Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Não há nada pior do que alguns pequenos tiranos que saíram da sua aldeia… esqueceram a fome, o jungir das vacas, o pão de centeio — negro como a noite — e foram para as cidades estudar penosamente. Mais tarde, chegam a ocupar ridículos cargos de chefia, porque ridículo se tornou o chefe, empoleirado no seu cadeirão e no amanho do ar condicionado.
Como pode o meu vizinho ir à cidade, pagar um carro de praça, comprar um almoço no restaurante do seu amigo e regressar a casa sem resolver os assuntos triviais?! Pode, porque os assuntos se vão enredando na teia fina da burocracia e no deleite de chefes manhosos, que sempre dificultam… porque a dificuldade é poder, e o poder é uma bebedeira para o cinzentismo das suas vidas pardas.
Depois admiram-se que o meu vizinho fale alto, bata com o punho no balcão e, na coragem de quem obrigou as fragas a dar trigo, grite alto e bom som:
— Então, quem manda aqui?!
— O senhor é mal-educado — diz uma esquelética funcionária.
— Que nem tinha cara para levar duas lambadas — acrescenta o meu vizinho.
— Olhe que chamo a polícia!
Já é tempo de as chefias escancararem os seus assépticos gabinetes ao Povo!
O Povo é a democracia, o garante da liberdade, os pagadores dos gabinetes onde se acouta o poder… e já ninguém manda aqui!
Eu ando a avisar!
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.


Em 2019, um projeto governamental inovador investiu no nosso Distrito mais de meio milhão de euros em viaturas que se destinavam a serem um Balcão Móvel que levaria serviços à população. Ou seja, aquilo que descreves e que é a pura realidade, passaria a ser humanizada. Eram os serviços que iriam ter com as pessoas e não o contrário. Não conheço a realidade de todos os concelhos. Num, que conheço, a carrinha nunca iniciou a função e, pasme-se, até os meios informáticos que estavam instalados ficaram caducos. Ao menos serviu de argumento para colocação de 2 novos funcionário/as nos quadros da autarquia. Perderam os dinheiros públicos, perderam os cidadãos da área rural... perdemos todos. Depois a viatura foi aproveitada para outros fins. Abraço companheiro. HM
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