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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 17 de maio de 2025

PARENTES POBRES E PARENTES RICOS

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


 Quando era menino, meu pai resolveu visitar pequeno povoado, para os lados de Penafiel.
Soubera, por familiares, que os ascendentes, por parte materna, eram desse lugarejo. A informação acicatou-lhe a curiosidade.
Ao chegar à aldeia, procurou indagar se ainda existiam parentes.
De inculca em inculcas, descobriu que havia humilde alfaiate, casado com mulher cujo o sobrenome era igual à da sua bisavó.
Bateu-lhe ao ferrolho e, após curta conversa, veio a saber que a dona da casa era realmente parente, embora afastada.
A mulher ficou contentíssima, por conhecer que tinha parentes, que viviam na cidade, e que a procuravam, para lhe dar um abraço de amizade.
Escancarou, sem receio, a modesta casa e, como lhe gabassem as expelidas begónias que possuía, apressou-se a oferecer uma.
A filha, lavradeira, que morava perto, ao conhecer a nossa chegada, veio ligeira ao nosso encontro, convidando-nos a visitar sua casa de lavoura: - " É pobrezinha, mas limpinha. Temos pão e vinho em abundância, graças a Deus..."
Fomos. Na farta e rija mesa de madeira, coberta com alva toalha de linho, havia iguarias do campo, e excelente vinho verde, acabado de ser retirado na fresca adega.
Os olhos da rapariguinha saltavam de alegria, por poder oferecer tanto petisco.
Na hora da despedida disse-nos, que a família tinha, também, ramo rico. Eram doutores... donos de bastos prédios, mas mal se falavam: " São ricos e nós somos pobres..."
Meu pai ainda passou pela porta dos " ricos". Não estavam ou não quiseram receber. Uma criadita, vestida a rigor, disse-nos que o senhor doutor, andava por fora.
Depois de se inteirar quem éramos, ainda foi perguntar à mãe do senhor doutor, mas trouxe-nos o recado - " Que era assunto só com ele."
Concluindo: as famílias separam-se em dois grupos - os pobres e os ricos.
Os pobres são geralmente, generosos e acolhedores. Os ricos, que o foram pelo facto de terem cursado o ensino superior ou por golpe de sorte, por vezes pouco honesto, são em geral, empertigados e apartam-se dos parentes pobres...
Assim se vão separando: os irmãos, sobrinhos e primos; e passam, então, a serem parentes afastados...que muitas vezes mal se conhecem...


Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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