(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
As últimas juntas de vacas puxando demoradamente o carro carregado de trigo, centeio, ou feno há muito que já só existe no imaginário da nossa infância.
O arado e a charrua da Tramagal ou da Cegonheira enfeitam, em discutível bom gosto, os telheiros das casas citadinas. Memórias do pai, de aguilhada na mão lavrando as longas terras, prenúncio de pão… de moinho… de forno quente!
A Escola também fechou e as crianças há muito que não jogam ao pião, ao esconde-esconde, ou à macaca. E o silêncio habita nas quatro paredes do velho edifício escolar!
A minha rua e toda aldeia é um espaço onde os idosos nos juntamos para falar de memórias… de tanta gente, de valentes, malandros, trabalhadores, pícaros, ou notáveis. Mais vinte, ou trinta anos e já nenhum de nós estará nestas paragens para contar como foi e as crianças teimosamente não nascem.
… a aldeia em breve será este deserto que nos dói!
Felizmente o pastor ainda passa ao entardecer e o rebanho é música de balidos que amaciam a paisagem. As ovelhas bebem no tanque junto à minha casa, no mesmo tanque onde eu bebo em tardes de soalheira. E a aldeia anima-se. E o rebanho passa. E todos regressam!
Obrigado pastor!
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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