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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Em português nos (des)entendemos

Com a chegada dos emigrantes em férias, é animador assistir à revitalização dos territórios rurais, com as aldeias desertas que se repovoam e rejuvenescem ainda que por escassos dias, os roteiros das romarias, as horas de matar saudades do torrão natal e de familiares e amigos. Enfim, ano após ano, um quadro inalterável, revelador de um invicto sentimento pátrio.

Há, porém, uma outra realidade, percetível neste quadro, que se afigura preocupante: a Língua Portuguesa está sendo afastada nos atos mais primários de comunicação no seio dos nossos emigrantes. Crianças, jovens e adultos eximem-se de falar entre si o português. Nas ruas, nas romarias, nas áreas comerciais, é corrente assistir a portugueses dialogando com outros portugueses em outras línguas que não o português!

Assobiar para o lado perante esta realidade é o que de pior se pode fazer. Ela traduz, claramente, um retrocesso nos efeitos das políticas do Governo português nos países de acolhimento dos nossos emigrantes no que respeita à preservação e divulgação da Língua Portuguesa. Será que deixou de ser uma prioridade estratégica? Qual a eficácia das embaixadas, Conselhos das Comunidades Portuguesas, CPLP, Fundação Oriente, Instituto Camões? Que é feito daquelas iniciativas-piloto, em algumas comunidades lusófonas, que permitiam os encontros das crianças com autores portugueses, propiciando interesse, descoberta e motivação pelos sabores da nossa língua e da nossa cultura?

Enquanto isto, têm vindo a ser anunciados acordos com universidades de vários continentes para nelas ser introduzido o estudo da Língua Portuguesa, um propósito valioso de expansão lusófona que trouxe já a surpreendente notícia de que, até na própria China, já há 37 universidades onde se ensina o português.

Ensinar o português nas universidades não é bom, é ótimo. Mas... e as crianças? Vamos esperar que cresçam e, caso queiram, optem depois por aprender a falar português nas universidades?

Toda a língua materna, mais do que um veículo de comunicação, é um sistema organizado de pensamento. Por isso, que futuro pode ter o país, a sua cultura, a sua identidade, quando o seu povo deixar de pensar (e de amar) em português?

Alexandre Parafita (Escritor e Jornalista)
Jornal de Notícias

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