Numa altura em que a cultura ocidental “relativizou a pessoa”, em que o progresso tecnológico, a internet fornecem diversificados materiais de informação, mas não de formação e educação “para o discernimento”, urge “com efeito, repor a pessoa no centro da educação”, disse D. José Cordeiro, Bispo da Diocese de Bragança-Miranda, que, este ano, proferiu a “oração de sapiência” da comemoração do Dia do Instituto Politécnico de Bragança, no passado dia 30 de Janeiro.
A oração foi subordinada ao tema “A emergência da educação integral, hoje. Esperança e desafios”. “Nas jovens gerações, o binómio evolução e tecnologia, produz muita dispersão e cria um vazio de valores, de afectos, cujas linguagens e experiências transformam a pessoa apenas num depósito, retirando-lhe o carácter de sujeito de experiências”, disse o prelado. Deste modo, e indo ao encontro do que Sobrinho Teixeira, presidente do IPB havia defendido na sua intervenção, D. José sublinhou que “o trabalho dos professores não consiste unicamente em comunicar informações ou em oferecer uma preparação técnica em vista de proporcionar benefícios económicos para a sociedade”. Ou seja, a educação “não deve ser considerada puramente utilitarista.
Ela diz respeito sobretudo à formação da pessoa humana, à sua preparação para viver plenamente a própria vida”. A educação não deve ser a mera aquisição de conhecimentos mas “educação para a sabedoria”, que “é inseparável do conhecimento do Criador”. Esta ideia foi sublinhada por D. José Cordeiro, no final da “oração de sapiência”, quando afirmou que a finalidade da educação “é sobretudo uma formação integral da pessoa em vista da sabedoria do coração.
Por isso, não se trata só de saber para poder, mas de saber para servir e estar com os outros na verdade e na liberdade, na justiça e na paz”. D. José referiu ainda que, actualemnte, está em crise “a capacidade de uma geração de adultos em educar os próprios filhos”. Isto porque, durante muito tempo “se apregoou que a liberdade é a ausência de história, que se pode ser grande sem pertencer a nada nem a ninguém, seguindo só o gosto e o prazer pessoal. Tornou-se até normal pensar que tudo é igual, que nada tem valor senão o dinheiro, o poder e a posição social.
Viveu-se como se a verdade não existisse e o desejo da felicidade que dá forma ao coração humano fosse destinado a não obter nenhuma resposta”. Neste contexto, D. José propôs a formação na coerência e na exemplaridade, a unificação entre “o profissionalismo e a personalidade, de modo a transformar a profissão em missão”. Depois citou Fernando Pessoa, no seu heterónimo Ricardo Reis, com o poema “Para ser grande sê inteiro (...)”. Citando o Papa bento XVI, em Discurso à Universidade La Sapienza em Roma, em 2008, o Bispo diocesano referiu que o perigo do mundo ocidental é que o homem hoje, “à vista da grandeza do seu saber e do seu poder, desista diante da questão da verdade; significando isto ao mesmo tempo que, no fim de contas, a razão cede face à pressão dos interesses e à atracção da utilidade, obrigada a reconhecê-la como critério derradeiro”.
D. José Cordeiro, que, como pároco, foi o primeiro capelão do IPB (esta Capelania foi criada em Setembro de 1992), manifestou ainda o desejo de que “a relação entre a Igreja local, isto é, entre a Diocese e o Instituto Politécnico possa continuar a ser da melhor qualidade pastoral da evangelização da cultura mediante a Capelania do mesmo IPB”.
Por: Ana Preto
in:mdb.pt
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