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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

A «BENGUELA» PROVIDENCIAL

Pode o amigo leitor pensar que «benguela» (ou bangala, como dizem alguns) está mal escrito, contudo a nossa ruralidade nada reclama. A palavra urbana «bengala» (rural «benguela») vem do topónimo «Bengala», região dividida entre a Índia e o Bangladesh, com golfo do mesmo nome na longínqua Índia, onde fica a mítica Calecute, que Camões canta nos Lusíadas. Pois, daquela região vieram, além das especiarias, os famosos bastões de cana-da-índia (de Bengala), ficando a cana associada e nomeada por «Bengala».
Também se dizia daquela gente longínqua, segundo o grande dicionarista, José Pedro Machado, citando as «Lendas», que o «habitante ou natural de Bengala»: «porque os bengalas são falsa gente e ladrões…».
Só que para além do topónimo «Bengala», na Índia, existe em Angola, bem mais perto de nós o topónimo «Benguela», nome de uma região e cidade. O povo, como tem mais o sentido prático das cousas, passou a chamar «benguela» à «bengala» ou bastão por associação ao topónimo do reino da mítica rainha Ginga.
Seja como for, a bengala (benguela) ou bastão é todo o pau, menor do que o bordão, para apoio, guarda ou defesa.
O jogo-do-pau era outrora um dos jogos tradicionais populares no Norte de Portugal, ainda hoje cultivado na região de Basto (Minho) e no Nordeste (em Miranda) perdura o jogo ou dança guerreira dos paulitos.
O meu bisavô materno, João Aleixo, pessoa muito daimosa, entre outros atributos atléticos, era um exímio jogador de pau e varria, num ápice, o terreiro duma feira para pôr cobro a uma zaragata. Em meados do século XIX, quando ele se aproximava para acabar com a desordem, era mais temido e respeitado que as forças da ordem.
Mas, do que eu vos queria falar era da segurança das pessoas idosas e que, por vezes, as quedas as marcam para o resto dos dias ou lhes causam uma morte precoce.
A Escola de Enfermagem da Universidade do Minho (UM) esteve envolvida numa investigação para levar a «melhores práticas de prevenção de quedas junto dos mais velhos». 
Assim, a presidente daquela Escola de Enfermagem, Isabel Lage, segundo uma notícia difundida pela mesma UM, desenvolveu uma investigação que conclui que «um terço das pessoas com mais de 65 anos e metade das que têm mais de 80 sofrem por ano uma queda, sendo esta uma das principais causas de lesão nos idosos, mas cair não é uma inevitabilidade decorrente da idade».
A mesma investigadora refere que a frequência com que ocorrem quedas de idosos leva «muitos cidadãos a pensar, erradamente, que estas situações são uma consequência inevitável de envelhecer». Isabel Lage «considera que as quedas podem ser evitadas através de acções como exercícios regulares de força e equilíbrio, apoiados por profissionais».
Segundo a agência “Lusa”, «a investigação demonstra que o risco de quedas aumenta se a pessoa tiver um historial de problemas de mobilidade, utilizar meios de ajuda para caminhar, ou se tiver diminuída a sua condição física devido a enfarte, Parkinson, demência ou artrite».
Este risco pode aumentar ainda mais se a pessoa toma quatro ou mais tipos de medicamentos, tem medo de cair, padece de incontinência, problemas de visão, de força física ou equilíbrio.
O meu pai, a quem eu pedia, depois de ter completado oitenta anos, para não trabalhar porque os filhos já estavam criados, ripostava: - cala-te que não sabes nada! Não vês que os velhos que deixam de trabalhar se põem todos cepudos?
Outras vezes, quando eu lhe pedia para descansar, rematava: - chega bem descansar em morrendo!
A vida foi-me ensinando e os conselhos do meu pai ainda mais que a vida devem ser um caminhar contínuo.
Quando sentiu dificuldade em movimentar-se a mágica bengala foi o melhor remédio e, para o fim da vida, as canadianas foram excelentes auxiliares.
Uma grande parte da nossa população rural tem mais de 65 anos e um bordão, uma «benguela» ou uma canadiana podem ser o «anjo da guarda» ou a «mão providencial». Ficar incapacitado devido a uma queda ou atirado para uma cama é um fardo pesado para quem se vê nessa estado deplorável ou para quem trata do acamado.
Os antigos disfarçavam a bengala, usando na sua vez um sacho com a folha pequena (ou uma fouce), mas que era na mesma eficaz.

Jorge Lage
in:diario.netbila.net

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