segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Miranda do Douro - Preservação do mirandês em aberto


Criação de Fundação ou Instituto são duas possibilidades para o modelo de organismo destinado a preservar esta língua. No entanto, o processo está a demorar mais do que o previsto
O secretário de Estado da Cultura é da opinião que a defesa do mirandês diz respeito ao povo de Miranda do Douro, o qual deverá decidir se a preservação da língua poderá passar por um modelo de Instituto ou Fundação. Segundo o governante, o dossiê que prevê a criação de uma Fundação ou Instituto da Língua Mirandesa ainda não foi apresentado à Secretaria de Estado da Cultura (SEC). Francisco José Viegas admite, porém, que há a possibilidade de o Governo poder apoiar um dos dois modelos. "Perder uma língua é como perder a nossa alma. E perder o mirandês é como perder um pouco da alma de Miranda e de Trás-os-Montes", frisou Francisco José Viegas. 
O governante, que falava no decurso da abertura do Festival de Sabores Mirandeses, disse que se pode mostrar abertura para o reconhecimento da cultura mirandesa e das suas variadas formas, mais ou menos conhecidas. "Reconhecer estas formas culturais é importante, já que as expressões culturais mirandesas foram ignoradas ao longo dos tempos", acrescentou o secretário da Estado. Para Francisco José Viegas, a língua poderá ser um factor importante para pôr as pessoas a defender as suas tradições e a sua cultura, as quais são fundamentais para a criação de uma marca cultural de Miranda do Douro, que poderá ser explorada. "Nós, hoje, não podemos isolar aquilo que é cultura e património das outras dimensões da vida cultural contemporânea que têm a ver com turismo, ambiente, ou com o lazer", concluiu. 
O presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Artur Nunes, reconheceu que a "ambicionada" criação da Fundação da Língua Mirandesa ainda não está formalizada devido ao aparecimento de "entraves burocráticos" que levam à criação deste tipo de organismos. "Face a esta situação, vamos ter de encontrar uma nova forma e tudo leva a crer que a ideia poderá passar por criar um Instituto da Língua Mirandesa em vez de uma Fundação", admitiu o autarca. Artur Nunes garante que tem uma reunião agendada na SEC para debater a criação deste organismo de defesa e promoção da língua mirandesa, há muito defendido por investigadores e estudiosos, como forma de preservar esta secular forma de comunicar. 
No entanto, foi decido por vários estudioso, linguistas e outros agentes culturais, que o modelo de Fundação seria o mais” apetecível” para ser incrementado como Instituição de defesa do património imaterial da Terra de Miranda. A comissão instaladora para a fundação da Língua Mirandesa foi formalizada em Setembro de 2010. 
O autarca de Miranda do Douro, Artur Nunes considerou na altura o momento como "um passo em frente" no estudo e divulgação da Língua Mirandesa. Aquando da sua criação esta comissão englobava um conjunto de nomes ligado ao estudo e promoção da língua como Amadeu Ferreira, escritor e investigador, Júlio Meirinhos, mentor da Lei do Mirandês, e o próprio autarca de Miranda do Douro. Todo o processo de instalação da futura Fundação do mirandês deveria estar concluído até ao final 2010, e passado mais de um ano e meio ainda não é conhecido o modelo a seguir.


Por: Francisco Pinto
in:mdb.pt

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