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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

DISTRIBUIÇÃO DO CORREIO

CRISE (AINDA) PIOR DO QUE A DO GOVERNO
Todos os países devem procurar a melhor qualidade de vida para os seus concidadãos. Um país que não tenha aquilo que é elementar às pessoas, está condenado ao mal-estar social, à rebelião, ao crime organizado. Um povo requer organização social, estruturas eficazes e meios de autonomia que estejam ao alcance de todos e não apenas de alguns. Os legisladores devem estar imbuídos de espírito altruísta, acessível a todos em equidade e em circunstâncias objectivamente universais.
Os políticos profissionais ou candidatos a esse estatuto, devem exercer, no que dizem, no que fazem e até no que prometem, uma linha de conduta que não resvale para onde as tentações pessoais ou de grupo, os seduzem. Sedução e justiça são fáceis de proferir, mas difíceis de respeitar. E por isso nos confrontamos com uma sociedade viciada, desonesta e em choque permanente.
Em Portugal, nestes catorze anos do século XXI, já assistimos, praticamente em todas as classes sócio-profissionais, aos maiores escândalos de toda a ordem. E esta triste realidade confirma que a democracia convive muito mal com os três princípios programáticos (DDD) da revolução de Abril.
Lemos hoje em fonte segura que «se as mentiras políticas pagassem imposto, não haveria crises económicas». E li noutro autor que «as promessas dos políticos que temos tido são como os anos bissextos: mudam de quatro em quatro anos». E mudam sempre para o lado oposto, bem ao jeito do que disse um dirigente desportivo, quando afirmou que «o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira». Na altura muitos argumentistas do jet sete encheram páginas e páginas, com divagações a contra-gosto. Mas volvidos anos reconhece-se que esse dirigente tinha carradas de razão. 
Este preâmbulo pretende denunciar alguns serviços de interesse público que no Estado Novo foram considerados dos melhores do mundo e que, depois da revolução de Abril de 1974, foram piorando, sempre em função do lucro e nunca em prol do utente.
Sou do tempo em que existiam uns enormes sacos de tecido forte, devidamente selados com o rótulo de CTT e que eram transportados nas carreiras ditas de interesse público. Essas transportadoras tinham a função de levar e trazer os passageiros. E também levavam e traziam a correspondência nesses sacos que eram deixados nas paragens, devidamente sinalizadas, ao longo do percurso, terminando nas sedes de concelho. Aí iam, diariamente, os contratados de cada aldeia que não se situava à margem da estrada, numa rotina que mais parece ficção, para os mais jovens que dificilmente acreditam nesse fadário. Heróicos samaritanos que atravessavam serras, noite e dia, em ambos os sentidos, por dez réis de mel cuado, Quer chovesse quer nevasse, o encarregado da aldeia, tinha que cumprir essa função tão utilitária, aos militares e suas famílias, bem como os emigrantes. Vir de Tourém a Montalegre, atravessando a serra da Mourela, numa extensão da ordem dos trinta quilómetros, para cada lado, transportando o correio de toda a comunidade, era exaustivo, mas gratificante pelas boas notícias que essa mala levava aos destinatários. Este é um exemplo como milhares de outros que existiram por esse país fora nos tempos da chamada ditadura.
Hoje não há, felizmente, exemplos desses porque os transportes e as estradas vieram revolucionar o isolamento multi-secular. Mas há muita mais desorganização, muitos dispêndios  e muita ganância, a par de muita insensibilidade, da escravização dos carteiros, da austeridade dos fracos, em prol dos lucros que ninguém vê mas que vão endeusar quem os gere.
Os carteiros andam por aí carregados até às orelhas, com enormes responsabilidades às costas, com dinheiros, com notificações, com registos e correio sagrado. São tantos os candidatos que, embora seja emprego sazonal, temem perder, a favor de outros que chegam com análogo destino. Noutros tempos, os carteiros e balconistas eram uma espécie de autoridades. Trajando roupas sinalizadas e sendo pessoas de reconhecida idoneidade, dava gosto vê-los e ouvi-los. Hoje não têm tempo para fazer amizades, nem para prestar informações. Mas confrontam-se assiduamente com ordens vindas de quem ganha muito e sabe pouco.
Trago este tema à reflexão pública pelas arbitrariedades que os mandões exercem relativamente aos «Apartados». São pequenos casulos que os modernos edifícios das cidades e algumas vilas, alugam anualmente. O «inquilino» deveria ter o direito de usar esse casulo para aí concentrar todo o tipo de correio. Venha em seu nome ou em nome de um familiar ou amigo, desde que devidamente identificados ou de uma empresa que gere. De repente chegam ordens superiores para somente aí ser colocada a correspondência pessoal do alugador, mesmo que traga o endereço correto. Os carteiros ficam atónitos e confusos. Mais trabalho, mais peso, mas desacerto no que já estava acertado. O casulo paga-se em Janeiro de cada ano. O utilizador não pode lá destinar correspondência estranha. Mas os CTT podem atulhar os «apartados» que já foram  pagos, com publicidade de todo o género, a qualquer hora do dia e da noite, cobrando-se de um segundo valor dos anunciantes.  Fica aqui esta denúncia que é um atropelo aos direitos cívicos.

Barroso da Fonte
in:diario.netbila.net

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