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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 9 de agosto de 2025

COMO SE "FAZEM” SUCESSOS?

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


 Eu tinha uma amiga chamada Teresa, que pertencia a família tradicional da Capital. Disse: tinha, porque já faleceu.
Frequentara, desde menininha, conhecido colégio de Lisboa. Era alegre e folgazona. Nas horas de ócio, gostava de versejar. Eram singelos e inocentes poemas de amor, ou de coração, como queiram, que guardava religiosamente, na gavetinha da secretária.
Por mero acaso, descobriram-lhe o "segredo”, tão bem recatado, e levaram-no ao conhecimento do pai – figura conhecidíssima, no País.
Encantado com o talento da filha, lembrou-se de lhe fazer a surpresa de os reunir em livro. Consultou amigos e obteve o parecer de Miguel Trigueiros, e todo lhe disseram, talvez por cortesia: " Atendendo à idade, a adolescente, promete."
Animado por essas "amáveis" palavras, o babado pai, meteu mãos à obra.
Contou à filha o que pretendia. A jovem pulou de alegria, fantasiando vê-los em letra de forma.
Ajustou o preço com tipografia amiga. Por amizade conseguiu, também, que intelectuais – escritores e jornalistas ilustres – escrevessem palavras lisonjeiras nas abas da obra, e teve a oportunidade da menina ser apresentada na TV.
Antes de entrar no estúdio, a adolescente tremia de receio e vergonha. O entrevistador, condoído, sossegou-a: " Quem vai guiar a entrevista sou eu. Só tem que responder às perguntas. Não se acanhe, eu ajudo."
O livro foi publicado e tornou-se êxito de venda.
Deslizaram os anos. O pai faleceu. A menina casou com um industrial, e foi viver para a província. Entretanto escrevia poemas...já não eram de amor...
Pensou coligi-los. Estava. intelectualmente, mais madura, e acicatada por amigas, publicou o livro, buscando distribuidora.
A obra não teve a venda desejado. O que lhe faltou? Respondeu-me por e-mail: "Faltou-me o pai, principalmente a influencia que tinha.”
Quantos autores de contos e romances, de prosa sublime, vêm os textos preteridos pelos editores, ou dispersos em jornais locais, esperando possível publicação? – Que nunca chega.
Quantas obras-primas de literatura, dignas, dormem pelas gavetas ou são meros monos no escaparate do livreiro, esperando que alguém os vá acordar, como a bela adormecida, porque não encontram mecenas que os lance?


Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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