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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

O PATRIMÓNIO CULTURAL DO VALE DO DOURO

O Vale do Douro detém um património cultural de excelência, internacionalmente reconhecido. Podemos dizer que nenhum outro rio da Península se lhe pode comparar e, mesmo a nível europeu, constitui uma realidade ímpar:
• pelo valor e diversidade da sua paisagem;
• pela excepcionalidade e originalidade do seu património;
• pela monumentalidade das suas obras de engenharia;
• pela variedade e qualidade dos seus vinhos;
• pela importância da sua gastronomia, artesanato e folclore.
A riqueza do seu património cultural é evidente, demasiado evidente para quem conhece o Vale do Douro. A questão que se levanta é a de promover as rotas patrimoniais da região:
• os inúmeros núcleos arqueológicos e históricos existentes;
• as cidades e vilas monumentais e os castelos da Reconquista – Porto, Penafiel, Vila Real, Lamego, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro, Zamora, Toro, Tordesilhas, Valladolid, Peñafiel e Peñaranda de Duero, Burgo de Osma, Soria, etc;
• as centenas de mosteiros, abadias e igrejas;
• os palácios e casas senhoriais;
• as caves do Vinho do Porto, em Vila Nova de Gaia;
• as pontes e linhas de caminhos de ferro;
• os moinhos de origem medieval e as fábricas de farinhas;
• as barragens do Douro, que fazem do rio um dos maiores produtores de energia da Península;
• as paisagens naturais (arribas do Douro) e humanizadas (Alto Douro Vinhateiro), paisagens culturais de grande beleza, nichos ecológicos, parques naturais, aldeias históricas e quintas do Douro;
• os vinhos – a cultura vitivinícola constitui um importante elemento integrador do Vale do Douro – Toro, Rueda, Ribera del Duero, Fermoselhe, o Vinho do Porto e outros vinhos do Alto Douro;
• a arquitectura popular e os utensílios agrícolas de séculos anteriores, ameaçados de extinção pela desertificação, pela introdução de novos equipamentos e de novas formas de exploração agrária.
Registe-se, aliás, que boa parte deste riquíssimo património foi já reconhecido como património mundial:
• os núcleos históricos de Segóvia, Ávila, Salamanca, Porto e Guimarães;
• as catedrais de Burgos e León;
• os Caminhos de Santiago de Compostela;
• o Parque Arqueológico do Vale do Côa;
• o Alto Douro Vinhateiro.
Que se encontram em processo de classificação:
• o centro histórico de Burgos;
• San Baudelio de Berlanga.
Finalmente, que estão em preparação de candidatura:
• o núcleo histórico de Zamora, cidade que regista a maior densidade de igrejas românicas da Península;
• as caves e armazéns do Vinho do Porto, localizadas em Vila Nova de Gaia.
O património histórico-cultural do Vale do Douro lança, assim, um desafio aos responsáveis políticos de ambos os países, nacionais, regionais e locais, tão simples quanto de complexa solução: como traduzir em recursos turísticos culturais todo esse imenso património, de forma a este constituir um instrumento fundamental da economia e desenvolvimento do Vale do Douro? Como criar uma imagem de marca da Região?
AS FRAGILIDADES DO VALE DO DOURO
O desafio enunciado não é tarefa fácil. O Vale do Douro debate-se com um conjunto vasto e complexo de bloqueios e fragilidades, decorrentes de factores comuns aos dois países, que importa conhecer:
• uma dinâmica demográfica muito reduzida, traduzida por um processo acentuado de envelhecimento da sua população, infelizmente, comum aos dois países, mas a afectar particularmente o mundo rural do Vale do Douro, num processo generalizado e contínuo, que ainda não parou de se desenvolver;
• um baixo nível de formação das populações, traduzido numa gritante carência de quadros técnicos e na reduzida dinamização e participação cultural;
• uma economia débil, caracterizada por níveis de especialização produtiva reduzidos a produtos básicos agrícolas e energéticos, por uma enorme receptividade e utilização de processos de inovação tecnológica e por uma incipiente capacidade empresarial.
• as deficientes acessibilidades à região, assim como das infra-estruturas de comunicação existentes entre os dois países, aos mais diversos níveis: fluvial – desarticulação entre a navegabilidade do rio Douro (que importa aprofundar entre o Pinhão e a fronteira), em Portugal, e os cais de acostagem, em Espanha; viário – ligação de Bragança a Zamora; e ferroviário – encerramento da linha do Douro, que seguia até Salamanca;
• débil cooperação institucional e empresarial, quer de agentes públicos, quer de privados, no que diz respeito ao Norte de Portugal com Castela-León;
• inexistência de redes sectoriais de cooperação e trabalho continuado entre Portugal e Espanha, no que diz respeito à região;
• escassez de informação actualizada e global;
• ausência de oferta turística integrada, regra geral, oferecida por operadores turísticos externos ou periféricos à região;
• reduzida qualificação dos centros urbanos;
• inexistência de uma política comum de rentabilização do património histórico- cultural, como se verifica quanto à gestão integrada de bens e serviços culturais por parte dos agentes públicos e privados, e quanto às campanhas de publicidade e marketing nos mercados nacionais;
• tímido movimento de certificação de qualidade dos seus produtos, embora nos últimos anos alguma coisa se tenha avançado;
Tais debilidades exigem que se tenha em conta a definição de uma estratégia global de turismo cultural, para todo o Vale do Douro, uma estratégia integrada, que tenha em conta:
• as populações do Vale do Douro e a melhoria das suas condições de vida e do seu bem-estar, em torno de uma ideia de qualidade, cultura e progresso – missão da Fundação hispano-lusa Rei Afonso Henriques –, de forma a travar-se o processo de desertificação e a obter-se, através da sua sensibilização, a sua participação empenhada em tal estratégia;
• o respeito pelo meio ambiente, estimulando os municípios a empenharem-se, por um lado, na defesa de um rio Douro e afluentes limpos, assim como na preservação das suas margens, e por outro lado, na qualificação dos seus centros urbanos;
• o seu património, estruturando e promovendo as linhas da sua valorização, de forma a poder configurar-se um turismo de qualidade.

O PATRIMÓNIO HISTÓRICO-CULTURAL DA REGIÃO DE BRAGANÇA/ZAMORA
Fernando de Sousa
(presidente do CEPESE)
Luís Alexandre Rodrigues
(coordenador desta publicação)

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