O Núcleo Museológico da Telha, ou Telheira de Luzelos, situado na aldeia do mesmo nome, é o novo núcleo territorial do Museu da Memória Rural. A unidade foi ontem inaugurada pelo presidente da autarquia, José Luis Correia, e passou também desde ontem a integrar os roteiros turísticos do território concelhio.
O projeto é uma aposta ganha pelo atual autarca José Luis Correia que durante o seu mandato investiu num processo de musealização territorial que só no ano de 2016 atraiu ao concelho mais de 6.000 visitantes. “É um projeto que deve ser continuado, porque ele valoriza o nosso concelho e as nossas pessoas”, salientou o autarca, reforçando a ideia de que a cultura poderá ser um processo para o desenvolvimento local e um fator de sustentabilidade.
Na cerimónia de inauguração do Núcleo Museológico da Telha, o autarca fez questão de salientar que a iniciativa de musealizar este espaço constitui uma sentida homenagem aos antigos artesãos, aos homens e às mulheres que durante muitos anos foram os principais protagonistas de um trabalho que se caraterizava pelo esforço e pela aspereza com que do barro eram feitas as telhas de meia-cana que depois iam cobrir as casas das aldeias e das vilas que se implantavam à volta das encostas do rio Douro e do rio Tua.
Abertura da nova sala da lã na sede do Museu da Memória Rural, Vilarinho da Castanheira |
Na primeira metade do séc. XX , a zona situada entre a aldeia de Luzelos e as portas da vila de Carrazeda de Ansiães chegou a concentrar sete unidades artesanais de fabrico de telha tradicional. Foi uma atividade que marcou a história do trabalho destas duas localidades, ficando a memória desse passado agora imortalizada no projeto de musealização de uma das telheiras que conseguiu sobreviver ao processo de abandono dessa atividade que ocorreu com o desenvolvimento tecnológico das últimas cinco décadas.
A Sala da Lã do edifício sede do museu foi outro dos espaço inaugurados ontem, domingo. A nova sala expõe e explica aos visitantes todo o ciclo de produção de lã e a forma como eram feitos os agasalhos das pessoas de outrora. O discurso muesográfico aqui patente arranca com a tosquia das ovelhas e termina na tecelagem. Pelo meio fica-se com a noção de um trabalhoso e demorado processo de transformação que termina numa manta ou numas meias feitas à moda antiga. Também neste setor o concelho de Carrazeda de Ansiães foi um importante centro de produção de mantas tradicionais, sendo uma das últimas guardiãs dessas técnicas a D. Prazeres, uma antiga tecelã de 87 anos de idade cujo saber constituiu a base do conhecimento para os técnicos de museologia fazerem a recriação desse passado e a constituição das mensagens museológicas patentes neste novo espaço do Museu da Memória Rural.
A coroar a abertura desta duas novas valências de visitação, foi ainda lançado o novo sitio web do MUSEU, em que a grande novidade consiste numa “robusta” base de dados desenvolvida a partir de um sistema de informação geográfica com o objetivo principal de recolher e de arquivar as diferentes manifestações da cultura imaterial e da memória histórica do concelho e da região envolvente, recolhas essas que no futuro se deverão constituir como o principal espólio do museu.
D. Prazeres, a anciã que esteve na base da transmissão do conhecimento e das técnicas ancestrais |
in:noticiasdonordeste.pt
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