O sindicato dos Enfermeiros volta à carga. Desta vez acusa a administração do Centro Hospitalar do Nordeste de não conseguir distinguir o essencial do acessório na gestão dos três hospitais do distrito de Bragança.
Como exemplo, o sindicato não consegue entender os critérios de uma direcção que opta por despedir enfermeiros e por outro lado mantém um director de cirurgia com um vencimento mensal de 12 mil euros que nem sequer faz cirurgias.
Para além disso, revelam que o CHNE tem mais de 3 mil horas extraordinárias em atraso aos enfermeiros.
Para o Sindicato dos Enfermeiros está claro que a administração do CHNE considera os enfermeiros como o desperdício do serviço nacional de saúde e dessa forma está explicado o fenómeno de despedir enfermeiros e manter médicos de baixo rendimento, ou mesmo nulo. O SEP não entende como é possível haver anestesistas no centro hospitalar do nordeste a ganhar 250 mil euros por ano quando não têm movimento que justifique a sua permanência no hospital tanto tempo, para fazerem pouco ou nada, já que durante a noite é conhecida a ausência de cirurgias e durante o dia a média de cirurgias é de uma a três por semana realizadas por cada cirurgião. Para Paula Maia, do Sindicato dos Enfermeiros, há claramente dois pesos e duas medidas na actuação da administração com prejuízo assinalável para a classe dos enfermeiros. A sindicalista dá outro exemplo: O CHNE tem em funções um director de cirurgia que aufere um vencimento de 12 mil euros mensais que nem sequer faz cirurgias.
“O dinheiro é sempre o mesmo, depende de como se divide. Se um profissional ou um grupo de profissionais leva a maior fasquia, obviamente que o remanescente é dividido pelos restantes profissionais. Isso é que está errado. Quando se propõe um plano de actividades no hospital tem que se ter em atenção o tipo de cuidados que se quer. Há aqui uma grande diferenciação salarial que não se justifica pela diferenciação técnica.”
O Sindicato dos enfermeiros também acusa a administração do CHNE de ter muitas horas extraordinárias em atraso aos enfermeiros, enquanto os médicos recebem a tempo e horas os muitos milhares em horas normais e extraordinárias.
“O número de horas que são devidas aos enfermeiros, porque muitos deles aceitam trabalhar com receio de serem despedidos, vai onerar o hospital, porque entendem que estes cuidados não são necessários. Mas, como são, muitas vezes as pessoas prolongam o seu horário de trabalho para além do limite razoável, e temos dívidas de horas. A instituição não paga este excesso de trabalho. Temos um crédito de 1300 horas, o que quer dizer que cada enfermeiro trabalhou, em médica mais cem horas.”
Paula Maia acrescenta que só não há dinheiro para os enfermeiros porque para os médicos e para os administradores até sobra, como se provou recentemente no resultado da auditoria do tribunal de contas que dava conta que o CHNE era o que gastava mais dinheiro em combustível nas viaturas utilizadas pelos membros da administração e o segundo com mais despesas em telemóveis, descurando as necessidades dos três hospitais.
Sobre estas acusações, a administração do CHNE escusou-se a fazer comentários por entender que se trata de mais um meio de pressão sindical para a admissão dos enfermeiros contratados. No entanto, o jornal Nordeste avança, na edição desta semana, que a Lusa obteve explicações técnicas do director do Departamento de Recursos Humanos, José Teixeira, que garantiu que o CHNE nada deve de trabalho extraordinário.
Segundo o responsável, as três mil horas em causa são horas em bolsa que resultam da passagem de turnos ou de formação em serviço.
Estas horas são compensadas com o gozo de folgas e dão, em média, menos de uma folga a cada um dos mais de 400 enfermeiros do CHNE, alega a administração.
Escrito por CIR
in:brigantia.pt
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