O projecto abrange uma área de mais de 100 Km, envolvendo aldeias dos concelhos de Bragança e Vinhais, integradas na Rede Natura 2000 e na Reserva da Biosfera Transfronteiriça Meseta Ibérica.
O objectivo é o estudo de minerais como níquel, cobalto e cobre. Um investimento de 190 mil euros, ao longo de três anos. Serão feitas recolhas de pedras, aberturas de trincheiras e feitas algumas sondagens.
A situação não agrada nada aos habitantes da região, que já se manifestaram contra, com receio de uma possível exploração, como irá acontecer em Boticas.
“Muito mau, porque nós vivemos num paraíso, num oásis. Tenho medo que haja uma exploração, assusta”, disse Ester Cipriano, de Formil.
“Para mim é o princípio do fim e minas a céu aberto não há-de demorar muito”, afirmou Cristiano Correia, de Castanheira.
É isso que a população tenta fazer, travar o processo. No entanto, o prazo para a consulta pública já terminou a 4 de Novembro e só agora estão a ser feitas as sessões de esclarecimento nas aldeias de Bragança.
Na sexta-feira, aconteceu em Gostei e Formil. As dúvidas e o descontentamento das pessoas ficaram bem vincados. Embora lhes tenha sido dito que se a população não quiser, a empresa não avança, os habitantes não acreditam.
“Não fiquei descansado a 100%, porque sei que são firmas muito fortes, já se viu outros exemplos nos nosso país e descansados não ficamos, mas vamos tudo para que isso não aconteça”, afirmou Valdemar Rodrigues, de Formil.
Segundo o presidente da Junta de Freguesia de Gostei, a empresa reuniu com os presidentes de junta e o município de Bragança a 14 de Outubro. Quando marcaram as datas para as sessões de esclarecimento, “não sabiam” quando terminava a consulta pública. Ainda assim, Rui Gonçalves, diz defender os interesses da população. “As pessoas sentem-se muito ameaçadas, que o seu registo habitual de vida está muito ameaçado pela possibilidade de haver prospecção mineira, porque vai haver impacto ambiental tremendo. A generalidade das pessoas, para não dizer em unanimidade, está contra esta iniciativa”, afirmou.
O projecto “Valongo 2” é desde logo criticado por várias pessoas, devido ao nome atribuído, acreditando que serve para passar despercebido e dificultar a votação das pessoas.
Outra das polémicas prendeu-se com o parecer do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, que foi emitido em Agosto mas só dias antes da consulta pública terminar é que ficou acessível no site da votação. O parecer era desfavorável à pretensão.
Quanto à Agência Portuguesa do Ambiente, realçou que o pedido de prospecção “sobrepõe-se com uma rede hidrográfica bastante densificada” e, por isso, “deverão respeitar a integridade dos leitos e das margens das linhas de água”.
A CCDR-N também se manifestou com um parecer favorável condicionado, em termos de património cultural, mas desfavorável em termos agrícolas e recursos hídricos.
Quanto aos municípios, o de Bragança não emitiu qualquer parecer e o Vinhais, embora inicialmente tenha emitido um parecer positivo condicionado “aos termos legais”, emitiu um segundo parecer, agora negativo.
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