«1 – CAETANO FILIPE ARNAUD, piemontez de nação (Italia), impregado na fabrica de sedas de Chacim, concelho de Macedo de Cavaleiros, filho de José Maria Arnaud e de Victoria Arnaud, naturaes de Turim (Italia), nascido a 27 de Março de 1766, proclamou-se em 1793 para casar com Rosaria Gonçalves, de Carviçaes, concelho de Moncorvo, moradora em Chacim, impregada na mesma fabrica, filha de José Gonçalves Matias e de Maria João». Ignoramos se este é Caetano Arnaud, director da criação e fiação de seda na fábrica de Chacim, mencionado como sócio correspondente da Academia Real das Ciências em 1817 pelo Almanaque de Lisboa desse ano.
«2 – FILIPE ARNAUD, piemontez de nação, residente em Chacim, onde era director da fabrica do Filaterio e Escolas de Fiação da Sêda, requereu em Junho de 1790 dispensa de banhos para casar com Rita Joana, de Valverde, termo de Bragança, filha de Xavier Braz, de Valverde, e de Maria Fernandes Soares, de Freixedelo».
«3 – VICENTE CORTE, da cidade de Mondevi, reino de Piemonte (Italia), morador em Chacim, onde era cardador de sêda, proclamou-se em 1794 para casar com Catarina Lamas, natural de Sampaio, concelho de Villa Flôr».
A perícia dos sericícolas bragançanos passou mesmo à literatura, segundo vemos de Jorge Ferreira de Vasconcelos, que afirma sentenciosamente: «Um engano de afeiçam he mais brando que veludo de Bragança».
Num pergaminho que vimos, pertencente ao doutor António Henrique de Figueiredo Sarmento, de Vilar do Monte, concelho de Macedo de Cavaleiros, exara-se uma sentença dada em Bragança a 16 de Agosto de 1480 e transcrevem-se outras duas dadas em 1477, a propósito da posse do dito lugar de Vilar do Monte, em que a folha das amoreiras vem mencionada como coisa de notável valor, de onde se conclui que só pela cultura sericícola tal facto se podia dar. Ver o artigo Sá (José António de), pág. 460 deste tomo.
A fábrica de seda de Bragança esteve «quasi extincta e o senhor Rey D. Pedro a restableceo mandando vir da cidade de Toledo, officiaes e o insigne mestre Eugenio Gomes a que dava tença, e lhe pôz n’esta cidade casa pública, para ensino dos naturaes: lavrão-se roupas lizas de todo o genero, damascos, pinhoellas, velludos lizos e lavrados; consta hoje somente de 30 tornos e 350 teares, que os mais se ocupão em mantos de pezo; importa a féria dos officiaes cada dia 152:000 reis e com o consumo do fabrico se cria muita e excellente seda, nos lugares do termo; outros com o contrato a fazem provida, para o que ha Casa de Alfandega com juis, escrivão, feitor, sellador, pezador, quatro guardas de cavallo e dous de pé».
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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