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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Uma Abelha na Chuva de Carlos de Oliveira

Na imensidão das dunas e da atmosfera mística da Gândara, terra primordial da obra de Carlos de Oliveira, as pessoas são como as abelhas. Em colmeias podres ou em comunidades obreiras à espera da ferroada, decorre esta narrativa de forte carga simbólica

Carlos de Oliveira
O foco da história incide no amargurado casamento de Dona Maria dos Prazeres com Álvaro Silvestre. Sem filhos e sem amor que os una, sobrevivem entre discussões acaloradas (pelo álcool e pelo desprezo) e a farsa que representam para os habitantes da localidade. Numa narrativa que arranca do presente (anos 50, em pleno Portugal do Estado Novo) e que se enleia nos momentos passados, adensando a tragédia, descobrimos um Álvaro penitente. Na redacção do jornal da vila, o comerciante quer publicar um acto público de contrição, assumindo as culpas por burlas e outros dolos. Mas surge a sua orgulhosa esposa para o amedrontar e nada acaba por ser publicado.
O ódio que este casal nutre entre si, ou o fel que destila das suas almas, acaba por verter sobre os criados e outros personagens secundários que esvoaçam ao seu redor. Jacinto e Clara, o jovem par de namorados que concebia um futuro, é atingido por esse mal e perde a vida num climax trágico que anuncia a tempestade. Ele é assassinado, vítima do ciúme doentio de um pretendente, da repulsa de um pai com aspirações sociais e de um Álvaro bêbado que fala sem pensar nas consequências. Ela escolhe a água, no fundo de um poço, para finar a sua vida e a da esperança que transportava na barriga.
Ficam os outros. Fica uma colmeia putrefacta, arrastada pela lama, desfeita pelas chuvas... embora algumas produtoras de mel ainda a possam reabilitar. Talvez...

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