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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Notícias da aldeia

A seara é a mesma. Eu mudei. Ficam as emoções e as memórias. A chegada dos segadores vindos de Argozelo e Carção. Ficam as sopas de vinho, doces como o mel. Fica a burra, o caminho, os alforges e o almoço para os segadores. Ficam as canções dolentes cheias de sol… e a sesta… e a rapariga trigueira como o trigo e o copo da água… e os beijos com sabor a espigas cheias de grão. Ficam os carros de bois cantando, ou chorando carregados de molhos de trigo. Fica a eira, a meda, os medeiros e os malhos batendo pesados ao som cadente do ritmo dos malhadores. Fica a arca cheia de trigo e de esperança. Fica a chegada do médico, do barbeiro, do padre, do ferrador, do alfaiate, do ferreiro que vêm cobrar a quarta de cereal. Fica o tempo e o medo dos Invernos. Fica o sonho, as tardes longas cheias de calmaria e dos saltos dos gafanhotos. Ficam as cigarras nas infindas tardes de Verão. Ficam as fontes e as cântaras de Pinela. Ficam as crianças, os homens e mulheres da nossa aldeia. Ficam as novenas da Senhora da Serra no final das colheitas…e fico eu, para numa noite de solidão e de Julho, juntar palavras…desesperadamente … tentando agarrar a nossa Terra que como a água do ribeiro me escapa por entre os dedos.

Fernando Calado

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