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quinta-feira, 13 de junho de 2024

Como proteger-se das carraças?

 Damos-lhe algumas dicas para mantê-las à distância, o que fazer se encontrar uma no seu corpo e como identificar uma mordida – entre outros detalhes.

ROMAN WILLI, NATURE PICTURE LIBRARY
Se encontrar uma carraça ingurgitada no seu corpo, como esta do género Ixodes,
tem mais riscos de contrair uma doença.

Este Verão, enquanto desfrutam do ar livre, as pessoas devem lembrar-se de que não são as únicas a aproveitar o tempo quente. As Primaveras mais quentes e os Verões mais longos implicam uma época de carraças mais duradoura. Os agentes de saúde de vários estados dos EUA já estão a advertir as pessoas para um ano particularmente mau e, no início deste ano, os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) relataram que os casos de babesiose, uma doença transmitida pelas carraças, têm estado a aumentar.

“Esta é a altura do ano em que muitas pessoas são expostas a carraças em muitos locais dos Estados Unidos”, diz Lyric Bartholomay, entomóloga da Universidade de Wisconsin-Madison. A época das carraças poderá ser pior este ano porque aqueceu mais cedo do que em anos anteriores. “A actividade das carraças irá aumentar juntamente com as temperaturas”, prevê Bartholomay. 

A melhor forma de evitarmos uma doença transmissível por carraças é evidentemente não sermos mordido por uma.

“Quando estamos na natureza e vemos aqueles sinais a dizer ‘não alimente os animais’, eles referem-se ao urso e aos roedores, mas acho que também se deveriam aplicar aos invertebrados", refere a entomóloga. “Também deveríamos tentar não alimentar os sugadores de sangue”, acrescenta.

ALEX TREADWAY, NAT GEO IMAGE COLLECTION
Enfiar as calças dentro das meias é forma eficaz de impedir que as carraças
cheguem à pele das suas pernas.

COMO PODE PROTEGER-SE DE CARRAÇAS?

Existem duas coisas essenciais que deve fazer se estiver em locais com carraças: vestir a roupa certa e usar repelente.
“Se estiver a caminhar em florestas ou zonas com erva, use calças compridas e camisolas de manga comprida e examine a pele e a roupa quando voltar”, diz Timothy Brewer, epidemiologista e médico especialista em doenças infecciosas da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
Bartholomay também recomenda o uso de roupa de cores claras para facilitar a detecção das carraças e enfiar as calças dentro das meias para que elas não consigam trepar pela perna acima.
“Acho que existe algum medo de as carraças caírem das árvores e não é assim que elas funcionam na maioria das vezes”, diz Michael Reiskind, entomólogo na North Carolina State University. Como costumam procurar animais mais pequenos, escondem-se frequentemente em sítios que ficam abaixo do nível da nossa cintura e depois trepam por nós acima.

Use um repelente contra carraças, por exemplo um que contenha dietiltoluamida (DEET). A percentagem de DEET determina a sua durabilidade, por isso se estiver num local com carraças durante cerca de uma hora, é seguro usar um repelente com uma percentagem baixa, diz Reiskind. Se a exposição for mais longa, é aconselhável usar um produto com até 25% ou renovar as aplicações. Borrifar a roupa com o insecticida permetrina também pode repelir as carraças.

Chegada a hora de examinar o corpo em busca de carraças, se tiver estado pouco tempo no exterior, procure na zona dos tornozelos e das pernas, diz Reiskind. Contudo, se tiver ficado fora várias horas ou alguns dias, elas poderão ter migrado para qualquer lugar, por isso peça a um amigo ou familiar que lhe examine as costas e o próprio cabelo.

LYNSEY ADDARIO, NAT GEO IMAGE COLLECTION
Para se protegerem contra mosquitos e carraças, recrutas da Marinha aplicam repelente umas nas outras num campo de treino em Parris Island, na Carolina do Sul.

O QUE FAZER SE ENCONTRAR UMA CARRAÇA NO SEU CORPO?

Deve remover a carraça, assegurando-se de que a retira na totalidade, incluindo os acessórios bocais. Utilize uma pinça para a agarrar bem e puxe-a, firme, mas constantemente para cima, sem solavancos. Nunca esmague uma carraça e não a agarre pelo meio do corpo ou arriscar-se-á a empurrar alguma substância para dentro do seu corpo, diz Bartholomay. A entomóloga da Universidade de Wisconsin-Madison também recomenda nunca usar vaselina, ou equivalente, e não seguir nenhum outro conselho da sabedoria popular. Em seguida, limpe a zona da mordedura e as mãos com álcool ou água e sabão.

COMO SABER SE FOI MORDIDO POR UMA CARRAÇA?

Infelizmente, não existe uma maneira simples de distinguir uma mordedura de carraça da de outra criatura, como uma aranha ou um mosquito. “A única maneira de saber que foi mordido por uma carraça é encontrá-la fixada na sua pele ou apanhá-la enquanto o morde”, diz.
Mas as carraças não se limitam a morder e fugir. Instalam-se para se alimentarem de sangue e as adultas podem demorar um ou dois dias até ficarem completamente ingurgitadas, por isso muitas pessoas encontram-nas antes de caírem. As ninfas são muito mais pequenas – do tamanho de uma semente de papoila – por isso, são mais difíceis de detectar e podem cair antes de sequer as ter visto.
Uma mordedura de carraça costuma ter a forma de um alto vermelho, semelhante ao de uma picada de mosquito. A presença de dermatite no local é sinal de infecção, embora não seja possível saber qual só pelo aspecto da dermatite. A dermatite, semelhante a um alvo que muitas pessoas associam à doença de Lyme, pode ser causada por outros patógenos transmitido pelas carraças, diz Reiskind. Também pode ter contraído uma doença se a dermatite tiver um aspecto diferente ou se não houver sinais de dermatite.

O QUE DEVE FAZER SE TIVER SIDO MORDIDO?

Os sintomas de uma doença transmissível por carraças incluem febre, dores de cabeça, dores nas articulações e dermatite, diz Timothy Flanigan, médico especialista em doenças infecciosas da Universidade de Brown. Se desenvolver febre, mal-estar ou uma dermatite depois de ter estado numa zona onde existem carraças, Flanigan e Brewer recomendam que seja avaliado pelo seu médico de família ou numa consulta no centro de saúde.
“Desde que não esteja criticamente doente, não é provável que precise de ir a uma urgência hospitalar”, diz Brewer. Embora seja possível fazer testes para encontrar doenças transmissíveis por carraças, esses testes detectam anticorpos que podem demorar algumas semanas a aparecer no sangue. “Se tivermos razões para suspeitar de uma infecção transmissível por carraças, limitamo-nos a tratá-la. Não esperamos pelos resultados do teste.”
Se encontrar uma carraça ingurgitada no seu corpo, instalada, claramente, há algum tempo, corre mais riscos de ter contraído uma doença. Se for uma Ixodes scapularis, pode procurar um médico para lhe ser prescrita doxiciclina, um antibiótico que pode ajudar a prevenir ou tratar a doença de Lyme, dizem Brewer e Flanigan. Muitas outras doenças transmissíveis por carraças causadas por bactérias também são tratadas com doxiciclina, mas as doenças parasíticas, como a babesiose, podem precisar de um fármaco diferente, e as doenças virais, como o vírus Heartland ou a febre da carraça do Colorado, não têm outro tratamento para além de cuidados e acompanhamento.
Se conseguir guardar a carraça depois de a remover, Flanigan diz que existem várias empresas que as podem testar em busca de patógenos. Os CDC não recomendam esses serviços porque a presença de patógenos não implica que a pessoa tenha sido infectada com uma doença. Porém, algumas pessoas querem saber que riscos correm – e, se desenvolverem sintomas, podem transmitir os resultados do teste ao médico.

TARA HAELLE

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