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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Mirandela Pérola do Rio Tua

Esta obra foi para mim uma agradável surpresa nas pesquisas que fiz sobre Mirandela ao encontrar policopiado na net, «Mirandela Pérola do Rio Tua». Curiosamente é a tese de doutoramento de Ilda Amália Fernandes Branco, de 2009, tendo como título: «Mirandela Setecentista – Tese de Doutoramento em História apresentada à Universidade Portucalense Infante D. Henrique para obtenção do grau de Doutor.» Impressa no Porto, na Universidade Portugalense Infante D. Henrique.
Numa deslocação a Mirandela, o Jerónimo Pinto ofereceu-me este volumoso trabalho de cerca de 350 páginas, dividido por oito interessantes e bem documentados capítulos, tendo o título «Mirandela Pérola do rio Tua» e aqui a autora assina, apenas, Ilda Fernandes. Na capa, plasticizada e sem badanas, traz, ao centro, uma foto de Mirandela tirada de Golfeiras, com o Espelho d’Água e a Ponte Romana em primeiro plano, com vista para o casario citadino em volta do Palácio dos Távoras e da Igreja Matriz. Na parte inferior da capa vem o texto: «Medieval, Setecentista e outras épocas – Comemoração do 5.º centenário do foral novo e manuelino outorgado a Mirandela em 1512 – Descrição de todas as freguesias e lugares do concelho de Mirandela em apêndice documental (1758)». A descrição dos lugares e freguesias do concelho baseia-se, principalmente, nas «Memórias Paroquiais de 1758». Esta explicação é para alertar os leitores que o trabalho que circula na net, embora seja o mesmo, tem títulos diferentes e a entrada bibliográfica é diferente. Uma é Ilda Fernandes e outra Ilda Amália Fernandes Branco, sendo a mesma pessoa e autora.
Ilda Fernandes nasceu em Maçores – Torre de Moncorvo, em 1939. É Professora aposentada, com basta obra monográfica publicada. Voltando à obra que aqui refiro ressalta-me a curiosidade de ter três Prefácios, sendo o mais substancial de Baquero Moreno, que também foi orientador desta tese. A pessoa mais avisada para se pronunciar a fundo sobre este volumoso trabalho será Jorge Golias, já que é um grande estudioso e sabedor de Mirandela. Da minha parte, achei muito interessante a abordagem da indústria da seda e do linho em Mirandela. Os mapas sobre o concelho e região são de grande interesse. O referente ao «Caminho de S. Tiago, do interior de Portugal» tem potencialidade turística. Alguns dados vertidos do grande Abade de Baçal, no respeitante ao concelho de Mirandela, não me parecem fiáveis e que já contestei. Parece que o grande Abade enferma de alguma distanciação relativamente à rivalidade crónica entre Bragança e Mirandela ou uma ou outra fonte são incorrectas. Eu próprio tenho sentido na pele essa discriminação, embora no contexto regional ou nacional defenda sempre Bragança com unhas e dentes. Respeito e admiro grandes bragançanos, mas sou de Mirandela e mesmo algum do meu trabalho único a nível nacional é quase ignorado.
É impensável vender-se um livro meu, sobre Mirandela, em Bragança. Isto para referir, que nem tudo o que o grande Abade diz sobre Mirandela está correcto, a começar pela nomeada jocosa que imputa aos mirandelenses e que assenta como uma luva aos bragançanos. Outras nomeadas das aldeias carecem de consulta local, porque nos saberes monográficos e históricos quando não há outras fontes documentais vale a tradição.
Voltando ao conteúdo deste interessante livro, tem um trabalho imenso e um grande naipe de saberes, ficando bem em qualquer estante ou mesa para leitura e consulta. Para os interessados nesta obra, o Jerónimo Pinto, Director do Notícias de Mirandela, pode indicar a forma de o adquirir. Agradeço a oferta do que me chegou às mãos e dou os parabéns à autora por este extenso estudo. Deixo a seguir uma quadra do nosso cancioneiro, tirada desta obra e que reflecte um pouco a dor da saudade dos mirandelenses da diáspora e que só nos deixa sossegados quando vemos a Cheminé da União, a fachada principal do Palácio dos Távoras ou a torre sineira da Igreja Matriz:

Adeus vila de Mirandela
As costas te vou virando;
Minha boca se vai rindo
Meu coração vai chorando.


Jorge Lage
in:atelier.arteazul.net

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