabeça, no pico da serra. Então, numa gruta, o pastor viu e falou com a Virgem, que lhe curou o braço enfermo e o instou a edificar uma ermida no local, que seria dedicada à Santíssima Virgen de la Cabeza! Em Nogueira, o facto de a Capela estar implantada no cabeço da Cigadonha e as pessoas se lhe dirigirem com maleitas relacionadas com a cabeça tê-la-á denominado Nossa Senhora da Cabeça, algures entre os séc. XIII-XVI. Uma coisa é certa, no séc. XVIII a ermida, assumida como Santuário pelo povo, tinha na Senhora da Cabeça, “Santissima Imagem de roca, & de vestidos, muito antiga”, enorme devoção e tida como muito milagrosa (Frei Agostinho), compreendendo numerosa Irmandade (Memórias Paroquiais 1758).

Susana Cipriano e Abílio Lousada

2 comentários:

  1. Não é essa a história que eu conheço... em que livro está escrito...

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  2. Não é essa a história que eu conheço... onde está escrito...

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