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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 8 de outubro de 2011

El-Rey-Menino

Escrito por António Nobre 


Anda tudo tão triste em Portugal! 
Que é dos sonhos de glória e ambição? 
Quantas flores do nosso laranjal 
Eu irei ver cahidas pelo chão! 


Meus irmãos Portuguezes, fazeis mal 
Em ter ainda no peito um coração. 
Talvez só eu! (Amôr ai tu m'entendes!) 
Possa ainda ter a paz que já não tendes. 


Talvez só eu irmãos! mas é que a mim 
Deve o Senhor as flores com que s´enfeita 
A mocidade!... que é d'elle o meu jardim! 
Dizei-me vós irmãos, na vida estreita 
Toda a desgraça não terá um fim? 
Se a ventura não pode ser perfeita 
Tenho agora a Pátria em sepultura! 
Que mais quereis da taça d'amargura? 


Virá, um dia, carregado de oiros, 
Marfins e pratas que do céu herdou, 
O Rei menino que se foi aos moiros, 
Que foi aos moiros e ainda não voltou. 


Tem olhos verdes e cabellos loiros, 
Ah não se enganem, (e ainda não chegou) 
Virá El-Rey-Menino do Estrangeiro, 
N'uma certa manhã de nevoeiro... 
Tem loiros os cabelos, e é criança, 
Tem olhos verdes de luar nocturno: 


Olhos verdes, são olhos de esperança! 
Olhos verdes, são luas de Saturno! 
Veio da África mais a sua lança 
Vae p'lomundo, rezando taciturno. 
Tão pobrezinho, olhae! estende a mão: 
«Quem dá esmola a D. Sebastião?» 


Esperae, esperae, ó Portuguezes! 
Que elle há-de vir, um dia! Esperae. 
Para os mortos os séculos são mezes, 
Ou menos que isso, nem um dia, ai. 
Tende paciência! finarão revezes; 
E até lá, Portuguezes! Trabalhae. 
Que El-Rey-Menino não tarda a surgir, 
Que elle há-de vir, há-de vir, há-de vir!

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