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quinta-feira, 20 de junho de 2024

OS FIDALGOS - BRAGANÇA - ABREU SARMENTO

 Cópia de um documento original, escrito em três folios de papel grosso, não pautado, em poder do erudito genealogista Francisco de Moura Coutinho, director da agência do Banco de Portugal em Bragança:

«Pedro Ferreira de Sá Sarmento de Lozada, Cavalleiro professo na Ordem de Christo, Moço fidalgo da Caza de S. Magestade e coronel do Regimento de Cavallaria de Almeida.

Atesto que Antonio Manuel de Abreu Sarmento tenente do Regimento de cavalaria de Bragança e seus irmãos Manuel Caetano de Abreu Sarmento e Jose Vicente de Abreu Sarmento Alferes do mesmo Regimento cidadoens e naturaes desta mesma cidade são filhos legitimos de Antonio de Abreu de Barros Sarmento, Sargento Mor e Cidadão da mesma Cidade e de sua mulher D. Rosa Maria de Faria Figueiredo e Lemos e he esta netta pela parte Paterna de Manuel de Faria Figueiredo Borges da Rocha Cavalleiro professo na Ordem de Christo com a merce de huma Comenda Fidalgo da Caza de S. Magestade e Mestre de Campo de hum terço pago de Infanteria Auxiliar no tempo da guerra da feliz acclamação em que tambem governou esta cidade e as praças de Castello bom e Castello Mendo na provincia da Beira e de sua mulher D. Anna Maria de Figueiredo Sarmento netta esta de Miguel de Figueiredo Sarmento irmão inteiro do Alcaide Mor desta mesma cidade Pedro de Figueiredo Sarmento e bisnetta de D. Francisca Luiz Sarmento legitima mulher de Antonio de Figueiredo Cavalleiro professo na Ordem de Christo Fidalgo da Caza Real irmãm inteira de Lopo Sarmento Alcaide Mor tão bem desta Cidade e ambos filhos de Jacome Luiz Sarmento; em cuja sobreditta guerra sei Eu por papeis e atestaçoens autenticas e fidedignas que Eu vi, ter obrado, e procedido o ditto Mestre de Campo com tanta honra e valor, e arriscado tantas vezes a sua vida naquella guerra em defensa deste Reyno com tanto zelo e desembaraço que mereceo receber duas Cartas de distintissima honra e glória sua; huma do Senhor Rey D. João o quarto e outra da Senhora Raynha D. Luiza, que Eu li, prometendo-lhe e offerecendo-lhe nellas o premio de seus serviços e trabalhos quando tratasse de seus acrescentamentos, e despachos de cujos relevantes serviços não lograrão merce ou despacho algum seus descendentes athe ao presente; e o sobredito Antonio de Abreu he filho legitimo de Estevao de Abreu de Barros Cidadão desta Cidade e Alferes de Cavallaria da Tropa de Couraças no tempo da sobreditta guerra em que servio dando provas do mais destinto valor e honra achando-se com a sua Companhia no sitio e tomada da praça de Valença de Alcantara e da mesma sorte no anno de 1665 na batalha de Montes Claros na qual recebeo duas feridas por ser o seu esquadrão hum dos que mais se assignalou e bateo com os Inimigos e no sitio do forte e praças da Guarda que foi rendida às nossas armas, como consta de atestaçoens honrradissimas que Eu vi, e tem em seu poder os ditos seus nettos, o qual Estevão de Abreu he irmão inteiro de Pascoal de Abreu de Barros General que foi da Armada da India e Governador de Bombaça e de outras praças daqueles Estados, cujos serviços de hum e outro tãobem não forão athe ao presente remunerados, Filhos ambos estes de Balthasar de Abreu Doutel de Almeida e de sua legitima mulher D. Joanna de Barros das mais principaes familias desta Cidade, nettos de João Doutel de Almeida e de sua mulher D. Cezilia de Abreu, netta esta de Gaspar Mendes Fidalgo da Caza Real Cavalleiro professo na Ordem de Christo e Comendador da Comenda de S. Niculáo de Basto, bisnettos de Antonio Doutel de Almeida Instituidor do morgado dos Douteis nesta Cidade, terceiros nettos de Francisco Doutel noblissimo Cidadão della, quartos nettos de João Doutel Fidalgo da Caza Real Moço da Camara do Senhor Rey D. Manuel e proprietario dos officios de Juiz dos Orfaos, e de Escrivão da Alfandega desta mesma Cidade, e quintos nettos de Gil Martins Doutel Monteyro Mor deste Reyno e Senhor de juro e erdade das terras de Alva Balsemão Abitureira Azoya Parada Penafiel Bastuço Palmeira e Faro: – e não só por estes seus ascendentes mas por todos seus quatro Avós são os ditos Antonio Manoel de Abreu e seus Irmãos das Pessoas mais destintas Nobres e honrradas desta Provincia, porque por seu Pai e Avó Paterno, são descendentes como asima se ve do sobreditto Monteiro Mor sempre por linha de Barão, e por sua Mai e Avós Paternos della são descendentes dos Alcaides Mores desta Cidade; e das Nobelissimas e muito antiguas familias dos seguintes apelidos:
Dos FARIAS por seu sobredito bis Avó Manuel de Faria que deles legitimamente procede por linha de Barão;
Dos FIGUEIREDOS por seu quinto Avô Materno Antonio de Figueiredo Cavalleiro da Ordem de Christo Fidalgo da Caza Real e natural de Val de Besteiros na provincia da Beira legitimo descendente de Rui Vasques de Figueiredo Senhor do Julgado de Figueiredo com o titulo de Vassallo de El Rey D. Affonso quarto cujo onorifico titulo daquele tempo tiverão tãobem seus Avós Filho este de Vasco Esteves de Figueiredo Senhor do mesmo Julgado descendente de Guesto Ansur aquelle Illustrissimo e Valoroso Cavalleiro, de que fala a Nobiliarchia Portugueza pag. 279;
Dos MORAES por seu quarto Avó Gonçallo de Moraes o Velho Cavalleiro professo na Ordem de Christo e Capitam Mor da Villa de Vinhaes, o qual foi oitavo netto por Baronia de Rui Martim de Moraes Alcaide Mor desta Cidade no anno de 1321 e de sua mulher D. Alda Gonçalves de Moreira de quem tãobem procedem o Conde de Benavente em Castella e os Moraes Pimenteis desta Cidade e este Rui Martins he bis Netto de D. Gonçallo de Moraes Illustre Cavalleiro Hespanhol natural da Cidade de Coria, e de sua mulher D. Constança Soares natural desta Cidade aonde elle veio cazar no anno de 1210 os quaes derão por sua devoção ao Serafico Patriarca S. Francisco a sua capella de Santa Catharina no anno de 1214 para fundação do seu Convento desta mesma Cidade em que o mesmo santo pos a primeira pedra;
Dos SOUSAS E ALVINS por seu setimo Avo João de Souza de Alvim Alcaide Mor desta Cidade filho de Pedro de Sousa de Alvim tãobem Alcaide Mor della que acompanhou a Senhora D. Leonor filha de El Rey D. Duarte quando foi cazar com Frederico terceiro  Emperador de Alemanha, do qual Pedro de Sousa descendem tãobem os Senhores de Murça por sua Filha D. Izabel de Souza Irmãm inteira do ditto João de Sousa;
Dos COLMENEROS E LOZADAS por sua setima Avó D. Constança Gil Colmenero mulher do dito João de Sousa Netta de Alvaro Annes de Lozada Colmenero Alcaide Mor do Castello de Monforte de Rio Livre Irmão do senhor das Frieiras de quem procedem os Da Mesquitta e outras Cazas Nobilissimas nos Reinos de Galiza e Hespanha e Ascendentes tãobem dos dittos Senhores de Murça;
Dos SARMENTOS por seu quinto Avo Jacome Luiz Sarmento Nobelissimo descendente por linha Masculina de D. Garcia Fernandes Sarmento Rico homem de Hespanha Tronco e Progenitor das legitimas familias deste appelido que são as Cazas dos Condes de Salina Santa Martha Riba de Avia e de Outros titulos, e Adiantados mayores de Galiza e de Castella de quem o sobreditto seu quinto Avo Jacome Luiz Sarmento procede; Dos MANNÉIS por sua nona Avó D. Maria Manuel segunda mulher de D. Garci Fernandes Sarmiento senhor de Salvaterra, e tio direito Irmão do Pai de D. Diogo Gomes Sarmiento primeiro Conde de Santa Martha, e de seu Irmão D. Bernardo Sarmiento Conde do Riba d’Avia a qual he filha de D. Sancho Manuel e de sua mulher D. Genebra da Cunha Giron elle dos Condes de Carrião terceiro Netto do Infante D. Manoel senhor de Escallona Filho de El Rey D. Fernando terceiro de Castella e da Rainha D. Brites Filha de Felipe Emperador de Alemanha e da Imperatriz Irene Filha do Imperador Isaçio Angelo de Constantinopla, e ella Filha de Martim Vasques da Cunha que com seu Irmão Lopo Vazques como se ve Nobliarquia Portugueza pág. 271 se passarão a Castella em tempo de El Rey D. João primeiro filhos estes de Vasco Martins da Cunha sexto senhor da Tabua e de outras terras que era terceiro Netto de D. Vasco Lourenso da Cunha segundo senhor da Tabua;
E dos PEREIRAS por sua undecima Avó D. Constança Rodrigues Pereyra mulher de D. Gonsallo Garcia de Figueiredo Ayo do Infante D. João Alcaide Mor da Feira e senhor de Mavira e Irmãm de João Rodrigues Pereira senhor de Aveiro e outras terras, ambos filhos de Rui Vasques Pereira senhor de Cabeceiras de Basto e de sua molher D. Maria de Berredo filha de Gonçallo Annes de Berredo senhor do solar deste nome e de sua mulher D Sancha de Guzmão filha esta de Pedro Nunes de Gusmão e de sua mulher D. Ignez Fernandes de Lima e Netta de Fernão de Annes de Lima, bis Netta de João Fernandes o Bom de Lima e terceira Netta de Fernam de Ayrias Baticella e de D. Thereza Bermuy Filha de D. Bermudo Peres de Trava e da Infanta D. Urraca Irmãm de El Rey D. Affonso Henrriques, como se ve na Nobliarquia Portugueza pag 296; e o ditto Rui Vasques Pereira he filho de D. Vasco Pereira Irmão do Arcebispo D. Gonçallo Pereira; filhos estes do Conde D. Gonçallo Pereira e de sua mulher D. Urraca Vasques Pimentel bis Avos do Grande D. Nuno Alveres Pereira glorioso ascendente dos nossos Reys, e legitimo descendente aquelle do Conde D. Forjaz Netto do Conde D. Mendo, Progenitor este dos Pereiras deste Reyno e Irmão de Deziderio ultimo Rey dos Longobardos de Ittalia e marido o ditto Conde D. Forjaz de D. Joanna de Romaes filha do Conde D. Ramon e Netta de D. Fruella primeiro Rey de Leam(53), e a mulher do ditto D. Vasco Pereira hera D. Ignez da Cunha filha de Lourenso Martins da Cunha que hera terceiro Netto de D. Payo Ciutèrre da Silva Adiantade Mor de Portugal e de D. Uzenda bis Netta esta de Ramiro segundo, e aquelle quarto Netto de D. Fruella ambos Reys de Leam.
O que tudo he certo, notorio, e indubitavel asim pelo que referem 35 historias Genealogicas desta Provincia, e Reyno e as de Hespanha, e os documentos mais autenticos e veridicos que se achão em poder dos mesmos Antonio Manuel e seus Irmãos, como tãobem por varios outros manuscritos antigos que tenho lido e examinado com bastante aplicação por ser hum dos mais inteligentes em ler as letras antiguas, o que he bem notorio e sabido; e ser verdade o referido o afirmo pelo habito de Christo que professo; e por me ser pedida a presente a mandei escrever que assignei e sellei com o selo de minhas Armas em Bragança a 20 de Julho de 1779.

[Logar de um selo branco com o escudo do brasão de armas(54).]

a) Pedro Ferreira de Sá Sarmento de Lozada».
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(53) SAMPAIO, António de Vilas Boas e – Nobiliarquia Portuguesa, p. 316.
(54) Esse escudo é esquartelado: no 1º, 3º e 4º tem, respectivamente, as armas dos Ferreiras, Sarmentos e Lousadas; estas últimas como as descreve o Arquivo Heráldico Genealógico, isto é: uma lagem de cor de piçarra saindo dela os lagartos. No segundo parece ver-se as armas dos Morais.
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

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