Em 2012 comemoram-se os 25 e 30 anos sobre as mortes, respectivamente, de José Afonso e Adriano Correia de Oliveira. Tertúlias, concertos, teatro, exposições, debates e intervenções poéticas são algumas das iniciativas que decorrem por todo o país. Momentos que pretendem «celebrar a vida e obra» de dois nomes da cantiga de intervenção.
As comemorações, organizadas pela Associação Amigos Maiores que o Pensamento (AAMP), e autores do projecto de «Tributo a Zeca Afonso e Adriano de Oliveira», começaram no final do mês de Janeiro, na Casa da Música do Porto, e têm como objectivo dar a conhecer ao público, sobretudo aos mais novos, a «obra e o exemplo cívico» dos dois vultos e que se notabilizaram pelas canções de intervenção.
Paulo Esperança, membro da AAMP, realça ao Café Portugal que, neste projecto «não se prevê, objectivamente “homenagear” alguém, mas tão somente celebrar a vida e obra» de Adriano Correia de Oliveira e José Afonso».
E explica porquê: «as suas palavras, as suas músicas e o seu comportamento, enquanto cidadãos, constituem valores que merecem ser lembrados e apontados como ainda actuais».
E o legado de Zeca e Adriano «é bem visível», argumenta Paulo Esperança, lembrando que «basta pôr a tocar algumas das suas músicas para se ver quão actuais são nos dias de hoje».
«Infelizmente, muitos dos temas que abordaram, podem perfeitamente ser aplicados a situações que se vivem neste país e por esse mundo fora, algumas décadas depois de terem sido escritos», reforça.
O projecto de tributo a estas duas figuras da cantiga de intervenção decorre entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2012, e pretende «preservar todo o legado destes dois ‘Amigos Maiores que o Pensamento’», refere o responsável daquela associação.
De acordo com Paulo Esperança, «a sua obra [de José Afonso e Adriano Correia de Oliveira] só é divulgada, por exemplo, nas rádios, em contextos históricos muito bem definidos, como o 25 de Abril», salienta.
«Este projecto entende, ao contrário, que a divulgação da qualidade artística e da respectiva mensagem de denúncia do que está mal, devem ser componente quotidiana da atitude do ser humano», sublinha Paulo Esperança.
De Portugal à Galiza:
«Todas as iniciativas, diversas e multidisciplinares, que se realizarem no âmbito deste projecto - o que significa integrarem o respectivo logótipo - são da responsabilidade das entidades ou pessoas que de forma livre e autónoma as decidirem levar a cabo», esclarece o responsável.
A iniciativa que teve a sua primeira reunião de trabalho a 9 de Julho de 2011, no Porto, acabou por desembocar na acção do núcleo do norte da Associação José Afonso que convidou, para o efeito, toda uma série de colectivos e entidades.
«A partir do momento em que foi assumido o seu lançamento muita outra gente se lhe juntou podendo dizer-se que ele atravessa Portugal chegando à Galiza», vinca.
O projecto prossegue durante todo o ano de 2012 por várias cidades do país e através de diversas formas, sejam tertúlias, concertos, peças de teatro, exposições, debates e intervenções poéticas.
Destaque, já no mês de Fevereiro, para o colóquio, que se realiza no dia 17 em Braga, com a participação de Mário Correia e Rúben de Carvalho e que contará com a apresentação do livro «Adriano Correia de Oliveira – Um Trovador da Liberdade», e animado pelo grupo Canto d´Aqui.
Nos dias 23 e 24 de Fevereiro, também na cidade dos Arcebispos, decorre um concerto com o grupo Canto D’ Aqui, no Theatro Circo, e nos mesmos dias realizase em Lisboa, numa colectividade em Alcântara, um evento em memória do Zeca Afonso e de Adriano Correia de Oliveira.
Já de 3 a 7 de Abril, realiza-se no teatro Helena Sá e Costa, no Porto, a peça «Madrugada», com música de José Mário Branco, e que pretende também, sinalizar os 30 anos de actividade do Teatro Art’Imagem, também na cidade portuense. A 10 de Maio, realiza-se no Teatro O Fantocheiro, em Matosinhos, a estreia de uma nova peça de teatro coreografada e animada com músicas de Zeca Afonso.
De recordar que a AAMP nasceu na sequencia de um movimento cívico e reúne mais de uma centena de entidades nacionais e internacionais - entre as quais a Escola Secundária Alexandre Herculano, no Porto, e as companhias de teatro «Palmilha Dentada» e «A Barraca».
Em Novembro de 2011 a associação lançou um Manifesto intitulado «Tempos de borrasca invadem-nos a alma», e que pretende ser um tributo a José Afonso e Adriano Correia de Oliveira como «exemplos de cidadania política, cultural e social».
«Tinham uma capacidade de intervenção indiscutível que, ainda hoje, pode e deve servir de estímulo para todos quantos não abdicam das causas da liberdade e da dignidade humana», pode ler-se no manifesto.
E lembram que pretendem «que a postura e a mensagem destes e de outros homens amigos maiores que o pensamento – sejam cada vez mais conhecidas e que continuem a servir-nos de inspiração nos caminhos da nossa luta colectiva».
Ana Clara; Fotos: AAMP
in:cafeportugal.net
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