Vivia numa permanente tensão, como que possuído pela doença de São Vito. Corpo-corrido para não chegar a lado nenhum, braço esticado a segurar uma mão estendida prá moedinha. Uma moedinha prá navalhinha. Um cordel sustentava-lhe as calças, outro prendia uma navalhinha escondida num bolso de uma das pernas das calças esfiapadas, sem marcas de lavagem recente gastas no vaivém dos dias sem futuro.
O Carlinhos não era ingrato, agradecia as moedas, nunca se esquecia dos seus benfeitores. Não possuía sentimentos de revolta contra ninguém, embora a voz ainda ficasse mais roufenha quando o acicatavam. O Sr. César Barata (da barbearia) defendia-o e ajudava-o.
O Carlinhos nunca fingiu ser maluco, a fim de faltar ao trabalho, nunca inventou doenças, nunca mentiu, nem nunca foi rufia.
O seu amor pela avó levava-o ao paroxismo da raiva, quando a picardia de um ou outro lhe imitava o fanhoso da voz e proclamava: “Fuja fuja minha avó, vem aí a polícia prender todas as raparigas de má vida da Caleja”. Aí, nessas alturas, o Carlinhos estugava o passo em direcção ao agressor e fazia menção de utilizar a tal navalhinha.
Morreu, pela floresta…
in: Figuras notáveis e notórias bragançanas
Textos: Armando Fernandes
Aguarelas: Manuel Ferreira
O Carlinhos da Sé era o máximo :)
ResponderEliminar"E pra que queremoje tanto p'ão?"
Numa noite quente de verão, em pleno mês de Agosto,eu, e o CARLINHOS DA SÉ encontrava-nos sentados nos degraus do cruzeiro, em plena praça da sé. Passa um grande carrão com um casal de Brasileiros, que, para o automóvel e lhe estende na mão, uma nota de 500$. Ele responde ""olhaolha agora a gozar com os pobres""...!!!
ResponderEliminarCarlinhos da Sé, foi uma figura emblemática da Cidade de Bragança, de seu nome Carlos do Carmo quintana, era segundo algumas opiniões “um perigo quando lhe puxavam pela língua”, conta o Povo que certo dia, um grupo de raparigas que se passeava pela Praça da Sé, paradeiro habitual do Carlinhos e daí, “Carlinhos da Sé”, lhes perguntaram! Carlinhos qual de nós escolhias para levares a uma festa? A resposta, “gado ruim não tem escolha”.
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