A Praça da Sé, em Bragança, é o coração da cidade. Quando há festas, concertos, feiras e eventos populares, enche-se de gente, luzes e música. A alegria espalha-se, as fotografias multiplicam-se nas redes sociais, e todos querem marcar presença, principalmente os políticos locais. Mas basta que o motivo de encontro mude para algo menos festivo e mais combativo, uma manifestação pelos direitos humanos, um protesto pela defesa da floresta, uma vigília pelas minorias e o cenário é outro: meia dúzia de pessoas, quase sempre as mesmas, segurando cartazes e palavras de ordem diante de um largo praticamente vazio.
Porque será? Falta de interesse? Falta de tempo? Ou será que as causas coletivas não mobilizam como as festas individuais? Talvez a defesa da natureza, dos direitos e da justiça social pareça, para muitos, um problema distante, algo que “não é comigo”. E, no entanto, é com todos.
A praça, que é tão viva quando se dança, podia ser igualmente vibrante quando se reivindica. A energia que se gasta para celebrar poderia também ser usada para proteger, exigir e transformar. Não é preciso deixar de lado a alegria, mas é urgente compreender que sem participação cívica, as conquistas sociais e ambientais ficam nas mãos de poucos, sempre os mesmos, sempre incansáveis, mas sempre insuficientes.
Queremos ser apenas público de festa ou protagonistas da nossa própria história?


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