Aspectos da assistência num quelóquio Foto do Arquivo de António Maria Mourinho |
Deste texto encontram-se no Arquivo de António Maria Mourinho um único exemplar, composto pelas quatro páginas apresentadas na edição digitalizada. De uma das páginas, contudo, existem várias cópias.
2. Origens
A Embaixada faz parte dos textos que, à semelhança das Loas e dos Autos de Natal, se representam(vam) na Terra de Miranda por ocasião dessa quadra festiva. Este texto, mais extenso e com mais algumas anotações, encontra-se publicado no Mensário das Casas do Povo, nº 17, 1947, páginas 8 e 9, com o título "Natal em Terras de Miranda - Texto fiel da «Embaixada»". No número anterior desta mesma publicação, António Maria Mourinho, num artigo publicado nas páginas 9 e 16, escreve que este "auto religioso pequenino" é certamente uma "reminiscência dos já quase extintos autos medievais, representados na igrejas." Afirma ainda, quanto à "origem" do texto, que é "possível que pertença ao género da literatura de cordel", embora a sua origem seja popular.
As representações, presentes na vida e na memória do povo mirandês até ao início do século XX, foram alvo de muitas proibições como a de D. José Alves de Mariz que, em Pastoral datada de 20 de Dezembro de 1890, proíbe “as pastoradas ou ramos do Natal, os autos da Paixão e Morte do Redentor".
Na opinião de António Mourinho, "os abusos e corruptelas" tinham atingido um grau de desenvoltura como nunca", em que os ensaios eram "ocasiões de reuniões orgíacas, promiscuidades e escândalos". O então pároco de Duas Igrejas relata como aquela proibição levou um grupo daquela aldeia, intitulado "da mão fatal", a saquear a residência paroquial, lançando-lhe dentro uma bomba e obrigando o pároco a fugir.
Foi com o objectivo de "corrigir" estes excessos, de forma a que a representação voltasse a ter a sua "pureza medieval", que António Mourinho se propôs recuperar o "texto fiel" desta Embaixada. Ele correspondeu, por outro lado, a um pedido que o etnógrafo Dr. Luís Chaves, lhe fizera para que recolhesse esse texto. Mourinho assim o fez, recolhendo-o "da boca de várias velhinhas" e foi o mesmo publicado no suplemento literário da revistas Novidades, em 19 de Dezembro de 1943.
Embora, como dissemos, o texto, mais completo, se encontre publicado na referida Revista, pensamos que esta edição continua a ter algum interesse mais não seja porque desta forma se dá a conhecer, por outra via, o trabalho e a investigação do Dr. António Maria Mourinho.
3. Representações
Segundo informa António Maria Mourinho este texto foi representado, em Duas Igrejas, no Natal de 1945, acrescentando que "havia cinquenta e cinco anos que não se representava". Não temos notícia de representações posteriores.
in:tpmirandesp.no.sapo.pt
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