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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 29 de maio de 2011

Mirandês - «L Princepico» apresentado em Lisboa

O Instituto Franco-Português, em Lisboa, foi palco para a apresentação da edição mirandesa de «L Princepico», a famosa personagem criada por Antoine de Saint-Exupéry. No evento, os tradutores da obra, Ana Afonso e Domingos Raposo, dois estudiosos da Língua Mirandesa, realçaram a importância desta tradução para a cultura da região e do país.
Depois da Bíblia, «O Principezinho» é o livro mais traduzido em todo o mundo, com versões em mais de 200 línguas, incluindo dialectos europeus, asiáticos e africanos. Agora, chegou também a vez de lermos este clássico em mirandês, reconhecido desde 1999 como a segunda língua oficial em Portugal.
«Numa Era cada vez mais global é de extrema importância a preservação do património cultural como é o caso da Língua Mirandesa. Esta tradução é, pois, disso exemplo», começou por dizer Ana Afonso, tradutora da obra, que fez questão de apresentar "L Princepico" em mirandês.
Considerou também que esta «é uma excelente oportunidade» para promover e divulgar «ainda mais» a Língua Mirandesa: «espero que com esta iniciativa se passe a ler, falar e escrever mais em mirandês».
Mas esta tradução não tem apenas uma importância cultural. Para Ana Afonso esta «é também uma obra didáctica», já que vai permitir às escolas e aos jovens mirandeses usufruir de uma obra na sua própria língua.
Domingos Raposo, co-tradutor do livro de Exupéry, fez também a sua intervenção em mirandês, e começou por recordar que «momentos como este fazem pensar que a luta de um povo valeu a pena». «Este livro simboliza o trabalho de anos, e que continua a ser feito, pela promoção da Língua Mirandesa», salientou.
O especialista em Língua Mirandesa disse também que a obra é de «extrema importância» para os jovens de Miranda do Douro, já que, lembrou, no universo de alunos que frequentam o Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, 56% frequenta a disciplina de mirandês, mostrando «orgulho e apego às raízes».
Por fim, e emocionado com o momento, Domingos Raposo, recordou ao auditório presente no Instituto Franco-Português a simbologia de «O Principezinho», uma história assente numa mensagem de amor, amizade e fraternidade entre os homens.
Também Maria José Pereira, representante da ASA, que edita a obra, congratulou-se por esta iniciativa e sublinhou que «o livro pode ser fundamental para dar a conhecer melhor a Língua Mirandesa».
A tradução do clássico surgiu pela mão do cônsul de França no Porto, que, em cada lugar que passa, procura línguas ou dialectos para os quais possa traduzir «o seu livro preferido», que também é «O Principezinho».
No evento foi apresentada uma exposição de livros e objectos pessoais relacionados com o clássico de Exupéry do actor Pedro Granger, que durante anos coleccionou livros em várias edições e línguas de «O Principezinho».
Recorde-se que «L Princepico» tem a chancela da ASA e foi editado pela primeira vez em 1943 tendo vendido em todo o mundo mais de 50 milhões de exemplares.
A Língua Mirandesa é actualmente falada por cerca de 15 mil pessoas no concelho de Miranda do Douro, Vimioso, Bragança e Mogadouro. Ameaçada de extinção durante muitos anos, conseguiu permanecer num território de 500 quilómetros quadrados, marcado sobretudo pela despovoação. Mas há 12 anos, a Assembleia da República votou favoravelmente à sua oficialização, deixando, assim, de ser designada como dialecto.
Tendo a Língua Mirandesa uma forte tradição oral, passando de pais para filhos ao longo dos tempos, só em 1882, o etnógrafo e filólogo José Leite de Vasconcelos começou a investigar e a fixar, pela primeira vez, a escrita mirandesa. Foi ele que deu a conhecer ao mundo a existência de uma segunda língua em Portugal, escrevendo a obra «Dialecto Mirandês», uma investigação premiada a nível europeu.
(Ana Clara)

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