quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

A única sílaba da vida...

Por: Paula Freire
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)


Para ti, que nunca alcançaste o soberbo olhar da mais profunda e única sílaba da vida, digo-te que aprendas. Porque vale a pena e serás, talvez, mais feliz. Que um mundo de poesia é apenas isto. 
Fazer dos gestos uma paixão com ardor, fazer da arte que em nós vive, o sentimento maior.
No íntimo, e ainda à flor da pele, a certeza dos caminhos que trilhamos sem a mentira de mostrar alegrias em todos os instantes e horas. De não querer nada em grande, nem de mil fingimentos para anestesiar os vazios da solidão e do que vem. Mas morar em dias simples e leves e cheios daquilo que nos faz tão bem. 
Ter em si a diferença especial de quem nos traz ao colo e nos mostra o brilho da luz, com o carinho genuíno que seduz.
Um mundo de poesia é sempre cá dentro. No embalo do coração e do silêncio, onde pertence a visão mais clara do muito que tão poucos vêem. 
Abrir a janela do peito e permitir a respiração que nos torna capazes de dizer não à palavra oca e ao sentimento vão. E entre as escolhas de um amor tão raro, o nosso, aprender a conjugar o verbo “doar-se” por inteiro e sem pressa, aos braços de quem parte e de quem nos regressa.
O eterno espaço que nos habita em abraços demorados, as manhãs e o anoitecer que são o chão da nossa estória. As voltas certas das palavras que o tempo cantou e não apagou da memória. 
Esta é a mais profunda e única sílaba da vida. Compreende-a. 
Que um mundo de poesia é a nossa sagrada paisagem interior, com tudo o que nos vale a pena. Que este mundo, só verdadeiramente o entende e sente… aquele que não tem a alma pequena.

Paula Freire
- Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal.
Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas do Desenvolvimento Pessoal e do Autoconhecimento, bem como à prática de clínica privada.
Filha de gentes e terras alentejanas por parte materna e com o coração em Trás-os-Montes pelo elo matrimonial, desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, onde se descobre nas vivências sugeridas pelos olhares daqueles com quem se cruza nos caminhos da vida, e onde se arrisca a descobrir mistérios escondidos e silenciosas confissões. Um manancial de emoções e sentimentos tão humanos, que lhe foram permitindo colaborar em meios de comunicação da imprensa local com publicações de textos, crónicas e poesias.
O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021: Cultura sem Fronteiras (coletânea de literatura e artes) e Nunca é Tarde (poesia).
Prefaciadora do romance Amor Pecador, de Tchiza (Mar Morto Editora, Angola, 2021) e da obra poética Pedaços de Mim, de Reis Silva (Editora Imagem e Publicações, 2021).
Autora do livro de poesia Lírio: Flor-de-Lis (Editora Imagem e Publicações, 2022).
Em setembro de 2022, a convite da Casa da Beira Alta, realizou, na cidade do Porto, uma exposição de fotografia sob o título: "Um Outono no Feminino: de Amor e de Ser Mulher".
Atualmente, é colaboradora regular do blogue "Memórias... e outras coisas..."- Bragança e da Revista Vicejar (Brasil).
Há alguns anos, descobriu-se no seu amor pela arte da fotografia onde, de forma autodidata, aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza, sendo administradora da página de poesia e fotografia, Flor De Lyz.

2 comentários:

  1. Mensagem de uma sensibilidade de sentimentos única 🌹
    Parabéns Paula Freite, desta tua amiga que te admira muito 😘
    Amelia Castro

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    1. Obrigada, Amélia, pelas tuas palavras e consideração.
      Uma amizade que é recíproca.

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