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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

As ideias da semana que serviriam para o domingo

Por: António Orlando dos Santos 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Hoje vou dizer qualquer coisa diferente, que não tem que ver com as estórias que normalmente escrevo e publico, para relembrar aos leitores tempo passado mas onde se construiu o presente e se alicerçará o futuro.



É do conhecimento geral de que ao domingo no centro da cidade não há um café que esteja aberto e possa atender os naturais e os forasteiros! Chamo centro da cidade à Praça da Sé e zona adjacente que na Alexandre Herculano chega ao antigo Cazão-Solas e Cabedais, Rua da República, Casa do Professor Paulo Quintela, Rua Direita, Restaurante Poças, Rua de Trás, Lopes & Pires e Almirante Reis Pensão Moderna.
Está desenhado o polígono central do meu tempo de criança e digam o que quiserem os discordantes será a zona central da cidade ainda nos próximos cem anos.
Vem Isto a propósito de que por razões diversas e que não me compete criticar, (Cada qual no que é seu, faz o que quer), ao domingo os quatro cafés que durante décadas serviram de apoio à vida social nessa zona nobre da cidade, estão pura e simplesmente fechados! O Flórida, o Chave d' Ouro, o Goal Keeper e o Bar situado ao lado do Restaurante Poças ao domingo estão de folga.
Ao abordar este assunto faço-o porque este pode à primeira vista parecer um caso simples de gestão corrente, mas não é.
Por razões diversas e com o início das obras do Polis foi dada uma machadada no comércio desta zona que inclui também a Praça Camões.
Ora o comércio de porta aberta é o sangue de qualquer zona urbana que de tal se intitule. A cidade dos homens deve ser construída em função da vida gregária que o homem através dos séculos foi aprimorando.
No Antigo Testamento há referências várias às portas da cidade. Era aí que a vida social tinha a sua expressão máxima. Durante a Idade Média todas as cidades da Velha Europa tinham, e ainda conservam as suas Piazzas, nas cidades grandes e uma Piazza Principal nas menos povoadas. Até aos nossos dias foi nas Praças e zonas adjacentes que a vida social teve sempre a sua expressão máxima! Bragança não foi excepção.
Foi talvez no que hoje se chama Largo do Principal,  que terá outro nome oficial, mas eu conheço-o pela voz populi e não me interessa nada o nome oficial, dizia eu, que teria começado a azáfama da Praça no começo de oitocentos. Foi da escadaria da Igreja que Sepúlveda leu o pronunciamento contra os franceses usurpadores.
Com o aumento do perímetro da cidade transferiu-se para a Praça da Sé por razões óbvias e aí se mantém embora se tenham cometido erros grosseiros que concretizados sob a ideia explícita de progresso e modernização quase destruíram o potencial agregador da velha Praça da Sé.
Numa análise simples mas isenta veja-se quantos estabelecimentos que até à data atrás mencionada estavam de perfeita e feliz saúde, no que respeita ao volume de negócios e hoje estão de portas fechadas numa situação para a qual não se vislumbra solução a curto ou médio prazo! Há casos de resistência bem conhecidos de todos e até de insistência de outros que vão fechando e que são substituídos mas que voltam a fechar num curto espaço pois que não passa ali gente suficiente para manter o negócio rentável.
Poderia debruçar-me sobre os vários factores que concorrem para este resultado mas não o farei e dedicar-me-ei apenas à análise do caso dos Cafés.
Há da parte da Câmara uma acção meritória ao investir na Cultura e seus equipamentos. Mas essa acção esbarra numa barreira de tal forma imponente que afasta impiedosamente o turista de fim-de-semana não só da Praça da Sé mas da cidade.
Repetidamente tenho sido abordado por turistas, direi melhor, visitantes, que me perguntam onde há um Café aberto. Indico a Avenida João da Cruz. Invariavelmente vejo um sorriso de incredulidade ou uma resposta menos abonatória ao que lhes digo. Entendo um pouco de inglês, francês, italiano e espanhol,  melhor entendo português e digo-lhe que se me tolhe a língua perante os comentários! Sorrio apenas como alguns deles fazem. Haverá quem me queira responder, argumentando mas isso acontece porque o centro se mudou! Pergunto, para onde?
Continuemos, como é possível fechar ao domingo e também a partir das 20:00 durante a semana numa zona que possui a Igreja mais importante da cidade, a Catedral nova é menos que o Senhor dos Aflitos, um Centro de Arte Graça Morais, um Centro de Cultura Sefardita. todo um património edificado notável, Cruzeiro, Solar dos Calainhos, Solar Bragançano (Eng.Matos) e de cujo centro irradiam as vias que nos conduzem ao Museu Abade de Baçal, Antiga Câmara Municipal, Castelo de Bragança e Dómus Municipalis, e tantos outros pontos de interesse ou de primeira necessidade como a Antiga Estação do Caminho de Ferro, hoje Estação Rodoviária,Tribunais , Centro Comercial ou Teatro Municipal?
Tudo Isto é uma vergonha brigantina! Sem pretender haver descoberto a pólvora dou aqui uma dica a quem de direito e que não use a sobranceria usual nos que agem só guiados pela máxima do "quero, posso e mando".  Reúnam os responsáveis pelos quatro Cafés. Proponham-lhe o entendimento entre eles. Se não for possível, digam-lhes que a Praça Camões é um Espaço deserto e que a Câmara pode com o seu poder democrático montar ali um Café com recurso para já a pavilhões pré-fabricados e dá- lo à exploração a quem queira trabalhar ao domingo e nos outros dias a partir das 20:00. Digam- lhes também que lhes retirarão as licenças de esplanada e as que lhes permitem estarem abertos para além das tais 20:00 horas, isto se a lei da República o permitir. Mas ajam rápido antes que a cidade passe a ser vítima do ridículo de não ter um café aberto ao domingo. Não há pior vergonha do que aquela que provém do escárnio dos outros. 
Poderia ir mais longe e falar de amor á terra e fá-lo-ia com conhecimento de causa pois a minha vida teve alguns reveses ligados a estas coisas e das quais não me lastimo, mas serviram também para me fazerem ver as coisas de interesse público não desligadas do privado.
Lanço o repto e desejo ardentemente que alguém tenha ideias que sirvam melhor as partes do que as que eu proponho!





Bragança, 01/10/2018.
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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